EXMO. SR. PREGOEIRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 24 REGIÃO DESIGNADO PARA O PREGÃO ELETRÔNICO 10/2015

Transcrição

1 EXMO. SR. PREGOEIRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PROCURADORIA REGIONAL DO TRABALHO DA 24 REGIÃO DESIGNADO PARA O PREGÃO ELETRÔNICO 10/2015 SERVPLAN SERVIÇOS AUXILIARES LTDA., inscrita no CNPJ / , estabelecida na Rua Silva Jardim, 145, CEP , Campo Grande/MS, neste ato representada por seu sócio WATSON FAÇANHA COSTA, inscrito no RG , SSP/MS e no CPF , residente e domiciliado na Rua Nova Era, 86, Ap. 1203, Torre 1, Itanhangá Park, Campo Grande/MS, vem tempestivamente apresentar IMPUGNAÇÃO AO EDITAL DE LICITAÇÃO PREGÃO ELETRÔNICO N. 10/2015 respeitando o prazo de 2 (dois) dias úteis previsto no item 5. Dos pedidos de esclarecimentos e da impugnação do edital, pelas razões de fato e de direito que a seguir expõe. APRESENTAÇÃO DE PLANILHA DE FORMAÇÃO DE CUSTOS OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL Do Edital de Licitação Pregão Eletrônico n. 10/2015, item 11.15, verifica-se a imposição de que a licitante que for optante pelo regime do Simples Nacional deve apresentar Planilhas de Custo de Formação de Preços considerando encargos e tributos de uma empresa comum: A licitante que for optante do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, deverá preencher as Planilhas de Custo de Formação de Preços considerando os encargos e tributos para os demais contribuintes, ou seja, como não optante, devido à restrição imposta pelo inciso XII do Art. 17 da Lei Complementar nº 123/2006. A justificativa para tal imposição decorre do texto do art. 17, XII, da LC 123/2006, que estabelece que as microempresas e empresas de pequeno porte que realizem cessão ou locação de mão de obra não podem ser optantes do Simples Nacional.

2 Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: XII - que realize cessão ou locação de mão-de-obra Esta vedação, no entanto, comporta exceções que a própria LC 123/2006 exclui desta vedação. O art. 18, 5. o -C, VI, da LC 123/2006 faz a ressalva de que os serviços de vigilância, limpeza ou conservação podem ser realizados por empresas optantes do Simples Nacional, estabelecendo, inclusive, que a tributação destas atividades será feita nos termos do Anexo IV da Lei Complementar: Art. 18. O valor devido mensalmente pela microempresa ou empresa de pequeno porte, optante pelo Simples Nacional, será determinado mediante aplicação das alíquotas constantes das tabelas dos Anexos I a VI desta Lei Complementar sobre a base de cálculo de que trata o 3. o deste artigo, observado o disposto no 15 do art. 3. o 5. o -C Sem prejuízo do disposto no 1. o do art. 17 desta Lei Complementar, as atividades de prestação de serviços seguintes serão tributadas na forma do Anexo IV desta Lei Complementar, hipótese em que não estará incluída no Simples Nacional a contribuição prevista no inciso VI do caput do art. 13 desta Lei Complementar, devendo ela ser recolhida segundo a legislação prevista para os demais contribuintes ou responsáveis: VI - serviço de vigilância, LIMPEZA OU CONSERVAÇÃO Além da previsão expressa de enquadramento das empresas de prestação de serviços de vigilância, limpeza ou conservação no Anexo IV da LC 123/2006, no mesmo art. 18 da Lei Complementar, o 5. o -H exclui expressamente da vedação do inciso XII do art. 17 da LC 123/2006 estas atividades vigilância, limpeza ou conservação. Art o -H. A vedação de que trata o inciso XII do caput do art. 17 desta Lei Complementar NÃO se aplica às atividades referidas no 5. o -C [vigilância, limpeza ou conservação] deste artigo O item do Edital de Licitação do Pregão Eletrônico n. 10/2015, portanto, está totalmente em desacordo com o que estabelece a Lei Complementar, ferindo expressa previsão da Lei que rege o Simples Nacional que autoriza as empresas prestadoras de serviço de limpeza ou conservação a opção pela tributação diferenciada do Simples. É importante destacar que a vedação do art. 17, XII, da LC 123/2006 cessão ou locação de mão de obra abrange a prestação de serviços de copa, recepção, portaria, motorista etc. No entanto, NENHUM destes serviços é objeto do Edital de Licitação do Pregão Eletrônico 10/2015, tão-somente o serviço de limpeza e conservação, conforme se extrai do item 1. Objeto do Anexo I Termo de Referência: 1.1. O objeto da contratação é a prestação dos serviços de Limpeza, Conservação e Higienização e Asseio, no âmbito da Procuradoria Regional do Trabalho da 24ª Região e suas Procuradorias do Trabalho nos Municípios de Dourados, Três Lagoas e Corumbá no Estado de Mato Grosso do Sul

