NOTAS DA UGT SOBRE A 2º VERSÃO DO DOCUMENTO DO GOVERNO PROPOSTAS DE REFORMA PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL
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- Salvador de Vieira
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1 NOTAS DA UGT SOBRE A 2º VERSÃO DO DOCUMENTO DO GOVERNO PROPOSTAS DE REFORMA PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL 1. Introdução O documento Propostas de Reforma para a Formação Profissional foi elaborado pelo Governo e apresentado aos parceiros sociais em Outubro de Segundo o Governo, o documento foi elaborado tendo presente o Acordo Bipartido celebrado entre os Parceiros Sociais com assento na CPCS em Fevereiro de Foi com grande expectativa que a UGT acolheu esta iniciativa do Governo, já que a discussão desta matéria constituía uma preocupação de longa data para a Confederação. A UGT, bem como os restantes parceiros sociais, elaborou um primeiro parecer sobre as propostas apresentadas pelo Governo, tendo salientado como principais objectivos: - Aumentar o nível da formação inicial e da formação ao longo da vida, de modo a fazer crescer o nível de qualificação, base fundamental para o aumento da competitividade; - Melhorar a qualidade da formação, com melhor utilização dos recursos disponíveis; - Responder ao aumento sensível do desemprego; - Aumentar o ritmo ou o reconhecimento das qualificações e competências, quer por via do sistema formal, quer as obtidas no posto de trabalho.
2 A matéria foi discutida em várias reuniões bilaterais entre o Governo e os diversos parceiros, possibilitando uma troca de impressões muito profícua relativamente a variadas questões constantes do documento e a clarificação de dúvidas, com o objectivo de se chegar a acordo relativamente aos pontos mais importantes deste processo de reforma. O Governo comprometeu-se a elaborar uma segunda versão do documento, tentando incorporar, tanto quanto possível, os diversos contributos dos vários parceiros sociais. Este segundo documento foi apresentado na reunião da Comissão Permanente de Concertação Social, realizada no passado dia 7 de Fevereiro, durante a qual a UGT teve a oportunidade de tecer um conjunto de considerações de ordem geral, que pretendemos aprofundar neste parecer. A UGT considera que o objectivo último desta discussão relativa à reforma da Formação Profissional deveria ser a assinatura de um Acordo Tripartido integrando linhas gerais de orientação com compromissos claros, vinculando o Governo e parceiros sociais. 2. Apreciação na generalidade Registamos a introdução de algumas alterações de fundo nesta segunda versão do documento, relativamente ao texto anterior: - Reforço da articulação entre as necessidades das empresas e as necessidades do tecido económico, concretamente através das seguintes alterações: Explicitação do mecanismo Catálogo Nacional de Qualificações: - O Catálogo deixará margem de flexibilidade para as entidades formadoras desenvolverem as soluções formativas mais adequadas; - Relativamente ao financiamento público, o CNQ não exclui realidades e processos formativos específicos. Criação e papel do CNFP; Financiamento dos Programas Consultoria-formação; - Medidas que concorrem para a efectivação do direito individual a um número de horas anuais de formação certificada, através de instrumentos como: 2
3 Papel do sistema de certificação; Modularização da oferta formativa; Programas de Consultoria-formação em pequenas e médias empresas onde o acesso à formação é mais difícil e limitado; O Cheque-formação será regulado e enquadrado no âmbito quer das instituições intervenientes no sistema de formação, nomeadamente o sistema RVCC, quer da legislação do trabalho em vigor respeitante ao direito à formação; Dirigir o financiamento de formação específica de empresas para as PME s, especialmente para as que se encontram em processos de inovação e modernização empresarial. - Caderneta Individual de Competências: A Caderneta constituirá um instrumento de registo de toda a formação realizada ao longo da vida, quer esteja enquadrada no CNQ, quer não seja certificada, em particular a formação promovida pelas empresas como resposta a necessidades específicas. - Dupla certificação: O percurso de formação é constituído por módulos de curta duração inseridos num percurso de dupla certificação reconhecido que creditam para efeitos de certificação escolar e/ ou profissional; O reconhecimento da formação contínua para efeitos de progressão no nível de escolaridade e/ ou de qualificação profissional dos activos constitui um recurso fundamental para promover a formação por iniciativa dos trabalhadores. - Especificações no âmbito do Sistema de Acreditação e Qualidade: Clarificação do modelo; Reforço do acompanhamento no terreno das entidades formadoras (com periodicidade anual); Obrigatoriedade de realização de estudos de acompanhamento pósformação, de inserção no mercado do trabalho dos formandos, assegurando a existência de informação comparável sobre os resultados da formação; 3
