O ASSÉDIO MORAL E SUA INFLUÊNCIA NO TRABALHO DE MÃES NO PERÍODO DE GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO
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- Inês Bento Cruz
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1 O ASSÉDIO MORAL E SUA INFLUÊNCIA NO TRABALHO DE MÃES NO PERÍODO DE GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO Eduardo Concepcion Batiz (IST/SOCIESC) eduardo.batiz@sociesc.org.br Mariluci de Carvalho (IST/SOCIESC) marilucicarvalho@yahoo.com.br Vanderleia da Silva (IST/SOCIESC) leia.s@ibest.com.br Marcelo Macedo (IST/SOCIESC) marcelo5369@gmail.com Celia Regina Beiro da Silveira (IST/SOCIESC) celia@sociesc.org.br Gestantes moralmente assediadas podem representar futuras mães deprimidas e por consequência ausentes da criação e educação de seus filhos. Esses filhos em função do abandono poderão se tornar homens e mulheres moralmente corrompidos e desaajustados. Esse trabalho tem como objetivo demonstrar a fragilidade física e psíquica das gestantes, diariamente expostas a toda sorte de violências morais. Foi realizada uma pesquisa junto às indústrias de Joinville, através de um questionário que abordava o assédio moral nas organizações. Segundo a pesquisa realizada 91% das entrevistadas afirmam saber o que é e no que consiste o assédio moral, e 50%, no entanto afirmam que as situações humilhantes e constrangedoras eram repetidas e prolongadas durante a jornada de trabalho nos três primeiros meses de gestação. Em conversa informal com algumas das entrevistadas, constatou-se que o assédio moral vivido por elas ficou registrado em sua memória como a- penas momentos, apesar de repetitivos, de incompreensão tanto de seus colegas quanto da chefia imediata. Palavras-chaves: Assédio moral; gestantes; lactantes.
2 O ASSÉDIO MORAL E SUA INFLUÊNCIA NO TRABALHO DE MÃES NO PERÍODO DE GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO Gestantes moralmente assediadas podem representar futuras mães deprimidas e por consequência ausentes da criação e educação de seus filhos. Esses filhos em função do abandono poderão se tornar homens e mulheres moralmente corrompidos e desajustados. Esse trabalho tem como objetivo demonstrar a fragilidade física e psíquica das gestantes, diariamente expostas a toda sorte de violências morais. Foi realizada uma pesquisa junto às indústrias de Joinville, através de um questionário que abordava o assédio moral nas organizações. Segundo a pesquisa realizada 91% das entrevistadas afirmam saber o que é e no que consiste o assédio moral, e 50%, no entanto afirmam que as situações humilhantes e constrangedoras eram repetidas e prolongadas durante a jornada de trabalho nos três primeiros meses de gestação. Em conversa informal com algumas das entrevistadas, constatou-se que o assédio moral vivido por elas ficou registrado em sua memória como apenas momentos, apesar de repetitivos, de incompreensão tanto de seus colegas quanto da chefia imediata. Palavras-chave: Assédio moral; gestantes; lactantes. 1. Introdução Para Lima e Pereira (2009, p. 14) o assédio moral é um problema social relevante que tem merecido a preocupação dos médicos e psicólogos do trabalho e mais recentemente ingressou no mundo jurídico. O assédio moral é revelado por atos e comportamentos agressivos que visam à desqualificação e desmoralização profissional e a desestabilização emocional e moral dos assediados, tornando o ambiente de trabalho desagradável, insuportável e hostil (BARRETO, 2006). Nesse contexto, este artigo tem como objeto de estudo o assédio moral cometido contra as mulheres, dando ênfase a mulheres grávidas, uma vez que, o assédio moral cometido contra as mulheres contraria todos os direitos que uma mulher possui de se desenvolver e de formar uma família. O objetivo do trabalho é conhecer a magnitude do assédio moral e seus fatores associados em trabalhadoras mães na etapa de amamentação. Com esse trabalho espera-se demonstrar algumas formas de como é