PREFEITURA MUNICIPAL DE IRAMAIA - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

Transcrição

1 PREGÃO PRESENCIAL Nº 015/ EDITAL Nº 015/2015 PREFEITURA MUNICIPAL DE IRAMAIA - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO OBJETO: "Contratação de Empresa Especializada para Locação de Veículos destinado à Manutenção do Transporte Escolar, conforme calendário escolar do ano letivo de 2015". DECISÃO DE IMPUGNAÇÃO DO EDITAL Impugnante: Garbo Empreiteira e Locação de Veículos Ltda 01 - Do Conteúdo da Impugnação: Trata-se de Impugnação do Edital de Licitação - Pregão Presencial nº 015/ protocolizado pela Empresa Garbo Empreiteira e Locação de Veículos Ltda, CNPJ nº / , no dia 26/02/2015, através da qual a mesma contesta a legalidade das exigências contidas no ítem "6.1.4", alíneas "1", "2", "3" e "4" do referido Instrumento Convocatório. Desta forma, restam impugnados os seguinte trechos do Edital em pauta, contido entre os requisitos de Qualificação Técnica das empresas concorrentes: " QUALIFICAÇÃO TÉCNICA - Será comprovada mediante a apresentação dos seguintes documentos: 1. Cópia e Original do Certificado de Registro de Veículo (CRV), de todos os veículos que ficarão a disposição dos serviços contratados, bem como cópia da Carteira Nacional de Habilitação - CNH do motorista na categoria 'D' para veículos micro-ônibus e similares e categoria 'B' para veículos de passeio, juntamente com Relação de Identificação do veículo e motorista de cada Linha (roteiro) correspondente. 2. Documento Unificado de Transferência - DUT comprovando que a licitante é proprietária dos veículos que ficarão à disposição dos serviços contratados, ou na falta deste, Declaração do proprietário do veículo, dando plenos poderes para que a empresa possa utilizar os veículos em cumprimento ao objeto licitado na PP nº 015/2015 do Município de Iramaia-Ba. 3. Comprovante de quitação do licenciamento anual dos veículos que ficarão a disposição dos serviços contratados. 4. Atestado de vistoria dos veículos que ficarão a disposição dos serviços contratados, expedido até 48 (quarenta e oito) horas antes do início do certame pela Diretoria de Transporte do Município de Iramaia." A irresignação da empresa impugnante se baseia na suposição de que o art. 30 da Lei nº 8.666/93 limita as situações de exigência editalícia aos casos previstos no mencionado dispositivo, pelo que considera que o instrumento convocatório em apreço estaria restringindo o caráter competitivo do certame.

2 Em conclusão, a Empresa em referência requer a impugnação do Pregão Presencial 015/2015, pleiteando sejam sanados os hipotéticos vícios questionados Da Admissibilidade da Impugnação Apresentada: A doutrina aponta como pressupostos da presente espécie de impugnação os seguintes requisitos: o protocolo tempestivo, a inclusão de fundamentação e o pedido de reforma do instrumento convocatório. Conforme ítem "04.3" do correspondente Edital de Licitação, qualquer impugnação deverá ser apresentada até 02 (dois) dias úteis da data fixada para recebimento de propostas. Desta forma, verificando-se que o mesmo Instrumento Convocatório estabelece o dia 04/03/2015 como data para o recebimento de propostas, e o protocolo da impugnação da Empresa Garbo Empreiteira e Locação de Veículos Ltda seu deu no dia 26/02/2015, concluise pela tempestividade da impugnação em apreço. Ademais, no petitório de impugnação existe o pedido de reforma do instrumento convocatório, mesmo que não expresso neste sentido, mas utilizando-se do verbo "sanar"; e quanto à fundamentação utilizada, o embasamento técnico-jurídico se lastreia basicamente no art. 30 da Lei nº 8.666/93, sem qualquer referência doutrinária ou jurisprudencial específica quanto ao objeto da divergência. Por efeito, existentes os requisitos de admissibilidade, deve ser a impugnação recebida para que seja analisada, de maneira circunstanciada, a questão de mérito suscitada pela Empresa impugnante, o que se faz mediante o tópico a seguir delineado Das Razões da Manutenção dos Termos do ítem "6.1.4", alíneas "1", "2", "3" e "4", do Edital de Licitação: No que se refere ao questionamento acerca das exigências contidas nas alíneas "1", "2", "3" e "4" do ítem "6.1.4" do Instrumento Convocatório impugnado, ressaltamos que as mesmas se fazem presente por se constituírem em requisitos de importância fundamental no caso vertente, constituído-se em tópicos imprescindíveis para a verificação da Qualificação Técnica das empresas interessadas em participar do certame em comento. Desta forma, entende-se ser prioritário que a empresa interessada no objeto da Licitação em apreço apresente: - Cópia e Original do Certificado de Registro de Veículo (CRV), de todos os veículos que ficarão a disposição dos serviços contratados, bem como cópia da Carteira Nacional de Habilitação - CNH do motorista na categoria 'D' para veículos micro-ônibus e similares e categoria 'B' para veículos de passeio, juntamente com Relação de Identificação do veículo e motorista de cada Linha (roteiro) correspondente. Neste caso específico, tem-se em vista que é preciso que os veículos que serão disponibilizados pela Empresa vencedora do certame para a Prefeitura Municipal de Iramaia

