DESIGUALDADE SOCIAL E A EDUCAÇÃO SOCIAL LACK AND EDUCATION
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- Lívia Coimbra Beltrão
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1 Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery - ISSN Curso de Pedagogia - N. 5, JUL/DEZ 2008 DESIGUALDADE SOCIAL E A EDUCAÇÃO SOCIAL LACK AND EDUCATION Eneida Corrêa de Souza * ABSTRACT The theme social lack has been discussed by professional from different areas. The aim of this work is to explore and to stand out points of view about this theme by making a comparison with education and also showing the connections with it. It was taken into consideration studies, complex readings and a social historic survey in order to achieve a new vision about the subject. KEY WORDS: Social lack. Education RESUMO O tema desigualdade vem sendo discutido ao longo do tempo por profissionais de vários setores. Este artigo tem por finalidade explorar e apontar visões sobre este mesmo tema comparando-o e relacionando-o com a educação. Para isto, foi levado em consideração, estudos e leituras complexas, além de um levantamento históricosocial, a fim de alcançar neste artigo, uma nova visão sobre o tema em questão. PALAVRAS-CHAVE: Desigualdade Social. Educação. Legislação. A verdadeira igualdade consiste em aquinhoar desigualmente seres desiguais. Rui Barbosa * Acadêmica do curso de Pedagogia da Faculdade Metodista Granbery.
2 Assunto polêmico, a desigualdade social tem sido levantada como bandeira sociológica, política, religiosa dentre outras, porém seria um erro achar que está questão é recente. Encontramos através da história que pessoas têm sido excluídas, descriminadas e jogadas às margens da sociedade desde séculos antes de Cristo. Se analisarmos relatos em livros históricos, nos depararemos com casos e fatos que nos trarão aos dias atuais, por tamanha igualdade de detalhes. Na Bíblia Sagrada, encontramos relatos diversos de fome e desigualdade estrema como o ocorrido em Samaria e na Síria. Conta-se que a fome era tanta em Samaria que mães faziam acordos de matarem seus filhos para não morrer de fome, enquanto na Síria, país próximo de Samaria, a abundância era tanta que se faziam festas todos os dias, com grande fartura de alimentos. Além da desigualdade social da época, também existia uma divisão de classes, onde se destacavam os grandes reis e os anciãos, que apesar de pouco conhecimento cultural, tinham o domínio do poder. Estes eram apoiados pelos juízes e escribas que apesar de serem pessoas dotadas de grande conhecimento teórico sobre idiomas e cultura de diversas regiões faziam parte de uma classe intermediária. As mulheres e crianças da época eram como os escravos, nem eram contadas nos sensos. Passando adiante na história, verificamos que também existia uma luta de classes marcante na época dos grandes filósofos e pensadores. Maquiavel já ensinava em sua obra, O Príncipe, de que modo se deviam governar as cidades ou principados, a fim de se manter a soberania e o poder. Rousseau já coloca questões relativas à legitimidade da soberania, ao fundamento legítimo da sociedade política, às condições e aos limites em que opera o poder soberano, através de sua obra O Contrato Social. Apesar de não concordar com o direito do mais forte, com a idéia do direito feito pela força, Rousseau defende que o poder deve ser transmitido pelo mais fraco ao mais forte, a fim de obter um bem estar comum. Dentre outros, o que mais se destacou na que diz respeito à desigualdade social, foi Karl Marx, um dos mais célebres pensadores, que lutou através de suas idéias, para edificar uma sociedade mais justa. A partir deste passeio pela história, podemos entender um pouco mais sobre a desigualdade, além de identificar pontos relevantes ao entendimento da desigualdade social e sua relação com a educação. A divisão de cidadãos por
3 classes sociais demonstra a desigualdade existente em um mesmo território, seja ela econômica, profissional e até mesmo de oportunidades. O capitalismo fez com que as diferenças entre pessoas ficassem em evidência. É resultado da forma com que as pessoas viviam desde o período da Idade Média quando havia a formação de camadas sociais, onde os senhores feudais eram "os indivíduos da classe alta" e o clero, juntamente com os servos "os indivíduos da classe baixa", porém adaptada à situação do seu momento histórico. Algumas pessoas que tinham condições para estabelecer ordens e possuir funcionários compunham a classe alta enquanto aqueles que recebiam e executavam as ordens preenchiam a classe média e baixa de acordo com seu grau de instrução e sua remuneração. Sendo assim a chamada classe social nada mais é que a divisão de pessoas feita a partir do seu status social e de outros fatores ligados a ele. Considerando estas exposições, pode-se perceber claramente que em todo tipo de organização a diferença entre pessoas de classes sociais altas e baixas. Vemos constantemente cenas que representam estes contrastes sociais. Temos a oportunidade de confirmar no dia-a-dia, que as pessoas das classes altas são muito bem vestidas, atualizadas e portadoras de grande conhecimento, enquanto as de classes baixas são em sua grande maioria, pessoas mal instruídas que somente conseguem acatar ordens, sem ao menos poder opinar sobre o resultado do trabalho a ser executado, por falta de conhecimento. Em virtude de seus baixos salários, mal tem condições de se vestirem, isto sem contar o acesso à saúde que chega ao extremo da humilhação. É inadmissível saber que no Brasil são consideradas pobres somente as pessoas com renda familiar per capita de meio salário mínimo. Mas como entender esta concepção governamental, quando pode-se dizer que pobreza corresponde à condição de não satisfação de necessidades humanas elementares como comida, abrigo, vestuário, educação, assistência à saúde, entre outras? Consideremos a tabela abaixo, para analisarmos a renda de uma família composta de quatro pessoas, pai, mãe e dois filhos pequenos, onde tanto o pai quanto a mãe trabalham e recebam, cada um, um salário mínimo, ou seja, um total de oitocentos e trinta reais (considerando o salário mínimo praticado em junho de 2008). Sendo assim, uma renda per capita de meio salário mínimo.
