PERCEPÇÕES DOCENTES SOBRE O USO DAS TICs NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM
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1 PERCEPÇÕES DOCENTES SOBRE O USO DAS TICs NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM Autores : Andreia Luciana da Rosa SCHARMACH, Susana Nunes Taulé PIÑOL, Larissa V. BAGLIONE Identificação autores: Orientadora IFC Campus São Francisco do Sul; Docente IFC Campus São Francisco do Sul, Bolsista e Discente do Curso Superior de Tecnologia em Logística IFC Campus São Francisco do Sul. Introdução As Tecnologias da Informação e Comunicação TICs, fazem parte do dia a dia das pessoas em suas diversas atividades, fundamentando assim a importância de sua adoção, inclusive no processo de ensino e aprendizagem. Aliados a essa realidade está a facilidade da utilização das TICs pela maioria dos jovens atualmente integrados ao processo de aprendizagem do ensino médio e técnico, os chamados geração Y. Entretanto, qual a percepção dos professores quanto à adoção das TICs? Na busca desta resposta este trabalho apresenta como objetivo geral: verificar a percepção dos professores da educação básica profissional e tecnológica quanto à adoção do uso das TICs antes, durante e após suas aulas presenciais. Não há dúvida de que os recursos tecnológicos são os grandes viabilizadores dessa capacidade de realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo.[...] Tecnologia podia ser o sobrenome dessa geração. E a razão é simples: tecnologia não é um capítulo na vida desse jovem, é a obra inteira [...] perto da metade dessa geração foi alfabetizada de frente para um monitor e com as mãos sobre um teclado. (CALLIARI; MOTTA, 2012, p.83). Alguns modelos de aula e de ensino estão em desalinho com as características comportamentais e mentais dos jovens que buscam maior interatividade e mais atividades. Os jovens da Geração Y são os primeiros a se beneficiar do futuro, pois chegam à vida adulta contando com uma série de facilidades que não eram possíveis ou não estavam disponíveis no passado. Além disso, podem contar com todos os avanços tecnológicos e com as possibilidades de interação imediata e sem custo com qualquer pessoa no planeta, criando assim mais condições para ser profissionais competitivos. (OLIVEIRA, 2011) Mesmo com essa realidade, não são incomuns os casos de professores que ainda ignoram homericamente a existência de computadores e internet, [...] muitas vezes, o que o professor ensina em uma hora na sala de aula pode ser aprendido em 15 minutos pelo Google [...] Alguns docentes se sentem como se a autoridade lhes tivesse sido usurpada pelo desenvolvimento tecnológico, já que as respostas que só eles e a biblioteca teriam agora está ao alcance de um clique do estudante.(calliari; MOTTA, 2012, p.56). A relação ensino aprendizagem, mediante ao contexto, propõem forte tendência à utilização das TICs. Bertagnolli et al. (2009) defendem que, além da aquisição das TICs, torna-se essencial, para um ensino de qualidade, o desenvolvimento da formação docente aliada a estes recursos tecnológicos. Para que esse processo de formação docente seja efetivo, os autores ressaltam a importância de desenvolver atividades de acompanhamento, de forma a qualificar e desenvolver habilidades no professor em relação a questões pedagógicas e
2 tecnológicas. Freitas et al. (2008) acrescentam que a questão central atualmente é aproximar as TICs (meios) de uma educação reflexiva e reconstrutiva (fins). No que tange as possibilidades de adoção das TICs no processo de ensino-aprendizagem, Moore e Kearsley (2013, p. 128) destacam o uso do modelo híbrido. [...] o modelo hibrido é bastante popular na educação superior e no domínio da formação já que permite que os instrutores deem continuidade à prática da instrução em sala de aula com a qual estão familiarizados e sentem-se confortáveis acrescentando o quanto de tecnologia desejarem. Driscoll (2002) relata que o modelo híbrido, também conhecido como, blended-learning combina quatro métodos, pelo menos. Entre eles podem estar: diferentes tecnologias baseadas na internet, sala de aula virtual, atividades colaborativas com o uso de vídeos, áudios, disponibilização de materiais online; abordagens pedagógicas combinadas: construtivismo, o behaviorismo e o cognitivismo; tecnologias educacionais integradas: atividades presenciais (face-to-face) em atividades virtuais offline e online via internet e em mídias áudio visuais; interação das tecnologias educacionais com atividades do dia-a-dia, na busca pela integração das atividades com a prática. Este modelo se aproxima cada vez mais de uma posição mais centrada no aluno e mais sensível às suas reais necessidades bem como do contexto em que se insere. (DUFFY; DUEBER; HAWLEY,1998). O estímulo da colaboração entre os participantes permite