V. FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF EM VITÓRIA (ES)
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- Orlando de Sousa Silveira
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1 V. FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF EM VITÓRIA (ES) As famílias entrevistadas foram selecionadas entre a população cadastrada do PSF em processo composto por três etapas que considerou os seguintes procedimentos: definição do universo de oito ESF, realizado com a coordenação municipal do PSF ou de Atenção Básica, a partir da escolha intencional de quatro equipes consideradas como bem sucedidas e quatro equipes que apresentavam dificuldades. Para a escolha das ESF foram utilizados dois ou mais critérios valorados em relação ao modelo proposto acesso geográfico aos serviços de saúde, integração à rede de serviços de saúde, atuação intersetorial e parcerias com outras instituições, vínculos com a comunidade e adesão da população. As famílias pesquisadas foram selecionadas, com um membro da equipe de Coordenação de Atenção Básica da secretaria municipal de saúde em Vitória, levando em consideração a distribuição das equipes nos cinco territórios em que a cidade está dividida, e atribuindolhes características positivas ou de dificuldades quanto ao acesso às USF e à atuação intersetorial. O estabelecimento de vínculos com a comunidade e a integração à rede de serviços de saúde não, foram critérios capazes de diferenciar as unidades do PSF e, portanto, não foram utilizados. Para cada ESF selecionada foi realizado procedimento aleatório simples (sorteio) de três microáreas a partir dos agentes comunitários de saúde. Em cada microárea foram sorteadas ou escolhidas de forma sistemática dez famílias a partir de cadastros familiares fornecidos pelos ACS, totalizando 30 famílias por ESF. Assim, em Vitória foram pesquisadas e sistematizadas informações de uma amostra representativa composta por 240 domicílios e respectivas unidades familiares em 24 microáreas abrangendo 987 moradores. Em dezembro de 2001 existiam 41 ESF em Vitória com uma cobertura de cerca de 39% da população total. O DATASUS informa que nesse ano a população total no município de Vitória era de habitantes e segundo o SIAB existiam moradores cadastrados pelo PSF. Considerando as informações anteriores os moradores pesquisados corresponderam a 0,94% dos habitantes cadastrados pelo PSF no município e a 0,33% da população total em Como o grupo de famílias foi meticulosamente pesquisado e caracterizado é possível inferir resultados aproximados para outros grupos familiares similares de usuários do PSF no município, embora seja recomendável cautela nas generalizações dos resultados da pesquisa em função da diversidade local.
2 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 183 A maioria das perguntas foi direcionada ao entrevistado ou alguém de sua residência, a fim de obter um retrato do conjunto de moradores dos domicílios pesquisados. Muitas perguntas admitiam mais de uma resposta e foram analisadas, em geral, pela participação da resposta no total de situações ou variáveis caracterizadas e não no total de respostas. O total de observações para as diferentes análises variou: 240 domicílios e respectivos chefes de famílias ou informantes, 987 moradores, 226 chefes de família empregados ou com rendimentos, 465 moradores empregados ou com rendimentos, 86 pessoas que ficaram doentes no último mês, 11 episódios de violência ou acidentes envolvendo moradores nos últimos 12 meses, 29 portadores de diabetes, 12 gestantes e 55 famílias com crianças de até 2 anos de idade, etc. Todas as informações foram tabuladas considerando o total das oito ESF e por equipe, numeradas de 01 a 08, à qual a unidade familiar estava adscrita. Por vezes, foram examinadas situações específicas que permitiram analisar o vínculo estabelecido entre a comunidade e a ESF identificando a equipe por seu número ou por meio de agregados relacionados às equipes consideradas como bem sucedidas ou com dificuldades. As equipes foram consideradas como bem sucedidas quando tinham atuação intersetorial e acesso às USF, situação das equipes 01, 02, 04 e 06. Pelo mesmos critérios as equipes 03, 05, 07 e 08 foram consideradas como as que apresentavam dificuldades. 1. CARACTERIZAÇÃO DOS DOMICÍLIOS E DAS FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF Caracterização das famílias e vulnerabilidade à pobreza As informações das 240 residências pesquisadas em Vitória (ES) foram obtidas, em sua maior parte, por meio de entrevistas com o cônjuge (57%), o chefe de família foi o informante em 32% dos casos enquanto outros familiares foram entrevistados em 11% das moradias. A escolaridade dos informantes era baixa: cerca de 27% declararam-se sem escolaridade ou terem cursado apenas até a 3 ª série, e ao redor de 38% tinha mais de 4 anos e menos de 8 anos de escolaridade, totalizando 65% dos informantes sem o ensino fundamental completo. Por outro lado, 16% (39 informantes) completaram o segundo grau e sete informantes tinham o curso universitário completo. Existiram diferenças de escolaridade dos informantes segundo as ESF selecionadas verificando-se melhores situações de escolaridade (menor número de informantes sem escolaridade ou com menos de 4 anos de estudo e relativamente alto número de
3 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 184 informantes com 2 º grau completo ou curso universitário) nas famílias adscritas às equipes 02 e 03, a situação era mais grave (relativamente alto número de informantes sem escolaridade ou com menos de 4 anos de estudo e baixo número de informantes com 2 º grau completo ou curso universitário) nos informantes das famílias atendidas pelas equipes 01 e 05, e na equipe 08 encontrou-se uma disparidade com números similares de informantes sem escolaridade e com 2 º grau completo. Entre o conjunto de equipes bem sucedidas verificou-se percentual um pouco mais elevado de informantes com baixa escolaridade (67%) menos de 8 anos de estudo ao observado nas equipes com dificuldades (62%), contudo as equipes com dificuldades apresentaram também porcentagem levemente mais elevada de informantes (38%) que tinham segundo grau completo ou mais anos de estudo do que equipes bem sucedidas (33%). A pobreza 1 está fortemente correlacionada a características do chefe da família 2 e da unidade familiar: chefia feminina, jovem, negro ou pardo, e com escolaridade de menos de quatro anos são mais vulneráveis à pobreza; indivíduos empregados sem carteira assinada ou desempregados e razão de dependência familiar 3 zero são variáveis que aumentam a probabilidade do indivíduo ser pobre no Brasil. Além dessas, a autora considera duas variáveis locacionais: região de residência (Nordeste é mais vulnerável) e estrato de residência (rural é mais vulnerável) (Rocha, 1995: 231-2). No município de Vitória, as variáveis locacionais não eram adversas ao conjunto de famílias pesquisadas por residirem na região Sudeste que apresenta o maior desenvolvimento regional do país e também constatou-se que nenhuma das famílias pesquisadas residia em área rural, inexistente na cidade. Caracterização dos chefes de família A maioria dos entrevistados referiu a condição de chefia masculina de família (77%). A vulnerabilidade da chefia feminina incidiu em 56 das famílias pesquisadas (23% do total) 1 No texto de referência (Rocha, 1995) a pobreza é caracterizada como uma síndrome de carências diversas que é associada à insuficiência de renda, já que a renda é o meio privilegiado de atendimento de necessidades nas sociedades modernas. 2 Considerado como principal supridor da renda familiar por Sônia Rocha (1995:231). Nesta pesquisa a condição de chefia familiar foi referida pelo informante. Há controvérsias importantes na caracterização do chefe de família em unidades familiares conjugais nas quais ambos trabalham e obtêm rendimentos. Uma forma de categorizar seria considerar unidades monoparentais, distinguindo-as por sexo, ou conjugais em que ou não há chefe de família ou há dois chefes de família. 3 Razão ou taxa de dependência resulta da divisão do número de ocupados (ou que têm rendimentos) entre o total de pessoas na família. Quanto mais próximo de zero indica famílias numerosas com crianças menores de 10 anos (ou maiores de 65 anos sem rendimentos) que constituem grupos vulneráveis à pobreza. É um indicador que permite captar de forma sintética diversas características adversas associadas à pobreza.
