- COM conteúdo econômico. - suscetível de apropriação. - são bens (alguns não são sujeitos de apropriação, ex. direito autoral).
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- Edison Fidalgo Palha
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1 DIREITO CIVIL VI Coisas Prof. James Siano SP, 11/02/2011 Código Civil 1. Parte Geral - Pessoas - Coisas 2. Obrigações - 1ª Parte - 2ª Parte (contratos) 3. Responsabilidade Civil 4. Direito das Coisas DIREITO DAS COISAS - Posse - Direitos reais sobre a propriedade - Direitos reais sobre coisas alheias COISAS = bens - coisas: de interesse jurídico (repercutem ao nível de interesse e tutela). - são de interesse jurídico, as coisas que são suscetíveis de apropriação ou não E com conteúdo econômico. a) b) - COM conteúdo econômico. - suscetível de apropriação. - são bens (alguns não são sujeitos de apropriação, ex. direito autoral). - SEM conteúdo econômico. - não suscetível apropriação. - ar, areia da praia. - os BENS podem ser: - corpóreos (ou materiais): são palpáveis. - incorpóreos (imateriais, por exemplo: direitos autorais). - Todo bem é coisa, toda coisa é bem? Resposta: No sentido jurídico, todos os bens são coisas, mas nem todas as coisas são bens. Algumas coisas são consideradas bens e terão tutela no direito sobre as coisas.
2 Teorias ou Escolas - 3 (?) grandes correntes: 1- PERSONALISTA - direito das relações entre pessoas tendo por objeto as coisas. 2- REALISTA - direito das pessoas sobre as coisas. - tutela o direito de propriedade ou de posse que vincula as pessoas a determinadas coisas. - o que diferencia estas escolas: - Escola Personalista: há pelo menos 2 sujeitos (ativo e passivo) - Escola Real: basta saber quem é o sujeito ativo (aquele que tem tutela de posse ou propriedade). ESBULHO: pode ser resolvido com a autotutela ou com uma heterotutela (ação de reintegração na posse nesse caso, não se conhecendo o sujeito passivo, colocar, na PI, José de tal ou Maria de tal. Mais tarde, identificado, faz-se aditamento da inicial). Direitos Reais EFEITOS a. ADERÊNCIA: o acessório adere ao principal (benfeitorias (necessárias, úteis, voluptuárias), melhoramentos (se confundem com benfeitorias), acessões (construir ou plantar onde nada existia)). b. DIREITO DE SEQUELA: seguir a coisa. É o direito de ir buscar a coisa onde ou com quem ela estiver. c. EXCLUSIVO: não é possível que duas ou mais pessoas sejam proprietárias sobre a mesma coisa, ao mesmo tempo sobre o todo. d. PROVIDO DE AÇÃO REAL: todo direito real tem uma ação específica. O elenco das ações é limitado (rol exaustivo). Exige ação certa e limitada. Para cada situação fática há uma tutela específica. DIFERENÇAS
3 Direito Real Sujeitos Sujeito ativo conhecido. Objeto Direitos sobre a coisa. (posse ou propriedade) Características Ilimitado(com restrições)/ imprescritível Direito Pessoal Sujeitos conhecidos: ativo e passivo. Obrigação de prestação. se extingue pelo: - cumprimento - prescrição - outra forma Lembrando... cumprimento da obrigação = remição (pgto), dação, consignação em pgto, novação, compensação, confusão, transação (renúncia recíproca de direitos parciais). - Locação: direito PESSOAL. - Compra e venda de imóvel: direito PESSOAL (se aperfeiçoa com a manifestação da vontade (ex. leilão) e a transcrição da escritura é mero exaurimento (há consenso). - Comodato: direito REAL. Só se aperfeiçoa com a entrega da coisa. Em resumo... Em sentido jurídico, o direito das coisas tutela bens que sejam suscetíveis de apropriação ou não, mas com conteúdo econômico. Podemos dizer que os bens, no sentido jurídico, são as coisas colocadas a nossa disposição (materiais ou imateriais), suscetíveis de apropriação ou não, mas com conteúdo econômico. Os direitos reais tutelam, em especial, o direito de propriedade, mas reflexamente o direito de posse. Questão doutrinária Código Civil: Livro III, Direito das Coisas Título I, Da Posse Título II, Direitos Reais Título III, Da Propriedade
4 Essa divisão causa algumas discussões doutrinárias: como o Título II colocou os direitos reais DEPOIS do Título I (Da Posse) por uma questão geográfica de posicionamento no CC, a posse estaria FORA dos direitos reais. Data máxima vênia, isto é um absurdo, conforme posição de Maria Helena Diniz e outros. A maioria admite que o direito de posse é tutelado pelo direito das coisas, sendo, portanto, direito REAL. - Outros argumentos em relação da posse como direito PESSOAL: - o art que elenca os direitos reais é um rol fechado e não inclui a posse, - as ações que envolvem a posse NÃO precisam da outorga uxória (art. 10, 2º CPC). (? Dúvida esclarecer!!!!) SP, 15/02/2011 POSSE Conceito Posse é uma situação fática tutelada por um direito. Para ser possuidor não é necessário ter contato físico com a coisa, basta que a sua situação tenha uma tutela prevista na lei. Art CC Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. - A posse pode ser de 2 ordens: - direito de possuir (jus possidendi) representa o direito do proprietário. - direito de usar (jus possessionis) representa a prática de atos como se dono fosse, mas sem o título de proprietário. É uma situação precária e terá por duração o prazo e condições fixadas pelo titular do direito de proprietário. DETENTOR Art CC Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Origem histórica - só era assegurada a posse por quem era proprietário ou quem estava na iminência de se tornar proprietário (jus possidendi direito de possuir). - estava ligado à ocupação contínua: quem o possuía eram os nobres, senhorios, reis etc.
