COMO SUPERAR AS DIFICULDADES DO PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM DE QUÍMICA: UMA ABORDAGEM MOTIVACIONAL.
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1 COMO SUPERAR AS DIFICULDADES DO PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM DE QUÍMICA: UMA ABORDAGEM MOTIVACIONAL. RESUMO FRANCISCO A P NETO 1 Com o objetivo de compreender na visão dos alunos quais fatores os motivam no processo de aprendizagem de Química, foi realizada uma pesquisa de campo com 125 alunos das três séries do ensino médio de uma escola pública que oferece ensino médio regular na cidade de São Raimundo Nonato - PI. Foram utilizados questionários como instrumento de pesquisa e coleta de dados a respeito das condições que a escola fornecia, do que motiva os alunos ao estudo da Química e o que poderia ser feito para melhorar as aulas. Com esse estudo percebeu-se que uma melhor aparelhagem de recursos físicos e de atividades científicas, uma abordagem contextualizada das aulas de Química, e a existência de práticas laboratoriais são os fatores que influenciam significativamente no processo de motivação e aprendizagem dos alunos ao ensino de Química. Palavras-Chaves: Química, Aprendizagem, Motivação 1. INTRODUÇÃO Ao longo dos séculos, a cada geração de pessoas que surgem, transmitir e compartilhar os saberes acerca do conteúdo das disciplinas com os seus alunos além de educá-los para a vida tem sido considerado uma das principais atribuições do professor, mesmo reconhecendo que como já dito, com o passar do tempo, isso tem ficado mais difícil. Todos estes obstáculos exigem uma preparação adequada e planejada dos profissionais de educação que estarão em contato com os alunos, sejam eles diretores, pedagogos ou professores, todos precisam desenvolver estratégias para cumprir sua obrigação para com o ensino, já que qualquer decisão tomada de forma equivocada pode atrasar, dificultar ou impedir que o processo ensino-aprendizagem desenvolva-se da maneira correta (FERREIRA, 2008, 27-29). A realidade no ensino de Química não foge dessas discussões, ao contrário, o profissional educador geralmente enfrenta obstáculos e aversão à disciplina, o que dificulta o ensino aprendizagem dos conteúdos. Desta maneira, o grande desafio do professor de Química e da escola como um todo está justamente nesse ponto: levar os alunos a minimizar quaisquer dificuldades, ou de importância ainda maior, levá-los a superar o desânimo e as dificuldades apresentadas no ensino-aprendizagem de química (CHASSOT, 1993, 15-16). 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI). Professor Especialista.
2 2 A partir desta óptica, faz-se necessário elencar pontos que podem contribuir para aumentar a motivação e aprendizagem em Química, de maneira que nada melhor que os próprios alunos respondam a esses questionamentos. O motivo desta escolha está no fato de ouvir dos próprios alunos o que eles consideram motivação no estudo de química. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Em cada instante no tempo nos é imposta a necessidade de agir, no entanto, para que estas ações, independente da complexidade que necessitam, sejam eficientes e alcancem seus objetivos algo comum é necessário a todas elas o desejo, a disposição, à vontade, em fim, a motivação para realizarmos tal coisa. Quando não há motivação, não há empenho, não há prazer e consequentemente as coisas parecem ser mais difíceis (VIGOSTSKY, 1993, 87-90). Os alunos podem ser comparados a um doente que sofre de anorexia estão diante de uma ciência repleta de informações, mas que muitas vezes, esses não sentem desejo, não tem vontade, nem são estimulados a motivarem-se para estudar tais conhecimentos, quando essa falha acontece, gera inúmeros problemas, especialmente aos alunos, pois se não estão motivados a estudarem química, não há aprendizagem (VIGOSTSKY, 1993, 91-92). Uma análise generalizada dos alunos do ensino médio visa buscar na realidade da escola os fatores que podem motivar os alunos ao ensino de química. Entre outras coisas, entre outros fatores, os principais podem ser os recursos da escola, a contextualização da aula, existência de práticas laboratoriais etc DISPONIBILIDADE DE RECURSOS ESCOLARES Estatísticas mostram que os principais problemas referentes à variedade de metodologias aplicados em sala de aula estão relacionados à infra-estrutura das escolas que muitas das vezes não têm se quer os mínimos recursos necessários para suprir a necessidade dos alunos como, por exemplo, laboratórios, bibliotecas atualizadas e com um grande acervo, salas de vídeo e informática, dentre outros. As que usufruem desses recursos entendidos em alguns lugares como de luxos, não os possuem nas melhores condições de uso e em alguns casos nem funcionam (Hofstein et al., 2001, 33-38). 2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA AULA Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), contextualizar é propor problemas reais e procurar as informações, os meios possíveis, o conhecimento que for necessário com o intuito de compreender e buscar resolvê-los. Porém, tem que se reconhecer que a escola muitas vezes não proporciona uma maior discussão entre os discentes a respeito