a troca de conhecimentos e experiências, e acelera o aprendizado individual através da construção coletiva de saberes (CHAVES FILHO, et al, 2006). Os estudantes, incluindo os mais introvertidos, são impelidos a tornarem-se sujeitos mais ativos dentro do processo de ensino-aprendizagem (FILIPE; ORVALHO, 2008, p. 216). Os docentes têm um papel fundamental em todo este processo, pois, como relata Torres et al (2014) [...] ao adotar a internet no ensino presencial, os professores deverão analisar quais disciplinas serão desenvolvidas no ambiente virtual além de incentivar e acompanhar os alunos, com o objetivo de tornar esta interação mais produtiva, de forma que ao adotar essa metodologia sua aula presencial se torne mais atraente e interativa. Neste contexto, os educadores buscam desenvolver o pensamento crítico dos alunos estimulando-os na construção de soluções criativas e formação de equipes, que são competências essenciais no mercado de trabalho. Vale destacar que ao mesmo tempo em que as tecnologias contribuem para a qualidade, dinamismo e motivação para o ensino presencial, também trazem a complexidade para o trabalho docente. Ledesma (2010) destaca a necessidade de um planejamento de aula mais detalhado. Nos modelos híbridos os alunos que estão sempre conectados e ávidos por novidades e momentos de interação. Materiais e método A modalidade de pesquisa adotada neste estudo foi a descritiva exploratória. Este método procura saber atitudes, pontos de vista e preferências sobre determinado assunto, com
3 o objetivo de tomar decisões. Visa também descobrir tendências, reconhecer interesses e outros comportamentos. (PIÑOL, 2011). A designação da população foi definida como professores do ensino básico, profissional e tecnológico de uma unidade dos Institutos Federais, durante o período de coleta. A amostragem foi não probabilística por julgamento. Neste procedimento de amostragem o pesquisador escolhe os casos considerados típicos da população (PIÑOL, 2011). Foram alvo da pesquisa 18 professores da instituição. Para coleta de dados foi utilizada a técnica grupos de foco, por entrevista, com instrumento de coleta de dados semiestruturado. Grupos de foco (Focus Group) é um método de coleta de dados que consiste na realização de entrevistas em grupo, conduzidas por um moderador. Tem como objetivo a discussão de um tópico específico. (MATTAR, 1996) O objetivo do grupo de foco foi diagnosticar a metodologia no processo ensino aprendizagem quanto a adoção de TICs. Para tanto foi utilizado um roteiro semiestruturado com questões inerentes ao tema, o qual foi aplicado pelos integrantes deste projeto de pesquisa. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas para análise do conteúdo e por consequência seus resultados. Resultados e discussão A transcrição da entrevista em grupo e sua respectiva análise de conteúdo apontaram que metade dos professores que participaram deste estudo utilizam ferramentas tecnológicas para o processo de ensino, porém não na mesma intensidade. Os docentes citaram como TICs utilizadas: Data Show, simulações em sites, Internet, TeleDuc, Google Sites, quiz de competição entre equipes, dramatização, role playing, sites, artigos de periódicos, artigos de revistas, , telefone, paper, quadro, pincel atômico, Internet, calculadora, computador, softwares, lousa digital, Excel, blog, vídeos, filme, texto, pen drive e digitalização. O uso das TICs pelos professores entrevistados normalmente está associado a aprendizagem, apelo visual, aula de atendimento, tirar dúvidas, visualização, fazer um experimento virtualmente, influenciar os alunos a usarem a Tecnologia, debate, disponibilização de material, fazer os alunos que não participam da aula convencional reagirem, desenvolver tarefas específicas em sala de aula, informação e comunicação para o aprendizado, facilitar encaminhamento de artigos para o aluno, se fazer presente não somente em sala de aula, fazer a aula deslanchar, utilizar a Tecnologia de forma que ela possa trazer benefícios ao aluno em termos de interação, mostrar estilos de obras de arte e danças. As necessidades tecnológicas dos docentes entrevistados foram analisadas em duas perspectivas: a primeira com foco nas habilidades de e a segunda quanto às TICs que não usam, mas gostariam de usar. Uma pequena representação dos professores diz ter dificuldade em utilizar recursos tecnológicos e acreditam que essas ferramentas podem trazer benefícios ao aluno em termos de interação, porém não admitem seu uso como essencial. Entre as ferramentas que os docentes não usam, mas gostariam de usar está a lousa digital, usar a plataforma do Google conectada no celular, usar o celular como ferramenta de ensino, usar o Moodle corretamente, o aluno fazer pesquisar instantâneas no celular e sistema acadêmico integrado ao Moodle.
