Geologia, problemas e materiais do quotidiano. Ocupação antrópica e problemas de ordenamento
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- Mario Pinho Castilho
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1 Geologia, problemas e materiais do quotidiano Ocupação antrópica e problemas de ordenamento 1
2 Aquilo a que chamamos catástrofes naturais não deixa de ser um conjunto de acontecimentos próprios de um planeta dinâmico como a Terra, contribuindo para o seu equilíbrio natural. Fruto da sua ignorância e da sua irresponsabilidade, o Homem desafia, no entanto, esses riscos naturais, ao ocupar zonas inseguras, muitas vezes transformadas em armadilhas mortais para um grande número de pessoas. 2
3 Conceitos gerais Risco Probabilidade de acontecimentos perigosos ocorrerem numa determinada área e num determinado período de tempo, com prejuízos humanos e materiais. Ocupação antrópica Ocupação de grandes zonas da superfície terrestre pelo Homem e a sua exploração consoante as necessidades humanas. Ordenamento do território Conjunto de processos integrados de organização do espaço biofísico, tendo como objetivo a sua ocupação, utilização e transformação, de acordo com as capacidades do referido espaço. 3
4 Riscos geológicos Sismos Vulcões Movimentos de massa Radioatividade natural Riscos Climáticos Inundações Tempestades Secas Incêndios 4
5 Risco geomorfológico (situações comuns e relevantes no território português) Bacias hidrográficas - Erosão fluvial - Cheias - Exploração de inertes Zonas costeiras - Erosão costeira - Elevada pressão urbanística Zonas de vertente - Erosão hídrica das vertentes - Movimentos de massa 5
6 Conhecimento adequado dos processos geológicos e dos materiais rochosos que constituem as áreas de intervenção humana Redução das consequências dos riscos geológicos 6
7 7
8 Bacias hidrográficas Rio curso de água superficial que pode desaguar noutro rio, num lago ou no mar. Perfil transversal de um rio: leito do rio (canal) leito de cheia leito de seca ou estiagem margens Rio Douro 8
9 9
10 Bacias hidrográficas Atividade geológica de um rio erosão extração progressiva de materiais do leito e das margens do rio. Deve-se à pressão exercida pela água em movimento sobre as saliências do leito e das margens dos rios transporte deslocação dos detritos rochosos erodidos pela corrente de água para outros locais. sedimentação (deposição) deposição dos materiais ao longo do leito e nas margens dos cursos de água nos terraços fluviais, nos deltas e nos aluviões 10
11 Bacias hidrográficas Transporte Sedimentação 11
12 Aluviões Os sedimentos acumulados nas margens inundadas vão enriquecer os solos para a agricultura 12
13 Bacias hidrográficas Principais fatores de risco: Cheias Construção de barragens Extração de inertes 13
14 Margem do rio Douro Dezembro de
15 Margem do rio Douro Novembro de
16 Margem do rio Tâmega 5 de fevereiro de
17 Bacias hidrográficas Cheias Causas das Cheias: Precipitações moderadas e prolongadas Precipitações repentinas e de elevada intensidade Fusão de grandes massas de gelo Rutura de barragens e de diques 17
18 Bacias hidrográficas Cheias Consequências Inundação das zonas mais próximas Prejuízos materiais e humanos Prevenção e controlo dos danos Ordenar e controlar as ações humanas nos leitos de cheias Impedir a construção e a urbanização de possíveis zonas de cheias Construir sistemas integrados de regularização dos cursos de água (barragens e canais) - alargamento, aprofundamento e remoção de obstáculos nos leitos dos rios 18
19 Barragem de Crestuma-Lever 19
20 Bacias hidrográficas - Barragens BARRAGENS Intervenções antrópicas com o objetivo de reter grandes quantidades de água, formando albufeiras. Objetivos: Regularizar o caudal de água, principalmente quando a precipitação é fora do normal, evitando inundações a jusante da barragem Abastecimento de populações Irrigação de terrenos Aproveitamento hidroelétrico Aproveitamento turístico 20
21 Bacias hidrográficas Barragens Inconvenientes... Acumulação de sedimentos na albufeira. (Esta situação diminui a capacidade de armazenamento de água da barragem e reduz a quantidade de detritos debitados no mar, funcionando como barreiras artificiais ao trânsito de sedimentos) Tempo de vida útil das barragens Impacte negativo nos ecossistemas aquáticos e terrestres da zona (destruição de habitats) 21