3 3 dos conhecimentos aprendidos. Portanto, é clara a necessidade de uma prática de ensino mais contextualizada, em que se almeje associar os conteúdos de química com o a realidade e as experiências que os discentes vivenciam no cotidiano, respeitando o fato de que cada aluno é diferente um do outro, mas sempre mantendo o interesse na formação do cidadão, e na atuação de seu pensamento crítico. Neste sentido, o objetivo da química é que o aluno identifique a relevância dessa ciência na procura do conhecimento da realidade, na resposta para os problemas que o cerca e a partir disso insira-o no seu dia-a-dia. Este alvo somente será alcançado se forem desenvolvidos contextos que sejam significativos para os alunos e que esses possam levá-los a aprender Química PRÁTICAS LABORATORIAIS Para uma melhor compreensão dos conteúdos de química com o intuito de que esta ciência, talvez a mais experimental, tenha sua aprendizagem facilitada é extremamente necessário o uso de atividades práticas laboratoriais. A experimentação realizada nestas aulas auxilia os alunos a construírem de maneira sólida uma série de conceitos que serão fundamentais para uma interpretação e compreensão dessa ciência como algo real, bem como essenciais para despertarem e continuar a desenvolverem o desejo pela química (Valadares, 2001, 21-25). A carência de práticas laboratoriais é uma crítica frequentemente dirigida ao ensino das ciências no tocante as escolas de níveis Fundamental e Médio, embora tendo-se como argumento o pressuposto de que a experimentação contribui para uma melhor qualidade do ensino. Entretanto, quando não há experimentos laboratoriais a motivação dos alunos diminui, pois estes passam a encarar o ensino de Química como algo abstrato, em consequência disso, torna-se mais difícil o aluno imaginar como aqueles fenômenos acontecem, dificultando e reduzindo o desejo pela disciplina (Hofstein et al., 2001, 40-42). 3. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada nos meses de maio e junho, o universo formou-se de alunos das três séries do ensino médio regular dos turnos manhã e tarde da Escola Edith Nobre, situada no município de São Raimundo Nonato - PI. Para a realização deste estudo empreendemos uma pesquisa com o objetivo de investigar os principais fatores que influenciam na motivação do aluno em aprender química. A pesquisa foi desenvolvida em duas partes. A primeira busca fazer um levantamento de todos os recursos didáticos e infraestrutura, bem como os projetos culturais e científicos
4 4 que a escola disponibiliza para motivar os alunos ao ensino de química, para tanto, foi um elaborado um questionário onde os alunos apontaram as reais condições da escola nos assuntos citados anteriormente. A segunda etapa, concomitante a anterior, consistiu na elaboração de questionários direcionados aos alunos. Os questionários abrangiam perguntas objetivas (de marcar a resposta) e de cunho pessoal (explicarem o porquê da sua escolha) em que objetivavam sondar a motivação ou afinidade dos alunos por Química e conhecer a opinião deles sobre que poderia ser feito para melhorar as aulas de química, bem como responderam sobre a contextualização de conteúdos nas aulas de química e a utilização de atividades experimentais. 4. RESULTADOS 4.1 Condições de Ensino Para que os alunos possam se motivar ao ensino de Química e com isso superar as dificuldades inerentes a matéria, sem dúvida, faz-se necessário uma boa didática do docente. No entanto, é necessário que a escola também forneça condições favoráveis para o trabalho dos docentes. Pensando nisso, foi pedido que o aluno marcasse as condições de ensino que sua escola oferece. As respostas estão na Tabela 1. Ressaltamos que os números mostram as indicações dos alunos, ou seja, o que eles percebem na escola. Tabela 1 Condições de Ensino oferecidas pela escola TOTAL CONDIÇÕES DE ENSINO N % Biblioteca ,0 Monitoria para as disciplinas 0 0,0 Sala de Vídeo e Informática 89 71,2 Feira de Ciências 0 0,0 Espaço esportivo 72 57,7 Gincana Cultural 17 13,6 Laboratório de Química 0 0,0 N - número de alunos que marcaram cada condição; % - representação percentual em relação ao valor total (125 alunos) A biblioteca aparece em quase todas as respostas. Esse valor expõe a consciência de que na escola é preciso ter um ambiente adequado para leitura e que reserve livros e arquivos necessários para completar o que é ensinado em sala de aula.