5 - na Roma: quem tinha o direito de possuir podia fazer e desfazer. Cedia-se o direito de ocupar terras em troca de lealdade. Quando os ocupantes deixavam de ser leais, eram colocados para fora. Somente o proprietário tinha o direito de possuir. - quem recebia as terras para usar e desfrutar, não tinha o direito de proprietário (jus possidendi), tinha apenas o direito de usar (jus possessionis). A ausência do direito de ser proprietário concede ao indivíduo apenas o direito de usar. a) Direito de possuir - jus possidendi - senhorio: proprietário de terras (ou em vias de se tornar proprietário). - dono absoluto b) Direito de usar - jus possessionis - só uso, sem pretensão de se tornar proprietário. Diferença entre POSSE e DETENÇÃO a- A detenção não é tutelada por um direito. b- O fâmulo, via de regra, tem contato físico com a coisa. Fâmulo da posse (art CC) = é o DETENTOR. É aquele que está em contato físico com a coisa, mas não tem a posse. Recebe, gere, guarda, conserva e até defende a coisa, mas em nome do possuidor. - JAMAIS terá direitos possessórios. Ex. empregado que não recebe salários NÃO poderá, por causa disso, entrar com ação de usucapião. (JAMAIS!!!!!) - Relação entre quem tem a posse e o detentor pode ser vínculo empregatício, ou qualquer outra relação de preposição. - Ex. oficial que recebe arma do exército é DETENTOR da arma. Recebe ordens. - O possuidor defende a coisa em nome próprio, porque tem direitos. - Posse: direito real ou pessoal? - REAL: Caio Mário da Silva Pereira e Maria Helena Diniz - PESSOAL: Sílvio Rodrigues e Washington de Barros Monteiro OBS Para Carlos Roberto GONÇALVES: o conceito de posse resulta da conjugação de 3 dispositivos legais: art. 1196, CC; art. 1198, CC e art CC.
6 TEORIAS SOBRE A POSSE Historicamente, 2 teorias tiveram reconhecimento doutrinário: A primeira delas, apresentada em, 1803 por Savigny (Teoria Subjetiva) que reconhecia como possuidor somente aquele que tivesse contato físico com a coisa (corpus) e animus, intenção ou vontade de ser dono. Essa teoria vingou por 30 a 40 anos quando deu lugar à teoria de Ihering, que rotulou posse como simples aparência de dono, tendo ou não contato físico com a coisa. Para Ihering, (Teoria Objetiva) a teoria prevalente era a do corpus que significa situação fática tutelada por um direito. No Brasil é a teoria adotada. (corpus lato sensu) Subjetiva - Frederic C. Savigny (1803) - corpus + animus - Entendendo-se a junção da coisa (contato físico com a coisa) e a intenção de ser dono. Objetiva - Rudolph von Ihering (Jhering) - basta o corpus (que não é o corpo, mas simples postura de dono). - Para ele, o corpus difere do conceito de Savigny, pois, para Ilering, trata-se de condição ocupada por uma pessoa com amparo na lei. A condição que a pessoa ocupava em relação ao objeto e um direito correspondente. - Corpus: é a situação fática tutelada por um direito. Pode ter contato físico com a coisa ou não. Ex. proprietário, locatário, comodatário etc. age como se fosse o verdadeiro dono. Está numa situação fática amparada por uma norma. Direito pátrio: art CC (Teria Objetiva) adota a teoria defendida por Ihering. SP, 18/02/2011 Classificação da posse A posse pode ser classificada por direta ou indireta, tendo o possuidor contato físico com a coisa, na primeira hipótese, ou não. Ex. locador, comodante (possuidor indireto), locatário, comodatário (possuidor direto).
7 a- Composse (ou Co-posse) - posse exercitada por 2 ou mais pessoas na mesma categoria. - questão fática tutelada por um direito. Pro diviso (estabelecimento de regras, escritas ou não, para melhor utilização da coisa. (ex. um usa o carro no período da manhã e outro da noite). Pro indiviso (falta absoluta de regras de uso. Usa quem quer, quando quiser) b- Direta: o possuidor tem contato físico com a coisa. (fâmulo = tem contato físico, mas não é possuidor) Indireta: o possuidor NÃO tem contato físico com a coisa. - só se fala nessa classificação quando as 2 categorias (direta/ indireta) ocorrem concomitantemente. A posse indireta pressupõe a existência da posse direta, e viceversa. Se isso não ocorrer, fala-se somente em posse. - Por outro lado, a composse só ocorre na mesma categoria (composse direta/ composse indireta). Ex. existência de mais de um locatário. - 90% dos casos: composse: posse direta em locação ou comodato. - recibo de imposto não é prova de posse, conta de luz (é legal). c- Boa fé/ Má-fé - Boa fé - posse que não decorre de esbulho. - Má fé - posse decorrente de ato esbulhativo ou quem conhecia a origem esbulhativa. - as circunstâncias podem denunciar a má fé (má fé presumida), por exemplo, quando se compra casa de praia por 40 mil sabendo-se valer 300 mil, ou quando se compra joia com preço muito abaixo do preço de mercado, torna óbvio que a origem é ilícita. - Portanto, tem a posse de má fé quem praticou o ato esbulhativo ou que comprou a coisa conhecendo sua origem esbulhativa. - posse de boa-fé pode se transformar em posse de má-fé e vice-versa. Ex. está em comodato no apto da praia (posse boa-fé) e decide não sair (má-fé). Está no apto sem ordem (má fé) e por acordo ganha um tempo para desocupar.
