PoderJudiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete do Desembargador Marcos A. Souto Maior

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1 PoderJudiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete do Desembargador Marcos A. Souto Maior DECISÃO REMESSA OFICIAL N /001 - CAPITAL RELATOR : Juiz Miguel de Britto Lyra Filho APELANTE : Estado da Paraíba, representado por seu Procurador APELADA : Maria da Paz Dutra NObrega ADVOGADO : Antoniel Máximo da Silva e outros REMESSA OFICIAL. Indenização. Seguro de vida não efetivado pelo Poder Público. Fato omissivo. Ocorrência do sinistro. Termo inicial da pretensão indeniz. atória. Prescrição qüinqüenal. Provimento do recurso. - Nos termos do art. 1 do Decreto n 20910/32, prescreve em 05 (cinco) anos as dívidas passivas da Fazenda Pública, contados cia data do ato ou do fato do qual se originarem. - Por força do que dispõe o art. 219, 5 5, do Código de Processo Civil, alterado pela Lei n /06, deve o Juiz pronunciar de ofício a prescrição. VISTOS,etc., MARIA DA PAZ DUTRA NÓBREGA propôs Ação de Indenização em desfavor do Estado da Paraíba alegando, em síntese, que o Poder Legislativo deste Estado editou ato normativo, que posteriormente foi regulamentado, obrigando a contratação de Seguro de Vida em favor dos funcionários ativos e inativos do Poder Executivo. Todavia, com o falecimento do seu esposo que era ex-agente Fiscal da Fazenda Estadual, a autora ficou impossibilitada de receber a respectiva indenização securitária em razão da inércia do Poder Público em efetivar o mencionado contrato de seguro. Deste modo, pugnou pelo pagamento de indenização pelo valor equivalente ao seguro que lhe seria devido caso houvesse a regular contratação.

2 Apresentada a competente peça contestatóri observado o regular trâmite processual, a Juíza de Direito de Primeira Instância pr sentença acolhendo parcialmente o pleito inaugural. Não houve a interposição de recurso voluntário po qualquer das partes, tendo o processo aportado nesta superior instância por força d remessa necessária. Instada a se manifestar, a douta Procuradoria de Justiça opinou pelo provimento do recurso oficial. É o relatório Decido. A matéria aqui tratada dispensa maiores delongas, comportando a análise meritória monocrática, na forma permissiva do 5 r-a do art. 557 do Código de Processo Civil. Nesse contexto, a teor das prescrições do dispositivo processual acima citado, o relator poderá analisar e pôr fim ao recurso, quando a decisão recorrida esteja em confronto com jurisprudência dominante de Tribunal Superior. "In casu", trata-se de questão que demanda a aplicação de prazo prescricional sobre a pretensão da parte autora. do Código de Processo Civil: Vejamos, então, o que prescreve o P-A do art. 557, "Art O relator negará seguimento a recurso manifes tamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. 1.-A Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso." Analisando o teor da sentença de fls. 76/82, retira-se que a Juíza de Direito de Primeiro Grau de Jurisdição acolheu o pedido formulado na inicial para condenar o Estado da Paraíba a indenizar a promovente pelas perdas e danos decorrentes da não consumação de contrato de seguro de vida em favor do seu falecido esposo.

3 Todavia, analisando o teor da certidão de óbito d 20, percebe-se que o Sr. Divani José Cordeiro Nóbrega, ex-marido da autora, falece 14/12/1998. Não há dúvida que esta data corresponde ao fato do qual se orig pretensão formulada na inicial, pois a eventual indenização decorrente de seguro de somente poderia ser pleiteada a partir do momento em que restasse configurada a mo do segurado. Dito isso, em consonância com o prazo prescricional de 05 (cinco) anos previsto no art. 1 do Decreto n /32, teria a parte interessada até o dia 14/12/2004 para propor eventual ação indenizatória em desfavor da Fazenda Pública Estadual. Porém, verifica-se que a presente demanda somente foi distribuída em 19/12/2005, oportunidade em que já se encontrava consumada a prescrição qüinqüenal. A Remessa Necessária é um instrumento processual previsto para garantir a eficácia de determinadas sentenças proferidas em desfavor da Fazenda Pública. Sua razão de existir é fundamentada na necessidade de se evitar a aplicação de irregularidades que prejudiquem o interesse público. Realizadas essas considerações, verifica-se que, em regra, uma Lei em vigor terá eficácia geral e imediata, conforme preconiza o art. 6 da Lei de Introdução ao Código Civil. Portanto, entendo que não há qualquer óbice para que seja aplicado no caso concreto o disposto no art. 219, 5 5, do Código de Processo Civil, que permite o reconhecimento de ofício da prescrição. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica nesse sentido, senão vejamos: "PROCESSUAL CIVIL. AbMINISTRATIVO. AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. PRESCRIÇÃO. DECRETO LEGISLATIVO /32. APLICAÇÃO. NORMA ESPECIAL. 1. O art. 1 do Decreto n /32 dispõe acerca da prescrição qüinqüenal de qualquer direito ou ação contra a Fazenda Pública, seja qual for a sua natureza, a partir do ato ou fato do qual se originou. 2. In casu, tendo a parte interessada deixado escoar o prazo qüinqüenal para propor a ação objetivando o reconheciinento do seu direito, vez que o dano indenizável ocorrera em 24 de outubro de 1993, enquanto a ação judicial somente fora ajuizada em 17 de abril de 2003, ou seja, quase dez anos após o incidente, impõe-se decretar extinto o processo, com resolução de mérito pela ocorrência da inequívoca prescrição. 3. Deveras, a lei especial convive com a lei geral, por isso que os prazos do Decreto /32 coexistem com aqueles fixados na lei civil.

4 4. Recurso especial provido para reco incidência da prescrição quinquenal e klfclarar extinto o processo com resolução de m i o (art. 269, IV do cpg." (REsp /RS, Rel. Ministro LU PRIMEIRA TURMA, julgado em 04.1 DJ p. 227) Deste modo., por tudo que foi exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso oficial para reconhecer de oficio a prescrição qüinqüenal no caso em apreço e, com isso, reformar o julgamento proferido em primeiro grau de jurisdição para extinguir o feito com resolução de mérito, nos termos do art. 269, inc. IV, do Código de Processo Civil. Atribuo a cargo da promovente as custas processuais e os honorários advocatícios que arbitro em R$ 500,00 (quinhentos reais), nos termos do art. 20, 5 4' da Lei Processual Civil. Intimações necessárias. Cumpra-se. Joe Pessoa, 28 de mar 008. Juiz Mi Filho

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