ISBN PLANEJAMENTO: POSSIBILIDADES PARA A REFLEXÃO DOS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM

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1 ISBN PLANEJAMENTO: POSSIBILIDADES PARA A REFLEXÃO DOS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM Juliana Cristiano de Andrade Universidade Estadual de Londrina juliana.cristiano@gmail.com Eixo 2: Didática e Práticas de Ensino na Educação Superior RESUMO Este artigo surgiu de reflexões levantadas na especialização em Docência na Educação Superior a respeito do planejamento de ensino. O objetivo foi identificar menções sobre o plano de aula e a reflexão docente nos artigos científicos, considerando que o planejamento de aulas pode viabilizar processos de ensino e de aprendizagem conscientes. Utilizou-se metodologia de pesquisa qualitativa com tratamento de dados interpretativa. O estudo de caráter bibliográfico, identificou de forma interpretativa as informações coletadas em cinco artigos disponibilizados na base de consulta do Google Acadêmico e incluiu na fundamentação algumas tendências pedagógicas. Entre os resultados estão: os artigos permitiram verificar que o planejamento é fator decisivo para a boa condução da aula; as tendências pedagógicas são possíveis norteadores do planejamento; compete ao professor problematizar a realidade, criar situações de pesquisa no ensino para a produção de novos conhecimentos. Palavras-chave: Planejamento de ensino, Processos de Ensino e Aprendizagem, Práticas pedagógicas. 1 INTRODUÇÃO O trabalho teve como objetivo abordar o planejamento de aula como forma de relembrar sua importância para o bom andamento das aulas, então foi feita uma pesquisa bibliográfica para identificar menções nos artigos científicos que abordem o planejamento e a reflexão docente como maneira de viabilizar processos de ensino e de aprendizagem, para perceber o que é necessário para um bom planejamento, usando como metodologia a pesquisa qualitativa com tratamento de dados interpretativa. 2 DESENVOLVIMENTO A fundamentação teórica que embasa este trabalho reflete sobre o planejamento e as tendências pedagógicas tradicional, escolanovista, tecnicista e 558

2 histórico-crítica. De acordo com Menegolla e Sant anna (2012, p. 13), o homem sempre teve a característica de pensar sobre o que faz de sua vida, portanto, o ato de planejar sempre existiu. Menegolla e Sant anna (2012, p. 17) explicam ainda que há passos para se fazer um bom planejamento. Primeiro, é necessário fazer uma previsão, pois o planejamento se inicia com uma intenção teórica, que é transformada em objetivo para resolver situações. Gandin (1985, p. 26) também acrescenta que o planejamento deve ser decidido juntamente com o grupo que será participante da sua execução para que expresse seus ideais. O próximo passo após definido os ideais do que se propõe, é o planejador se conscientizar que para iniciar um planejamento é preciso saber que aluno se quer formar. Além disso, deve-se levar em consideração que o planejamento deverá ser executado e avaliado, pois o planejamento é feito para que se possa realizar aulas bem-feitas. Assim, também é necessário ter precisão nos passos de como serão executados os objetivos, afinal, planejar é formar pessoas com um objetivo específico decidido conjuntamente com o grupo de pessoas que irá participar da aprendizagem. A pesquisa foi embasada nas tendências pedagógicas que são pressupostos teórico-metodológicos que apresentam como as teorias educacionais expressam as exigências da sociedade em cada época. As tendências pedagógicas trabalhadas são a tradicional, escola nova, tecnicista e histórico-crítica. 2.1 TENDÊNCIA TRADICIONAL De acordo com Teruya (2005), a tendência pedagógica tradicional possui metodologia que forma alunos passivos, cujo objetivo é reproduzir o conhecimento necessário para formar indivíduos preparados para atender às necessidades econômicas e políticas da época, e na [...] visão bancária de educação são negadas a criatividade e a transformação [...] (TERUYA, 2005, p. 37). Tinha como metodologia a aula expositiva (com exercícios de repetição, memorização, aplicação e recapitulação) em que o aluno deveria assimilar passivamente, com processo de ensino e aprendizagem centrado no professor. 2.2 TENDÊNCIA ESCOLA NOVA A Escola Nova surgiu no Brasil nos anos de 1930, tendo como princípio o fundamento de [...] atender às necessidades de aprendizagem do 559

