EXCELENTISSIMO SENHOR CONSELHEIRO DO TCE-GO, REL. DOS PROCESSOS DA PASTA DA CELG D, NOS TERMOS DA RN-TCE-GO 01/2008, DR. GERSON BULHÕES FERREIRA.

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1 EXCELENTISSIMO SENHOR CONSELHEIRO DO TCE-GO, REL. DOS PROCESSOS DA PASTA DA CELG D, NOS TERMOS DA RN-TCE-GO 01/2008, DR. GERSON BULHÕES FERREIRA. Representação. CELG. Dispensa de Licitação por emergência. Ausência de planejamento. Inexistência de situação de emergência ou de calamidade pública. Citação dos responsáveis e dos beneficiários da contratação direta. Reconhecimento de débito e aplicação de multa. Encaminhamento dos autos ao Ministério Público de Goiás. O MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS, cuja missão institucional é de, no âmbito das contas do Estado de Goiás, guardar a Lei, defender a ordem jurídica, o regime democrático e os direitos sociais e individuais indisponíveis, por intermédio de seu Procurador de Contas FERNANDO DOS SANTOS CARNEIRO e com fulcro no inciso V do artigo 91 da Lei Estadual nº , de 11 de dezembro de 2007, vem oferecer a seguinte: REPRESENTAÇÃO em razão do que se segue: 1

2 I - DOS FATOS 1. Consta do Diário Oficial do Estado de Goiás de 08 de julho de 2011, a publicação do Despacho de Diretoria nº 070/11, contendo autorização da contratação por dispensa de licitação, com fundamento no inciso IV do artigo 24 da Lei 8.666/93, da empresa AEROTEC TÁXI AÉREO LTDA (doc. 01). 2. Referida dispensa possui como objeto a contratação de serviços de até 401 (quatrocentos e uma) unidades de vôo (UV) sendo 31,40 unidades, em aeronaves dos tipos bimotor (capacidade para 04 passageiros) e 369,60 unidades, em aeronaves turbo-hélice (capacidade para 06 passageiros), em todo o território nacional e a qualquer horário, conforme a demanda e necessidade da CELG D. II - DA FUNDAMENTAÇÃO 3. O dispositivo legal que fundamentou o ato de dispensa foi o inciso IV do do artigo 24 da Lei Federal nº 8.666/93, que em essência prescreve a dispensabilidade de licitação nos casos de emergência ou calamidade pública, quando caracterizada urgência no atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa Conforme uníssona jurisprudência do Tribunal de Contas da União (TCU), a contratação de dispensa por emergência só se legitima quando: a) a situação adversa, dada como de emergência ou de calamidade pública, não se tenha originado, total ou parcialmente, da falta de planejamento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos disponíveis, ou seja, que ela não possa, em alguma medida, ser atribuída à culpa ou dolo do agente público que tinha o dever de agir para prevenir a ocorrência de tal situação; 2

3 b) que exista urgência concreta e efetiva do atendimento à situação decorrente do estado emergencial ou calamitoso, visando afastar risco de danos a bens ou à saúde ou à vida de pessoas; c) que o risco, além de concreto e efetivamente provável, se mostre iminente e especialmente gravoso; d) que a imediata efetivação, por meio de contratação com terceiro, de determinadas obras, serviços ou compras, segundo as especificações e quantitativos tecnicamente apurados, seja o meio adequado, efetivo e eficiente de afastar o risco iminente detectado (Decisão Plenária TCU nº 347/1994). 5. Mencionado entendimento é seguido fielmente pela Advocacia-Geral da União, que, por meio de sua Orientação Normativa nº 11, de 1º de abril de 2009, publicada no Diário Oficial da União, de 07 de abril daquele ano, Seção I, p.14, assim sintetiza seu entendimento: A contratação direta com fundamento no inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666/1993, exige que, concomitantemente, seja apurado se a situação emergencial foi gerada por falta de planejamento, desídia ou má gestão, hipótese que quem lhe deu causa será responsabilizado na forma da lei. 6. A gravidade da questão que ora se apresenta reside em dois aspectos essenciais: a reiterada utilização do instituto da contratação direta emergencial e a utilização desse instituto em situações que à toda evidência não revelam situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares. 7. Certo. No caso concreto, verifica-se, da análise do objeto da dispensa de licitação procedida, não se tratar de hipótese caracterizadora de situação de emergência. Ao contrário, trata-se de contrato que subsidia atividades não essenciais aos fins da entidade jurisdicionada. 3