possível reconhecer o assédio moral no ambiente de trabalho, suas variadas formas de manifestações, as consequências geradas pelo tempo de exposição ao assédio em mães expostas ao assédio moral no período gestacional e lactância. O foco principal desse trabalho são mães gestantes e lactantes. O artigo está estruturado e dividido em cinco partes. Na introdução é discutida a contextualização do tema. A segunda seção aborda a relação intrínseca do trabalho e o assédio moral. Na terceira seção discute-se como acontece o assédio moral com as mulheres. A quarta seção trata dos procedimentos metodológicos. A quinta seção versará sobre os resultados da aplicação da pesquisa. Na última seção serão discutidas as conclusões do trabalho e mostrarse-á as recomendações para trabalhos futuros. 2. Assédio moral O Assédio Moral, apesar de sempre ter existido e ser intrínseco ao trabalho, no Brasil é um tema recente, ganhando força após a divulgação da pesquisa feita por Barreto (2000). 2
3 Segundo a autora o assédio moral ou a violência moral não é um fenômeno novo. Pode-se dizer que ele é tão antigo quanto o trabalho. O estudo sobre assédio moral, no entanto, é relativamente novo, e só agora nas últimas décadas é que foi classificado como fenômeno capaz de atormentar e depreciar as pessoas no seu ambiente de trabalho, ressalta a autora. Nos últimos anos o assédio moral já é um fenômeno social, que engloba diversos setores; industriais, acadêmicos, políticos, judiciários, associações, seminários e até os setores de comunicação, tornando o tema ainda mais abrangente e com proporções mundiais. Existem várias expressões dependendo do país, para definir assédio moral, entre as que se destacam: moléstia psicológica, tiranismo, ostracismo, coação etc. No Brasil, é conhecido como: assédio moral, assédio psicológico ou mobbing. O assédio moral pode se apresentar sob duas formas (GUEDES, 2004): a) forma verticalizada: feito pelo superior hierárquico contra uma ou mais pessoas, comportamento dominador autoritário, controlador, com a finalidade de se manter no poder, ou ainda de se sobressair diante de quem considera inferior (GUEDES, 2004). O assédio vertical se divide ainda em ascendente e descente: forma ascendente: feito pelos subordinados para com seus superiores, com a finalidade de retirá-lo do cargo que ocupa (GUEDES, 2004). Segundo Hyrigoyen (2004), o assédio vertical ascendente representa só 1% dos casos; forma descendente: feito pelo superior hierárquico contra uma ou mais pessoas, para se sobressair diante dos subordinados que considera inferior (GUEDES, 2004). O assédio moral descendente se apresenta em 58% dos casos registrados (HYRIGOYEN, 2004). b) forma horizontalizada: feito pelos colegas de trabalho, com nível de igualdade de funções. As causas para tal comportamento são muito variadas podendo ser classificada como: inveja, antipatia, discriminação, incompatibilidade, etc. (GUEDES, 2004). Segundo Hyrigoyen (2004) este tipo de assédio moral se apresenta em 12% dos casos. Uma terceira forma, que seria a combinação das anteriores, chamada de mista, que inclui a hierarquia e os colegas, se apresenta em 29% dos casos registrados (HYRIGOYEN, 2004). Segundo Guedes (2004), não é necessário que a ação seja deflagrada e realizada pelo superior, mas pode contar com a cumplicidade dos colegas de trabalho da vítima e através deste a violência seja desencadeada. Tanto Barreto (2000) quanto Hirigoyen (2004), afirmam que esse tipo de comportamento é universal, e decorrente da não aceitação das adversidades. O assédio moral, não pode ser confundido com excessos, nem com a redução de trabalho, ou a ordens de transferências, mudança do local de trabalho, exigências no cumprimento de metas e horários rígidos e regras, falta de segurança e obrigação de trabalhar em situação de risco, pouco confortável ou ergonomicamente desaconselhável. Mobbing (assédio moral), não é uma agressão isolada, estupidez, xingamento ou humilhação ocasional, fruto