4 Reforço do papel dos parceiros sociais no Sistema de Acreditação e Qualidade, através do Comité de Acompanhamento da Acção do Sistema de Qualidade, a criar para o efeito. O documento presente traduz, portanto, um avanço considerável relativamente ao anterior em diversas matérias-chave, na tentativa de dar resposta a algumas propostas e preocupações manifestadas pelos parceiros sociais e da UGT em particular. Há ainda, no entanto, um conjunto de propostas da UGT que não foram contempladas nesta 2ª versão do documento. 3. Apreciação na especialidade Propostas da UGT não acolhidas pelo Governo: - Reiteramos a nossa posição relativamente à necessidade de articulação do processo de reforma da Formação Profissional com o Instituto de Emprego e Formação Profissional, organismo responsável pela execução das políticas de Emprego e Formação Profissional, sobre a qual o documento do Governo continua a não fazer qualquer referência. - A Caderneta de formação deve servir também para registar toda a formação por iniciativa do trabalhador, mesmo a formação não certificada e que não faça parte do CNQ; - O Governo enuncia os grandes objectivos da formação inicial, sem explicitar a forma como serão levados a cabo, nomeadamente, qual o papel a desempenhar por entidades fundamentais como o Sistema de Aprendizagem, as Escolas Profissionais ou o Ensino Secundário. - Da mesma forma, não resulta claro da leitura do documento o papel desempenhado por entidades como a Escola, as Empresas, o Sistema de Aprendizagem e os Centros Protocolares no âmbito da Formação Contínua. - Por outro lado, entendemos que as Escolas ou os Centros de Formação Públicos ou Protocolares devem ser objecto de acreditação externa, devendo esta 4
5 acreditação ser assumida pelo Ministério da Educação e pelo IEFP ou por entidades análogas nos Ministérios, sob controlo do CNFP; - Deve-se visar o alargamento futuro da escolaridade obrigatória ao 12º ano. A escola deve garantir, após o 9º ano de escolaridade obrigatória, uma qualificação inicial antes da integração na vida activa; - O Governo mantém a posição de que o apoio à formação por iniciativa do trabalhador deve ser subordinada a um processo de passagem por um RVCC. A UGT considera, no entanto, que é fundamental a criação de um quadro público que apoie o acesso à formação por iniciativa do trabalhador, nos casos em que não se enquadre no sistema RVCC. - Do documento em apreço continua a não constar a necessária articulação entre a reforma proposta, que implica grandes alterações em todas as estruturas de formação, com o QREN. Ainda que o Governo preveja agora que os Centros RVCC não devem dispor de capacidade formativa própria, situação com a qual concordamos; - Quanto à dupla certificação, reiteramos a nossa posição no que respeita a falta de capacidade de resposta por parte dos Centros RVCC, nomeadamente dos meios materiais e humanos. Com efeito, os técnicos actualmente disponíveis para desenvolverem o seu trabalho nestes Centros são muito poucos cerca de 2 por Centro em prestação de serviço ou contrato a prazo, com apoio de formadores em condições semelhantes, o que não se coaduna com o papel que o Governo lhes atribui neta reforma. É, portanto, necessária a mobilização de recursos humanos de outras entidades, nomeadamente de escolas ou de centros de formação. Por outro lado, reforçamos a ideia de que é necessário garantir que uma cobertura nacional do dispositivo de RVCC, bem como uma adequada articulação com as entidades formadoras. - Continua a carecer de clarificação a modalidade de consultoria-formação, que deverá ser aprofundado como instrumento de promoção da formação em micro e pequenas empresas e que deverá implicar a reconversão do actual programa Rede e privilegiando as acções desenvolvidas pelos Centros Protocolares. Com efeito, este é uma matéria que o documento aborda de forma vaga e insuficiente; 5
6 Ainda no âmbito dos apoios às micro, pequenas e médias empresas, o Governo não faz qualquer referência aos apoios especificamente dirigidos a acções de formação, requalificação e reconversão de trabalhadores afectados por processos de reestruturação empresarial; - O documento continua a não dar resposta concreta à operacionalização da Cláusula de formação dirigida aos jovens entre os 16 e os 18 anos, que constitui uma das prioridades centrais em termos da política de formação para a UGT. Também à operacionalização do direito individual à formação não é dada atenção suficiente, concretamente nos casos em que a formação é desenvolvida por iniciativa dos trabalhadores. Regista-se positivamente a introdução de uma maior selectividade e eficácia na atribuição de bolsas de formação; - O esquema do Sistema Nacional de Qualificações não contempla a necessária articulação entre o Conselho Nacional de Formação Profissional e os Conselhos Sectoriais para a Certificação, o que entendemos como lapso, dado que o primeiro tem competências específicas na apresentação de propor políticas e estratégias de desenvolvimento de formação, enquanto que aos segundos cabe identificar as necessidades de formação, com base em diagnósticos prospectivos, ou seja, estando estas claramente interligadas. - No documento constata-se também a total ausência de referência à necessidade de as empresas elaborarem planos anuais/ plurianuais de formação para os seus trabalhadores, objecto de informação e consulta, que devem estar ligados aos apoios à formação por iniciativa das empresas. Isto, apesar de o Governo ter declarado ser sua intenção integrar esta questão, aquando da sua resposta aos contributos dos parceiros sociais); - Registamos a total omissão de referência à necessidade de reforço do papel da negociação colectiva em matéria de formação profissional no documento em apreço; - Quanto ás opções de fundo relativamente à aplicação de recursos públicos, e concretamente à avaliação de resultados, entendemos ser necessário clarificar algumas questões: 6
7 1. Para a UGT a avaliação dos resultados da formação é uma questão fundamental que deve ser reforçada. 2. Ao prever-se que parte do financiamento possa não ser atribuído em função da avaliação de resultados ou seja, à posteriori - poderá condicionar a apresentação de candidaturas por parte de entidades que não tenham capacidade própria para suportar uma eventual redução do financiamento. 3. A avaliação de resultados deverá estar presente na maior selectividade na canalização do financiamento pretendida pelo Governo. - Lamentamos ainda o facto de o Governo ter ignorado as questões constantes do Acordo Bilateral sobre Formação Profissional e que a UGT realçou como não constando da proposta do Governo
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