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1 , r t t,. s ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. MANOEL SOARES MONTEIRO ACÓRDÃO APELAÇÃO Chi/EL N /001 13a Vara Cível da Comarca de João Pessoa RELATOR : Des. Manoel Soares Monteiro APELANTE : Enarq Engenharia e Arquitetura Ltda. ADVOGADOS : José Edisio Simões Souto e outro APELADO : Carlos Antônio Mendes da Nóbrega DEFENSORA : Maria Cleyde Paiva Costa Indenização. Unidade autônoma. Infiltração. Responsabilidade da construtora. Dano moral. Comprovação. Juros. Correção monetária. Desprovimento do apelo. É de responsabilidade da construtora os defeitos constatados dentro do prazo de cinco anos estabelecido pelo art do Código Civil. São passíveis de reparação pecuniária, a título de dano moral, os transtornos causados por infiltração em decorrência da inexistência de manutenção por parte da construtora. Em se tratando de responsabilidade Iextracontratual, os juros de mora devem incidir a partir da data do evento danoso. A correção monetária da indenização por dano moral deve fluir da data do respectivo arbitramento, caso contrário se estará corrigindo o que já está atualizado. Vistos, relatados e discutidos estes autos da Apelação Cível, em que figuram as partes acima nominadas. Acorda, a Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, na conformidade do voto do relator e da súmula de julgamento de fl. 187, por votação unânime, CONHECER DO RECURSO, NEGAR-LHE PROVirhO. RELATÓRIO CARLOS ANTÔNIO MENDES NOBREGA ajuizou Ação de indenização por danos morais e materiais contra Enarq Engenharia e Arquitetura Ltda., alegando, em resumo, que adquiriu junto a promovida, em dezembro de 1999, um apartamento, no valor de R$ ,00, ocorrendo o surgimento de rachaduras e infiltrações, requerendo, portanto, a condenação da promovida em danos morais e materiais, devidamente atualizados, além das custas processuais e honorários advocatícios.

2 Contestação, fl. 30/41, alegando a inexistência de ato ilícito, bem como a responsabilidade do autor, em face de serviço de manutenção realizada em conjunto com o condomínio, pugnando pela improcedência do pedido. Impugnação, fl. 55/56. 2 Laudo pericial, fl. 94/105. Audiência de instrução e julgamento, fl. 135/139, com tomada de depoimentos. Razões finais, pelo autor, fl. 140/142 e pela promovida, fl. 144/149. Na sentença, fl. 154/157, o magistrado julgou procedente, em parte, o pedido, condenando a promovida ao pagamento de indenização por danos morais na importe de R$ 4.200,00, com incidência de juros de 0,5% ao mês, a partir do evento danoso, 28/08/2002 e correção monetária pelo 'INPC, desde a data da publicação da sentença. Inconformada, a promovida interpôs recurso apelatório, visando reformar a decisão de primeiro grau, repetindo os mesmos fundamentos esposados na contestação, acrescentando, ainda, questionamento sobre a aplicação dos.juros e correção monetária, pedindo pelo provimento do apeloi fl. 159/165. Contra-razões, fl. 168/171. A Procuradoria de Justiça, com vista dos autos, não emitiu parecer. (fl. 180/181). Em síntese, é o relatório. VOTO: O Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro (relator) Sem razão a recorrente. Preconiza o art. 12, do Código de Defesa do Consumidor: "O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos." Pois bem, noticiam os autos que o apelado adquiriu apartamento junto a apelante em dezembro de 1999, entretanto, o referido imóvel passou a apresentar infiltrações, fato incontroverso. Todavia, mesmo sabedora de sua responsabilidade, a construtora nada fez para solucionar o problema, apesar de várias reclamações formuladas pelo recorrido. Trata-se, pois, de responsabilidade objetiva da construtora, na medida em que, com o Código de Defesa do Consumidor, houve profunda alteração em todos os ramos de atividade e o construtor passou a responder objetivamente pelos danos causados, como fornecedor de serviços, estando presentes os pressupostos consubstanciados no evento danoso e no nexo de causalidade, caracterizado pelo liame que une a conduta do agente e o dano causado. A responsabilidade da construtora não está apenas relacionada à tsegltrança do edifício em si, mas também às condições de habitabilida0, conforto e, í

