Nº COMARCA DE SANTO ÂNGELO CENILDO FERREIRA MARTINS R E L ATÓRIO

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1 AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGURO DPVAT. INCLUSÃO DA SEGURADORA LÍDER NO POLO PASSIVO. IMPOSSIBILIDADE. A escolha da seguradora contra quem vai litigar a vítima ou beneficiário do seguro DPVAT pertence a ela tão-somente, não sendo oponível a Resolução do CNSP que criou a entidade líder das seguradoras. Preponderância do artigo 7º da Lei 6.194/74 sobre a Resolução do CNSP. AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. AGRAVO DE INSTRUMENTO QUINTA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE SANTO ÂNGELO BRADESCO AUTO/RE CIA DE SEGUROS CENILDO FERREIRA MARTINS AGRAVANTE AGRAVADO D E CISÃO MONOCRÁTICA Vistos. R E L ATÓRIO Trata-se de agravo de instrumento interposto por BRADESCO SEGUROS S/A em face da decisão exarada às fls. 168/169 nos autos da ação de cobrança movida por CENILDO FERREIRA MARTINS, que não acolheu a preliminar de ilegitimidade passiva. A agravante postula a reforma da decisão, com a conseqüente substituição processual, sustentando que, desde janeiro de 2008, o seguro obrigatório passou a ser administrado pela Seguradora Líder. Aduz que a Seguradora Líder administra e representa o grupo de seguradoras que operam essa modalidade de seguro. Enfatiza a sua impossibilidade de ser 1

2 mantida no pólo passivo da demanda, haja vista que todo o procedimento administrativo, para percepção da indenização do seguro obrigatório, está canalizado na Seguradora Líder. É o relatório. F U NDAMENTAÇÃO Inicialmente, cabe ser ressaltado que os pressupostos processuais foram atendidos, foi utilizado o recurso cabível, a forma de instrumento é adequada; há interesse e legitimidade para recorrer e o recurso é tempestivo. Assim, verificados os pressupostos legais, conheço do recurso intentado para o exame da questão suscitada. O recurso interposto não merece acolhimento, na medida em que cabe à parte autora escolher contra quem vai demandar e, em nenhum momento, sua escolha foi pela Seguradora Líder. O pagamento da indenização decorrente do seguro obrigatório (DPVAT) pode ser pleiteado contra qualquer seguradora que integre o denominado Consórcio Obrigatório, conforme preceitua o artigo 7º da Lei 6.194/74: A indenização por pessoa vitimada por veículo não identificado, com seguradora não identificada, seguro não realizado ou vencido, será paga nos mesmos valores, condições e prazos dos demais casos por um consórcio constituído, obrigatoriamente, por todas as sociedades seguradoras que operem no seguro objeto desta lei. Por fim, saliento a inaplicabilidade da Resolução do CNSP, suscitada pela Seguradora Líder para o fim de se ver incluída no pólo passivo, porque inexiste autorização legal que legitime as Resoluções do 2

3 CNPS ou de qualquer outro órgão do Sistema Nacional de Seguros Privados a fixar ou modificar as disposições legais. No caso em tela, como já referido, o artigo 7º da Lei 6.194/74 prevê expressamente que qualquer seguradora pode ser demandada, cabendo a escolha, portanto, à vítima ou beneficiário. Nesta senda, sendo uma faculdade da vítima/beneficiário, a escolha da seguradora contra quer demandar, cabe o desprovimento do presente agravo de instrumento, conforme farta jurisprudência a respeito: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO DPVAT. LEGITIMIDADE PASSIVA. PEDIDO DE SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL OU INCLUSÃO DA SEGURADORA LÍDER S/A COMO LITISONCONSORTE PASSIVA. DESCABIMENTO. Não há falar em ilegitimidade passiva "ad causam da companhia seguradora para o pagamento do valor indenizatório, porquanto estabelecida responsabilidade solidária pelo pagamento da indenização, nos termos do art. 7º, da Lei nº 6.194/74. Por outro lado, no caso descabe o pedido reconhecimento de litisconsórcio, tampouco de substituição processual, ausente as hipóteses do art. 41 do CPC, uma vez que a representação de seguradoras integrantes do Convênio DPVAT, exercida pela Seguradora Líder, tem por base os termos da Resolução nº 154 do Conselho Nacional de Seguros Privados, bem como da Portaria nº 2.797/07 da SUSEP, norma jurídica de natureza infralegal. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO LIMINARMENTE, NA FORMA DO ART. 557, 1º-A, DO CPC. (Agravo de Instrumento Nº , Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liege Puricelli Pires, Julgado em 23/07/2009) PROCESSUAL CIVIL. SEGURO DPVAT. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. A Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S/A veio aos autos, em representação da ré Confiança Cia de Seguros, como consta da contestação, não havendo razão para a substituição no pólo passivo da ação de cobrança do seguro. Até porque, o autor não concorda com a substituição. AGRAVO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. (Agravo de Instrumento Nº , Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leo Lima, Julgado em 23/07/2009) 3