4 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 185 adscritas, principalmente, às equipes 02, 03 e 04 que concentravam 29 famílias chefiadas por mulheres e às equipes bem sucedidas (32 famílias). Os chefes de família concentravam-se nas faixas etárias de 65 ou mais anos (21%), entre 40 e 44 anos (13%), e de 35 a 39 anos (12%), indicando a prevalência de chefes de família maduros. Os chefes de família acima de 65 anos estavam concentrados nas áreas atendidas pelas equipes 03 e 04 (11, cada, dos 51 chefes nessa faixa de idade). A chefia familiar jovem, entre 20 e 24 anos de idade, correspondeu a 5% do total de famílias pesquisadas e foi observada em 17% das famílias adscritas à equipe 01 (5 famílias). A chefia familiar idosa prevaleceu entre as famílias vinculadas às equipes com dificuldades (23%) enquanto a chefia familiar jovem prevaleceu entre as famílias vinculadas às equipes bem sucedidas (7%). A caracterização do chefe de família segundo a cor ou raça auto-referida revelou que 53% consideraram-se pardos, 36% brancos e 11% negros. Não foram referidas as cores ou raças amarela e indígena. Entre as famílias pesquisadas 64% apresentaram a vulnerabilidade à pobreza relacionada à cor do chefe negra ou parda com prevalência superior nas áreas atendidas pela equipe 01, e prevalência inferior nas áreas atendidas pela equipe 03, onde representavam, respectivamente, 77% e 33% dos chefes de famílias. No que se refere à escolaridade cerca de 12% dos chefes de família referiram não ter escolaridade e 22% referiu ter cursado até a 3º série do 1º grau, totalizando 34% do total (81 famílias) em que havia alta probabilidade de seus membros serem pessoas pobres, isto é, apresentaram vulnerabilidade educacional. Mais da metade (59%) dos chefes de família tinha cursado até a 7º série do 1º grau e apenas 10% dos chefes de família possuíam o 1 º grau completo. Cerca de 15% dos chefes de família tinham o 2 º grau completo ou mais anos de estudo dos quais 4% (10) tinham curso universitário completo. As melhores situações de escolaridade dos chefes de família foram encontradas nas famílias adscritas à equipe 03, enquanto as piores situações de escolaridade foram verificadas entre os chefes das famílias atendidas pela equipe 04. As equipes bem sucedidas eram responsáveis por maior número de famílias cujos chefes não tinham qualquer escolaridade ou que cursaram até a 3º série do 1º grau (38%). A situação se agravava considerando que 96% dos chefes de família não estava estudando, situação menos observada entre os chefes das famílias adscritas à equipe 03, dos quais 10% (3) estavam estudando no momento de realização da pesquisa, ainda que a maioria fosse aposentado. Cerca de 75% do total de chefes de família que foram os informantes da pesquisa (58) residiam no bairro ou comunidade há 6 e mais anos, 7% deles residiam há menos de 2 anos
5 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 186 e cerca de 9% moravam no bairro ou comunidade entre 3 e 5 anos. Situações de estabilidade habitacional (residentes há mais de 10 anos na localidade) foram mais observadas entre os chefes das famílias informantes da pesquisa adscrito às equipes 02 e 04 (71%, cada). Dos cinco chefes de famílias que informaram morar há menos de 2 anos no bairro ou comunidade quatro estavam adscritos às equipes 03 e um estava adscrito à equipe 08; todos oriundos de outro bairro do município de Vitória. Dos 240 domicílios entrevistados, 14 chefes de família não trabalhavam ou não possuíam rendimentos. Os outros 226 chefes de família tinham uma ou mais fontes de rendimentos: totalizando 240 menções, das quais 42% referiram emprego no setor de comércio e serviços e 34% possuíam rendimentos provenientes de aposentadorias ou pensões. Cerca de 15% trabalhavam na construção civil, 5% em transporte e comunicações e apenas 3% eram empregadores. Ocupantes de funções administrativas e beneficiários de programas sociais representavam 2% (cada). Proporcionalmente, os chefes de família que trabalhavam no setor de comércio e serviços estavam mais concentrados nas áreas sob responsabilidade da equipe 06 (65% das atividades mencionadas) e aposentados ou pensionistas concentravam-se nas áreas atendidas pela equipe 03 (63% das fontes de renda mencionadas). Considerando a posição na ocupação dos chefes de família que trabalhavam ou possuíam rendimentos observaram-se percentuais mais elevados de empregados do setor privado (36%) e dos que trabalhavam por conta própria (19%) sendo que a maior parte destes últimos o fazia fora de casa (13%). O setor público foi responsável por empregar cerca de 9% do total dos chefes de família que trabalhavam ou possuíam rendimentos. Nas famílias sob a responsabilidades das equipes 05 e 07 (48%, cada) estavam os percentuais mais elevados de chefes de família empregados do setor privado enquanto nas áreas das equipes 07 (28%), 01 e 08 (17%, cada) havia mais chefes de família que trabalhavam por conta própria fora de casa. Considerando os chefes de famílias pesquisadas que trabalhavam ou possuíam rendimentos, mas cuja posição na ocupação estaria associada à existência de vinculo trabalhista formalizado em carteira de trabalho, ou seja, não integravam os grupos de empregadores, locadores, aposentados ou pensionistas, observamos que: dos 226 chefes de família que trabalhavam ou possuíam rendimentos, 53 (24%) não tinham carteira de trabalho assinada. As famílias com chefes de famílias que trabalhavam sem carteira assinada foram mais encontrados entre as famílias adscritas às equipes 01 (31%), 06 (27%)
