Secção: Os Direitos, Liberdades e Garantias dos Cidadãos na Reforma da Justiça PROPOSTA DE REVISÃO DA REGULAMENTAÇÃO DO ACESSO AO DIREITO
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1 Secção: Os Direitos, Liberdades e Garantias dos Cidadãos na Reforma da Justiça PROPOSTA DE REVISÃO DA REGULAMENTAÇÃO DO ACESSO AO DIREITO Considerando a dispersão das regras que regulamentam o Sistema de Acesso ao Direito e aos Tribunais (SADT), entende o Instituto do Acesso ao Direito (IAD) que urge criar e implementar, uma portaria única que colmate as insuficiências e lacunas existentes nas portarias actualmente em vigor, com enfoque nas seguintes temáticas: CONSULTAS JURÍDICAS Dos Gabinetes de Consulta Jurídica (GCJ) protocolados com o Ministério da Justiça, uns aguardam a sua constituição ou instalação, mais de metade encontram-se com a sua actividade suspensa e os que ainda se mantêm em funcionamento enfrentam sérios riscos de encerrar. A presente situação justifica-se pelo facto de não existir norma habilitante que sirva de suporte quer à manutenção dos GCJ, quer aos pagamentos dos honorários devidos aos Advogados pela prestação de consulta jurídica. Face ao exposto, o IAD propõe que a nova Portaria unificada que vise regulamentar a lei do acesso ao direito, preveja que enquanto inexistir a aludida norma habilitante, a consulta jurídica seja prestada exclusivamente no escritório dos Advogados participantes no SADT.
2 RESOLUÇÃO EXTRA-JUDICIAL DO LITÍGIO O aumento da litigiosidade levou a que o Estado encetasse reformas na administração da Justiça através do recurso a formas não jurisdicionais de resolução de litígios, como a mediação, a conciliação e a arbitragem tendo por objectivo uma justiça de proximidade, em que a autocomposição dos litígios tende a contribuir para a pacificação social. No âmbito das reformas levadas a cabo, o Estado não teve a sensibilidade de valorizar o papel dos Advogados, conciliadores por excelência, dotados da adequada formação jurídica e da prática quotidiana de mediação decorrente do exercício das suas funções. Também no âmbito do SADT, estes profissionais foram esquecidos, na medida em que, alcançando a superação extra-judicial do litígio quando nomeados patronos para processos/acções a propor/instaurar, vêm-se impossibilitados de serem compensados pelo trabalho desenvolvido, porquanto o mesmo não encontra enquadramento legal. Propõe assim o IAD, que a tabela de honorários para a protecção jurídica preveja o pagamento de 5 URs, pela superação extra-judicial do litígio, à semelhança do que ocorre com a resolução de litígios através de meios alternativos. ESCALAS No tocante às escalas há que contemplar três situações: 1) No âmbito das escalas de prevenção em que o Advogado não tenha tido intervenção, a portaria não prevê qualquer compensação pela disponibilidade do profissional. Propõe o IAD, que nos casos em que a nomeação para essas escalas ocorra em dias não úteis ou em férias judiciais, seja conferida uma compensação equivalente a 1 UR. 2) Quando o Advogado ficar nomeado para os processos, o que ocorrerá sempre que a intervenção não se esgotar com a diligência praticada no dia da escala, a compensação é devida por cada um dos processos onde intervém.