5 5 A falta de monitorias para as disciplinas é outro aspecto negativo da escola, e que talvez se estivesse presente, seria uma ferramenta amais para motivar os alunos ao estudo de química. É comum que as escolas proponham aulas extras para acompanhar o aluno nas disciplinas que normalmente apresentam mais dificuldades como Matemática, Física e a própria Química. O governo também costuma oferecer esse tipo de atividade na forma de programas como Mais Educação e o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID que acontece atualmente em diversas escolas da rede pública, no entanto, até o presente momento nenhuma dessas ajudas está disponível nesta escola. Os outros ambientes como laboratório de informática ou quadra de esportes também aparecem com um bom percentual. Já o laboratório de Química apresenta um percentual nulo. Outro dado é a ausência total de atividades científicas como feira de ciências. Em muitas escolas tal atividade é uma válvula de escape do tradicionalismo visto em sala de aula pelos alunos. Para muitos alunos essa atividade é a que mais os aproxima da ciência prática e experimental, onde os mesmo passam a enxergar as ciências da natureza, em especial a química, como algo real, prático e de fácil compreensão. Portanto, a falta de estrutura da escola é um dos fatores de desinteresse dos alunos ao ensino de química, pois assim, o professor sentirá dificuldades em relacionar os conteúdos de caráter científico com eventos do quotidiano, resultando no simples repasse das informações e do conhecimento, tendo como prioridade a cópia e a memorização, deixando de lado a relação teoria-prática. 4.2 Contextualização do Ensino A partir disso, perguntou-se aos alunos se os seus professores contextualizam os conteúdos em sala de aula, explicando caso quisessem o que na opinião deles seria contextualizar. Os resultados estão descritos na Tabela 2. Tabela 2 Porcentagem de professores que contextualizam os conteúdos. Total SÉRIES QUE OS PROFESSORES MINISTRAM. N N* % Primeiro ano ,0 Segundo ano ,0 Terceiro ano ,2 TOTAL ,77 N - número de professores que contextualizam os conteúdos; N* - número total de professores nessa série; % - representação percentual dos professores que contextualizam os conteúdos em relação ao número total de professores nessa série.
6 6 A maneira como a química é abordada na escola, a saber, descontextualizada, contribui bastante para a falta de interesse de alunos, já que os conceitos são apresentados de forma puramente teórica e, portanto, entediante para a maioria deles, pois a química é vista como algo que deve ser memorizada e que não se aplica a diferentes aspectos da vida cotidiana. Isto é explicitado em informações como a apresentada abaixo, extraídas dos questionários dos alunos. Contextualizar é o professor explicar o conteúdo e conseguir nos mostrar como se usa a Química no dia-a-dia. 4.3 Atividades de Interesses dos Alunos Perguntou-se aos alunos também quais atividades de interesse deles poderiam ser realizadas na escola de modo que houvesse uma melhoria na aprendizagem de química. Os resultados estão na Tabela 3. Tabela 3 Atividades de interesse deles, ausentes na escola ATIVIDADES TOTAL N % Existência de laboratório para realização de experiências 49 39,2 Aulas práticas pra ajudar a compreender a teoria 41 32,8 Sair da sala de aula e conhecer equipamentos de química 25 20,0 Palestras 10 8,0 TOTAL N - número de alunos que escolheram determinada atividade; % - representação percentual em relação ao valor total (125 alunos) A maior parte das respostas fornecidas pelos alunos refere-se a interesse que eles têm a práticas laboratoriais. Entre os docentes de Química, ou das ciências da natureza, é inquestionável que a realização de aulas práticas estimula e aumenta o interesse dos alunos, independente do nível educacional que os mesmos se encontram. Para os estudantes, realizar práticas e comprovar os conhecimentos vistos em sala de aula é importante, tornando a aprendizagem mais fácil, atraente e interessante. Logo, quando não lhes é dado à oportunidade de realizarem atividades que lhes interessam, suas motivações e aprendizagem para o estudo de química diminuem. 5. CONCLUSÃO Analisando os resultados podem-se perceber três fatores que, separados ou integrados, servem como instrumentos de motivação dos alunos para a aprendizagem em Química: uma escola com infraestrutura adequada, com recursos didáticos e atividades culturais e
7 7 científicas; uma aula contextualizada, pois é justamente a existência da relação do conteúdo ministrado em aula com a vida do aluno o que pode motivar e desenvolver o entendimento e o estímulo dos alunos à aprendizagem em química, e por fim, o terceiro fator é a experimentação, práticas laboratoriais; quando há essa relação teoria-prática, isso torna a química como uma ciência concreta, real e diante dos alunos, resultando diretamente na motivação dos mesmos. Este trabalho foi de suma importância, pois a parti dele, pôde-se descobrir que fatores servem como meios de motivação para o processo ensino-aprendizagem em química, diminuído a dificuldade para o entendimento da matéria, alem disso, permiti aos docentes fazerem uma autoanálise para descobrirem como podem contribuem pra isso. 5. REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Ministério da Educação, Brasília, 1999). CHASSOT, A. I.; Catalisando transformações na educação. Ijuí: Unijuí, FERREIRA, V.F. As tecnologias interativas no ensino. Química Nova, n. 21, p , HOFSTEIN. A.; LEVI-NAHUM, T. e SHORE, R. Assessment of the learning environment of inquiry-type laboratories in high school chemistry, In: Learning Environments Research, n. 4, p , VALADARES, E. C.. Propostas de experimentos de baixo custo centradas no aluno e na comunidade, in: Química Nova na Escola, n.º 13, p , VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
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