8 d- Justa/ injusta - a posse tende a se consolidar no tempo. Quando cessarem os atos de repulsa e agressividade por parte daquele que tinha a posse, ela passa a ter o status de posse mansa e pacífica (não tem resistência). Ela se convalidada. A posse de má-fé (sempre de má-fé para todos os fins) e injusta, com o tempo se transforma em posse justa (mansa e pacífica), adquirindo todos os direitos inerentes da posse, inclusive o usucapião. Os prazos prescricionais passam a ocorrer quando cessarem os atos de resistência. - Justa Considera-se posse justa aquela obtida de maneira lícita e regular, bem como aquela que se tornou mansa e pacífica (deixou de ser resistida). (art CC). - Injusta É aquela obtida de maneira esbulhativa ou que esteja sendo objeto de resistência (direta ou judicial). Enquanto a posse de boa-fé e de má-fé não se transmudam, a posse justa e a posse injusta podem se alternar (a posse injusta, com o passar do tempo e findando a resistência, torna-se posse justa). Considera-se possuidor de maneira justa, em princípio, aquele que possuir título de aquisição. (art e 1201) - quando encontra resistência por parte do legítimo titular. e- Ad interdicta/ ad usucapionem - Ad interdicta: exercitada por alguém que não é o dono e não quer ser dono. Ex. locatário. - Ad usucapionem: exercitada por aquele que é dono ou por quem quer se tornar dono. Ex. proprietário, esbulhador. f- Nova/ velha Considera-se posse nova aquela cujo lapso é inferior a 1 ano e um dia, e posse velha, acima deste lapso. Conta-se esse lapso da data do esbulho à data da propositura da ação. (art. 924 CPC). - Nova - imediatamente após o esbulho, há direito de retomada imediata da posse. - se a ação do titular da posse for rápida, ele terá direito a tutela liminar para retomada da posse de forma imediata (1 ano e 1 dia para obter a liminar). - Velha - lapso superior a 1 ano e 1 dia da data do esbulho. - tem o direito de retomar a posse, mas NÃO por meio de tutela liminar (falta de interesse).
9 - a resistência impede a prescrição. - esbulhador antigo pode se defender de esbulhador novo, pois trata-se de situação fática. Os mais antigos têm mais direito que os mais novos. Grilar (modo de fazer) - buscar no registro de imóvel o proprietário da área - tomar posse - fabricar documento com aparência de antigo (máquina de escrever + grilos). - plantar pé de fruta produzindo - cerca de arame farpado (jogar no mar e no sol, para obter aparência de antigo) VÍCIOS DA POSSE - situação em que: - há PERDA da posse. Nesse caso, ocorre ESBULHO. - devido a um ato de: a- Violência (física/ moral) - é conduta humana capaz de desestabilizar, ofender a pessoa. - deve ser MUITO grave e convincente. - ameaçar de sequestrar filhos ou agredir os possuidores. - assemelha-se ao ROUBO. b- Clandestinidade É agressão feita contra a coisa. Despoja o ex-possuídor, normalmente na sua ausência. Ex. chave falsa, arrombamento etc. - É a perda da posse de maneira ofensiva, violenta contra a coisa. Ex. entrar no imóvel à noite, arrebentar a janela, cortar a cerca. - assemelha-se ao FURTO QUALIFICADO. c- Precariedade É o esbulho decorrente da transformação de uma posse lícita, honesta e correta em posse ilícita. Ex. recusa na devolução de um bem emprestado em comodato. - nesse caso (precariedade), não cabe autotutela. - sujeito tem a posse regular, mas não devolve a coisa conforme acordado e se mantém na posse de forma precária. - A posse passa a ser esbulhativa. - Assemelha-se à APROPRIAÇÃO INDÉBITA.
10 ESBULHO: é a perda da posse mediante um dos 3 vícios (violência (física ou moral), clandestinidade, precariedade). Qualquer um dos vícios da posse enseja o esbulho o que assegura a pretensão de retomada da coisa onde ela estiver. FORMAS DE AQUISIÇÃO Será considerada ORIGINÁRIA quando não houver voluntariedade na entrega da coisa por parte de quem anteriormente detinha a posse. Exemplo: esbulho, apreensão judicial etc. Será considerada DERIVADA a posse transmitida de maneira consensual. Quem detinha a posse a entregou voluntariamente. Exemplo: compra e venda, e respectiva tradição. Originária - quando NÃO houver voluntariedade na entrega da posse por quem tinha a posse anterior. Ex. ESBULHO, PENHORA pelo oficial de justiça (quando o possuidor não quiser entregar). Derivada (ou bilateral) TRADIÇÃO = entrega com animus de entregar. Voluntariedade na entrega. Tradição é a entrega do bem com animus, simples entrega não caracteriza tradição. Ex. entrega mediante ameaça não é tradição. A tradição se aperfeiçoa com 3 formas distintas: - REAL: corresponde à entrega material, corpórea da coisa. - SIMBÓLICA: significa a entrega da coisa representada por algum objeto ou similar. Ex. entrega de chaves. Na verdade, o que está sendo entregue é a posse representada pela chave. - FICTA: é a entrega da posse pela transmutação da condição do anterior possuidor que passa a ser simples possuidor direto. Ex. da condição de proprietário, passa a ser comodatário ou locatário etc.. constituto possessório (ADOREI!!!! IMPORTANTÍSSIMO) (no caso de comodatário que não entrega o imóvel (por ex., em 30 dias) cabe ação de reintegração de posse (já foi transmitida), com liminar de desocupação imediata + indenização (pedido cumulado).
11 caso contrário: vai entregar as chaves em 30 dias, e não entrega: ação de imissão na posse (e vai demorar..., PI, discussão de mérito etc.!) - voluntariedade na entrega da coisa: é bilateral, há consenso nos dois polos. Ex. compra e venda. - A posse também se transmite por herança. O princípio de saisine (ato de transferência dos bens dos pais para os filhos, no exato momento do falecimento, independentemente do inventário). - Essa transferência é derivada ou originária? É DERIVADA, pois há presunção legal de que a vontade dos pais é deixar patrimônio para os filhos. Portanto, direitos hereditários são considerados transferência derivada da posse (art. 1784). EFEITOS DA POSSE - Encontramos na doutrina 72 efeitos da posse: guarda, segurança, indenização por benfeitorias, reintegração etc., e... a defesa da posse (um dos mais importantes efeitos) DEFESA - é a conservação, guarda e busca da posse perdida. a- Autotutela É a legítima defesa da posse. Usar moderadamente os meios necessários, desde logo, para repelir injusta agressão a sua posse (para conservar ou recobrar). É o uso moderado, dos meios necessários para repelir ou preservar a posse bem como recobrar a posse perdida decorrente do esbulho pelos vícios da violência ou clandestinidade. (Art. 1210, 1º) - LOGO = no ato, imediato, no mesmo contexto. - SEM AUXÍLIO ESTATAL = com as próprias forças, com o próprio recurso (se policial, não estando exercendo suas funções), - MODERADO = b- Heterotutela (são JUDICIAIS) b.1. TÍPICAS (CC ações possessórias ou interditos possessórios) - reintegração na posse (esbulho). - manutenção na posse (turbação). - interdito proibitório (ameaça).