do estresse ou do destempero emocional momentâneo, seguido de arrependimento e pedido de desculpa. Cada uma dessas atitudes pode ser empregada pelo agressor para assediar moralmente uma pessoa, mas o que caracteriza o terror psicológico são a frequência e repetição das humilhações num período relativamente longo. O assédio moral pode começar com um conflito não-resolvido ou em decorrência de uma gestão confusa, em que tarefas são distribuídas de forma desigual ou sem obedecer a critérios. Assim, as táticas são múltiplas e variáveis, podendo ir desde uma ameaça ou intimidação até o bloqueio do trabalho e a retirada do material necessário ao exercício da atividade. 3
4 Os agressores aparecem em qualquer setor e em qualquer tipo de organizações, até mesmo em entidades filantrópicas ou de ações fraternas e sociais. Um caso típico, descrito pela especialista francesa Marie France, é o agressor chefe que subiu na carreira devido a bajulações constantes a outros superiores, ou tiveram exemplos de chefias que torturavam seus subordinados e por isto passaram a acreditar que esta é a única maneira de exercer o poder de seu cargo, são inseguros e se sentem cobrados demais por resultados, (MENEZES, 2002). Esse tipo de agressor vê o trabalhador como uma máquina, não podendo apresentar formas de cansaço, dor, engordar, engravidar ou adoecer. Enquanto estiver produzindo de acordo com as expectativas, ou de acordo com o que espera sua equipe (colegas), este trabalhador (a), é considerado eficiente produtivo e competente. Mas a partir do momento em que este apresentar qualquer manifestação de doenças físicas ou psíquicas passa a ser considerado um incômodo à organização. O assediador ou agressor desenvolve um controle sutil sobre a vítima, começando muitas vezes com deformações de linguagem, escassez de informações, falta de esclarecimentos e outros, surgem então a agressividade propriamente dita, como: abuso de poder; autoritarismo; intimidação; ameaças; desmoralização profissional; ignora e isola a vítima; não valoriza o saber fazer do trabalhador; e outros (HIRIGOYEN, 2004). Todo e qualquer ato ou comportamento de um patrão, chefe, gerente, ou colegas, que se traduza como perseguição excessiva e que possa trazer danos à saúde física, mental de uma pessoa é considerada assédio moral. 3. Assédio moral e a mulher A forma como a trabalhadora é vista dentro de uma organização, e as atitudes com relação a esta ou a forma como é percebida por colegas ou chefia são reflexos dos sentimentos e emoções que essa trabalhadora desperta, o que determina expectativas positivas ou negativas em relação ao seu trabalho. As mulheres que são donas de casa e que trabalham fora frequentemente enfrentam dificuldades, porque desempenham os dois papéis: o de dona de casa e mãe e o de trabalhadora da indústria (LEVY, 1980). Assédio moral com as mulheres tem como objetivo intimidar, submeter, proibir, interditar, entre outros. São feitos controles abusivos como: frequência e/ou permanência no banheiro, questionamentos em relação a atestados médicos, faltas, gravidez e raramente são reconhecidas ou promovidas. A vítima não consegue encontrar os motivos que a levaram a errar, logo passa a questionar o agressor para tentar acabar com o mal entendido, começa a investigar as possíveis causas do seu erro, tentando encontrar motivos para justificar as agressões e abusos, que a começam a intimidar e o desmotivar. No início da perseguição começam a se questionar e por faltar autoconfiança, sentem-se obrigadas a fazer sempre mais, a esforçar-se mais, para mostrar uma imagem melhor, procuram se adaptar, e tentam compreender a postura do agressor, e para fugir da violência, adotam tendências cada vez mais gentis e conciliadoras, tendo a ilusão que desta forma irão acabar com o assédio (FONTANA; ROCHA, 2001). O trabalhador se comporta então de acordo com seus sentimentos (HIRIGOYEN, 2004). Se esses sentimentos lhe provocam raiva, desconforto, insegurança, dor, nervosismo, ansiedade e outros sentimentos relacionados, o trabalho fica em segundo plano, o primeiro plano consiste em se livrar dos sentimentos que lhe causam desconforto. Quando distante do agressor esse trabalhador passa a agredir a máquina ou destruir equipamento, sabota a produção etc; pois essas máquinas, equipamentos, produção e outros passam a ser um estímulo condicionado que provoca reação de medo e mal estar, impossibilitando a fuga, resultado normal diante do fator medo. O chefe e a máquina passam a provocar um mal-estar que leva o 4