3 indivíduo, obedecendo a seu desenvolvimento psicológico. (NEGRÃO, 2005, p. 53). Para esta tendência pedagógica não é interessante definir o conceito de verdade a partir de conhecimentos já produzidos. A verdade é aprendida pelo aluno por meio da descoberta, processo de se desenvolver como ser humano e de acordo com suas aspirações. 2.3 TENDÊNCIA TECNICISTA A tendência tecnicista parte [...] do pressuposto da neutralidade científica e das premissas de eficiência, racionalidade e produtividade (ALTOÉ, 2005, p. 65). Esta tendência visa o condicionamento dos alunos às respostas corretas, de acordo com as exigências da forma de trabalho da sociedade. Ao pretender formar alunos aptos para trabalhar a partir de acertos em respostas, entende o conteúdo como fragmentos, não considera trabalho em grupo e [...] não possibilita o desenvolvimento das habilidades como iniciativas, comunicação interpessoal e trabalho em grupo [...] necessários à convivência na sociedade (ALTOÉ, 2005, p. 76). 2.4 TENDÊNCIA HISTÓRICO-CRÍTICA Na tendência pedagógica histórico-crítica, o conhecimento é complexo e requer ações que [...] devem ser pensadas dentro de seu contexto próprio, e este, por sua vez, no contexto de planetário. (GASPARIN, 2005, p.117). Gasparin (2005, p. 121) apresenta cinco passos para conduzir a ação pedagógica: a Prática social inicial visa anunciar os conteúdos que serão dados e seus objetivos aos alunos. Para tanto, o professor deve conhecer os alunos por meio de diálogo e perceber qual é a vivência próxima deles com o conteúdo. Na fase da problematização, o professor explicita os principais problemas postos pela prática social, relacionados ao conteúdo, que depois são problematizados. Na instrumentalização há apresentação do conhecimento científico por meio de diferentes maneiras. Na catarse realiza-se síntese entre o conhecimento científico e o cotidiano, visando transformar a realidade. A última fase, prática social final sugere uma nova proposta de ação a partir do que foi aprendido. 3 ANÁLISE E RESULTADOS 560

4 O presente estudo é de caráter bibliográfico, e a identificação dos dados foram feitos de forma interpretativa. Neste trabalho, o objetivo é responder à pergunta: Como elaborar planos de aula que instiguem a reflexão sobre os processos de ensino e de aprendizagem de forma consciente? E Como os artigos científicos favorecem o planejamento de ensino? A identificação dos dados dos artigos considerou os pressupostos da pesquisa qualitativa. De acordo com Lüdke e André (1986, p. 11), a pesquisa qualitativa tem [...] o pesquisador como seu principal instrumento. Por meio do tratamento dos dados de forma interpretativa buscou-se, nos artigos coletados, menções sobre o processo de ensino e aprendizagem no planejamento de aulas. Lüdke e André (1986, p. 41), explicitam a respeito da importância de analisar conteúdo como possibilidade de investigação acadêmica: [...] a análise de conteúdo pode caracterizar-se como um método de investigação do conteúdo simbólico das mensagens. Essas mensagens, diz ele, podem ser abordadas de diferentes formas e sob inúmeros ângulos. Pode, por exemplo, haver variações na unidade de análise, que pode ser a palavra, a sentença, o parágrafo ou o texto como um todo. Pode também haver variações na forma de tratar essas unidades. Alguns podem preferir a contagem de palavras ou expressões, outros podem fazer análise da estrutura lógica de expressões e elocuções e outros, ainda, podem fazer análises temáticas. O enfoque da interpretação também pode variar. Alguns poderão trabalhar os aspectos políticos da comunicação, outros os aspectos psicológicos, outros, ainda, os literários, os filosóficos, os éticos e assim por diante. A identificação dos dados de forma interpretativa pode ser feita de diversas formas e portanto, neste trabalho optou-se em estudar por meio dela, textos que fizessem referência ao planejamento de aulas e reflexão docente como canal que viabiliza a elaboração de planos de aula. De acordo com a identificação dos dados, no artigo de Santos, Azevedo e Nóbrega-Therrien (2007) trouxeram o entendimento de que a aula expositiva, característica da tendência tradicional, pode ser um meio de comunicação eficaz se o professor considerar no planejamento que o diálogo dele consigo mesmo na construção da sua profissionalidade e dele com os alunos deve ter o foco da construção do conhecimento. No segundo artigo de Slomski e Martins (2008) e no terceiro artigo de Neto e Maciel (2009), trataram da reflexão do docente do ensino superior como pesquisador. Para os autores, a investigação pode auxiliar na condução das aulas, pois estabelece etapas a serem percorridas e análise crítica e sistemática. As 561