6 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 187 e 07 (41%). A vulnerabilidade à pobreza das 240 famílias pesquisadas em Vitória segundo a situação ocupacional do chefe de família atingiu patamar médio: 6% (14) sem rendimentos e 23% (53) trabalhadores sem carteira de trabalho. Tabela 119 Posição na ocupação dos chefes de famílias usuárias do PSF que trabalham ou têm rendimentos, Vitória (ES), 2002 Posição na ocupação N % Empregado do setor privado 81 35,8 Aposentado/pensionista 77 34,1 Por conta própria fora de casa 29 12,8 Empregado do setor público 20 8,8 Por conta própria em casa 13 5,8 Empregador 7 3,1 Recebe benefícios sociais * 5 2,2 Trabalhador doméstico 5 2,2 Locador de imóvel 3 1,3 *Bolsa-alimentação, bolsa-educação e outros programas de renda mínima. Os rendimentos mensais obtidos pelos chefes das famílias pesquisadas foram: 38% recebiam até 1 salário mínimo integrando um conjunto significativo de renda miserável 4, incluindo 14 chefes de família (6%) que declararam não ter rendimentos. Os chefes de família de renda muito baixa, que recebiam entre 1 e 2 salários mínimos, corresponderam a 32% e os de renda baixa, com rendimentos entre 2 e 3 salários mínimos, constituíram 13% do total. Trinta e cinco chefes de família (15%) foram classificados como não pobres, isto é, recebiam remuneração acima de três salários mínimos e sete (3%) não informaram seus rendimentos mensais. Os chefes das famílias adscritas às equipes 02, 04 e 05 encontravam-se em situação econômica mais vulnerável, com maiores proporções dos que tinham renda miserável (47%, 50% e 63%, respectivamente), enquanto os chefes de famílias das áreas atendidas pela equipe 03 apresentaram taxas muito mais elevada à média dos considerados como não pobres (60%). Os chefes com renda miserável das famílias adscritas às equipes bem sucedidas apresentaram percentuais mais elevados (43%) do que entre os adscritos às equipes com dificuldades (33%). Tabela 120 Rendimentos mensais (em salários mínimos) * dos chefes de famílias usuárias do PSF, Vitória (ES), 2002 Níveis de renda (salário mínimo) N % Sem rendimentos 14 5,9 4 Adota-se a classificação proposta por Figueiredo, Schiray & Lustosa (1990) que considera o grupo de baixa renda constituído por três classes: até 1 salário mínimo inclusive, denominada de renda miserável, entre 1 e 2 salários mínimos inclusive, denominada de renda muito baixa e entre 2 e 3 salários mínimos inclusive, denominada de renda baixa. A remuneração acima de 3 salários mínimos foi considerada como de não pobres.
7 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 188 Até ½ 10 4,2 ½ a ,5 1 a ,7 2 a ,3 3 a ,8 5 a ,8 Não informado 7 2,9 Total ,0 * Salário mínimo de abril de 2002, R$ 200,00 (duzentos reais). A análise das principais características de vulnerabilidade das chefias familiares permitiu identificar situações mais intensas de vulnerabilidade naquelas adscritas às equipes 01 e 04. Considerando os grupos de equipes selecionadas os chefes de famílias adscritas às equipes consideradas como bem sucedidas apresentaram maior número de indicadores de vulnerabilidade. Entre os chefes das famílias vinculadas às equipes bem sucedidas verificou-se proporção bem mais elevada de chefia feminina, jovens de idade entre 20 e 24 anos, negros ou pardos, com menos 4 anos de estudo e com rendimentos mensais inferiores a 1 salário mínimo, e, quando somados aos chefes de família sem rendimentos para totalizar os de rendas miseráveis, a proporção continua mais elevada nos chefes de famílias sob responsabilidade destas equipes. Entre as famílias adscritas às equipes com dificuldades houve a concentração de todos os chefes que informaram residir na localidade há 2 anos ou menos e proporção mais elevada de chefes de família com 65 anos ou mais. Quanto à posição na ocupação as equipes bem sucedidas apresentaram taxas um pouco mais elevadas de aposentados e pensionistas (33%).
8 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 189 Quadro 37 Síntese das principais características de vulnerabilidade dos chefes de famílias usuárias do PSF, por grupos de equipes selecionadas, Vitória (ES), 2002 Características Todas as equipes Equipes bem sucedidas Equipes com dificuldades N % N % N % Chefia feminina 56 23, , ,0 Idade entre 20 e 24 anos 11 4,6 8 7,0 3 3,0 Idade 65 ou mais anos 51 21, , ,0 Negros e pardos , , ,0 Sem escolaridade 29 12, , ,5 Menos de 4 anos de estudo 52 21, , ,5 Vulnerabilidade educacional 81 33, , ,0 Residência na localidade há 2 anos ou menos* 5 6,5 0 0,0 5 13,9 Não trabalham nem possuem rendimentos 14 5,8 9 64,3 5 35,7 Aposentados, pensionistas** 77 34, , ,1 Sem carteira de trabalho assinada** 53 24, , ,7 Rendimentos mensais até 1 salário mínimo 76 31, , ,3 Rendas miseráveis 90 37, , ,0 *Chefes de família que foram informantes da pesquisa **Percentual calculado sobre o total de chefes de família que trabalham ou têm rendimentos Caracterização das famílias e moradores Entre os 987 moradores das famílias entrevistados 51% eram do sexo feminino e 49% do sexo masculino, distribuição semelhante à da população total de Vitória. No entanto podemos observar uma concentração maior de homens nas áreas de abrangência das equipes 01, 05, 06 e 08, enquanto que nas áreas sob a responsabilidade das equipes 02, 03, 04 e 07 a concentração maior era de mulheres. Na distribuição da população por faixa etária houve predomínio dos grupos de crianças e adolescentes até 14 anos (30%) e de jovens e adultos jovens, 15 a 29 anos, (28%). Estes grupos somados apresentam índice superior ao observado na população total de habitantes do município que em 2000 era 53%. O mesmo podemos observar entre a população usuária do PSF com 60 anos ou mais (12%) que apresenta índice superior ao da população em geral do município (8%).