3 salubridade de suas unidades condominiais, as quais são inerentes ao padrão do imóvel. 3 Os danos do apartamento decorrentes das infiltrações nas paredes, acarretam a obrigação da construtora de indenizar os prejuízos causados. Neste sentido, conforme doutrina Carvalho Santos (in Código Civil Brasileiro Interpretado, Freitas Bastos, 3a ed., XVII/363): E, ainda: "Queremos acentuar, antes de mais nada, que sob o nome de vício de construção, também se conhece aquele que, sem comprometer a segurança do edifício, ou a sua duração, torna-o, não obstante, impróprio ao uso a que era destinado. O empreiteiro, ou o arquiteto, lin maioria das vezes, é o responsável por esse vícios. Assim, se por defeito' de construção, o prédio apresenta uma umidade prejudicial à saúde ou à habitabilidade do prédio, ou se a fumaça 'das chaminés entra na casa dentro, tornando intolerável a permanência de qualquer pessoa em determinados cômodos." 00 vício determinador da responsabilidade do empreiteiro refere-se não só ao caso de destruição total ou parcial, como igualmente a todos os defeitos ou erros capazes de comprometer a conservação da construção, de modo a criar uma ameaça de ruína quer iminente quer virtual, conto por exemplo, as infiltrações no teto capazes de comprometer a sua segurança, etc." (in Serpa Lopes, Curso de Direito Civil, Freitas Bastos, 2' Cd., 79). Cabe salientar que os problemas começaram a aparecer, segundo o autor, dois anos antes da propositura da presente demanda, ou seja, 2001, portanto dois anos depois da entrega do apartamento, de modo que estão dentro do prazo de garantia previsto no art. 618, do Código Civil. Além do mais, o laudo pericial de fl. 94/105, mais precisamente às fl. 104, respondendo a Questão n. 3 formulada pelo juízo, atesta que a vida útil do material utilizado é inferior a quinze anos. No entanto, as infiltrações apareceram com apenas dois anos após a entrega do apartamento, tempo bastante exíguo para o surgimento de defeitos, bem como que sejam necessárias manutenções corretivas, salvo caso de eventuais acidentes que danifiquem o imóvel. Sendo assim, inegável a responsabilidade civil da empresa ré. Assim, nenhuma prova há de se fazer do dano moral, por ser implícito ao homem comum, a dor e o temor, em tal situação, resultante da violação de um bem juridicamente tutelado, a desprezar qualquer evidência', específica. Tratando-se de dano moral puro, desnecessária a mostra do efetivo prejuízo, condicionante só exigível quanto às repercussões materiais do ato ilícito. Dessa forma, a configuração do dano moral está relacionada ao sofrimento e aflição vivenciados pelo autor, aquilo que os danos ocasionados pela construtora retirou da normalidade do dia-a-dia do ofendido, Os danos morais, portanto, alcançam valores notadamente ideais, ligando-se a um sentimento íntimo de dor, diante de fatos que lhe ijmpingem essas conseqüências.