12 b.2. ATÍPICAS (CC e CPC defendem posse e propriedade) - imissão na posse. - embargos de terceiro. - embargos de retenção. - nunciação de obra nova. SP, 25/02/11. AÇÕES POSSESSÓRIAS: somente para quem TEM POSSE ou TEVE POSSE. Posse indireta = pode ser usado constituto possessório. Quem NUNCA teve posse = carência de ação, não pode usar possessória (cai na prova!). - Ações possessórias ou interditos possessórios ou heterotutelas típicas: Obs: não confundir interdito possessório (gênero) com interdito proibitório (espécie). HETEROTURELAS TÍPICAS - exclusivas para defender direitos possessórios. - NÃO pode entrar com possessória típica quem NUNCA teve posse. - direito material - CC REINTEGRAÇÃO NA POSSE - defesa de esbulho. - inicial - se há posse nova (pode pedir liminar). No caso de liminar, 2 opções para o juiz: a- deferir ou b- audiência de justificação: prova do esbulho. O autor deve provar 4 requisitos: 1) posse anterior. 2) esbulho. 3) data do esbulho. 4) subsistência do esbulho. Só haverá indeferimento da liminar se faltar algum dos 4 itens. - posse nova dá direito a liminar, posse velha NÃO dá direito a liminar.
13 - o esbulho pode ser total ou parcial (briga de vizinho por 10 cm de cerca; o tamanho do esbulho é irrelevante; o animus é irrelevante (invasão da USP para não ter aula, não tem animus de permanecer). Exemplo: Imóvel locado em Andradina, vencido o contrato de locação. Questão: urbano ou rural? O plano diretor determina a área urbana e a rural. Rural: ação possessória. Urbano: ação de despejo. SP, 01/3/11 INTERDITO POSSESSÓRIO - medida preventiva (da consumação de uma ameaça). - há ameaça de esbulho. - não há violência. - pedido de LIMINAR: juiz defere que as pessoas indicadas se ABSTENHAM de praticar a invasão sob pena de astreinte (valor intimidatório). Inicial, liminar, citação, intimação, defesa, réplica, instrução, audiência, sentença, recursos, etc. MANUTENÇÃO NA POSSE - manter a posse contra atos de turbação. - Turbação = é a conduta que possa impedir ou atrapalhar o uso da coisa. São condutas praticadas pelo réu capazes de dificultar ou impedir a livre utilização da coisa. Não é invasão (seria esbulho), não é ameaça. É menos que esbulho e mais que ameaça. - Exemplo 1: FDDJ resolve dobrar a mensalidade. Depois de negociações infrutíferas os alunos resolvem fazer cordão de isolamento (barricada humana) para impedir a entrada dos alunos do cursinho. - Exemplo 2: colocar carro atravessado em estrada que impeça a livre utilização. - Exemplo 3: vizinho coloca cachorro em terreno do outro vizinho impedindo que ele tenha acesso ao seu terreno. Ou galinha que estraga a plantação. - Exemplo 4: piquete na porta da fábrica: obstrução moral NÃO dá ensejo à manutenção na posse. Deve haver obstáculo que impeça a utilização do bem para propor ação de manutenção na posse. Talvez coubesse ação de dano infecto.
14 REQUISITOS - necessidade de provar os 4 requisitos na PI da ação de manutenção da posse: 1- posse anterior 2- turbação 3- DATA da turbação 4- subsistência da situação Diz Dr. James: A possessória típica de MANUTENÇÃO NA POSSE é utilizada para assegurar o livre exercício da posse, coibindo atos turbativos sem que ocorra a perda da posse. TURBAÇÃO não é simples ameaça, mas ato que impede ou, ao menos, dificulta o uso da posse. Se presta a manter o uso da posse. Os requisitos da manutenção da posse são os mesmos da reintegração na posse, substituindo-se o esbulho por turbação, ou seja, para ser mantido ou manutenido na posse, é preciso provar posse anterior, a ocorrência da turbação, a data da turbação e sua subsistência. O INTERDITO PROIBITÓRIO é uma possessória típica com o objetivo de coibir a consumação de uma ameaça. Características das possessórias típicas: 1- FUNGIBILIDADE dos institutos: pode-se conhecer uma situação como se fosse a outra, independentemente do nome. Importante: só se aplica às possessórias típicas, ou seja, ocorre entre: reintegração na posse/ manutenção na posse/ interdito proibitório. MAIS IMPORTANTE: na prova não se aplica o instituto da fungibilidade! - Quando houve a utilização de qualquer heterotutela (ex. interdito proibitório), não pode usar a autotutela. 2- CARÁTER DÚPLICE: (possibilidade de inversão de polos réu, autor) - entre as possessórias típicas, não há necessidade de reconvenção, devido ao caráter dúplice. - a própria contestação serve como inicial. - pedido contraposto: espécie de reconvenção com características próprias. - há processos que exigem o pedido reconvencional, NÃO é o caso das possessórias típicas.