9 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 190 Tabela 121 Faixas etárias dos moradores das residências pesquisadas, Vitória (ES), 2002 Faixa etária N % Menos de 14 anos ,9 15 a 19 anos ,3 20 a 29 anos ,9 30 a 39 anos ,6 40 a 49 anos ,2 50 a 59 anos 71 7,2 60 a 64 anos 36 3,6 65 ou mais anos 81 8,2 Total ,0 A maioria dos entrevistados se auto-classificou como pardo (57%), 34% consideram-se brancas, e 9% afirmaram que sua cor ou raça era negra. Esta proporção se manteve entre as diferentes áreas sob a responsabilidade das equipes selecionadas, com exceção das equipe 01 que apesar de manter o percentual maior de pardos (59%) apresenta uma proporção maior de negros (22%) que brancos (20%), e 03 que apresenta a maior proporção de moradores que se auto-classificaram como brancos (75%) e 25% de pardos. Em todas as outras áreas a proporção maior é de pardos, sendo que entre os moradores sob a responsabilidade das equipes 02 (66%), 05 (72%) e 07 (70%) os percentuais são maiores que a média. A escolaridade verificada entre os moradores era baixa: 13% informaram não ter qualquer escolaridade; 23% não concluíram o primeiro segmento do ensino fundamental, ou seja, até três anos de estudo; e 55% tinha menos de oito anos de estudo (excetuando os sem escolaridade). Somente 9% e 11% conseguiram concluir, respectivamente, o ensino fundamental e o ensino médio. Quanto aos chefes de família, como anteriormente informado, cerca de 12% referiram não ter escolaridade e 22% referiu ter cursado até a 3ª série do 1º grau. A maioria (37%) dos chefes de família tinha cursado até a 7ª série do 1º grau e apenas 10% dos chefes de família possuíam o 1º grau completo. Cerca de 11% dos chefes de família tinham o 2º grau completo ou mais anos de estudo dos quais 4% (10) tinham curso universitário completo.
10 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 191 Tabela 122 Escolaridade dos moradores e chefes de família das residências pesquisadas, Vitória (ES), 2002 Nível de escolaridade Moradores Chefes de família N % N % Sem escolaridade , ,1 Menos de 4 anos , ,7 Mais de 4 anos e menos de 8 anos , ,1 1 o grau completo 93 9, ,0 2 o grau incompleto 65 6,6 10 4,1 2 o grau completo ,3 23 9,6 Universitário incompleto 13 1,3 3 1,3 Universitário completo 25 2,5 10 4,2 Não respondeu 4 0,4 - - Total , ,0 A escolaridade foi mais baixa entre os moradores adscritos às equipes 01 (18% sem escolaridade e 37% com até 4 anos de estudo), 04 ( 16% sem escolaridade e 37% com até 4 anos de estudo), 05 (14% sem escolaridade e 38% com até 4 anos de estudo) e 08 (14% sem escolaridade e 37% com até 4 anos de estudo). Por outro lado os moradores adscritos à área sob a responsabilidade da equipe 03 apresentaram índices de escolaridade acima da média, principalmente entre aqueles que conseguiram concluir o ensino médio (28%) e superior (19%). Os moradores sob a responsabilidade da equipe 02 também apresentam índices um pouco acima da média no diz respeito aqueles que concluíram o ensino médio (13%) e ensino superior (6%). A maioria dos moradores entrevistados não estava estudando (65%), proporção mais elevada entre os moradores adscritos à equipe 03 (75%) e mais reduzida entre aqueles que moravam nas áreas de abrangência das equipes 06 e 07 (61%). Entre as 163 crianças e adolescentes em idade escolar (7 a 14 anos) a grande maioria 98% freqüentava a escola. As quatro crianças que não estavam estudando no momento da entrevista residiam nas áreas de abrangência das equipes 01 (1), 02 (1), 04 (1) e 05 (1). O conjunto dos moradores entrevistados apresentavam estabilidade habitacional: 16% afirmaram residir no mesmo bairro ou comunidade entre seis e dez anos e 55% residiam há mais de 10 anos na mesma localidade, proporção que aumentava entre as famílias adscritas às equipes 01 (60%), 02 (63%) e 05 (70%). Das 22 pessoas entrevistadas que moravam no bairro há menos de dois anos, 12 responderam que moravam em outro bairro do município de Vitória, 7 em bairros de outras cidades, dos quais seis eram oriundas do Espírito Santo e somente uma vinha de outro estado, Bahia, e 3 não responderam a pergunta sobre o município anterior de moradia. Observou-se concentração de moradores com baixo tempo
11 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 192 de residência na localidade ou bairro nas áreas de abrangência da equipe 03 (7). Os moradores que apresentava, menor estabilidade habitacional estavam predominantemente, adscritos às equipes com dificuldades. O número de componentes da família que trabalham indica o esforço necessário para a obtenção da renda. Nas famílias em que 4 ou mais pessoas trabalham ou têm rendimentos pode-se pressupor a necessidade de inserção no mercado de trabalho de duas ou três gerações: além dos pais, a ocupação infanto-juvenil e/ou a aposentaria ou pensões dos avós. Entre as famílias pesquisadas duas (1%) afirmaram que nenhum dos seus membros trabalhava nem tinha rendimentos: uma localizada na área de abrangência da equipe 01 e a outra adscrita à área sob a responsabilidade da equipe 02. Na maioria das residências somente um morador (40%) trabalhava ou tinha rendimentos, proporção mais elevada entre os moradores adscritos às equipes 08 (53%), 05 (47%), 01 e 06 (50%). Em 33% das famílias dois de seus integrantes trabalhavam ou possuíam rendimentos, em 17% três membros trabalhavam ou tinham rendimentos, em 7% quatro residentes trabalhavam ou possuíam rendimentos e em 3% das unidades entrevistadas (6) existiam cinco moradores que trabalhavam ou tinham rendimentos. Estas estavam adscritas, principalmente, às equipes bem sucedidas. A taxa de dependência nos grupos familiares pesquisados em Vitória era desfavorável em 41% do total (99) nas quais esse indicador variou entre 0,01 e 0,40. Por outro lado, 33% das famílias (79) pesquisadas em Vitória apresentavam baixa vulnerabilidade à pobreza e 26% das famílias (62) apresentam taxa média de dependência. As famílias que apresentam taxa de dependência mais favorável (entre 0,81-1,00) estavam mais presentes nas áreas sob a responsabilidade das equipes 02 e 03. As famílias que apresentavam taxas de dependência mais desfavorável (0,01-0,40) residiam em áreas adscritas às equipes 01, 05, 06 e 08, e estavam em maior número vinculadas às equipes com dificuldades. As famílias mais vulneráveis, com taxa de dependência inferior a 0,20 localizavam-se na área de uma das equipes com dificuldades.