3 possuam Certificado de Registro regular, com licenciamento, seguro obrigatório e IPVA devidamente quitados, pois, do contrário, não poderão trafegar livremente. Do contrário, de que adianta alugar veículos irregulares perante o DETRAN, se o que se pretende é transportar passageiros (alunos) diariamente pelas vias de tráfego do Município. Da mesma forma, torna-se imprescindível que os respectivos motoristas a serem designados para a função de transporte de alunos de sistema municipal de educação estejam devidamente habilitados, e que suas habilitações sejam qualificadas conforme a modalidade de veículo que irão dirigir, seja carro de passeio, ou micro-ônibus, ou ônibus. - Documento Unificado de Transferência - DUT comprovando que a licitante é proprietária dos veículos que ficarão à disposição dos serviços contratados, ou na falta deste, Declaração do proprietário do veículo, dando plenos poderes para que a empresa possa utilizar os veículos em cumprimento ao objeto licitado na PP nº 015/2015 do Município de Iramaia-Ba. Nesta oportunidade, exige-se apenas que a empresa interessada apresente o DUT, documento de identificação do veículo, tendo como proprietário a própria empresa licitante ou terceiro que franqueou o carro para locação. Tal alínea chega a ser perfeitamente flexível, pois não exige que o veículo locado seja de propriedade da empresa licitante, podendo esta obter veículo de terceiro para a realização da atividade pública almejada, adequando a necessidade do Município com a capacidade da empresa. Inclusive, a sub-locação não foi permitida pelo Edital de Licitação impugnado, o que impõe a aplicação do art. 78, VI, da Lei nº 8.666/93, abaixo transcrito: "Art. 78 Constituem motivo para rescisão de contrato: (...) VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, não admitidas no edital e no contrato." Apesar do procedimento licitatório não admitir-se a sub-locação, estabelece critério de flexibilidade para que a empresa licitante possa fornecer veículo de terceiro para suprir a falta de veículos (pela alta demanda) ou de determinado modelo de veículo (micro-ônibus) durante a vigência do contrato. - Comprovante de quitação do licenciamento anual dos veículos que ficarão a disposição dos serviços contratados. Esta incidência tem como fundamento a mesma justificativa fornecida em razão da alínea "1" do ítem "6.1.4" do Edital, consistente na imprescindibilidade de que os veículos que serão disponibilizados pela Empresa vencedora do certame para a Prefeitura Municipal de Iramaia estejam possuam situação de estrita regularidade com o DETRAN e demais órgão federais e estaduais pertinentes, com licenciamento devidamente quitado, pois, do contrário, não poderão trafegar livremente. Do contrário, de que adianta alugar veículos irregulares perante o DETRAN, se o que se pretende é transportar passageiros (alunos) diariamente pelas vias de tráfego do Município.