3 3) Quando o Advogado não ficar nomeado para o processo, a compensação das intervenções ocasionais será efectuada atendendo quer à durabilidade, quer à natureza das diligências: A) Se realizadas no mesmo local/entidade, o Advogado será compensado nos termos do actualmente preceituado nos artºs 21º nº 7 e 26º nº 1 da Portaria que regulamenta a LADT e nos pontos 3, 6, 7 e 10 da Tabela Anexa. B) Se realizadas em locais/entidades diferentes, o serviço prestado pelo Advogado no mesmo dia, será remunerado por diligência efectuada. TABELA DE HONORÁRIOS Mostra-se necessária a actualização das compensações constantes da Tabela de Honorários a ser incluída na Portaria única. No entanto, face à actual situação económica e financeira do País, relega-se a mesma para segundo plano, pugnando-se em primeira linha, pelas adaptações que abaixo se propõem: 1) Sendo as alçadas o critério determinativo do pagamento das compensações atinentes aos processos cíveis, deverão as rubricas 1.1.1, 1.1.2, e 1.2 ser actualizadas em conformidade com os valores actualmente previstos no Decreto-Lei nº 303/2007, de 24 de Agosto. 2) No ponto 4., deverão ser contemplados todos os processos tramitados como especiais. 3) Inclusão de uma rubrica com a previsão da compensação devida pela Resolução Extrajudicial de Litígio. 4) Inclusão de uma rubrica com a previsão da compensação devida para diligências judiciais ocorridas após o trânsito em julgado. 5) Inclusão de uma rubrica com a previsão da compensação equivalente a 1 UR., devida pela disponibilidade dos Advogados para as escalas de prevenção sem intervenção, nos dias não úteis ou em férias judiciais.
4 6) Para efeito de reembolso de despesas pelos serviços prestados, deverá ser estipulada uma verba mínima, a fixar de acordo com o tipo de processo. MODELO DE GESTÃO INTEGRADA DO SADT Está demonstrado que 60% das intervenções dos Advogados inscritos no SADT, são efectuadas no âmbito penal, onde o arguido, na maioria dos casos, não requer apoio judiciário, nem constitui mandatário. Perante esta situação, para além do arguido ficar responsável pelo pagamento das compensações ao defensor oficioso, ainda é responsável pelo pagamento duma penalização, assegurando parte da sustentabilidade e financiamento do modelo vigente. Porém, o Estado continua a não pagar atempadamente as compensações devidas aos Advogados inscritos no SADT. Face ao exposto, propõe o IAD que a Ordem dos Advogados assuma a gestão integral de todo o SADT, incluindo os pagamentos das compensações devidas aos Advogados. Como instrumento financeiro, seria criado um fundo provisionado com as verbas orçamentais constantes na rubrica do Orçamento do Ministério da Justiça para a despesa com os serviços especializados dos Advogados inscritos no acesso ao direito, bem como, as quantias cobradas a título de custas que tenham origem no apoio judiciário. E quando o mesmo não estiver provisionado com os suficientes meios financeiros para efectuar o pontual pagamento dos honorários, recorrer-se-á ao financiamento bancário, ficando o Estado com a responsabilidade do pagamento do capital, juros e comissões que forem devidos, junto da banca. CONCLUSÕES Propõe o IAD uma revisão da regulamentação do acesso ao direito que culmine numa portaria única que preveja os seguintes pontos:
5 1) As consultas jurídicas serão prestadas exclusivamente no escritório dos Advogados em detrimento das consultas prestadas nos Gabinetes de Consulta Jurídica. 2) A compensação devida pela resolução extra-judicial do litígio deverá ser prevista na Tabela de Honorários, no montante com 5 URs. 3) A disponibilidade para escala de prevenção sem deslocação nem intervenção, em dias não úteis e em férias judiciais, deverá ser compensada com uma 1 UR. 4) O pagamento das escalas deverá atender à durabilidade e natureza das diligências realizadas, colmatando-se as ambiguidades e omissões existentes no que concerne à compensação devida. 5) A actual tabela de honorários deve ser corrigida de molde a colmatar as insuficiências existentes, nomeadamente: A) Conformá-la com os valores actualmente previstos para as alçadas constantes no Decreto-Lei nº 303/2007, de 24 de Agosto; B) Contemplar processos especiais não previstos, assim como, diligências efectuadas após trânsito em julgado; C) Prever uma verba mínima, a fixar de acordo com o tipo de processo, para efeito de reembolso de despesas pelos serviços prestados. 6) A assumpção pela Ordem dos Advogados da gestão integral de todo o SADT, desde a nomeação até ao pagamento do Advogado. IAD - Instituto do Acesso ao Direito Sandra Horta e Silva Largo de São Domingos, 14 1º LISBOA-PORTUGAL Tel congressoadvogados@cg.oa.pt
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