22 Bacias hidrográficas Extração de inertes EXTRAÇÃO DE INERTES Exploração de areias e outros inertes do leito ou das margens do rio. Fornece matérias-primas muito importantes, principalmente para a construção civil. Consequências: Faz desaparecer as praias fluviais Descalça as construções cujos pilares assentam sobre o leito dos rios Altera correntes Reduz a quantidade de sedimentos que chegam à foz Destrói aluviões e terrenos cultiváveis circundantes Causa modificações irreversíveis ao nível dos ecossistemas 22
23 Bacias hidrográficas Extração de inertes 23
24 Zonas Costeiras 24
25 Zonas Costeiras Zona de transição entre o domínio continental e o domínio marinho. É uma faixa complexa, dinâmica, mutável e que está sujeita a variados processos geológicos Portugal tem 900 km de extensão de costa 25
26 Zonas Costeiras Tipos de litoral Arribas linhas de costa altas e de declives abruptos, constituídas por material rochoso consolidado e com escassa cobertura vegetal. Praias formas de deposição litoral que apresentam um declive suave; constituídas essencialmente por sedimentos transportados pelos rios. Em algumas praias existem dunas litorais. 26
27 Zonas Costeiras Acção erosiva do mar 27
28 Praia de Lavadores, Vila Nova de Gaia 28
29 Praia da Marinha, Algarve Arribas calcárias de tons quentes, muito fraturadas e fissuradas, envolvem a praia, gerando uma diversidade notável de curiosos modelados rochosos: arcos, grutas, leixões e algares. 29
30 Costa de Caparica Arriba fóssil 30
31 Zonas Costeiras Acção erosiva do mar Causas da erosão costeira Subida do nível do mar (pontual ou global) Retenção de sedimentos nas bacias hidrográficas 31
32 Zonas Costeiras Fenómenos antrópicos que interferem com a dinâmica da faixa litoral Efeito de estufa Ocupação excessiva da faixa de litoral Barragens e exploração de inertes Destruição das defesas naturais Furadouro (2014) Torres de Ofir, Esposende 32
33 Zonas Costeiras Erosão das Arribas 33
34 Zonas Costeiras Erosão das Arribas Abrasão marinha 34
35 Zonas Costeiras Erosão das Arribas Fatores condicionantes Tipo de rochas Grau de meteorização das rochas Estrutura geológica S. Pedro de Moel (estratificação) Leça da Palmeira (Granitos e xistos) Praia da Falésia (Arenitos) 35
36 Zonas Costeiras Formas de deposição 36
37 Praia de Espinho Forma de deposição: praia. 37
38 Ilha de Faro Forma de deposição: ilha barreira. 38
39 Ilha do Baleal, Peniche Forma de deposição: tômbolo 39
40 Zonas Costeiras medidas preventivas Medidas preventivas Implementação de estruturas de engenharia Alimentação artificial de sedimentos Dunas 40
41 Zonas Costeiras medidas preventivas 41
42 Zonas Costeiras medidas preventivas 42
43 Zonas Costeiras POOC Objetivos: Ordenar os diferentes usos e atividades específicas da orla costeira; Classificar as praias e regulamentar o uso balnear; Valorizar e qualificar as praias consideradas estratégicas por motivos ambientais e turísticos; Enquadrar o desenvolvimento das atividades específicas da orla costeira; Assegurar a defesa e conservação da natureza. Requalificação das praias portuguesas: Recuperação das dunas; Alimentação artificial das praias; Estabilização das arribas; Manutenção e construção de esporões e muros de proteção; Demolição e remoção de estruturas localizadas em áreas de risco. Fonte: 43
44 Risco geomorfológico Zonas de vertente 44
45 Zonas de vertente Locais de declive acentuado onde os fenómenos de erosão são particularmente intensos Principais fatores de risco movimentos de massa queda de blocos erosão hídrica 45
46 46
47 Zonas de vertente: Fatores responsáveis pelos movimentos de massa Fatores condicionantes Condições mais ou menos permanentes que podem influenciar os movimentos de terrenos, retardando ou acelerando a sua ocorrência. Relacionados com o contexto geomorfológico e as características geomorfológicas do local. Exemplos Declive dos terrenos Força de gravidade Força de atrito Tipo e características das rochas Disposição das rochas nos terrenos Orientação e inclinação das camadas Grau de alteração e fracturação das camadas rochosas 47
48 Zonas de vertente: Fatores responsáveis pelos movimentos de massa Fatores desencadeantes Resultam de alterações que foram introduzidas numa determinada vertente e que podem despoletar movimentos de massa. Exemplos Precipitação elevada Ação humana Destruição da cobertura vegetal Remoção de terrenos Ocorrência de sismos e vibrações Tempestades nas zonas costeiras Variações de temperatura 48
49 Zonas de vertente Medidas de prevenção Estudo das características geológicas e geomorfológicas do local Elaboração de cartas de ordenamento do território Elaboração de cartas de risco geológico Remoção ou contenção dos materiais geológicos que possam constituir perigo 49
50 Zonas de vertente medidas de prevenção 50
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