4 As exigências contidas nas alíneas "1", "2" e "3" do ítem "6.1.4" do Edital podem ser muito bem analisadas como necessárias quando se vislumbra as decisões dos Tribunais de Contas e Judicias pelo País, como se pode constatar através da decisão exarada pelo Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará, na apreciação da Prestação de Contas da Prefeitura Municipal de Crato, Exercício 2013, Processo 2013.CRT.PRO.22697/2013, a qual abaixo se transcreve: "Verificou-se na Ata de Realização do Certame (fls. 368/369), que foram declarados vencedores do Lote I, a empresa VC Construções, Eventos e Serviços de Mão-de-Obra Ltda, com valor anual de R$ ,00 (um milhão, novecentos e sessenta e dois mil, setecentos e vinte reais) e do Lote II a empresa Luiz Carlos Valentim dos Santos ME, com valor anual de R$ ,00 (um milhão, setecentos e quinze mil reais). Entretanto, a contratação das citadas empresas vencedoras ficará comprometida, haja vista que conforme análise dos balanços patrimoniais das mesmas (fls. 293 e 354), no Ativo Permanente, o valor de veículos, máquinas, aparelhos e equipamentos encontramse zerado, portanto, não poderiam tais empresas honrar com o compromisso assumido. Ademais, analisando o Edital, o Anexo I, item 4.0 Das obrigações da contratada, subitem 4.9 consta o seguinte: Não transferir a outrem, no todo ou em parte, o Contrato, sem prévia e expressa anuência da Contratante. A Lei Federal n 8.666/93 em seu art. 78, inciso VI, permite a sublocação, desde que previsto no Ato Convocatório. Veja-se: Art. 78 Constituem motivo para rescisão de contrato: VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, não admitidas no edital e no contrato. Recomenda-se, assim, que a anuência mencionada no Edital seja observada pela Administração e devidamente regularizada a sublocação de tais veículos, a fim de obedecer às cláusulas constantes do Edital. (...) Entretanto, analisando a documentação do processo licitatório, bem como outras colhidas durante a Inspeção, constatou-se que a empresa Jackson Ferreira Teixeira (JACK Empreendimentos) deu início às suas atividades em 07 de janeiro de 2013, com um Patrimônio líquido de R$ ,00 (vinte mil reais), não possuindo em seu Patrimônio quaisquer veículos para o objeto contratado, razão pela qual se questiona a realização da contratação." - Atestado de vistoria dos veículos que ficarão a disposição dos serviços contratados, expedido até 48 (quarenta e oito) horas antes do início do certame pela Diretoria de Transporte do Município de Iramaia."

5 Prevista no artigo 30, III, da Lei nº 8.666/93, a vistoria prévia enquadra-se entre os requisitos exigidos para habilitação técnica dos licitantes. O referido inciso arrola como documento referente à qualificação técnica a "comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação". Concordamos com Jessé Torres Pereira Júnior, quando aduz acerca da importância do dispositivo, demonstrando que este servirá ao propósito de vincular o licitante às condições locais para o cumprimento das obrigações contratuais, por mais adversas que possam revelarse durante a execução, desde que corretamente indicadas. Nessa linha, retira-se que a grande preocupação dos administradores diz respeito ao fato de que, na ausência de vistoria prévia, o licitante porventura vencedor da licitação, poderia fornecer veículos com extintores vencidos, ou veículos com ano de fabricação muito antigo, ou mesmo sem condições para prestação dos serviços pretendidos pela Administração. Assim, nota-se claramente que a previsão de cláusulas editalícias exigindo a realização de vistoria prévia das condições dos veículos para execução do objeto da licitação é muito relevante para a garantia dos interesses da Administração. Inclusive, a jurisprudência dos tribunais de contas entende não haver discricionariedade, no caso vertente, pelo que o próprio TCU já editou decisão neste sentido: "No que concerne à vistoria prévia, forçoso destacar que tal exigência encontra amparo tanto na legislação (art. 30, inciso III, da Lei nº 8.666/1993) como na jurisprudência do TCU (v.g. Decisão nº 783/2000-Plenário)". Ademais, não se poderia imaginar porque uma empresa que atua na área de locação de veículos impede que seus veículos sejam vistoriados, principalmente em face das extremas exigências legais levadas a efeito pelos órgãos de trânsito do País. Tal medida, na verdade, impossibilita a contratação de empresas de fachada, que não possuem patrimônio nem sede própria, mas apenas cadastro no CNPJ, somente intermediando a prestação de serviços, mediante sublocação dos veículos pertencentes a outras empresas de locação. Portanto, entendemos que o atestado de vistoria realizada pela Diretoria de Transportes do Município de Iramaia é condição imprescindível para a verificação das condições físicas ideais à concretização do objeto do processo licitatório em pauta, colaborando para a perfeita prestação do serviço público necessário às satisfações das necessidades básicas da Administração Pública. Para efeito de qualificação técnica de empresas licitantes, a Administração deve, com base na Lei 8.666/93, exigir atestados referentes à sua capacitação técnica, com vistas à comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, de acordo com o art. 30, II, do referido

