O PAPEL DAS DELEGAÇÕES E DOS AGRUPAMENTOS DE DELEGAÇÕES OS MEIOS E OS FINS ESTATUTÁRIOS
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- Aurélia Figueiroa de Carvalho
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1 O PAPEL DAS DELEGAÇÕES E DOS AGRUPAMENTOS DE DELEGAÇÕES OS MEIOS E OS FINS ESTATUTÁRIOS Nas II e III Convenções das Delegações, realizadas, respectivamente, na Póvoa de Varzim e em Albufeira, analisaram-se, discutiram-se e aprovaram-se algumas medidas visando dotar, na generalidade, as Delegações de meios materiais e financeiros tendo em vista a realização dos respectivos fins, decorrentes do próprio Estatuto da e de delegação de competências pontualmente conferidas pelos Conselhos Distritais. Decorridos alguns anos, podemos hoje constatar que uma significativa parte das medidas reivindicativas então aprovadas encontram-se satisfeitas, tendo algumas delas merecido consagração no Estatuto da. A título exemplificativo permito-me recordar as que considero mais importantes: Possibilidade de integrar um maior número de membros nas Direcções das Delegações; Dotação de instalações próprias e recursos humanos; Disponibilização de meios financeiros necessários, de harmonia com o número de advogados inscritos pela respectiva Comarca e o programa anual de actividades; Possibilidade ou reconhecimento do exercício de competências delegadas, designadamente no domínio do Regime de Protecção Jurídica e Apoio Judiciário; Intervenção na organização e direcção de acções de formação profissional permanentes dos advogados e advogados estagiários; Implementação de medidas tendentes à criação de Gabinetes de Consulta Jurídica e no Combate à Procuradoria Ilícita; A proposta de criação de DELEGAÇÕES no âmbito dos Conselhos Distritais, visando uma melhor aproximação da Ordem junto das instâncias judiciais e judiciárias e no apoio aos Advogados inscritos pelas respectivas Comarcas (por ex., no seguimento da aprovação desta proposta foi criada desde logo a Delegação de Coimbra); Finalmente, a possibilidade da concepção de uma estrutura organizativa visando o Agrupamento de Delegações, tendo em vista o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis e a realização de acções de interesse comum. A par da consagração estatutária da quase generalidade das medidas, então aprovadas, verificamos que foi feito um significativo esforço pelos Conselhos Distritais no sentido do reconhecimento do verdadeiro papel das Delegações junto das respectivas Comarcas, assumindo progressivamente competências até então a cargo exclusivo dos Conselhos Distritais. Igualmente, a par do reconhecimento do exercício de mais competências, foram disponibilizados para algumas Delegações os meios necessários, dotando-as de instalações próprias e outros recursos materiais e financeiros.
2 Porém, afigura-se que nem todas as Delegações dispõem ainda dos recursos e dos meios necessários com vista à realização das competências enunciadas ou permitidas pelo respectivo Estatuto da O.A. No pressuposto de que em determinadas Delegações poderá eventualmente não se justificar uma estrutura organizativa mais dimensionada, naturalmente com maiores encargos, o AGRUPAMENTO DE DELEGAÇÕES poderá contribuir de forma determinante para que as Delegações passem da mera possibilidade ao efectivo exercício das competências, nos mais diferentes domínios de intervenção. Por natureza, qualquer agrupamento organizativo visa uma congregação de esforços, energias e rentabilização de recursos para melhor concretização de objectivos comuns ou afins. Para além de contribuir para uma melhor realização desses objectivos, o Agrupamento de Delegações possibilitará também a troca de experiências sentidas em cada Delegação, com a necessária salvaguarda da autonomia, mas sempre norteadas pelo mesmo objectivo o serviço de missão para dignificação da classe, da advocacia e da justiça. O Agrupamento de Delegações surge no actual Estatuto como uma forma organizativa que deve ser encarada com muito agrado e, por isso, desde já, devem ser desencadeados esforços no sentido da sua concretização, escolhendo-se a forma que melhor se ajuste a cada realidade. Em nosso entender afigura-se que a forma de Agrupamento deve nortear-se, entre outros, essencialmente por um critério de proximidade territorial (abrangendo uma ou várias Comarcas limítrofes), podendo assim coexistir vários agrupamentos no âmbito do mesmo Conselho Distrital. O Agrupamento de Delegações, uma vez constituído, poderia criar uma Comissão de Funcionamento, integrando um membro de cada Delegação agrupada. Tal Comissão deverá propor um plano estratégico de actuação que vise o desenvolvimento de acções concertadas, designadamente: A realização de Assembleias-Gerais de Comarcas conjuntas, para discussão e aprovação de matérias de interesse comum; O planeamento, organização, realização e divulgação de acções de formação profissional; A Coordenação e o apoio de actividades especialmente destinadas aos advogados estagiários das respectivas Comarcas; A intervenção em acções tendentes ao combate da Procuradoria Ilícita; A intervenção na criação e funcionamento dos Gabinetes de Consulta Jurídica, baseado num modelo previamente aprovado, tendo em conta as orientações do Conselho Geral ou do Conselho Distrital; A dinamização e participação em eventos, nomeadamente de natureza cultural, lúdica e recreativa; A organização e actuação de cada Delegação para cumprimento das competências próprias;