12 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 193 Tabela 123 Taxa de dependência nas residências pesquisadas, Vitória (ES) 2002 Taxa de dependência N % 0,01 0, ,3 0,21 0, ,9 0,41 0, ,8 0,61 0, ,0 0,81 1, ,9 Total ,0 Quanto à posição na ocupação, os moradores que trabalhavam ou tinham rendimentos, a maioria estava ocupada no setor privado (34%) ou eram aposentados e pensionistas (25%). Cerca de 16% trabalhavam por conta própria, dos quais a maior parte (11%) fora de casa, e 10% eram empregados do setor público. A posição na ocupação proporcionalmente mais mencionada por moradores entrevistados segundo a equipe de Saúde da Família a que estavam adscritos foram: aposentados ou pensionistas às equipes 02 e 03; empregados do setor privado às 01, 02, 04, 05, 06, 07 e 08. Vale ressaltar que 23% dos moradores adscritos à equipe 07 recebiam benefícios sociais. As famílias adscritas às equipes bem sucedidas congregavam maior número de trabalhadores do setor privado, conta própria fora de casa, aposentados e pensionistas e setor público. As famílias vinculadas às equipes com dificuldades concentravam proporções mais elevadas de trabalhadores também no setor privado e aposentados e pensionistas. Tabela 124 Posição na ocupação dos moradores que trabalham ou têm rendimentos, Vitória (ES), 2002 Posição na ocupação N % Empregado do setor privado ,2 Aposentado/Pensionista ,7 Conta própria fora de casa 49 10,5 Empregado do setor público 47 10,1 Trabalhador doméstico 40 8,6 Recebe benefícios sociais 36 7,7 Conta própria em casa 25 5,4 Empregador 10 2,2 Locador de imóvel 6 1,3 Não respondeu 2 0,4 Indefinido - - A maior parte dos 465 moradores que trabalham ou têm rendimentos entre as famílias usuárias do PSF pesquisadas estava vinculada ao setor de comércio e serviços (51%), percentual mais elevado entre os moradores adscritos às áreas sob a responsabilidade das equipes 01 (60%) e 06 (69%). A segunda maior fonte de rendimentos estava representada
13 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 194 por aposentados e pensionistas (25%), principalmente entre os moradores adscritos à equipe 03 (56%), e em terceiro o grupo de trabalhadores da construção civil (8%). Tabela 125 Setor de atividade dos moradores que trabalham, Vitória (ES), 2002 Setor de atividade N % Comércio e serviços ,0 Aposentados e pensionistas ,7 Construção civil 38 8,2 Recebedor de outros benefícios sociais 35 7,5 Ocupações administrativas 19 4,1 Transporte e comunicações 12 2,6 Empregadores 10 2,2 Locador 6 1,3 Ocupações artesanais, artísticas e desportivas 4 0,9 Industria de transformação 2 0,4 Industria extrativa 1 0,2 Agropecuária 1 0,2 Não respondeu 9 1,9 * A soma dos valores relativos ultrapassa os 100% porque um mesmo morador pode ter mais de uma ocupação ou mais de uma fonte de rendimentos. No que se refere a formalização do vínculo de trabalho por meio de carteira assinada verificou-se que 30% dos moradores que trabalhavam não possuíam carteira de trabalho assinada. Para este cálculo foram considerados moradores com rendimentos subtraindo-se aposentados e pensionistas, empregadores e locadores. Do conjunto de moradores pesquisados que trabalhavam ou tinham rendimentos 75% recebiam até dois salários mínimos de abril de 2002, sendo que 45% recebia apenas até 1 salário mínimo. Observou-se maior concentração desses baixos rendimentos (até um salário mínimos) entre os moradores adscritos às equipes 04 (46%) e 05 (51%). A área de abrangência da equipe 03 foi a que revelou situação econômica mais favorável: 9% recebiam de 2 a 3 salários mínimos, 12% recebiam de 3 a 5 salários mínimos, 23% recebiam de 5 a 10 salários mínimos e 26% recebiam 10 salários mínimos ou mais. Em relação aos rendimentos mensais obtidos pelos chefes das famílias pesquisadas observou-se situação um pouco melhor no conjunto de moradores: 38% recebiam até 1 salário mínimo, incluindo os 4% que declararam não ter rendimentos e 32% recebiam entre 1 e 2 salários mínimos, totalizando 70% de chefes de famílias que recebiam até dois salários mínimos.
14 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 195 Tabela 126 Rendimentos mensais (em salários mínimos) * dos moradores que trabalham ou têm rendimentos, Vitória (ES), 2002 Níveis de renda N % Até ½ salário mínimo 49 10,5 ½ a 1 salário mínimo ,2 1 a 2 salários mínimos ,9 2 a 3 salários mínimos 47 10,1 3 a 5 salários mínimos 24 5,2 5 a 10 salários mínimos 21 4,5 10 a 20 salários mínimos 11 2,4 Mais de 20 salários mínimos 3 0,6 Não informado 12 2,6 Total ,0 * Salário mínimo de abril de 2002, R$200,00 (duzentos reais). Em Vitória 611 moradores pesquisados situavam-se na faixa da população economicamente ativa de 15 e 64 anos de idade, dos quais 66% estavam ocupados no momento da pesquisa. A taxa de desemprego era de 17%, situação que se agrava entre os moradores adscritos à equipe 05 (25%). As áreas sob a responsabilidade das equipes bem sucedidas concentraram um número maior de moradores desocupados com idade entre 15 e 64 anos. Foi possível identificar uma relação inversa entre trabalhadores sem carteira de trabalho assinada e taxa de desemprego, isto é, quanto maior o percentual dos que trabalhavam sem vínculo formal de trabalho menor a taxa de desemprego. A taxa de desemprego dos moradores entre 15 e 64 anos de idade das famílias adscritas ao PSF pesquisados foi calculada considerando-se a desocupação ou desemprego aberto como a percentagem das pessoas desocupadas em relação às pessoas economicamente ativas. Pessoas economicamente ativas foram definidas como as pessoas ocupadas mais as desocupadas no mesmo período. Pessoas ocupadas foram classificadas como as que tinham trabalho mesmo não tendo exercido no período considerado por motivo de férias, licença, greve, etc. E foram classificadas como pessoas desocupadas aquelas sem trabalho, mas que tomaram alguma providência efetiva de procura de trabalho no período (IBGE, 2002). Entre os 206 moradores pesquisados que estavam desocupados, 71% tinham experiência anterior, proporção mais elevada entre os moradores adscritos às equipes 07 (88%) e 08 (81%). Presume-se que os 30 moradores desocupados sem experiência anterior de trabalho signifiquem a taxa de desemprego da força de trabalho jovem que não consegue entrar no mercado de trabalho (15%), percentual mais elevado entre esse grupo de moradores adscritos à equipe 02 (29%). Ente as famílias adscritas às equipes bem sucedidas existia maior número de moradores desocupados sem experiência anterior. Do total de moradores