15 3- CUMULATIVIDADE DE PEDIDOS: pode-se cumular pedidos, por exemplo, arbitramento de aluguéis, lucros cessantes, danos emergentes (materiais), danos morais, obrigação de fazer: retorno status quo ante. É possível que se cumulem pedidos. Além do pedido possessório, haver pedidos indenizatórios, reparatórios e/ou compensatórios. Lembrando... - turbar = dificultar - esbulhar = vício SP, 4/3/2011 POSSESSÓRIAS ATÍPICAS IMISSÃO NA POSSE - existiu uma ação específica de imissão na posse entre 1939 até a partir de 1973: essa ação passou a ter outros propósitos, de maneira genérica: fazer que a coisa seja entregue ao seu titular. (Nome fantasia: imissão na posse ). - dá direito a obter a coisa sendo seu titular (não necessariamente proprietário). - pode usar a imissão, mesmo que NÃO tenha tido posse anterior. - quando há dificuldade de comprovação da posse anterior, opta-se pela imissão na posse. - é uma medida PETITÓRIA. Imissão = obrigação de dar entregar coisa certa. - Requisito básico = direito de obter a posse. (não exige posse anterior) - protege a posse e a propriedade. 2 procedimentos: 1) COM título 2) SEM título 1. COM TÍTULO Título = obrigação contratual entre - quem tem a posse - quem deseja a posse
16 Procedimento: RITO DE EXECUÇÃO (art. 621 a 627 CPC) - citação para entregar a coisa em 10 dias. - garantia Juízo: oferecer embargos. - depositar a coisa. - rejeitados ou julgados improcedentes os embargos, expede-se mandado imissão/ entrega + astreinte. (Esse procedimento é de 1973, quando nem se cogitava em antecipação de tutela. Por isso, o procedimento com título, apesar do direito estar melhor provado, é mais complicado que o procedimento sem título (art. 461, art. 461-A)) 2. SEM TÍTULO Obrigação de entregar a coisa, àquele que objetiva posse. Procedimento: RITO ORDINÁRIO (art. 461, art. 461-A CPC) - Inicial - Liminar: astreinte + entrega - citação/ defesa/ réplica - Há fungibilidade entre os ritos? Resposta: Juízes mais formalistas, quando presente o título, NÃO aceitam o rito ordinário, mesmo esse rito sendo mais favorável à parte. Outros, por outro lado, aceitam, considerando as mudanças sociais entre 1973 quando previsto o rito de execução e o art. 461 que permite a tutela antecipada, instituto previsto na década de 90. (o exemplo abaixo vai cair na prova!) Exemplo: compra de imóvel em leilão extrajudicial. Banco é credor de crédito (nunca teve a posse do imóvel) e vende o imóvel. Quem comprou quer a posse, mas NÃO tem título com quem tem a posse (antigo dono). Entrar com ação de imissão na posse SEM título: rito ordinário com pedido de liminar. Acordo entre as partes em que o morador pede 3 meses para desocupar o imóvel. Nesse caso, deve-se fazer um contrato de comodato, por meio do qual o comprador recebe a posse indireta, e o morador fica com a posse direta como comodatário. Após os 3 meses, o morador/comodatário não desocupa. Nesse caso, entrar com ação de reintegração na posse com pedido liminar, pois aconteceu um vício da posse, esbulho na modalidade precariedade, tornando o morador possuidor de má-fé. (lembrar que a lei não autoriza a autotutela no vício da precariedade). Diz James:
17 As heterotutelas podem ser típicas ou atípicas. As típicas estão amparadas no direito material e as atípicas no ordenamento processual. As heterotutelas atípicas servem para defender posse e/ou propriedade e a sua previsão está no CPC. 1- Imissão da Posse: Medida processual que visa dar posse a quem nunca teve posse. Pode ser usada em relação a bens móveis ou imóveis. O rito da imissão dependerá da existência ou não de título. O título haverá de ser celebrado entre quem tem posse e quem quer a posse. Havendo o título, será dos artigos 261 a 267 do CPC, que prescreve o ajuizamento de uma ação de execução, citação para entrega da coisa em 10 dias ou o oferecimento de embargos, após a garantia do Juízo. Somente depois de julgados os embargos é que se determinará a entrega da coisa. Não havendo título, o procedimento é mais célere, o rito é ordinário e a base é o artigo 461 do CPC. Nos dois ritos é possível o arbitramento de astreinte: na execução, após o julgamento dos embargos, e no procedimento comum, já no despacho inicial. SP, 15/3/2011. NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA - Medida processual que tutela direito material. - É heterotutela atípica porque é prevista no CPC, defende possuidor e proprietário. - Não é exclusiva para a defesa da posse. - Nunciar = anunciar existência: - obra irregular (violação administrativa, violação civil) -irregularidade administrativa: somente o MUNICÍPIO pode utilizar esta ação. -irregularidade civil: o vizinho tem legitimidade. (exemplo: A inicia reforma com janela virada para terreno do vizinho B com distância inferior a 1,5 metros da divisa do terreno. Se B anuir, não tem como embargar). - ofensiva (risco de dano, dano real, deve ser evidente).
18 - medida processual originária para impedir a realização ou conclusão obra nova. - vizinho : não é necessário ser vizinho parede e meia. - obra: abarca inclusive obras de metro. Não importa o tamanho da obra, mas o dano provocado. - Obra concluída: - não cabe nunciação. - é um conceito relativo (deve-se avaliar de acordo com as condições locais. Ex. obra concluída na Baixa Carapicuíba, significa parede sem reboco e telhado só na laje). - em SP, você pode levantar muro de até 3 metros de altura sem autorização do vizinho (do ponto mais baixo). Mais alto que isso, deve-se ter anuência do vizinho. Caução (art. 940 CPC) - é garantia real ou fidejussória. Lembrando... as garantias podem ser REAIS (recaem sobre coisa) ou FIDEJUSSÓRIAS (recaem sobre a pessoa (fidus = confiança)). Características: I- ofensa real, II- dano potencial, III- ordem processual, IV- paralização pode ser parcial/ total, V- inibição por astreinte ou paralização (medida inibitória) VI- obrigação negativa (geralmente por paralização) VII- sujeito ativo (proprietário/ possuidor) VIII- sujeito passivo (proprietário/ agente provocador) IMPORTANTE: - pode ser ajuizada contra o proprietário ou contra o agente provocador. - o sujeito ativo escolhe contra quem quer ajuizar a ação, inclusive em litisconsórcio. Embargo I- Judicial - em Juízo com ação de nunciação de obra nova. - se a obra está terminada, entrar com ação demolitória (não tem direito a liminar). II- Extrajudicial (art. 935) - pessoalmente, com duas testemunhas, e com prova (filme, foto, testemunho).
