Poder Judiciário Tri6unar de Justiça á Estado da Paraida ga6inete á Desem6argadora Waria d (Fátima Moraes Bezerra CavaCcanti

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1 flairdão Poder Judiciário Tri6unar de Justiça á Estado da Paraida ga6inete á Desem6argadora Waria d (Fátima Moraes Bezerra CavaCcanti AGRAVO DE INSTRUMENTO N / 001 Cajazeiras RELATOR : Dr. Ricardo Vital de Almeida, Juiz Convocado AGRAVANTE : Ministério Público da Paraíba AGRAVADO : Estado da Paraíba representado por seu Procurador Geral AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. FORNECIMENTO DE TRATAMENTO MÉDICO A PESSOA ENFERMA E DESPROVIDA DE RECURSOS FINANCEIROS. OBRIGAÇÃO DO ENTE PÚBLICO. REALIZAÇÃO DE CIRURGIA PARA REABILITAÇÃO VISUAL DO OLHO ESQUERDO. NECESSIDADE. PROVIMENTO DO RECURSO. Vistos etc. Comprovando-se a indispensabilidade do tratamento médico recomendado ao paciente, para o controle e abrandamento da enfermidade de que é portador, inexiste motivos para o indeferimento da liminar requerida. Acordam os membros da Egrégia Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por unanimidade, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do rlator. Trata-se de Agravo de Instrumento interposto pelo Ministério Público da Paraíba contra a decisão do Juízo de Direito da 4 a Vara da Comarca de Cajazeiras (fls. 45/46), que, nos autos da Ação Civil Pública ajuizada em face do Estado da Paraíba, indeferiu a tutela antecipada para determinar que o promovido/agravado custeasse o procedimento cirúrgico para reabilitação visual do olho esquerdo da paciente (Vitrectomia pozt e re-implante de lente intraocular, em conformidade com prescrição méd' a). c,

2 2 Bater Judiciário Tridunaf de Justiça do Estado da Parai6a gadinete da (Desem6argadora Waria de Fátima Moraes Bezerra Cavaanti Ag. n / 001 A magistrada a quo entendeu que "no caso concreto, embora a parte autora afirme que o procedimento cirúrgico pleiteado decorre de anterior implante de córnea realizado na rede pública, não há qualquer elemento que confirme esse fato, ao invés disso, os documentos carreados aos autos demonstram que a doente buscou atendimento na rede privada, sendo prescrito tratamento que, ao que parece, é disjponibilizado de forma semelhante na rede pública, contudo, não há provas de que a pessoa necessitada submeteu-se ao procedimento administrativo para agendamento, não sendo razoável que o Poder Judiciário substitua o encaminhamento a ser dado pelos órgãos competentes." (fl. 45). Em suas razões, aduz o Ministério Público que estão presentes os pressupostos necessários para a concessão da tutela antecipada pleiteada, tendo em vista que há nos autos documento assinado por um médico atestando a enfermidade da paciente e a sua necessidade de se submeter a intervenção cirúrgica requerida. O pedido de efeito suspensivo fora deferido às fls. 52/55 Informações prestadas pelo Juízo a quo às fls. 61/62. Instada a se manifestar, a Douta Procuradoria de Justiça, em parecer de fls. 67/74, opinou pelo provimento do agravo, a fim de que seja deferida a antecipação de tutela. É o relatório. Voto É cediço que a Constituição Federal destaca no seu art. 196, a saúde como um direito de todos e dever do Estado. Assim, constitui obrigação do Estado (este compreendido em seu sentido genérico, ou seja, União, Estados, Distrito Federal e Municípios) assegurar às pessoas desprovidas de recursos financeiros o acesso aos meios necessários para a cura de suas doenças, sobretudo as mais graves. Relevante acentuar, de plano, que se encontram presentes os requisitos autorizadores da antecipação da tutejana vertente Ação Civil Pública, quais sejam, a prova inequívoca da verossimita a das alegações e o fundado receio de dano irreparável ou de difícil repar 2