5 operário ao desinteresse pelo serviço, pois seu objetivo passará a ser o de se livrar do malestar. Nesses casos doenças também acabam se desencadeando na vítima, o que é muito frequente, (DORIN, 1981). A gravidade das consequências sobre a saúde dependerá da duração do assédio, a intensidade da agressão e a vulnerabilidade das vítimas. Muitas vezes isso aparece após uma licença de trabalho que recebem para tratamento, onde voltam para seu trabalho, e isso desencadeia novamente os sintomas, exigindo então que estas utilizem outra licença e assim sucessivamente até chegar à demissão (HIRIGOYEN, 2004). Barreto (2000), afirma que para a mulher o ambiente de trabalho é muito mais perverso, pois além dos controles e fiscalizações excessivas, ainda sofrem discriminações. O constrangimento para as mulheres começa na procura do emprego, onde são analisadas e avaliadas por critérios nada profissionais como: postura ao sentar-se e ao falar, roupa curtas e decotadas, maquiagem, perfume, estado civil, raça/etnia, número de filhos ou pretensão de tê-los, entre outros. A mulher não consegue fazer uma ligação do seu sofrimento e problemas de saúde com a tirania no local de trabalho, e quando pedem ajuda, são aconselhadas a deixar a empresa e procurar outro emprego. Sentem-se sem apoio, e emocionalmente destruídas, dificultando ainda mais a análise real dos acontecimentos e a melhor decisão a ser tomada. A indiferença e o menosprezo pelo sofrimento e as doenças que as trabalhadoras vivenciam no ambiente de trabalho, reforçam ainda mais o medo, fazendo-as ocultarem seus problemas e- mocionais e de saúde, como forma de amenizar e acabar com as humilhações e constrangimentos e insinuações. Sem apoio ou compreensão do seu estado, isolam-se ainda mais, e consequentemente, desenvolvem sentimentos confusos de culpa, fracasso e inutilidade. As angústias e tristezas tornam-se constantes, aparecendo o stress e a depressão. A autora, afirma ainda que a vítima do assédio moral passa a conviver com depressão, palpitações, tremores, distúrbios de sono, hipertensão, distúrbio digestivo, dores generalizadas, alteração da libido e pensamentos conflitantes e negativos, entre outros. É este sofrimento imposto nas relações de trabalho que revela o adoecer, pois o que adoece as pessoas é viver uma vida que não desejam, não escolheram e não suportam. Nesses casos o trabalhador pode desencadear um processo de estresse chamado Síndrome de Burnout (BATIZ; NAATZ e SERAFIN, 2007). Esta síndrome é definida como uma reação a tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto, excessivo e estressante com o trabalho, caracterizada pela falta de motivação, mal estar e insatisfação ocupacional, problemas de relacionamento com a chefia, ou com colegas, conflitos profissionais e familiares, entre outros (BALLONE, 2005). As mulheres são mais suscetíveis a Síndrome de Burnout, devido à dupla carga de trabalho, que exige muito empenho, determinação, discernimento, controle, responsabilidade entre outros. Cabe as empresas, trabalhar internamente a mentalidade dos seus funcionários, criando um ambiente favorável, oferecendo estrutura adequada para que as mulheres se sintam valorizadas e acolhidas dentro de seu local de trabalho. Muitas leis e resoluções que regem as relações trabalhistas não estão implementadas na prática, ou seja, nem todas as empresas cumprem os preceitos da legislação trabalhista, inclusive no que se refere à licença maternidade, creche e amamentação. 4. Procedimentos metodológicos Esta pesquisa é de natureza qualitativa e também quantitativa, pois trabalha baseada em dados obtidos na aplicação de um questionário a uma amostra de mulheres. A pesquisa caracteriza-se como descritiva por analisar o fenômeno do assédio moral com mães gestantes 5