15 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 196 desocupados com experiência anterior de trabalho (146) a grande maioria (94%) estava há mais de trinta dias sem trabalhar, ou seja, o desemprego não era recente, situação que prevalecia entre todos os desocupados adscritos às equipes 02, 04, 06 e 08. A taxa de desalento era elevada: cerca de 44% dos moradores pesquisados que estavam desocupados não procuraram emprego nos últimos 30 dias, proporcionalmente, era mais elevada no grupo adscrito às equipes com dificuldades (47%). Ao analisar as principais características de vulnerabilidade dos moradores por grupo de equipes segundo o desempenho (bem sucedidas e com dificuldades) observamos que os adscritos às equipes com dificuldades apresentam maior número de situações de vulnerabilidade, ou seja, concentram proporções mais elevadas: de moradores menores de 14 anos, com idade superior a 65 anos, que residem na localidade há menos de 2 anos, que possuem taxa de dependência desfavorável, de aposentados e pensionistas, de trabalhadores sem carteira assinada e de desocupados que não procuraram trabalho no mês anterior. Adscritos às equipes bem sucedidas verificamos maior proporção entre os moradores: que se auto-classificam com o pardos e negros, sem escolaridade, com menos de quatro anos de estudo, com vulnerabilidade educacional, com 7 a 14 que não estavam estudando, que não trabalham nem possuem rendimentos, com rendimentos mensais de até 1 salário mínimo, com taxa de desocupados entre 15 e 64 anos e desocupados sem experiência anterior. Observamos que as famílias em que quatro ou mais membros trabalhavam ou tinham rendimentos apresentaram a mesma proporção nas áreas vinculadas às equipes bem sucedidas e com dificuldades.
16 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 197 Quadro 38 Síntese das principais características de vulnerabilidade dos moradores por grupos de equipes segundo desempenho, Vitória (ES), 2002 Características Todas as equipes Equipes bem sucedidas Equipes com dificuldades N % N % N % Menores de 14 anos , , ,5 Com 65 ou mais anos 81 8,2 36 7,3 45 9,1 Negros e pardos , , ,0 Sem escolaridade , , ,1 Menos de 4 anos de estudo , , ,6 Vulnerabilidade educacional , , ,7 7 a 14 anos que não estavam estudando (1) 4 2,6 3 4,4 1 1,0 Famílias com residência na localidade há 2 anos ou menos 22 9,2 8 6, ,7 Não trabalham nem possuem rendimentos (2) 2 0,8 2 1,6 - - Trabalham ou têm rendimentos 4 ou mais membros família 22 9,2 11 9,2 11 9,2 Famílias com taxa de dependência desfavorável (0,01-0,20) 32 13, , ,8 Aposentados, pensionistas (3) , , ,9 Sem carteira de trabalho assinada (3) , , ,8 Rendimentos mensais até 1 salário mínimo , , ,0 Taxa de desemprego 15 a 64 anos 84 17, , ,0 Desocupados sem experiência anterior 30 14, ,7 9 8,5 Desocupados que não procuraram trabalho no mês anterior 90 43, , ,7 (1) Percentual calculado sobre o total de crianças na faixa etária (2) Excluídos menores de 14 anos. (3) Percentual calculado sobre o total de moradores que trabalham ou têm rendimentos. Caraterísticas dos domicílios A infraestrutura habitacional é importante elemento na caracterização das condições de vida e saúde da população. Indicadores de vulnerabilidade habitacional são: tipo de construção, densidade do dormitório, banheiro interno e externo, individual e coletivo, abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo. Em conjunto delimitam um ambiente mais ou menos saudável em que vivem as pessoas. Do conjunto de residências pesquisadas, a maioria (63%) era habitada por 3 a 5 moradores, com proporção superior nos domicílios das áreas de abrangência das equipes 08 (80%), 07 (67%) e 01 (67%). Em cerca de 16% das residências pesquisadas (40) moravam mais de 6 pessoas, concentrando-se na área vinculada à equipe 04, onde representavam 30% dos domicílios pesquisados. A maioria dos domicílios das famílias entrevistadas em Vitória (88%) era construída de tijolos ou adobe. Em 7% das residências o material utilizado na construção foi madeira e em cerca de 4% utilizaram material aproveitado; a maior parte destas residências estava localizada nas áreas vinculas às equipes com dificuldades. Cerca de 52% tinham de 5 a 6 cômodos e 6% tinham 7 cômodos, totalizando 58% dos domicílios pesquisados com 5 a 7 cômodos, 9% dos domínios tinham 8 ou mais cômodos e se concentravam nas áreas de
17 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 198 abrangências das equipes 02 ( 30%) e 03 (36%). O percentual de domicílios constituídos por 3 a 4 cômodos foi de 24% e concentrava-se nas áreas de abrangência vinculadas às equipes com dificuldades. Somente 6% dos domicílios entrevistados possuíam 1 a 2 cômodos e se distribuíam igualmente entre as áreas de abrangências das oito equipes. Em 107 dos 240 domicílios pesquisados, ou seja, cerca de 45%, a densidade era de 0,5 a 0,9 moradores por cômodo e em 87% das residências a densidade era inferior a 1,5% morador por cômodo. Densidades mais elevadas acima de 3 moradores por cômodo eram apresentadas apenas por 2% (5) das residências localizadas nas áreas de abrangência vinculadas às equipes 01 (1), 02 (1), 04 (1) e 07 (2). A grande maioria das moradias tinha cozinha (94%). Os domicílios sem cozinha independente (9) concentrava-se nas áreas sob a responsabilidade das equipes bem sucedidas, sendo que mais da metade dos 9 domicílios sem cozinha independente localizava-se na área de abrangência da equipe 02. A maioria dos domicílios também tinha banheiro interno (81%), percentual mais elevado nos domicílios adscritos à equipe 03 (97%) e mais reduzido nos domicílios vinculados à equipe 02 (60%). Em apenas 3% dos domicílios (8) o banheiro era externo e de uso coletivo, quatro destes localizavam-se na área adscrita à equipe 02 e em 13 domicílios (5%) não existia banheiro interno e nem externo, três dos quais também localizavam-se na área sob a responsabilidade da equipe 02. Os domicílios sem banheiro (13) distribuíram-se