3 3 Toder Judiciário Tri6unat de Justiça do Estado da Tarai6a Ga6inete da Oesem6argadora!Maria de Fátima 91toraes (Bezerra Cavakanti Ag. ri / 001 io Na hipótese em tela, verifica-se do termo de declaração prestado ao órgão ministerial (fl. 35), que a paciente Luzimar Monteiro Bezerra "foi submetida recentemente a um transplante de córnea em seu olho esquerdo devido estar acometidade de doença denominada de CERATOPATIA BOLHOSA do PSEUDOFÁT1CO; ocorre que, de acordo com prescrição médica anexa, a rectamente necessita agora de novo procedimento cirúrgico para reabilitação visual - VITRECTOMIA POSTEIOR E RE-IMPLANTE DE LENTE INTRA- OCULAR - pois a rectamente apresenta LENTE INTRA-OCULAR (LIO) CAPTURADA E OPACIDADE ATRÁS DO LIO, ou seja, neste momento a rectamente apresenta CEGUEIRA LEGAL no olho cirurgiado; que, conforme a citada prescrição médica, se a rectamente for submetida ao referido procedimento cirúrgico poderá voltar a enxergar; que a rectamente procurou a médica que realizou o transplante em seu olho esquerdo pelo SUS e foi informada que o SUS não custeava essa nova cirurgia e que o seu custo para fazer particular seria R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais); que a reclamante é muito pobre e não tem condições de custear a cirugia; que necessita urgentemente do referido procedimento tendo em vista que já está perdendo a visão de seu olho direito." Uma vez demonstrada a prova inequívoca da verossimilhança das alegações, o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação restou igualmente demonstrada pelo laudo médico de fls. 37, no qual o médico afirma que: "(...)necessita agora de novo procedimento cirúrgico para reabilitação visual - vitrectomia posteior e re-im plante de lente intra-ocular - pois a paciente apresenta lente intraocular (LIO) capturada e opacidade atrás da LIO (resto de cortex). Apresenta, no momento cegueira legal. Poderá recuperar sua visão após o procedimento, desde que não haja patologia do segmento posterior do olho (impossível avaliar devido a opacidade de meios).(...)" Desta feita, estando comprovada os pressupostos necessários à concessão da antecipação de tutela pleiteada para o controle e abrandamento da incapacidade deambular da paciente, é incumbência do ente público fornecê-los. Sendo a saúde um direito fundamental do ser humano, não pode sofrer nenhum tipo de restrição em relação ao fornecimento de medicamentos a pessoas carentes, até mesmo em relação a determinado procedimento que não esteja prevista no Ministério da Saúde, como se observa do seguinte julgado: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICO 0-(À ESPECIFICADO. CONSTITUCIONAL. REALIZAÇÃO DE CIR A NECESSITADA. TUTELA ANTECIPADA. DESCUMPR ENTa \ BLOQUEIO DE VALORES EM CONTA BANCÁRIA. CABI ENTO. 3

4 4 Poder judkiário TrifinaC de justiça do Estado da garaí6 a Ga6inete da (Desem6argadora Maria de Fátima Moraes (Bezerra Cavakanti Ag. n / 001 Mostra-se adequada a determinação do alcance em dinheiro necessário para a aquisição dos medicamentos, tendo em vista que visa compelir o Estado a cumprir a determinação judicial e ao mesmo tempo garantir a efetividade do provimento jurisdicional, observados os bens jurídicos constitucionalmente tutelados, no caso, o direito à vida e à saúde, numerário que não pode ser entregue diretamente à parte. Precedentes do TJRGS e STJ. Agravo de instrumento a que se nega seguimento."' "AGRAVO DE INSTRUMENTO. FORNECIMENTO DE TRATAMENTO MÉDICO. CIRURGIA BARIÁTRICA. DEVER DO ESTADO. Preliminar: - Falta de interesse processual. O pedido administrativo apesar de ser um expediente útil ao ente público e aos próprios cidadãos é uma formalidade burocrática e sua não observância não pode ser óbice a impedir o fornecimento da cirurgia, diante da relevância do direito que busca tutelar. Mérito: - Aos entes da Federação cabe o dever de fornecer gratuitamente tratamento médico a pacientes necessitados (artigos 6 e 196 da Constituição Federal). - Hipótese em que a documentação médica dá conta de que a intervenção cirúrgica é urgente, estando tanto a verossimilhança do pedido como o perigo da demora bem demonstradas nos termos do art. 273 do Código de Processo Civil, devendo ser deferida a tutela antecipada. - Não há o óbice relativamente à concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública, porquanto tal vedação não é absoluta, não havendo como se proporcionar uma cognição exauriente antes da concessão da tutela sem pôr em perigo a saúde da agravante e, conseqüentemente, sem colocar em risco o direito à efetividade da jurisdição. - Desnecessidade que a paciente esteja em eminente risco de morte para que postule o direito ao acesso à saúde, constitucionalmente garantido. - Diante do sopeso entre as garantias constitucionais à saúde (art. 196) e as atinentes à igualdade e legalidade (art. 5 e 37 da Constituição Federal), deve prevalecer a primeira, tendo em vista a comprovação da necessidade da intervenção cirúrgica bem como a possibilidade de agravamento da doença que acomete a agravante. AFASTARAM A PRELIMINAR E DERAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO." 2 1 (TJRS; AI ; Pelotas; Vigésima Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Carlos Eduardo Zietlow Duro; Julg. 24/08/2010; DJERS /2010); 2 (TJRS; AI , Cerro Largo; Terceira Câmara Cível; Rei' De? Matilde Chabar Maia; Julg. 22/07/2010; DJERS 16/09/20 O);