4 AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGUROS. INDENIZAÇÃO. DPVAT. SUBSTITUIÇÃO DO PÓLO PASSIVO. SEGURADORA LÍDER. DESCABIMENTO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO ATACADA. 1. A seguradora agravante é parte legítima para figurar no pólo passivo da presente demanda, uma vez que tem o dever jurídico de responder pelo pagamento da indenização decorrente do seguro DPVAT, pois há consórcio de seguradoras que gerencia a distribuição dos fundos destinados ao pagamento do referido seguro. 2. Assim, descabe a substituição do pólo passivo da presente demanda da recorrente pela Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT. Negado seguimento ao agravo de instrumento. (Agravo de Instrumento Nº , Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luiz Lopes do Canto, Julgado em 26/06/2009) AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGURO DPVAT. ILEGITIMIDADE PASSIVA. Na cobrança de seguro DPVAT, qualquer seguradora responde pelo pagamento da indenização em virtude do seguro obrigatório, mesmo tendo havido adimplemento parcial, em sede administrativa, por outra seguradora que não a demandada. Outrossim, em que pese a manifestação da requerida, quanto à formação da Seguradora Líder, não se verifica ser caso de substituição nem sucessão processual. Agravo de Instrumento desprovido. (Agravo de Instrumento Nº , Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Umberto Guaspari Sudbrack, Julgado em 03/09/2008) Transcrevo abaixo o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do Recurso Especial nº SP, tendo como relator o Min. Carlos Alberto Menezes Direito: Qualquer seguradora responde pelo pagamento da indenização em virtude do seguro obrigatório, pouco importando que o veículo esteja a descoberto, eis que a responsabilidade em tal caso decorre do próprio sistema legal de proteção, ainda que esteja o veículo identificado, tanto que a lei comanda que a seguradora que comprovar o pagamento da indenização pode haver do responsável o que efetivamente pagou. RESPONSABILIDADE CIVIL SEGURO OBRIGATÓRIO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES 4

5 LEI Nº 8.441/1992 INDENIZAÇÃO COBRÁVEL DE QUALQUER SEGURADORA DESNECESSIDADE DA PROVA DO PAGAMENTO DO PRÊMIO A legislação em vigor, acerca do seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, determina que a indenização é devida mediante simples prova do acidente, cobrável de qualquer das seguradoras participantes do convênio estabelecido entre elas, mesmo com relação aos veículos sem seguro, e a correção monetária flui desde o evento. (TACRJ AC 1420/95 (Reg ) 1ª C. Rel. Juiz José Rondeau J ) (Ementário TACRJ 37/95 Ementa 39955). (in Júris Síntese, nº 37, versão setembro/outubro/2002). Assim sendo, não há como acolher a pretensão de substituição processual, posto que correto o direcionamento da ação pelo autor. Ademais, figurando a Seguradora Líder como entidade mãe das seguradoras conveniadas ao seguro DPVAT, nenhum prejuízo será sofrido pela agravante pela não inclusão daquela no pólo passivo, na medida em que todos os atos praticados pela seguradora poderão ser gerenciados pela entidade líder. D I S POSITIVO ANTE O EXPOSTO, com base no artigo 557, caput, do CPC, nego seguimento ao agravo de instrumento. Comunique-se. Intimem-se. Porto Alegre, 27 de novembro de DES. ROMEU MARQUES RIBEIRO FILHO, Relator. 5

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