4 No andamento da entrevista ocorrem relatos além daqueles abordados no roteiro semiestruturado, enriquecendo desta forma a coleta de dados, e que estão sendo considerados como importantes na pesquisa. O primeiro deles são pontos negativos apontados quanto ao uso de ferramenta tecnológica, como a sala ficar cinema e não haver comunicação entre aluno e professor, dificuldade em fazer o adolescente ficar focado apesar das inúmeras distrações e o data show engessar a aula tirando o contato visual com o aluno. Neste ponto percebe-se a necessidade de uma abordagem tecnológica pedagógica fundamentada no plano de ensino onde sejam consideradas ações antes, durante a após a aula com objetivos bem definidas, evitando o uso pelo simples uso. Segundo Souza el al. (2010, p.5): [...] muitas vezes observa-se no ambiente escolar certa expectativa por parte dos professores quanto à vontade de utilizar novos recursos da informática na educação. E essa expectativa às vezes se transforma em sentimento de insegurança ou de resistência em alterar a prática de ensino, pois o professor neste novo contexto é desafiado a rever e ampliar seus conhecimentos para enfrentar novas situações. Os professores não têm experiência em atividades como o uso de tecnologias, assim, parece óbvio que a formação de professores é totalmente indispensável. Apesar da conspiração a favor para utilização das TICs, ainda há que se considerarem barreiras a serem vencidas, como por exemplo, a quebra do preconceito (ou talvez desconhecimento) para seu uso, ainda existentes em indivíduos de gerações que não nasceram na era tecnológica e de alta interatividade. Professores podem estar inclusos neste público que não tem domínio de uso das TICs, seja por vir de uma formação educacional direcionada pela autocracia, seja por falta de oportunidade de conhecimento e utilização. Conclusão Este estudo atesta que nem todas as TICs são utilizadas pelos docentes que participaram do estudo e aponta o quanto é necessária à ação pedagógica que prevê o uso das tecnologias amparado por um processo de conhecimentos destes recursos por parte dos professores quanto ao uso das TICs; não pelo simples uso, mas porque estes recursos colaboram para que alunos com diferentes estilos de aprendizagem cessem um leque maior de recursos. A interação destes profissionais às TICs pode ser a mola propulsora para um processo de ensino e aprendizagem com maior integração entre os atores envolvidos e por consequência com resultados mais efetivos. Seja o motivo que for, cabe a estes profissionais a busca do conhecimento necessário para operacionalização das ferramentas tecnológicas, ora tão necessária na atividade docente. Referências BERTAGNOLLI, Silvia de C.; SANCHES, Lauren A. B.; KREME, Michele de M.; SOUZA, Adriana S. de; SILVA, Angela M. da. Formação docente aliada aos novos recursos das TICs. Novas Tecnologias na Educação, Porto Alegre, v. 7, n. 3, p. 1-10, dez
5 CALLIARI, Marcos; MOTTA, Alfredo. Código Y: decifrando a geração que está mudando o país. São Paulo: Évora, FREITAS, Angilberto S.; NARDUCCI, Viviane; DUBEUX, Veranise; BERTRAND, Hélène. Projeto de capacitação docente e difusão do e-learning: uma investigação na busca de champions. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 32., 2008, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de Marketing: metodologia, planejamento. São Paulo: Atlas, OLIVEIRA, Sidnei. Geração Y : ser potencial ou ser talento? faça por merecer. São Paulo : Integrare Editora, PIÑOL, S.T. Pesquisa nota 10: métodos e técnicas de pesquisas sociais na prática. Rondonópolis: FAIR-UNIR, Souza et al. Recurso e Novas Tecnologias no Ensino da Matemática. Eunápolis, Disponível em < ematica. Acesso em: 11 de novembro de CHAVES FILHO, Hélio. Et al. Educação a distância em organizações públicas; mesa-redonda de pesquisa-ação. Brasília: ENAP, p. Disponível em: < Acessado em: 06/05/2014. DRISCOLL, M. Web: based Trainning - Using Technology to Design Adult Learning Experiences. San Francisco: Jossey - Bass/Pfeiffer, DUFFY, F. The ideology of supervision. In: FIRTH, G.; PAJAK; E. (Ed.). Handbook of research on school supervision. New York: MacMillan, 1998 FILIPE, A. J. M.; ORVALHO, J. G. Blended-Learning e Aprendizagem colaborativa no ensino superior. In: VII Congresso Iberoamericano de Informática Educativa, Anais..., LEDESMA, F. A metodologia blended-learning como mais uma alternativa na formação contínua de professores. Disponível em: Acessado em 01/05/2014. MOORE, M.; KEARSLEY, G. Educação a distância. 3ª ed. São Paulo: Cengage Learning, TORRES, A. Et al. Implantação da metodologia híbrida (blended learning) de educação numa instituição privada. In: ESUD XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, de agosto de 2014.
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