5 5 Torfergurficiário Tri 6unaC de Justiça do Estado da Barai6a ga6inete da Desem6argacfora Maria de Tátima Moraes Bezerra CavaCcanti Ag. n / 001 Registre-se, também, que a decisão que determina o fornecimento de tratamento médico não está sujeita ao mérito administrativo, ou seja, conveniência e oportunidade de execução de gastos públicos, não havendo que se falar, portanto, em violação ao princípio da independência dos poderes ou mesmo em aplicação da "teoria da reserva do possível", que fica afastada pela incidência da legalidade estrita. Assim, nem mesmo a inexistência de prévia e específica dotação orçamentária exime o promovido de adimplir a obrigação constitucional de proteção à saúde e à própria vida da pessoa idosa necessitada, de forma que compete ao Estado agravante o remanejamento das verbas que dispõe a fim de cumpri-la integralmente. Nesse sentido, é a jurisprudência deste Tribunal, consoante demonstra a ementa do aresto da lavra do Desembargador Genésio Gomes Pereira Filho: "CONSTITUCIONAL e ADMINISTRATIVO - Ação ordinária de Obrigação de Fazer com pedido de tutela antecipada - Promovente portadora de diabetes - Possibilidade amputação de membro - Pretensão de realização de cirurgia de angioplastia intraluminal de aderia femural com stent não recoberto - Dever de assistência do Estado -Dever de realização de procedimento cirúrgico necessário e fornecimento de medicamento -Procedência do pedido - Desprovimento de ambos os recursos. Entre proteger a inviolabilidade do direito à vida e à saúde, que se qualifica como direito subjetivo inalienável assegurado a todos pela própria Constituição da República art. 5, caput e art. 196, ou fazer prevalecer, contra essa prerrogativa fundamental, um interesse financeiro e secundário do Estado, entendo - uma vez configurado esse dilema - que razões de ordem ético-jurídica impõem ao julgador uma só e possível opção aquela que privilegia o respeito indeclinável à vida e à saúde humanas." 4 Ressalte-se, ademais, que, havendo atestado médico especificando o tratamento a ser adotado, inexiste motivos para o indeferimento da liminar requerida. 3A teoria da reserva do possível é aquela que condiciona a implementação dos direitos sociais à suficiência de recursos por parte do Estado. A satisfação desses direitos fica, portanto, na dependência da existência de condições econômicas que permitam sua atendibilidade. 4 TJPB - Acórdão do processo n2oo2&q8o35787oooi - Órgão (3' Câmara Cível) - Relator DES. GENESIO GOMES PEREIRA FILHO -j. Em 01/12/ 5

6 6 Toder Judiciário Tri6unar de Justiça á Estado da Parai6a Ça6inete da Oesem6argadora Maria de Tátima Moraes Bezerra CavaCcanti Ag. n / 001 Como bem posto pelo parecer ministerial "o direito a saúde, caracteriza-se por ser de aplicabilidade direta e imediata, sobreponde-se, inclusive, as regras do direito administrativo, a exemplo que tratam do orçamento anual, que não podem servir de desculpa para a sua não observância. In casu cabe ao Estado da Paraíba, ora agravado, adotar as providências necessárias para a realização do procedimento cirúrgico prescrito através do laudo médico acostado às fls. 37 para que a paciente, que anteriormente realizou transplante de córnea, tenha a sua visão reabilitada" Destarte, verifica-se que a agravante apresenta cegueira legal no olho esquerdo, sendo a cirurgia imprescindível, haja vista tal procedimento reverter o seu estado clínico, reconstituindo a sua visão. Ante o exposto, dou provimento ao recurso, em harmonia com o parecer ministerial.. É como voto. Presidiu a sessão o Exm. Des. Marcos Cavalcanti de Albuquerque. Relator: Exm. Dr. Ricardo Vital de Almeida (Juiz convocado para substituir a Exma. Desa. Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti). Participou ainda do julgamento o Exm. Des. Marcos Cavalcanti de Albuquerque e a Exma. Desa. Maria das Neves do Egito de Ar.Eijo D da Ferreira. Presente ao julgament Vieira, Procurador de Jçitiça. Exm. Dr. Francisco Sagres Macedo João P soa, 10 de dez,effibro de (75 Ricardo Vital" de Almeida Juiz Convocado Relator g/03 6