por todas áreas adscritas às equipes com exceção da 07 e os domicílios sem cozinha independente encontravam-se nas áreas vinculadas as equipes 01 (1), 02 (5), 04 (1) e 07 (2). Cerca de 42% dos domicílios pesquisados possuíam dois dormitórios, proporção que aumenta para 57% na área adscrita à equipe 05, e 23% tinha 3 dormitórios, situação de 33% das residências sob a responsabilidade da equipe 03. As casas compostas com apenas um dormitório concentravam-se nas áreas adscritas às equipes 07 (40%), 01 (37%), 02 (37%) e 08 (33%). As moradias com quatro ou mais dormitórios concentravam-se discretamente nas áreas sob a responsabilidade das equipes bem sucedidas. No que se refere à densidade por dormitório em 23% dos domicílios existia uma densidade de 1,5 a 1,9 moradores por dormitório, e em 21% a densidade era de 2,0 a 2,4 moradores por dormitório. Situações mais confortáveis foram verificadas em 22% dos domicílios cuja densidade era inferior a 1,5 moradores por dormitório, localizados principalmente nas áreas sob a responsabilidade das equipes 02 (40%) e 03 (40%) e discretamente concentradas nas áreas vinculadas às equipes bem sucedidas. Em 5% dos domicílios a densidade por
18 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 199 dormitório era entre 3,0 a 3,5 moradores e situações mais desconfortáveis, com mais de 4 moradores por dormitório, representavam 14% do conjunto das residências entrevistadas, concentrando-se nas áreas vinculadas às equipes 01 (6 casas), 07 (8 casas) e 08 (sete casas). As equipes com dificuldades eram responsáveis pela maior parte das famílias que viviam em condições de altas densidades por dormitório. O abastecimento de água por ligação com rede geral supria a grande maioria dos domicílios pesquisados (99,6%). Somente um domicílio localizado na área adscrita à equipe 03 não possuía este serviço. No que se refere ao tratamento da água no domicílio, cerca de 70% utilizava a filtração, proporção que aumentava para 90%, 83% e 77% nas áreas adscritas às equipes 01, 06 e 05 respectivamente. Aproximadamente 8% comprava água mineral. Em 15% dos domicílios não se realizava tratamento de água, principalmente nas áreas adscritas às equipes 07 (37%), 08 (23%), 02 (18%) e 04 (18%). Quase todos os domicílios pesquisados (98%) tinham energia elétrica e o fornecimento era regular. Somente três famílias informaram não ter energia elétrica, uma adscrita à equipe 02 e duas vinculadas à equipe 07. Nove domicílios (cerca de 4%) dos 240 informaram que ocorriam interrupções do fornecimento de energia elétrica, fato ocorrido entre uma e três vezes na semana anterior à pesquisa em cerca de 56% desses domicílios, nos outros 44% não faltara luz no período. A grande maioria dos domicílios pesquisados (cerca de 98%) possuía esgoto ligado à rede geral. Somente 6 domicílios dos 240 não tinha este sistema de esgoto: quatro estavam, localizadas na área de abrangência da equipe 02, um na área adscrita à equipe 03 e um vinculado à equipe 07. Estes domicílios utilizavam os seguintes tipos de esgotamento sanitário: fossa séptica (1), vala negra (1), fossa rudimentar (1), outra forma (1) e dois não responderam. O sistema público de coleta de lixo atendia 99% dos domicílios pesquisados, na porta (95%) e por meio de caçamba (4%). Este índice atingia 100% das residências localizadas nas áreas adscritas às equipes 01, 03, 04, 05, 06 e 07. Somente 1 (0,4%) domicílio não recebia serviço de coleta de lixo, localizado na área de abrangência da equipe 02 e um domicílio não respondeu. O serviço de coleta era regular, ou seja, 97% dos domicílios afirmaram que o lixo era coletado em dias fixos, esta proporção aumenta para 100% nas áreas de abrangência das equipes 01, 05, 06, 07 e 08. Somente dois domicílios localizados na área vinculada à equipe 04 mencionaram que a coleta era feita sem dias fixos e quatros
19 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 200 domicílios adscritos às áreas das equipes 02 e 03 não responderam. Somente cerca de 5% dos domicílios entrevistados utilizam outra forma para livrar-se do lixo, queimar é a mais freqüente (3%). Quadro 39 Distribuição de serviços públicos de saneamento básico nos domicílios pesquisados e no total de domicílios (em %), Vitória (ES), 2002 Serviços Públicos Básicos Domicílios Pesquisados Vitória Moradores Urbanos Rede geral de esgoto 97,5 89,8 Fossa sépticas 0,4 7,6 Fossa Rudimentar 0,4 0,3 Vala Negra 0,4 0,1 Outro /Não respondeu 1,2 1,1 Rede geral de água 99,6 99,3 Coleta de lixo na porta - direta e indireta (*) 99,2 75,8 Queimado 2,9 17,3 Jogado no rio ou no próprio terreno 0,4 0,3 Jogado na rua ou em terreno baldio 0,4 5,0 Outro meio/não respondeu 1,2 0,6 (*) A soma das formas de destino de lixo ultrapassam 100% pois os moradores utilizam mais de uma forma. Comparando a distribuição de serviços públicos de saneamento básico entre o grupo de domicílios de usuários do PSF e o total de domicílios do município de Vitória pode ser observado maior percentual de moradias com ligação às redes gerais de esgoto e água entre os domicílios de usuários do PSF, embora a diferença, no que se refere ao abastecimento da água, seja discreta. O serviço de coleta de lixo direta e indireta também apresenta percentuais mais elevados entre o grupo de domicílios usuários do PSF do que entre o total de moradores do município. Neste aspecto a precariedade dos domicílios pesquisados de famílias usuárias do PSF é indicada pela utilização da queima do lixo como outra forma de livra-se do lixo, apesar de apresentar percentuais menores que os apresentados pelo total da população de Vitória. Comparando as principais características de vulnerabilidade habitacional entre os domicílios adscritos às equipes bem sucedidas e aquelas vinculadas às equipes com dificuldades podemos observar que os moradores sob a responsabilidade das equipes consideradas bem sucedidas apresentam condições de moradia levemente piores, excetuando a relacionada ao material de construção da habitação, e maior número de características de vulnerabilidade. As equipes com dificuldades apresentam, discretamente, maior número de domicílios sem energia elétrica, e também o maior número de residências que utilizam outra forma para livrar-se do lixo.