6 no trabalho, procurando observar fatos para descobrir a frequência e as características desse fenômeno. Para a realização da pesquisa foram escolhidas mulheres gestantes ou que já passaram por esse período. O trabalho foi realizado junto a duas indústrias de grande porte de Joinville, compostas por mais de mil funcionários, entre homens e mulheres. Inicialmente foi selecionada uma amostra de 100 mulheres, que trabalham na linha de produção com idade entre 20 e 48 anos. O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário sobre assédio moral contendo 48 questões apresentando questões abertas e fechadas. O questionário foi aplicado inicialmente como teste piloto para conhecer os critérios da amostra selecionada sobre o conteúdo e escutar as sugestões de modificações, alterações, etc. Finalizando, foi ajustado o questionário conforme as recomendações obtidas na fase piloto. O questionário está dividido em cinco partes. Relaciona-se a primeira parte aos dados demográficos, procurando traçar o perfil do universo a ser estudado. A segunda parte está relacionada aos dados ocupacionais, para obter conhecimentos das características gerais sobre as trabalhadoras (quanto tempo de carteira assinada, quanto tempo trabalha na atual entidade, se já ouviu sobre o termo assédio moral, etc...). A terceira parte buscou conhecer sobre o período de gestação das mulheres dentro da organização. A quarta parte sobre o período de lactância, relacionando o tempo de amamentação e as reações das pessoas quanto a sua volta após o período de licença maternidade. A quinta parte finaliza com as conclusões permitindo as mulheres expressar com suas próprias palavras o que passaram durante o período de gestação dentro da organização onde trabalham. 5. Análise dos resultados I. Dados demográficos Dos questionários enviados foi recebido um total de 48, sendo que 14 pertencem a mulheres gestantes, que representa 29,2% da amostra, e 12 são lactantes que representa 25,0%, e 22 são mulheres que já passaram por estes períodos que representa 45,8%. Das mulheres analisadas 45,8% são aquelas que já passaram pelo período de gestação e amamentação, que estão na faixa etária entre 41 e 48 anos. São mulheres que já viveram ou presenciaram situações ligadas ao assédio moral, considerando que junto a essa amostra de trabalhadoras estão as gestantes e lactantes representando a maior porcentagem analisada, 64,6% da amostra e que estão na faixa etária entre 20 e 40 anos. II. Dados ocupacionais Observou-se que 62,5% das mulheres possuem entre 11 e 20 anos de carteira assinada. O índice de tempo atual na entidade é baixo, representando 58,3%, das mulheres que trabalham na atual empresa, ficando com um tempo entre 1 a 5 anos de atividade laboral. Com relação ao conhecimento sobre o termo assédio moral no trabalho percebeu-se que a maioria das entrevistadas, ou seja, 91,7% conhecem ou já ouviu falar do termo. Pode-se constatar que 22 mulheres já presenciaram atos de humilhações com outros trabalhadores. Este número significa 45,8% da amostra. Das mulheres entrevistadas quanto ao sexo do seu chefe imediato, 46 responderam que é homem, representando 95,8% do total da amostra. III. Dados sobre o período da gestação Foi analisada nesta fase do questionário a relação ligada à gestação e a fase do período que acontecia o assédio moral na instituição onde trabalha. Dos resultados anteriores, obser- 6