19 - se apresentado em Juízo (após feriado prolongado), tem valor legal. Nesse caso, o juiz ratifica o embargo e manda derrubar o que foi feito. III- Administrativo - mais utilizado pela Prefeitura, sem a necessidade do Judiciário. JUDICIAL - Liminar: - com audiência de justificação - sem audiência de justificação - defesa: 5 dias - réplica, etc. EXTRAJUDICIAL art. 935 CPC - 3 dias (úteis) para ratificação judicial. Exemplo: carnaval: sexta-feira chega o material e as obras irregulares (violação civil) iniciam-se no sábado. O dono do imóvel não está e o construtor se nega a paralisar. O Fórum está fechado. O vizinho violado, com 2 testemunhas, notifica o construtor que está embargando extrajudicialmente (art. 935 CPC) a obra. Em 3 dias úteis deve procurar o Juízo que ratificará o embargo. Sob pena de astreinte, deve restituir o status quo ante. 18/03/11 (anotações Karina) EMBARGOS DE TERCEIRO Defende a posse contra um ato/comando judicial indevido. Não existe embargos de terceiro contra uma ordem que não seja judicial. É uma petição inicial e vai correr em apartado por dependência da ação principal. Deve obedecer todos os requisitos de uma petição inicial. Hipóteses: CPC, art rol exemplificativo. Embargos de terceiro é uma ação autônoma que correrá por dependência a uma ação principal capaz de causar danos a sua posse. - Procedimento especial de natureza processual (CPC, arts a 1051). - especial até a liminar (depois de apreciada a liminar, vira procedimento comum ordinário). - processo autônomo: não é juntado na ação principal. Ocorre em dependência, ou seja, na mesma Vara que corre a ação principal. - tem feição possessória: defende posse; ato judicial (não particular).
20 - basta ameaça de: turbação e esbulho Ex. compra um carro com o chassis adulterado. É parado numa blitz e o carro é apreendido. Cabe embargos de terceiro? Não cabe, porque não há um processo principal em andamento e não houve uma constrição judicial e sim uma apreensão policial. Pressupostos a) processo em andamento b) constrição judicial: é um ato de poder de ordem que possa colocar em risco a posse. (ex. penhora, arresto, busca e apreensão). Legitimidade ativa: Legitimidade passiva: quem sofre constrição. o autor demanda principal; o réu demanda principal (às vezes). O autor da ação principal sempre será réu na ação de embargos de terceiro. O réu da ação principal será réu na ação de embargos de terceiro só quando ele figurar na ação. - tramitação por dependência: na mesma vara. - possibilidade da concessão de liminar: com justificação ou sem justificação. - embargos: total ou parcial. - citação do réu: pessoal ou na pessoa do advogado (CPC, art. 1050, 3º). Pode uma pessoa sendo parte no processo propor embargos de terceiro? Exceção: art. 1046, 2º CPC Art Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos. 2º Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens que, pelo título de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem ser atingidos pela apreensão judicial. 22/3/2011 EMBARGOS DE RETENÇÃO Conceito Medida processual que visa garantir a manutenção na posse naquele que a possui (de boa-fé), até que seja indenizado das benfeitorias e acessões.
21 Premissas Existência de um processo em andamento cujo objeto seja a perda do bem. Os embargos de retenção são uma ação autônoma, distribuída por dependência ao processo existente. Realização de benfeitorias ou acessões. Somente as necessárias e úteis são indenizáveis. Possuidor de boa-fé (= aquele que tem posse livre e sem vícios), ainda que injusta (cuidado nesse item!). - BENFEITORIAS: são acréscimos ao principal capazes de aprimoramento, melhoramento ou viabilização do seu uso. Podem ser: NECESSÁRIAS (são essenciais e imprescindíveis; ex. telhado, fiação, pneu), ÚTEIS (melhoram o funcionamento; ex. novo banheiro); VOLUPTUÁRIAS (piscina). - Em relação às benfeitorias voluptuárias: não é necessário pagar indenização. Quem fez pode retirar e levar (restabelecer o status quo ante) (art e 1220 CC). - ACESSÕES: são construções ou plantações onde não nada havia. Ex. plantação de pomar, construção de garagem independente. - A diferença entre acessão e benfeitoria: a benfeitoria é um acréscimo onde já existia algo e a acessão é a construção do zero. Ambas podem ser necessárias, úteis e voluptuárias. Previsão: art. 745, IV, CPC. Valor da causa: valor da benfeitoria. Pedido: objetivo, preciso, documentos. - cuidado! Não fazer pedidos genéricos. O pedido deve ser especificado (valor da mão-de-obra, dos materiais) e com nota fiscal. - Admite-se caução (art. 745, 2º, CPC) - Possuidor de má-fé tem direito à indenização, mas NÃO à retenção (art CC). - Indenização somente às benfeitorias necessárias. - Processo autônomo distribuído por dependência. - Retenção são passíveis de renúncia prévia. - Indenização CLÁUSULA DE RENÚNCIA ANTECIPADA - é possível, é legal.
22 Exemplo 1: Em contratos de locação é muito comum uma cláusula de renúncia. O locatário renuncia à indenização por qualquer benfeitoria, ainda que úteis ou necessárias, e renuncia ainda ao exercício dos embargos de retenção. -Considerada inválida por alguns doutrinadores. No STJ é pacífico que esta cláusula é válida. Vai desocupar sem receber nada. Exemplo 2: A empresta carro para B por 3 meses (comodato). Nesse período queima a fiação e B troca. Na hora de devolver o carro, A se recusa a pagar o conserto em seu carro. B pode se manter na posse. Caso A entre com ação de reintegração na posse... B se defende com embargos de retenção. Exemplo 3: A tem imóvel e retira as telhas para evitar invasores. Esbulhador (portanto, de má-fé) invade, coloca telhas de amianto. Quando A percebe a invasão entra com autotutela típica de reintegração de posse (com indenização pelo período de ocupação). O invasor deve sair (não tem direito à retenção), mas deve ser indenizado pelas telhas. (Na prática, há compensação de créditos). Exemplo 4: idem, com carro em que ladrão troca estepe que estava rasgado. Mesmo depois de preso, deve receber indenização pelo pneu. Diz Dr. James: EMBARGOS DE RETENÇÃO é uma medida processual prevista no art. 745 do CPC que assegura ao possuidor reter o bem até que seja INDENIZADO das BENFEITORIAS úteis e necessárias realizadas de boa-fé. Benfeitorias e acessões realizadas pelo possuidor de má-fé não assegura retenção. Benfeitorias NECESSÁRIAS serão SEMPRE indenizáveis. O processo de embargos de retenção é AUTÔNOMO, corre por dependência ao principal e deverá ser claro, preciso e objetivo quanto aos itens passíveis de indenização. O pedido deve ser instruído com DOCUMENTOS (provas). Caso o juiz se convença do direito às indenizações, deferirá LIMINAR retendo o bem em poder do possuidor direto, até que este seja indenizado. Admite-se CAUÇÃO, nos termos do 2º do art. 745 CPC. O devedor da indenização oferece caução (real ou fidejussória) para se imitir na posse.