20 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 201 Quadro 40 Síntese das principais características dos domicílios por grupos de equipes segundo desempenho, Vitória (ES), 2002 Características Todas as equipes Equipes bem sucedidas Equipes com dificuldades N % N % N % 6 ou mais moradores por domicílio 40 16, , ,1 Material de construção: madeira e material aproveitado 26 10,9 11 9, ,5 Densidade superior 3 moradores por cômodo 5 2,0 3 2,5 2 1,6 Sem banheiro e banheiro externo de uso coletivo 21 8, ,0 9 7,5 Sem cozinha independente 9 3,7 7 5,8 2 1,6 Densidade superior 3 moradores por dormitório 53 22, , ,6 Sem ligação com a rede geral de água 1 0, ,8 Sem energia elétrica 3 1,3 1 0,8 2 1,6 Sem ligação à rede geral de esgoto 6 2,5 4 3,3 2 1,6 Com vala negra* 1 16, ,0 Sem coleta de lixo 1 0,4 1 0,8 - - Utiliza outra forma de destino do lixo 11 4,5 2 1,6 9 7,5 *Percentual calculado em relação ao total de domicílios sem ligação com a rede geral de esgoto. Meios de comunicação e participação em grupos comunitários A televisão (58%) foi o meio de comunicação mais freqüentemente utilizado pelas famílias entrevistadas, proporção que aumenta entre os moradores adscritos às equipes 02 (80%) e 06 (70%). O rádio ( 50%) é o segundo meio de comunicação mais utilizado seguido pelo jornal (23%) cujo percentual aumenta entre os domicílios localizados nas áreas de abrangências das equipes 02 (40%), 03 (40%) e 01 (30%). Embora cerca de 30% mencionassem ler livros sempre ou quase sempre, a maioria dos entrevistados não utilizava ou utilizava pouco este meio de comunicação. As revistas também são utilizadas com pouca freqüência pelos entrevistados (17%). A internet foi o meio de comunicação menos utilizado pois 96% das famílias informaram não usar.
21 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 202 Tabela 127 Caracterização dos moradores quanto ao uso e freqüência de utilização de meios de comunicação (em %), Vitória (ES), 2002 Meio de comunicação Sempre Quase sempre Raramente Não TV 57,5 15,8 18,8 7,9 Rádio 49,6 12,9 19,2 18,3 Jornais 22,9 14,6 27,1 35,4 Revistas 16,7 10,4 21,7 51,2 Livros 21,3 7,9 19,2 51,6 Internet 2,1 0,8 0,8 95,5 Não foram observadas diferenças importantes entre as famílias adscritas às equipes bem sucedidas e as vinculadas às equipes com dificuldades na alta freqüência de utilização da televisão, na baixa freqüência de leitura de jornais e na proporção maior de famílias que lêem livros. Foi verificada maior proporção de famílias que escutam rádio com freqüência entre as equipes bem sucedidas, no entanto as equipes com dificuldades apresentam percentuais maiores de famílias que sempre e quase sempre lêem revistas e utilizam a internet, embora em número reduzido. Quadro 41 Caracterização das famílias quanto ao uso e freqüência de utilização de meios de comunicação por grupos de equipes selecionadas, Vitória (ES),2002 Meio de Comunicação Freqüência de utilização Todas as Equipes bem Equipes com equipes sucedidas dificuldades N % N % N % Televisão Sempre e quase sempre , , ,8 Raramente e não utiliza 64 26, , ,2 Rádio Sempre e quase sempre , , ,0 Raramente e não utiliza 90 37, , ,0 Jornal Sempre e quase sempre 90 37, , ,2 Raramente e não utiliza , , ,8 Revista Sempre e quase sempre 65 27, , ,5 Raramente e não utiliza , , ,5 Livro Sempre e quase sempre 70 29, , ,8 Raramente e não utiliza , , ,2 Internet Sempre e quase sempre 7 2,9 1 0,8 6 5,0 Raramente e não utiliza , , ,0 O meio de transporte utilizado com mais freqüência pelos moradores das famílias entrevistadas foi ônibus (83%). Algumas famílias utilizavam carro (8%) e concentravam-se na área sob a responsabilidade da equipe 03. As famílias que mencionaram andar a pé ou utilizar a bicicleta como meio de transporte distribuíam-se entre as equipes sem apresentar diferenças relevantes. A participação dos moradores em grupos comunitários era bastante reduzida; em média 98% não participavam ou raramente freqüentavam grupos culturais, de ajuda mútua,
22 VITÓRIA (ES) FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF 203 associações de moradores, partidos políticos, cooperativas e grupos de saúde. O grupo mais freqüentado era do tipo religioso nos quais participavam sempre ou quase sempre cerca de 27% dos moradores entrevistados. Tabela 128 Freqüência de participação dos moradores em grupos comunitários por tipo (em %),Vitória (ES), 2002 Grupo Comunitário Sempre Quase sempre Raramente Não participa Religioso 24,0 2,6 1,7 71,6 Cultural ou desportivo 1,3 0,1 0,1 98,5 Ajuda mútua 0, ,8 Associação de moradores 0,6 1,3 0,2 97,9 Partidos Políticos 0,2 0,1 0,1 99,6 Cooperativa 0,1 0,1-99,8 Grupo de saúde 5,8 0,8 0,7 92,7 Não foi observada diferença participação dos moradores nos diversos tipos de grupos comunitários quando comparados os adscritos às equipes bem sucedidas e os vinculados às equipes com dificuldades. Observou-se apenas proporções discretamente mais elevadas, porém sempre com baixos patamares de participação, dos moradores sob a responsabilidade das equipes bem sucedidas que freqüentavam, sempre e às vezes, grupos de saúde (9%). Quadro 42 Caracterização dos moradores quanto à freqüência de participação em grupos comunitários por tipo de grupo e por grupos de equipes selecionadas, Vitória (ES), 2002 Tipos de grupos comunitários Religioso Cultural e esportivo Ajuda mútua Associação de moradores Partido político Cooperativas Grupos de saúde Freqüência de participação Todas as equipes Equipes bem sucedidas Equipes com dificuldades N % N % N % Sempre e as vezes , , ,3 Raramente e não participa , , ,7 Sempre e as vezes 14 1,4 5 1,0 9 2,0 Raramente e não participa , , ,0 Sempre e as vezes 2 0, ,4 Raramente e não participa , , ,6 Sempre e as vezes 19 1,9 10 2,0 9 1,8 Raramente e não participa , , ,2 Sempre e as vezes 3 0, ,6 Raramente e não participa , , ,4 Sempre e as vezes 2 0, ,6 Raramente e não participa , , ,4 Sempre e as vezes 65 6,6 42 8,5 23 4,6 Raramente e não participa , , ,4
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