4 Nesta tabela colocaremos as necessidades básicas, deixando de fora, a educação e a saúde, entendendo que a família utilizará os serviços públicos para tanto, visto que estas são amparadas pela Constituição. Levaremos ainda em consideração, os valores mínimos de despesas, de acordo com os órgãos competentes e indicadores do governo. Descrição Valor Alimentação (32,68% do total da renda conforme IBGE) R$ 271,24 Habitação (37,15% do total da renda conforme IBGE) R$ 308,35 Água (considerado consumo mínimo, conforme regras CESAMA) R$ 24,67 Luz (considerado consumo médio, conforme regras ANEEL) R$ 54,62 Gás de cozinha R$ 34,15 Vestuário (5,29% do total da renda conforme IBGE) R$ 43,91 Higiene Pessoal (1,79% do total da renda conforme IBGE) R$ 14,86 Transporte (17,26% do total da renda conforme IBGE) R$ 143,26 Recreação e cultura (1,97% do total da renda conforme IBGE) R$ 16,35 TOTAL DE DESPESAS MENSAIS R$ 911,41 Fonte: IBGE, CESAMA, CEMIG Como podemos ver, não é possível que uma família como a descrita a priori, não possa ser considerada como pobre. Não é possível que uma pessoa que não tenha as mínimas condições de vida, possa ser incluída em uma sociedade capitalista, onde a aparência, a cultura, os bens materiais falam mais alto que o valor humano. Atualmente, todo um discurso tem sido feito a respeito de desigualdade e inclusão social. Há décadas, economistas tentam explicar esta desigualdade pela distribuição da renda, sem perceber que sua causa fundamental está no acesso à educação. No entanto, apesar das mudanças educacionais parecerem fáceis, é muito mais complexo contemplar a igualdade em uma sociedade desigual. social. Amparada pela Constituição Federal de 1988, a educação é um direito Art. 6 o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 26, de 2000). Adolescente. Além disso, trata-se de um direito previsto no Estatuto da Criança e do
5 Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. Porém, a pobreza acaba minando estes direitos. O capital cultural é tão diferente entre os alunos que o fato de serem pobres, não lerem em casa, não terem apoio para os estudos e até mesmo terem que trabalhar, vai contra todos os esforços do governo e outras entidades, em implantar medidas como a construção de escolas e contratação de professores para incorporar os alunos e melhorar a qualidade do ensino. Isto não quer dizer que uma boa condição de ensino, uma escola bem estruturada e professores qualificados não faça a diferença. Escolas decadentes, sem a menor condição de funcionamento é um retrato do descaso do poder público. Com a ausência de lousas nas salas de aula, banheiro sem condição de uso, sem materiais de consumo, frustra-se a esperança de que a escola venha a assumir o papel central no processo de socialização, de aprendizado de papéis e normas sociais. Neste sentido, salientamos que se faz necessário um investimento na qualidade do ensino, considerando diversas dimensões, tais como as condições de funcionamento das escolas, a capacitação e a valorização dos profissionais, o desenvolvimento de sistemas para melhor gerenciamento das políticas educacionais, a implantação de práticas educacionais eficientes na promoção do desenvolvimento do conhecimento em sala de aula e o fortalecimento da cultura escolar das famílias brasileiras. Concluímos que os níveis de instrução das pessoas colaboram para um crescimento cultural. As atitudes das pessoas das mais diferentes classes sociais são as expressões dos valores implícitos ou explícitos que eles devem a sua posição social. As pessoas que não conseguem estudar e melhorar suas condições de vida infelizmente torna-se cada vez mais atrasadas, resultando na dificuldade em conseguir emprego e renda, em contrapartida, as pessoas com grau de instrução melhor tende a cada dia mais se atualizar e renovar seus conhecimentos, fazendo com que suas oportunidades sejam mais amplas dando-se assim, a desigualdade social. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
6 Bíblia de Estudos Almeida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, BOURDIEU, Pierre. Escritos de Educação. 2 ed. Petrópolis: Vozes, BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de Disponível em BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Estatísticas de pobreza Acessado em: 11/jun/2008. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Em 30 anos, importantes mudanças nos hábitos de consumo dos brasileiros Acessado em: 11/jun/2008. CESAMA Companhia de Saneamento Municipal, Tarifas. Acessado em:11/jun/2008. CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais, Legislação. acessado em: 11/jun/2008. Agência Minas, Minas Gerais desenvolve projetos de energia alternativa. Acessado em: 11/jun/2008. Barbosa, Rui Pensamento. Acessado em: 11/jun/2008. MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. 1 ed. São Paulo: Martin Claret, ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
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