23 25/3/2011 PROPRIEDADE Art O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. Latim: proprietas, proprietatis. - há prestígio do papel que estabelece uma situação jurídica. - há uma situação jurídica previamente conhecida. - tutela possessória é FÁTICA, enquanto a tutela da propriedade é PETITÓRIA (= papel). - propriedade: necessidade de previamente demonstrar o direito à propriedade para exercitar seus direitos e atributos (NF de compra, título de propriedade). Origem histórica - propriedade COLETIVA (ex. tribos. Multiplicidade de coproprietários que podem exercitar todos os atributos. Atualmente, é o caso do condomínio). - propriedade INDIVIDUAL = como sinônimo de poder/ senhores feudais (no momento em que os atributos passam a ser exercitados de forma individual e exclusiva).
24 A propriedade individual a) industrial: uso da propriedade como forma de subsistência. Ninguém era titular de porção maior que suas necessidades. Mentalidade das tribos indígenas. b) industrial-escambo: produção/ troca. - moeda = mercadoria. c) individual-produção: não mais ligada à subsistência, mas sim à produção, como forma de produção de riquezas = formato capitalista. Proprietário - Proprietário é aquele que reúne os 4 atributos no mesmo momento. Atributos da propriedade: I- Jus utendi : direito de USAR. (ou não usar) - tirar proveito da coisa para satisfação de suas necessidades; usar ou não usar = faculdade. - o fato de não usar, não retira essa propriedade. Portanto, a situação fática não importa nesse contexto. O desuso não retira o direito à propriedade. - para alguns, o não-uso tem característica de imprescritibilidade, portanto é chamado de direito imprescritível. II- Jus fruendi : direito de FRUIR/ GOZAR. - tirar frutos: naturais e civis. - FRUTOS: são as vantagens advindas do bem. - frutos NATURAIS: são aqueles que se repõem naturalmente (sem necessidade de participação do homem). Ex. fonte de água, areia. - frutos CIVIS: são aqueles em que há atuação/ participação do homem no processo de substituição. Ex. aluguel. - Exemplo1: dinheiro na caderneta de poupança (correção monetária + juros). - sacar a correção monetária (é sangrar o principal) não é fruto. - juros (é fruto). - Exemplo2: bezerro: natural se deixado na natureza; se inseminação artificial: fruto civil.
25 - fruir, frugível ou frugívero. III- Jus abutendi : direito de DISPOR/ ALIENAR. - onerosa (com contraprestação patrimonial)/ gratuita. - sair de um patrimônio e passar a integrar outro. ONEROSA - há contraprestação patrimonial (perda patrimonial das duas partes). - não há necessidade de proporcionalidade na contraprestação (carro x R$100,00). - contraprestação sintagmática (é proporcional: preço pago corresponde ao valor do bem). GRATUITA - há perda patrimonial de apenas uma das partes. IV- Rei vindicato : direito de REIVINDICAR. - buscar a coisa onde e com quem estiver (= direito de SEQUELA). - Ação REIvindicatória. (quem escrever reinvindicatória (sic), perde ½ ponto!!!!!) Conceito Reunião dos 4 atributos, no mesmo momento. 29/03/2011 Ação Petitória Típica Reivindicatória Art CC O proprietário tem a faculdade de usar, gozar, dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou a detenha. NÃO TEM LIMINAR Titular do domínio: é o nome que consta no registro de imóvel. Proprietário: quem possui os 4 atributos. - Às vezes o proprietário ainda não é titular do domínio, mas já se operou a transferência da propriedade. (ex. falecimento dos pais: nesse momento os herdeiros tornam-se proprietários, mas somente serão titulares do domínio após o inventário, a partilha etc.) - Em regra: proprietário e titular do domínio são a mesma pessoa, mas não necessariamente.
26 - Hipoteca: o bem é dado em garantia, mas não há transferência de propriedade. - Alienação Fiduciária: a propriedade é do Banco e o tomador é depositário. Diz James: Proprietário é aquele que reunir, ao mesmo tempo, os 4 atributos previstos no artigo 1228 do CC (usar, gozar, dispor e reivindicar). Considera-se titular do domínio, aquele que possuir domínio sobre o bem. Domínio, juridicamente corresponde à TITULAÇÃO (documento) de aquisição. Em relação aos BENS MÓVEIS, pode ser comprovado por recibo de venda e compra, NF. BENS IMÓVEIS, o domínio se comprova pela certidão do registro de imóveis. Rito Comum - Sumário (pequeno valor e outras hipóteses asseguradas por lei) - Ordinário - NÃO TEM DIREITO À LIMINAR (esse é um problema grande e, muitas vezes, o proprietário acaba usando uma possessória que dá direito à liminar. Lembrar que a possessória se processa mediante a prova de 4 requisitos posse anterior, esbulho, data esbulho, persistência do esbulho). - Há quem sustente que cabe ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. - antecipação de tutela: cabe em qualquer tutela. - por outro lado... se o legislador quisesse, teria previsto. Há outras maneiras de conseguir a posse imediata (ex. imissão na posse). Além disso, basta a alegação de posse injusta, portanto, obsta-se a liminar. Requisitos a) TÍTULO (precisa de papel: bem móvel (NF), bem imóvel (certidão RI)). b) INDIVIDUALIZAÇÃO (perfeita do bem, se bem imóvel, basta a certidão) - bens móveis sem boa especificação, o juiz decidirá por carência de ação. c) ALEGAÇÃO de POSSE INJUSTA (nesse sentido, grande diferença, pois na possessória é necessário provar a posse injusta, e na petitória, basta alegar). - se não há pressa na retomada do imóvel, pode cumular a petitória com indenizatória. Sujeitos - ATIVO = proprietário/ titular domínio. - PASSIVO = qualquer um, até detentor.