4 8. A motivação apresentada pela entidade jurisdicionada, conforme consta às fls. 10 de cópia de processo administrativo que culminou na dispensa (anexo), é a de que Os Serviços de Transportes é atividade indispensável à continuidade, eficiência e segurança na execução da atividade fim da CELG DISTRIBUIÇÃO S.A, sendo atividade meio/suporte da CELG DISTRIBUIÇÃO S.A, já que possibilita os deslocamento dos empregados a todas as localidades da capital e do interior do ESTADO DE GOIÀS, nos atendimentos emergenciais e de rotina. (sic, doc. 02, fl. 010). 9. A motivação é inverídica. É sabido que nenhum atendimento de urgência e emergência no Estado de Goiás por parte da CELG é feito por meio de aeronave, porquanto os atendimentos das ocorrências são realizados por empresas contratadas para a realização desse específico fim e ainda assim por via terrestre 1. Ao contrário, o referido contrato tem servido apenas a fins acessórios às atividades da entidade e, por muitas vezes, com finalidade incompatível com o interesse público 2. III - DO PEDIDO 10. Isto posto, demonstrada sucintamente a inviabilidade da dispensa de licitação por emergência realizada no âmbito da CELG DISTRIBUIÇÃO S.A, requer-se: a) Seja conhecida a presente Representação, para, no mérito, imputar débito aos responsáveis, nos termos do artigo 111 da Lei Estadual nº /2007 (Lei Orgânica do TCE-GO), e condená-los ao pagamento de multa, com fundamento no art. 112, inciso II, da LOTCE-GO, e à sanção prevista no artigo 114 da LOTCE-GO; b) Seja declarada a inidoneidade da empresa beneficiária pela da indevida dispensa de licitação emergencial, com fundamento no art. 115, parágrafo 1 vide processo em trâmite nesta Corte de Contas. 2 a título de exemplo as solicitações de transporte nºs 0044/11 e 0045/11, em anexo, em que constam como serviços a executar Assinatura de Ordem de Serviços para o Programa Luz para Todos e Reunião com instituições financeiras e Grupo JBS, atividades de caráter eminentemente políticas e não emergenciais. 4

5 único, da LOTCE-GO; c) Seja encaminhada cópia dos autos ao Ministério Público do Estado de Goiás, nos termos do artigo 102 da Lei 8.666/93, para apuração de possíveis delitos penais e ato de improbidade administrativa. 11. Antes, porém, com fundamento nos arts. 103, II, 258, VI, ambos do RITCE- GO, a citação das pessoas a seguir elencadas, para que apresentem suas razões de defesa: a) JOSÉ ELITON DE FIGUEIREDO JÚNIOR, Presidente da CELG, signatário do Despacho de Diretoria nº 070/2011, de 04 de julho de 2011, que autorizou a contratação direta; b) BRÁULIO AFONSO MORAIS, Diretor Administrativo, signatário do Despacho de Diretoria nº 070/2011, de 04 de julho de 2011, que autorizou a contratação direta, do Projeto Básico e da Justificativa para a dispensa; c) LINCOLN DE BRITO XAVIER, Diretor Vice-Presidente de Assuntos Regulatórios, signatário do Despacho de Diretoria nº 070/2011, de 04 de julho de 2011, que autorizou a contratação direta; d) JOSÉ FERNANDO NAVARRETE PENA, Diretor Econômico- Financeiro, signatário do Despacho de Diretoria nº 070/2011, de 04 de julho de 2011, que autorizou a contratação direta; e) HUMBERTO EUSTÁQUIO TAVARES CORRÊA, Diretor Técnico, signatário do Despacho de Diretoria nº 070/2011, de 04 de julho de 2011, que autorizou a contratação direta; f) ORION ANDRADE DE CARVALHO, Diretor Comercial, signatário do Despacho de Diretoria nº 070/2011, de 04 de julho de 2011, que autorizou a contratação direta; g) HÉLIA KARINE DA SILVEIRA, Advogada Parecerista, signatária do Parecer que assinalou a possibilidade da contratação direta por emergência, para a contratação de empresa para a prestação de serviços 5

6 aéreos. 12. Ainda, com fundamento nos artigos 103, parágrafo único, e 258, VI, ambos do RITCE-GO, a citação, na condição de terceiro interessado da empresa: a) AEROTEC TÁXI AÉREO LTDA, contratada diretamente por emergência para prestar serviços de transportes aéreos à CELG, para apresentar seus esclarecimentos, suas razões de defesa ou de documentos necessários para comprovar a legitimidade/legalidade de sua contratação direta. Nestes Termos, pede e espera deferimento. Goiânia, 05 de outubro de Victor Lázaro Ulhoa F. de Morais Analista de Controle Externo do TCE-GO De acordo: Fernando dos Santos Carneiro Procurador de Contas do MPC-TCE-GO 6