7 va-se em geral, que mesmo com o número elevado de mulheres que já presenciaram algum ato de humilhação na entidade onde trabalham, 8 passaram por situações humilhantes, representando 16,7%. Observa-se que das mulheres que passaram por situações humilhantes 4 e- ram repetidas durante a jornada de trabalho, representando 50% do total. Dos resultados anteriores, observa-se que as situações humilhantes ocorreram com as 4 mulheres durante os 3 primeiros meses de gestação, mantendo os 50% do total. Com relação à compreensão dos chefes quanto à execução das tarefas, 32 compreenderam sem exceção, sendo 66,7%. No período de pré-natal dentro da empresa, 30 mulheres tiveram total compreensão dos colegas, quando tiveram a necessidade de se afastar por algum problema relacionado a sua gestação, perfazendo 62,5%. Em relação a reação dos chefes ao afastamento no período de pré-natal, 34 das mulheres responderam que tiveram total compreensão, representando 70,8% do total. Observa-se que há uma porcentagem de 29,2% da amostra analisada que teve pouca compreensão. IV. Dados sobre o período de lactância Nota-se que 42 mulheres, ou seja, 87,5% tiveram sua última lactância há mais de 4 a- nos, com uma pequena amostra que ficou entre 1 a 4 anos, representando 12,5% da amostra. Conforme os resultados anteriores este item é importante porque mostra o comportamento de chefes e colegas quanto ao retorno das trabalhadoras, resultado satisfatório, representando 75,0% da amostra. No entanto, 25,0% não podem contar com o mesmo apoio, manifestando perceber mudanças de comportamentos de chefes e colegas. Observa-se que 95,2% das trabalhadoras amamentam seu filho nos horários determinados pela empresa sem restrições, com uma pequena amostra de 4,8% que não tem a mesma facilidade, mesmo tendo direito de amamentar seu filho. A maioria das trabalhadoras nunca deixou de amamentar seu filho no horário de trabalho, mas não se pode deixar de lado que ainda existem 9,5% das trabalhadoras que tem dificuldades para sair amamentar seu filho. Outros resultados apontam que 85,9% das trabalhadoras nem sempre podem se deslocar do seu posto de trabalho para atender alguma necessidade de seu filho. Observa-se que 85,7% não foram questionadas quanto ao tempo de berçário, esse resultado deixa as trabalhadoras mais tranquilas podendo atender seu filho no tempo determinado pela empresa. Outros resultados apontam que após o período de berçário as trabalhadoras, que são mais da metade 52,4% da amostra analisada, tem que optar por deixar seu filho com familiares, salientando que as outras 47,6% optam em deixar com amiga ou creche. A mulher fica dividida entre o trabalho e seu filho, mas não deixa de cumprir com suas obrigações, pois muitas delas têm papel fundamental no orçamento familiar e muitas vezes é a única fonte de renda da família. As trabalhadoras amamentaram seu filho entre 3 e 6 meses sendo 41,7% da amostra. Das mulheres entrevistadas, 58,3% tiveram decisão própria de parar de amamentar seus filhos, sendo que 33,4% não tinham mais leite e 8,3% por não ter berçário na empresa. Conciliando amamentação e trabalho, para 38 mulheres, as situações vividas na empresa não foram consideradas constrangedoras, representando 79,2%. Existe uma pequena parte da amostra de 20,8% que manifesta ter vivido momentos constrangedores nesse período. 6. Conclusões Durante a execução deste trabalho foi possível identificar com clareza a existência do assédio moral no ambiente de trabalho. No entanto, a fundamentação teórica serviu como base de entendimento, mostrando que o assédio moral é tão antigo quanto o trabalho, e também ter 7