5 tendências pedagógicas, respeitadas em suas diferenças, também mostram essa necessidade de sistematização. O planejamento de ensino deve portanto, assumirse em etapas. No quarto artigo de Francisco (2011), advertiu a respeito das TIC como fator primordial nos dias atuais. Não há como não considerar no planejamento das aulas a importância e utilização das TIC. Para além de recursos de efeito didático, como utilizado na tendência tecnicista, as TIC privilegiam o contato com a diversidade de informações e precisam de tratamento crítico. No quinto artigo de Mazzioni (2013), expressou que a diversidade de estratégias de ensino pode favorecer a aprendizagem dos alunos. As tendências pedagógicas são possíveis norteadores do planejamento. Foi possível entender que na atualidade a pretensão seria mais adequada se a tendência crítica destacasse nas concepções e práticas escolares. Conclusão A síntese possível no momento mostra que, para um bom planejamento de aula, deve-se considerar objetivos que despertem no discente motivos para aprender, indicando que o docente, pesquisando e estudando os conteúdos a partir da realidade do aluno, identifica a problematização junto ao conhecimento científico, sintetizando o assunto tratado como resultado da construção do conhecimento. Referências Bibliográficas ALTOÉ, A. Processo tecnicista. In: ALTOÉ, A. et al. (Org.). Didática: processos de trabalho em sala de aula. Maringá: EDUEM, p COSTA, N. M. S. C. Docência no ensino médico: por que é tão difícil mudar? In: Revista Brasileira de Educação Médica, v. 31, n.1, Disponível em: < t&tlng=pt>. Acesso em: 01 set FRANCISCO, C. C. B. Formação docente: o uso de conteúdos midiáticos e das TIC no processo de ensino e de aprendizagem no ensino superior. In: Acta Scientiarum Education, v. 33, n. 1, Disponível em: < Acesso em: 1 set

6 GANDIN, D. Planejamento como prática educativa. São Paulo: Loyola, GASPARIN, J. L. Processo histórico-cultural. In: ALTOÉ, A. et al. (Org.). Didática: processos de trabalho em sala de aula. Maringá: EDUEM, p Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. São Paulo: Autores associados, p LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, MARTINS, P. L. O.; ROMANOWSKI, J. P. A aula: distribuição ou sistematização coletiva do conhecimento? In: Anais... XIV ENDIPE, Porto Alegre: EDIPUCRS, MAZZIONI, S. As estratégias utilizadas no processo de ensino-aprendizagem: concepções de alunos e professores de Ciências Contábeis. In: Revista Eletrônica de Administração e Turismo, v. 2, n. 1, jan./jun Disponível em: < Acesso em: 01 set MENEGOLLA, M.; SANT ANNA, I. M. Por que planejar?: como planejar. Petrópolis: Vozes, NEGRÃO, M. T. F. Processo escolanovista. In: ALTOÉ, A. et al. (Org.). Didática: processos de trabalho em sala de aula. Maringá: EDUEM, p NETO, A. S; MACIEL, L. S. B. A Importância da pesquisa para a prática pedagógica dos professores que atuam na educação superior brasileira: algumas discussões iniciais. In: Revista Brasileira de Docência, Ensino e Pesquisa em Administração, v. 1, n. 1, maio, Disponível em: < importancia_da_pesquisa_para_a_pratica_pedagogica_dos_profs_que_atuam_na_e ducacao_superior_br.pdf&current=/ai/cip/estrategias_e_metodos>. Acesso em: 1 set RIBEIRO, F. D.; MOURA, M. O. A reflexão do processo formativo em prática de ensino e no estágio: contribuições da teoria da atividade. In: Anais... XVI ENDIPE, Campinas: Junqueira & Marin Editores, SANTOS, F. K. S.; AZEVEDO, M. R. C.; NÓBREGA-THERRIEN, S. M. A aula universitária nos cursos de licenciatura em geografia: racionalidades do saber-fazer. In: Revista de Geografia, v. 33, n. 1, Disponível em: < ografia%20da%20ufpe>. Acesso em: 01 set SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo: Autores associados,

7 SLOMSKI, V. G.; MARTINS, G. A. O conceito de professor investigador: os saberes e as competências necessárias à docência reflexiva na área contábil. In: Revista Universo Contábil, v. 4, n. 4, p. 6-21, TERUYA, T. K. Processo tradicional. In: ALTOÉ, A. et al. (Org.). Didática: processos de trabalho em sala de aula. Maringá: EDUEM, p