6 Estatuto Legal. E esta qualificação técnica emergirá suficientemente demonstrada pela só apresentação do atestado referido. Impende ressaltar que exercendo o seu mister, o Egrégio Tribunal de Contas da União ao apreciar o Processo n TC /94-0, referente à Representação apresentada pelo CREA- SP, prolatou a Decisão n 395/95 - Plenário, publicada no D.O.U. de , abordando o tema de maneira percuciente, e com proficiência firmou entendimento que vem ao encontro da posição até aqui defendida, e por essa razão reproduzimos alguns pontos da indigitada Decisão: " o que se quer garantir é a segurança jurídica dos contratos firmados pala administração pública, inclusive, para que não haja solução de continuidade na prestação dos serviços públicos. 27. Todavia, é importante considerar certos fatores que integram, de forma absoluta, a finalidade de determinadas licitações e, nesse contexto, estão incluídos os casos em que para a realização de obras ou serviços de grande complexidade não podem ser dispensados o conhecimento técnico especializado nem a comprovação de experiência e capacitação operativa para cumprir o objeto do contrato." Assim, o que se busca efetivamente através da presente licitação é uma disputa justa entre os interessados concorrentes, com o objetivo final de se obter a oferta mais proveitosa e lucrativa. Ora, ocorre que para se chegar a tanto por óbvio a Administração Pública deve se cercar de todas as garantias possíveis, pois é o dinheiro da comunidade que será gasto. portanto, não basta selecionar o melhor preço, urge se saber, também, se a empresa-candidata se acha mesmo em condições econômicas, estruturais e técnicas para desenvolver os trabalhos que serão contratados. Exatamente por isso é de rigor a imposição das exigências ora impugnadas, para o fim de habilitação ou qualificação do interessado, as quais constam obrigatoriamente no edital convocatório e devem guardar consonância absoluta aos regramentos previstos no arts. 27 a 31 da Lei nº 8.666/93, o que ocorre perfeitamente no caso concreto. Posto isso, as exigências contidas nas alíneas "1", "2", "3" e "4" do ítem "6.1.4" do Edital de Licitação são válidas na medida em que estabelecem critérios objetivos na aferição da qualidade/capacidade técnica das empresas que atua na locação de veículos, devendo ser mantidas como requisitos imprescindíveis do Pregão Presencial 015/ Conclusão: Inicialmente, conclui-se pelo preenchimento dos requisitos de admissibilidade da impugnação, em face da tempestividade do seu protocolo, sua fundamentação e pedido de retificação, permitindo, assim, a análise do mérito da matéria impugnada. Quanto ao mérito da matéria impugnada, resta evidenciada a legalidade das exigências de Qualificação Técnica contidas no ítem "6.1.4", alíneas "1", "2", "3" e "4", do Instrumento

7 Convocatório do Pregão Presencial nº 015/2015, mantendo-se incólume o Edital quanto a estes aspectos, com base nos fundamentos aqui expostos, não havendo motivos para alterações ou supressões. Publique-se. Anotações e comunicações necessárias. Iramaia-BA, 27 de fevereiro de Jean Antunes Pregoeiro