8 um conhecimento exato e uma ampla visão sobre as causas e os efeitos que podem ocorrer com as trabalhadoras dentro do ambiente de trabalho. Para ter certeza da existência do assédio moral no ambiente de trabalho, foi escolhida uma população e aplicada uma pesquisa para entender o nível de conhecimento das trabalhadoras com o tema abordado. Os resultados obtidos na pesquisa apontam que as mulheres ainda são discriminadas, principalmente relacionadas a gestação, sendo alvo direto aos efeitos e as consequências do assédio moral. Diante desta situação, as mulheres estão deixando o lado profissional falar mais alto e adiando o desejo de ser mãe. Outro fator importante analisado foi para saber se as trabalhadoras entrevistadas, já haviam presenciado algum ato de humilhação na empresa onde trabalham, com um colega ou amigo, sendo que 45,8% responderam que sim, sinal que as pessoas já sabem identificar o assédio moral e que o mesmo é uma realidade dentro das organizações. Outra situação preocupante analisada na pesquisa é que está ligada ao número de entrevistadas (16,7%) que já sofreram ato de humilhação na empresa onde trabalham. Os sintomas do assédio moral começam pelas humilhações, esse resultado é uma realidade que assusta, pois através do ato de humilhação que é provocado o desânimo e a frustração em relação ao trabalho. Observou-se que as entrevistadas já sofreram algum ato de humilhação (16,7%), tornando repetitivas durante os três primeiros meses de gestação, causando desconforto para mesma e diminuindo seu rendimento nas atividades. Da mesma forma foi analisado que 29,2% das trabalhadoras foram vítimas de algum desconforto no período gestacional dentro da empresa, deixando-as angustiadas e tornando o clima no ambiente de trabalho desagradável, isso mostra que as mulheres não são respeitadas principalmente no período gestacional. Relacionando o período gestacional com o trabalho dentro das empresas, as trabalhadoras entrevistadas (41,7%), afirmaram que só tiveram a compreensão de alguns colegas quando não podiam mais executar suas tarefas normalmente e 33,3% das trabalhadoras tiveram a compreensão dos chefes, dificultando desta forma a relação trabalho e gestação. Isso mostra que as empresas não estão preparadas para lidar com as trabalhadoras no período gestacional, dificultando o desempenho e desmotivando-as com relação ao seu trabalho. Seria importante que as empresas trabalhassem enfocadas nos aspectos analisados procurando saber as causas, eliminando este mal, e desta forma procurar ter consciência da gravidade e as consequências que o assédio moral pode provocar na vida das pessoas, assim proporcionando qualidade de vida tanto no ambiente de trabalho como na sociedade. O trabalho foi realizado na indústria, com mulheres que trabalham na área de produção viabilizando a necessidade das mesmas tornar seus direitos realidade com a ajuda dos órgãos responsáveis e o apoio da sociedade frente esta situação. Diante desta situação sugere-se a aplicação da pesquisa com mulheres que trabalham em outras áreas. Com certeza são pessoas carentes de informações e precisam conhecer seus direitos e a quem recorrer. Quanto mais pessoas souberem que o assédio moral existe e a maneira como ele se manifesta, mais terão condições de evitar que o mesmo aconteça. Referências BARRETO, Margarida Maria Silveira. Assédio Moral: o risco invisível no mundo do trabalho Disponível em: < 8
9 Acesso em: jul BALLONE, GJ. Síndrome de Burnout: In. Psiq Web Psiquiatria Geral Disponível em: < Acesso em: jul BATIZ, Eduardo Concepción; NAATZ, Sandro e SERAFIM; Ângela Mari. O Assédio Moral e sua influência nos trabalhadores. Anais do Congresso da ANAMT, Vitória, Espírito Santos, Brasil, DORIN, Lannoy. Enciclopédia de Psicologia Contemporânea. São Paulo: Ed. Iracema, FONTANA, A; ROCHA, M. Manual do chefe incompetente. Você S.A. Exame, São Paulo, n. 41, p , nov GUEDES, Novaes, Márcia, Juíza do Trabalho na Bahia. Revista LTr, v. 67, n. 02, p Ed. LTr. São Paulo, HIRIGOYEN, Marie-France. El Acoso Moral en el trabajo. Proyecto NRL Metal. Estrategias preventivas desde el enfoque de género para las PYME. Valencia, LEVY. E. Relaçoes Humanas na Indústria. Manual CNI, Rio de Janeiro LIMA, C. Amarildo; PEREIRA, Simone. A aferição do assédio moral nas relações de trabalho: desafios e possibilidades. São Paulo: Fama Editora, MENEZES, C. A. C. de. Assédio Moral e seus efeitos jurídicos. Gênesis, Curitiba, v. 1, n. 118, p , out
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