3 A Divulgação regular das principais actividades de interesse comum, designadamente através dos mini-sites da Internet das próprias Delegações. Entre as medidas prioritárias para o triénio em curso, consideramos que o Agrupamento de Delegações poderá desempenhar um relevante papel, por exemplo, na concepção, regulamentação, implementação e funcionamento dos Gabinetes de Consulta Jurídica, previstos no artigo 15.º da Lei n.º 34/2004, de 29 de Julho, que ao Ministério da Justiça compete garantir, em cooperação com a Ordem dos advogados e as autarquias locais interessadas. Tais Gabinetes visam dar cumprimento à citada lei que instituiu o novo Regime de Acesso ao Direito e aos Tribunais, destinado aos cidadãos carenciados economicamente, devendo, como preconizado, ser implementados progressivamente, a nível nacional, na condição do Ministério da Justiça colocar os necessários meios materiais e financeiros ao dispor da, visto estarmos perante o reconhecimento de um direito constitucional que ao Estado compete garantir. Com a implementação de tais Gabinetes consideramos contribuir de forma determinante para a efectiva concretização daquele direito constitucional e simultaneamente acabar com a proliferação dos Gabinetes de Consulta Jurídica que se encontram em funcionamento por iniciativa das Juntas de Freguesias, sem qualquer controlo ou direcção da. Importa, pois, definir com urgência em articulação com o Ministério da Justiça as condições e regras a que devem obedecer os preconizados Gabinetes de Consulta Jurídica, devendo ser desencadeadas acções de sensibilização da população em geral e, em especial, junto da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP), da Associação Nacional das Juntas de Freguesias (ANAFRE) e das próprias Juntas de Freguesia. O funcionamento de tais Gabinetes sob a alçada da Ordem contribuirá também para combater a Procuradoria Ilícita, com os inerentes benefícios para os cidadãos e também para os advogados, em geral, e em especial para os jovens advogados que terão possibilidades de intervir, de forma regular, nas consultas que passarão a ser, organizadamente, ministradas no âmbito de cada Comarca. Tendo em vista uma célere concretização desta medida deverá a Ordem apresentar ao Ministério da Justiça uma proposta de medida legislativa que vise a aprovação designadamente de um Regulamento que sirva de base à celebração de protocolos, a nível de cada Comarca ou Comarcas, entre as respectivas Delegações, as autarquias locais interessadas e os Serviços competentes do Ministério da Justiça. Concretamente, deverão ser definidas no referido Regulamento regras designadamente sobre: - A entidade responsável pela disponibilização das instalações e do apoio logístico de tais Gabinetes;
4 - No caso das instalações serem disponibilzadas pela Ordem, o valor a suportar pelo Ministério da Justiça na comparticipação de tais despesas; - As contra-partidas das Juntas de Freguesia, no caso dos Gabinetes funcionarem nas instalações pelas mesmas disponibilizadas; - As condições de recurso dos destinatários/utentes dos Gabinetes, cujo controlo deverá ser feito, mediante a apresentação de uma Declaração sob Compromisso de Honra do interessado, sem prejuízo de lhe poderem ser exigidos os documentos que comprovem a respectiva situação económica; - Os modelos de impressos que deverão ser adoptados no Funcionamento dos Gabinetes; - O valor dos honorários por consulta devidos aos Advogados e Advogados Estagiários; - A entidade responsável pelo efectivo pagamento dos honorários e prazo para o respectivo pagamento, evitando-se os atrasos a que o sistema do Apoio Judiciário já nos foi habituando Com a dotação de meios e recursos materiais, incluindo o apoio logístico, as Delegações poderão, neste domínio, dar um contributo determinante para a realização dos seus fins estatutários, aproximando a Ordem das instâncias judiciais, judiciárias e autárquicas e da própria sociedade civil. Com o efectivo exercício de competências pelas Delegações, nos diferentes domínios em que poderão intervir, nomeadamente no apoio directo que pode ser prestado aos Colegas, na elaboração de escalas para diligências urgentes, nos processos de nomeação de defensores e patronos oficiosos, na satisfação e resposta a Requerentes do Apoio Judiciário, no recebimento e encaminhamento de participações do Tribunal, na satisfação de pareceres solicitados pelo Tribunal, no pedido de informações ao Tribunal, no regular acompanhamento dos processos de pagamentos de honorários, na realização de acções de formação profissional, na criação e direcção do Gabinetes de Consulta Jurídica, enfim, na resolução de qualquer problema que se suscite em cada Comarca e directamente relacionada com a justiça e a advocacia, a Ordem dos Advogados está presente e as respectivas Delegações serão vistas como o interlocutor privilegiado, por exemplo, dos Colegas, dos Funcionários Judiciais, dos Srs. Magistrados Judiciais e do Ministério Público, das Entidades Policiais, das autarquias locais e, em geral, da população. CONCLUSÕES I As Delegações face ao actual Estatuto devem, por sua iniciativa, exercer as competências, próprias ou delegadas, desde que lhe sejam disponibilizados os necessários meios financeiros e recursos materiais e humanos; Tratando-se de competências delegadas, devem as mesmas constar de expressa deliberação dos Conselhos Distritais; II As Delegações de Comarcas limítrofes devem estabelecer uma cooperação e articulação entre si, visando a realização de acções de interesse comum e o exercício
5 de competências que forem consideradas oportunas e possíveis de concretização, designadamente no âmbito do Agrupamento de Delegações. III A deve apresentar ao Ministério da Justiça uma proposta de medida legislativa que vise a criação, implementação e o regular funcionamento, a nível nacional, dos Gabinetes de Consulta Jurídica previstos no artigo 15.º da Lei n.º 34/2004, de 29 de Julho PROPONENTE: Dr. Carlos Ferreira A DELEGAÇÃO DE LOURES
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