4 , Aliás, a despeito das reclamações feitas à construtora, esta não tomou nenhuma providência para a resolução dos problemas, circunstância que gerou mais transtornos ao autor, com a deterioração progressiva dos móveis e o comprometimento da própria construção em si. 4 Em situações como as aqui analisadas, mostra-se devida a reparação pelas lesões morais, pois a ação da recorrente constituiu violação ao estado íntimo do recorrido. A indenização por danos morais é devida como forma ide reparar a dor íntima sentida, bem como aplicar a apelante uma penalidade a fim de imputar no apelado a sensação de sanção imposta a recorrente. Quanto à incidência dos juros de mora, estes foram corretamente aplicados na sentença, posto que é matéria sumulada pelo STJ. Na hipótese dos autos, responsabilidade extracontratual, os juros de mora fluem a partir do evento danoso, orientação emanada da súmula 54 do STJ: "Os juros moratários.fluenz a partir do!evento danoso, em caso de responsabilidade e..vtracontratual" No que pertine a fluência da correção monetária, melhor sorte não possui a apelante, até porque, o STJ já decidiu que nas indenizações por dano moral, o termo inicial para aplicação da atualização monetária, é a data em que foi arbitrado o seu valor, tendo em vista que no momento' da fixação do quantum indenizatório, o julgador leva em consideração a atual expressão do.valor da moeda, como se vê a seguir: "CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ACIDENTE DE TRABALHO. MORTE DE EMPREGADO (COBRADOR DE ÔNIBUS) EM ACIDENTE RODOVIÁRIO. INDENIZAÇÃO. VALOR RAZOÁVEL. JUROS MORA TÓRIOS DEVIDOS DESDE A DATA DO EVENTO DANOSO. CORREÇÃO MONETÁRIA. ATUALIZAÇÃO A PARTIR DA DATA DO ACÓRDÃO ESTADUAL, QUANDO FIXADO, EM DEFINITIVO, O VALOR DO RESSARCIMENTO. 1 Não se justifica a excepcional intervenção do ST.1 quando o valor do dano moral foi fixado em patamar razoável.' II. Juros moratários a contar da data do sinistro, consoante precedente da 2a Seção, enz caso de acidente de trabalho (EREsp /RJ, Rel. p/acárdão Afim Barros Monteiro, DJU de ). IR Correção nzonetária que flui á partir da data do acórdão estadual, quando estabelecido, em definitivo, o montante da indenização. IV. Necessária a constituição de capital para assegurar o pagamento do pensionamento vincendo (2"Seção, REsp n /RI, Rel. Mil?. Carlos Alberto Menezes Direito, unânime, DJU de ). E Recurso especial conhecido em parte c, nessa parte, provido." (REsp /RS, Rel. Ministro ALDIR PASSARIN O JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em ; DJ p. 27 E mais: P- "ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL - DO ESTADO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. JUROS DE MORA A PARTIR DO EVENTO DANOSO. SÚMULA 54/STJ. CORREÇÃO MONETÁRIA INCIDENTE SOBRE INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANO MORAL. TERMO A QUO. DA DATA DA FIXAÇÃO DO QUANTUM. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 43/ST.I.

5 .,. - I. Os juros de mora, nos casos de responsabilidade extracontratual, ainda que objetiva, têm como termo inicial a dada C111 que ocorreu o evento danoso. Súmula 54 cio 2. Nas indenizações por dano moral, o termo a quo para a incidência da correção monetária é a data em que.foi arbitrado o valor, não se aplicando a Súmula 43/STI. 3. Recurso especial parcialmente provido.'' (REsp /SE, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em , DJ p. 242). 5 No caso em comento, repita-se, a sentença, corretamente, aplicou os juros de mora a partir do evento danoso, bem como a correção monetária desde a publicação da sentença. Feitas estas considerações, CONHEÇO DO RECURSO, PARA NEGAR PROVIMENTO, mantendo a sentença em todos os seus termos. É o meu voto. Presidiu o julgamento, o Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro (relator). Dele participando, o Exmo. Dr. Miguel de Brito Lyra Filho, Juiz de Direito convocado para substituir o Exmo. Des. José Di Lourenzo Serpa e, a Exma. Dra. Maria das Neves do Egito de Araújo Duda Ferreira, Juiz de Direito designado para substituir o Exmo. Des. Marcos Antônio Souto Maior. Presente à sessão, a Exma. Dra. Sônia Maria Guedes de Carvalho, Procuradora de Justiça. Sala de Sessões da Egrégia Primeira Câmara Cível do Tribunal de Ju.stiça do Estado da Paraíba, em 16 de agosto de Des. NI j, noel Soares Monteiro; Relator ç.41, ;,

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