27 (cabe contra o detentor (fâmulo da posse), ou seja, basta provar a propriedade). Diz Dr. James: A petitória típica, única, é a chamada reivindicatória, cujo rito é o comum. Não há direito a liminar, entretanto, os requisitos para o sucesso desta medida são mínimos, a saber, prova da propriedade, individualização do bem e alegação de posse injusta. A ação reivindicatória pode ser dirigida contra qualquer pessoa, inclusive detentor. Admite-se a cumulação de pedidos. Exemplo: recobrar a posse perdida mais indenização. Exemplo: Proprietário não entrou com possessória no prazo de um ano e um dia (posse tornou-se posse velha). Entrar com possessória ou com petitória? Por quê? Deve-se entrar com a petitória, pois o fato de ser posse velha, a possessória não dá mais direito a liminar. Dessa forma, a petitória é mais adequada, pois os requisitos são mais fáceis de serem provados no caso do sujeito ativo ser proprietário. Formas de aquisição Propriedade de imóvel ORIGINÁRIA (vontade de apenas uma das partes) - acessões - usucapião DERIVADA (vontade das 2 partes) - tradição (registro) Lembrando... - Cartório de Registro de Imóveis: quantos forem necessários (em São Paulo, 18 RI). - A escritura de compra/venda (cartório de notas) pode ser lavrada em qualquer cartório do Brasil. Pega-se a escritura de compra/venda e registra-se no Cartório de Registro de Imóvel da circunscrição do imóvel. Se não souber qual é, busca real de registro. ARBEN Formas de aquisição propriedade imóvel - originária (acessões, usucapião) - derivada
28 Acessões Naturais: Artificiais: motivada, construída pela mão do homem. Tipos naturais 1- ILHAS (art. 1248, CC) Art As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes: I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais; II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado; III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram. Traça-se uma linha imaginária no meio do leito do rio. As divisões serão feitas respeitadas as testadas. Se o rio é fundamental para transporte ou abastecimento, as ilhas surgidas também serão da União. Ou seja, ilhas que surgem em rios navegáveis comercialmente, também pertencerão à União. Portanto, serão particulares somente as ilhas que surgirem em rios desde que não sejam navegáveis comercialmente. Em relação aos rios navegáveis comercialmente, a União tem o resguardo das margens e das ilhas que aí surgirem. - ilhas em mar: são da União = bem público. Acessões: forma de aquisição da propriedade imóvel de maneira ORIGINÁRIA. Incorpora ao bem principal, tornando-o melhor e mais valorizado. Agrega ao solo onde nada existia (nasce do zero). Se difere das benfeitorias uma vez que estas simplesmente incorporam a um bem já existente, tornando-o melhor, mais útil ou mais agradável. Ilhas: acúmulo de resíduos sólidos cercada de todos os lados por água. Os resíduos podem ser terra, areia, cascalho etc. Só interessa ao Direito, porções consideráveis em respeito ao interesse econômico que gera a propriedade. As ilhas encontradas nos rios navegáveis comercialmente, incluindo mar, pertencem à União. As demais pertencerão aos proprietários particulares confinantes.
29 De acordo com o Código Civil e o Código de Águas (art. 23), a forma de divisão da propriedade é feita nos seguintes termos: divide-se o rio ao meio, anexando-se às propriedades ribeirinhas as porções nos limites das respectivas testadas. Cada interessado deverá providenciar o mapeamento da área e postular junto ao Registro de Imóveis a sua anexação. Rios navegáveis comercialmente são considerados públicos e as ilhas eventualmente encontradas, pertencerão à União por questões de segurança nacional. 2- ALUVIÃO (art. 1250, CC) Art Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização. Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-seá entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem. Aluvião: é a transferência suave de detritos, terra e outros resíduos sólidos de uma propriedade para outra. O acréscimo é feito de maneira paulatina, vagarosa, de um pedaço do rio em outro, de proprietários distintos. NÃO há direito à INDENIZAÇÃO. 3- AVULSÃO (art. 1251, CC) Art Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado. Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida. - suscetível de buscar ou de indenizar. - prazo decadencial. Lembrando... Prazo prescricional (art. 205, art. 206), no resto do CC: prazo decadencial. Avulsão: transferência de porção de resíduos de uma propriedade para outra de maneira violenta e abrupta. O dono do prédio desfalcado pode buscar o bloco ou pedir indenização na hipótese de recusa por parte do beneficiado. A faculdade de quem recebeu prevalece, ou seja, ele decide se indeniza ou permite retirada. 4- ÁLVEO/ ALVEOLO ABANDONADO (art. 1252, CC)
30 Art O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo. - leito de rio seco naturalmente. - mesma sistemática da ilha. Divide-se o leito ao meio por linha imaginária e anexa-se aos conflitantes de acordo com as respectivas testadas. Nesse caso, não há possibilidade de se tornar bem da União, mesmo que antes de secar fosse utilizado comercialmente, porque perderá a característica de navegação comercial. Álveo: é o rio que seca naturalmente. O regramento da transferência da propriedade segue o mesmo das ilhas. Traçado linha imaginária no meio do leito, anexando as porções aos ribeirinhos nos limites das respectivas testadas. Como secara, deixara de pertencer à União. TIPOS ARTIFICIAIS (art. 1253, CC) Art Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. 1- CONSTRUÇÕES 2- PLANTAÇÕES Acessões artificiais ou industriais: são aquelas realizadas pela mão do homem. Naturais de plantações e de construções possuem algumas variáveis quando o terreno for próprio ou alheio e os materiais forem próprios ou alheios, pois, dependendo das combinações haverá direito à indenização ou não, se estiver de boa ou de má fé. As combinações geram uma tabela conforme artigos 1254 CC a 1259 CC. FAZER A TABELA PORQUE VAI CAIR NA PROVA. PODE COLOCAR A TABELA NO MEIO DO CC. 12/04/2011 CORREÇÃO DA PROVA Questão 1- - Caseiro = fâmulo da posse. - posse nova e posse velha: - só é importante em relação às possessórias típicas porque interferem no direito de liminar.
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