3 CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE LIMPEZA DE EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES NACIONAL PELA RECEITA FEDERAL A fiscalização do cumprimento da LC 123/2006 pelas microempresas e empresas de pequeno porte é feita pela Receita Federal do Brasil, que investiga e apura se as empresas optantes pelo Simples Nacional cumprem os requisitos da Lei Complementar e podem manter os benefícios fiscais nela previstos. Pois bem, em Solução de Consulta 291 Cosit, de 14.out.2014 (anexa a esta petição) a Receita Federal autorizou empresa prestadora de serviços de limpeza de veículos e jardinagem a manutenção de sua condição de optante pelo Simples Nacional. Vale destacar ainda as decisões da Receita Federal nas Solução de Divergência 14 Cosit, de 14.out.2014, Solução de Consulta 57 Cosit, de 27.fev.2015 e Solução de Consulta 59 Cosit, de 27.fev.2015 (anexas a esta petição), que declararam a impossibilidade de contratação de empresa optante do Simples Nacional para prestação de serviços de portaria, zeladoria e recepção. Em todas estas Soluções os Auditores-Fiscais prolatores das decisões fizeram a expressa ressalva que estes serviços não se confundem com o serviço de limpeza e conservação, que pode ser contratado por empresa que seja optante do regime de tributação diferenciado. Tanto é possível esta contratação que a SERVPLAN SERVIÇOS AUXILIARES possui contratos vigentes de prestação de serviços de limpeza e conservação nas dependências da Inspetoria da Receita Federal do Brasil em Corumbá/MS Contrato IRF/COR n. 01/2015 e prestação de serviços de limpeza e conservação no Ministério Público Federal/Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul, PRMs Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Corumbá, Ponta Porã, Coxim e Naviraí Contrato 01/2015, ambos anexos a esta petição. OFENSA AOS PRINCÍPIOS QUE REGEM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O PROCEDIMENTO LICITATÓRIO As disposições do item do Edital de Licitação do Pregão Eletrônico ferem uma série de princípios legalidade, seleção da proposta mais vantajosa, promoção do desenvolvimento nacional sustentável e probidade administrativa que regem a Administração Púbica e as licitações e contratos da Administração Pública, ex vi art. 37, caput, da Constituição Federal e art. 3. o da Lei 8.666/1993: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: Art. 3. o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos

4 A ofensa ao princípio da legalidade ocorre em razão do fato de o Edital de Licitação do Pregão Eletrônico 10/2015 contrariar previsão expressa da LC 123/2006 (art. 18, 5. o -C e 5. o -H) que autoriza as empresas prestadoras de serviço de limpeza ou conservação optarem pelo regime do Simples Nacional. Outrossim, o Edital ofende o princípio da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração tendo em vista que uma eventual desclassificação das empresas optantes pelo Simples Nacional por não apresentarem planilha de formação de custos como se fossem empresas com tributação comum impede que a Administração Pública selecione a proposta mais vantajosa, causando nítido prejuízo ao erário. Além de causar prejuízo ao erário, o item do Edital em questão fere o princípio da promoção do desenvolvimento nacional sustentável haja vista que o objetivo da Lei Complementar 123/2006 é justamente fomentar a atividade das microempresas e empresas de pequeno porte, como estratégia de geração de emprego, distribuição de renda, inclusão social, redução da informalidade e fortalecimento da economia. Por fim, o Edital viola o princípio da probidade administrativa tendo em vista que uma possível desclassificação das empresas optantes pelo Simples que não apresentarem planilha de formação de custos como se fossem empresas comuns gera prejuízo ao erário e lesão ao patrimônio público, isto é, o contrato fruto deste Edital será firmado, indevidamente, com valor superior ao que deveria ser contratado. CARÁTER COMPETITIVO DA LICITAÇÃO E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA A manutenção do item nos termos do Edital viola ainda o caráter competitivo da licitação, tendo em vista que exclui de uma possível contratação as empresas optantes pelo Simples Nacional e restringe a ampla participação dos licitantes. Tal conduta, inclusive, é vedada expressamente pelo art. 3. o, 1. o, I, da Lei 8.666/1993: Art. 3. o 1. o É vedado aos agentes públicos: I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o disposto nos 5o a 12 deste artigo e no art. 3. o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991 Qualquer conduta contrária a esta vedação implica em responsabilidade do agente público por ato de improbidade administrativa, conduta que pode ser, inclusive, punida com as penalidades previstas na Lei 8.429/1992 Lei de Improbidade Administrativa.

5 CONCLUSÃO Por todo o exposto, a empresa Servplan Serviços Auxiliares requer a revisão do item do Edital de Licitação do Pregão Eletrônico 10/2015 fazendo constar que as empresas optantes pelo Simples Nacional possam apresentar planilhas de formação de custos levando em conta o regime de tributação diferenciado estabelecido pela Lei Complementar 123/2006, sem que este fato importe em desclassificação dos licitantes, observando, desta forma, a expressa ressalva do art. 18, 5. o -C e 5. o -H, da LC 123/2006. WATSON FAÇANHA Diretor Anexos: 1. Solução de Consulta Cosit 2. Solução de Divergência 14 Cosit 3. Solução de Consulta 57 Cosit 4. Solução de Consulta 59 Cosit 5. Contrato IRF/COR n. 01/2015 Receita Federal do Brasil 6. Contrato 01/2015 Ministério Público Federal/Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul