O PROCESSO DE INVENTÁRIO
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- Luís Alves Sintra
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1 CENTRO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DE JUSTIÇA O PROCESSO DE INVENTÁRIO
2 Apresentação APRESENTAÇÃO A formação é destinada aos Oficiais de Justiça que trabalham em processo de Inventário. As matérias irão sendo apresentadas, seguindo a ordem do processo de inventário, e conforme for surgindo a necessidade do seu tratamento. Objectivos desta acção de formação: devem os seus destinatários, no final da mesma, ser capazes de, manuseando o Código de Processo Civil e o Código Civil, identificar e enunciar as regras e executar correctamente, no seu local de trabalho, os actos processuais do processo de inventário. No decurso da formação, serão consideradas três fases do processo de inventário: 1- A habilitação. Saber identificar os interessados e chamá-los ao processo é o primeiro objectivo a alcançar. 2- Reconhecer os bens a partilhar e seus valores. Activo e passivo. Saber quais os bens que devem entrar no inventário e determinar os seus valores é o nosso segundo objectivo. 3- A partilha, destes bens, por aqueles interessados. Saber partilhar e adjudicar os bens aos interessados - o fim último do processo de inventário, é o nosso objectivo final. 13/1/2003 Para o formando avançar para o módulo seguinte, deverá ser capaz de ultrapassar, com êxito, a avaliação que lhe será feita no final de cada módulo. A. Nolasco Página 2
3 O PROCESSO DE INVENTÁRIO FINALIDADES ARROLAMENTO Uma das funções do processo de inventário é o arrolamento dos bens que constituem a herança. No caso de herança jacente e de interessado único, o inventário tem apenas por fim relacionar os bens e servir de base à eventual liquidação da herança. Herança Jacente é a herança aberta, mas ainda não recebida nem declarada vaga para o Estado. Finalidades Arrolamento Art. º. 1132º nº 1 CPC Artº. 2103º C.C. Herança Jacente Art. 2046º CC. Meação_ SEPARAÇÃO DE MEAÇÕES A partilha dos bens comuns do casal em sequência da extinção da comunhão de bens entre os cônjuges, é outra das funções do processo de inventário, ou seja, o processo de separação de meações. Ao longo da vida comum de um casal, vai este comprando bens. Esses bens são os bens comuns do casal. Ao partilhar-se estes bens comuns, cada um dos cônjuges possui o direito a metade deles, a sua meação. Sabemos então que, da universalidade dos bens comuns, metade é a meação dum cônjuge e a outra metade é a meação do outro cônjuge. Temos assim a noção de bens comuns e a noção de meação. Pela noção de bens comuns obtemos também a de bens próprios aqueles que pertencem unicamente a um dos cônjuges. 1 separação de meações artº. 1326º e 1404º CPC. bens comuns meação bens próprios 1 (Ver regimes de bens, Código Civil, artº. 1717º a 1766º. Efeitos do divórcio, 1788º a 1790º. Separação Judicial de bens, 1767º 1722º). Página 3
4 INVENTÁRIO DESTINADO A PÔR TERMO À COMUNHÃO HEREDITÁRIA Abertura da sucessão art.º. 2024º, 2031º Cod. Civil Fases do processo de inventário A sucessão abre-se no momento da morte do seu autor e no seu último domicílio. Consiste no chamamento de uma ou mais pessoas à pertença efectiva dos bens do falecido. Saber quem são os interessados e chamá-los ao processo é o primeiro objectivo a alcançar. Saber quais os bens que devem entrar no inventário, e determinar os seus valores, e efectuar o pagamento do passivo sendo caso disso, é o segundo objectivo do processo. Ultrapassadas estas duas fases, avançamos para a terceira e última fase processual que é a da partilha e adjudicação dos bens aos interessados - o fim último do processo de inventário. O requerente QUEM PODE REQUERER O INVENTÁRIO 2 art.º. 1326º, 1327º e 1338º do CPC. art.º 1406 CPC Conceito de legitimidade Os interessados directos 3 ou O Ministério Público, quando a herança seja deferida a incapazes, ausentes em parte incerta ou pessoas colectivas. No caso de separação de bens, nos termos do art.º. 825º C.P.C., pode o inventário ser requerido pelo exequente e Por qualquer credor no caso de falência de um dos cônjuges. _1.asp 2 Apenas é obrigatória a intervenção de advogados para se suscitarem ou discutirem questões de direito. 3 Qualquer dos cônjuges poderá peticionar por si só o inventário destinado a partilhar a herança em que seja interessado, em que tenha interesse directo. Ac. Rel. Lisboa de , sum. No Bol Não têm interesse directo na partilha, e, como tal não podem requerer o inventário, nem os legatários, nem os donatários, nem os credores da herança, sem prejuízo da faculdade de intervir no processo nos termos do artº. 1327º nº. 2 e 3 do C.P.C. O cônjuge do herdeiro apenas terá legitimidade para requerer o inventário quando o seu regime de casamento for o da comunhão geral de bens. Página 4
5 Representação dos incapazes: O Estatuto do MPº.: INCAPAZES E AUSENTES A capacidade judiciária é a faculdade de estar por si em juízo. Os incapazes podem ser partes, mas não têm capacidade judiciária, pelo que só podem estar em juízo por intermédio dos seus representantes. Os menores, como incapazes que são (art.º. 122 e sgts. C.C.), devem ser representados por ambos os pais. Aos interditos aplicam-se as mesmas disposições que regulam a incapacidade por menoridade. (art.º. 138º e sgts. do C.C.) Pode acontecer que o incapaz (menor, interdito ou inabilitado) e o seu representante sejam interessados na mesma herança. Por exemplo, quando ao autor da herança sucede o cônjuge e um filho de ambos menor. Caso em que há conflito de interesses entre o incapaz e o seu representante legal, sendo, neste caso, o incapaz representado por curador especial nomeado pelo Tribunal. Intervenção do Mº.Pº. Personalidade e capacidade judiciária. Incapazes e ausentes artº. 9º C.P.C. Representação dos incapazes art.º. 5º e 6º CPC. Menores art.º 10º C.P.C.,1878º e 1881º do Código Civil Necessidade de curador artº. 1329º CPC. e 1881º nº. 2 do C.C. Página 5
6 O cabeça de casal O CABEÇA DE CASAL O cargo de cabeça de casal incumbe a uma das pessoas referidas nos artsº. 2080º a 2084º do C.C.: artº. 1338º CPC. artº. 1339º, e 1340º nº. 1 e 3 do C.P.C. art.º 103 e 2079.º do C.Civil art. 1340º C.P.C. a) cônjuge; b) ao testamenteiro, salvo declaração do testador em contrário; c) aos parentes que sejam herdeiros legais; d) aos herdeiros testamentários E é indicado pelo requerente do inventário. O juiz nomeia o cabeça de casal, que é citado (ou notificado, caso seja o próprio requerente do inventário), e advertido do âmbito das declarações que deve prestar e dos documentos que deve apresentar. 4 Pertence ao cabeça de casal a administração da herança até à sua liquidação e partilha. No dia e hora designados, presta pessoalmente o compromisso de honra do bem desempenhar as suas funções e, seguidamente, fornece em declarações, que pode delegar em mandatário judicial, os elementos necessários ao desenvolvimento do processo. 4 (Ver escusa, ou remoção do cabeça de casal artº. 1339º do C.P.C. e 2085º e 2086º do C.C.) Página 6
7 AS DECLARAÇÕES DE CABEÇA DE CASAL Das declarações de cabeça de casal deve constar: declarações de cabeça de casal artº. 1340º - 2 CPC a) - Identificação do autor da herança; - lugar da sua última residência; - a data em que faleceu - o lugar em que faleceu; b) A identificação dos interessados directos na partilha; a identificação dos legatários; dos credores da herança; se houver herdeiros legitimários, dos donatários. 5 Tudo o mais necessário ao desenvolvimento do processo, designadamente: - indicação do regime de bens do inventariado e de todos os interessados. - em caso de pluralidade de núpcias, identificação do(s) cônjuge(s) e regime de bens e, se se procedeu a inventário, identificá-lo; - indicação dos filhos havidos dentro e fora de cada casamento. - se existe algum herdeiro nascituro. - necessidade, ou não, de instaurar tutela ao menor 6, a qual deve ser promovida oficiosamente pelo Tribunal. - indicação respeitante ao modo como foram os bens adquiridos (a título oneroso ou gratuito). - caso a sucessão se abra fora do país, onde se situam os bens;. - se houve inventário por óbito do cônjuge pré-defunto; No acto das declarações o cabeça de casal apresentará: Documentos a apresentar Os testamentos dos autores da herança; Convenções antenupciais; 5 A identificação compreende o nome, estado, morada última residência, e local de trabalho (artº. 619º e 467º e 1340º nº. 2 al. b) do C.P.C.) 6 Sempre que ambos os pais falecerem ou o menor se encontre noutra situação referida nos artsº. 1921º, e 1922º do C.C. Página 7
8 Escrituras de doação; Certidões comprovativos de perfilhação e de Adopções plenas, se necessários; A relação de todos os bens que terão de figurar no inventário A lei aplicável ao regime de bens é a que vigorar ao tempo em que foi celebrado o casamento. Regime de bens supletivo O primeiro Código Civil Português, o Código de Seabra, vigorou desde 1867 até 1 de Junho de 1967, quando entrou em vigor o actual Código Civil (Dec-Lei de ), que alterou, designadamente, o regime de bens supletivo (artº. 1717º C.C.) que, da comunhão geral de bens, passou a ser o da comunhão de adquiridos. O lugar da abertura da sucessão artº º do C.C. Regime de bens supletivo é o regime de bens adoptado quando o casamento não é precedido de convenção antenupcial, ou seja, a regra geral, na falta de escolha. O lugar da última residência do inventariado: O lugar da abertura da sucessão é o do último domicílio O Tribunal competente para o inventário é o do lugar da abertura da sucessão. artº. 77.º, n.º 1 do C.P.C. 7 artº. 77º nº. 2 al. b) do C.P.C. Data do óbito artº. 2031º C.C. artº. 2050º C.C. artº. 2119º C.C. Aberta a sucessão fora do País e não tendo o inventariado bens em Portugal, é competente o Tribunal do domicílio. Data do falecimento (dia, mês e ano): A sucessão abre-se no momento do óbito e fixa a data para efeitos da aceitação. Os efeitos da partilha produzem-se no momento da abertura da herança 7 Ver Inventário do cônjuge supérstite. Exequibilidade das certidões extraídas dos inventários Página 8
9 Para o cálculo da legítima, considera-se o valor dos bens do autor da sucessão à data da sua morte (artº 2162º do C.C.) herança Legítima ou quota indisponível é a porção de bens de que o testador não pode dispor, por ser legalmente destinada aos herdeiros legitimários. Legítima Artº 2156º C.C. Herdeiros legitimários são o cônjuge, os descendentes e os ascendentes, pela ordem e segundo as regras estabelecidas para a sucessão legítima. Herdeiros legitimários artº. 2157º C.C Sucede frequentemente que, ao proceder-se à partilha de uma determinada pessoa, se verifica que os bens a partilhar foram adquiridos por herança anterior de que não foi feita partilha. Neste casos tem lugar a cumulação de inventários. Devemos então fazer a partilha de alguém que morreu há muitos anos atrás, quando vigoravam outras regras, e A lei em vigor à data do falecimento é que vai regular a sucessão por morte. Em 25 de Novembro de 1977 é, por imperativo constitucional, publicado o Decreto Lei nº. 496/77, que introduz novas alterações ao Código Civil, entre as quais a actual ordem da sucessão legítima referida no artº. 2133º, que entrou em vigor no dia 1 de Abril de Nas sucessões abertas antes de , o cônjuge apenas integra a 4ª classe de sucessíveis. A ordem de sucessão legítima é, nestes casos, idêntica 8 à estabelecida no artº do C. Seabra pela seguinte ordem: Cumulação de inventários artº. 1337º nº 1 al. c) e nº. 2 do C.P.C. artº. 62º C. Civil. antes de artº. 1969º do Código de Seabra 1.Aos descendentes, na falta destes, 2.Aos ascendentes, na falta destes, 3.Aos irmãos e seus descendentes e, na falta destes todos, 4.Ao cônjuge sobrevivo 5.Aos transversais não compreendidos no nº. 3, até ao 10º grau. 6.A Fazenda Nacional 8 Na sua versão inicial, a redacção do artº. 2133º do actual C.Civil que entrou em vigor em , era, nos primeiros 4 graus idêntica à do artº. 1969º do Código anterior. Sendo o 5º grau Outros colaterais até ao 6º grau e o 6º o Estado. Página 9
10 artº. 2133º do C.C Parentesco artº 1578º C.C. artº. 1580º C.C. Contagem dos graus artº. 1581º C. C. Afinidade artº. 1584º C.C A actual ordem da sucessão legítima integra o cônjuge na 1º classe de sucessíveis ou, não havendo descendentes na 2ª, sendo a seguinte a ordem por que são chamados os herdeiros: 1. Cônjuge e descendentes, na falta destes, 2. Cônjuge e ascendentes, na falta destes, 3. Irmãos e seus descendentes, na falta destes, 4. Outros colaterais até ao 4º grau, na falta destes todos, 5. O Estado Parentesco é o laço que une duas pessoas, em resultado de uma delas descender da outra ou de terem as duas um antepassado comum. Linhas de parentesco: A linha diz-se recta quando um dos parentes descende do outro; diz-se colateral quando nenhum descende do outro, mas ambos descendem de um antepassado comum. Contagem dos graus: - na linha recta, cada pessoa é um grau, não se contando o progenitor. - na linha colateral, conta-se da mesma maneira os graus de parentesco, subindo por um dos ramos e descendo pelo outro, não se contando o antepassado comum. Suponhamos 4 pessoas, cada uma filha da anterior - a primeira é bisavó da última. Qual o grau de parentesco entre a 1ª e a 4ª? Sendo cada pessoa um grau, seriam parentes no 4º grau, mas como não se conta o progenitor, são parentes no 3º grau da linha recta. Afinidade é o vínculo que liga cada um dos cônjuges aos parentes do outro e não cessa pela dissolução do casamento. Página 10
11 A descendência da Ana: Qual o grau de parentesco entre o Rui e a Ana? Cada um é um grau. Rui, Jorge, Pedro e Ana, são 4. Mas como o progenitor, a Ana, não conta, são parentes no 3º grau da linha recta. Qual o grau de parentesco entre o João e o Miguel? Cada um é um grau. Eles são 3, logo seriam 3 graus. Mas como a Isabel é o progenitor comum, não conta. Então o João e o Miguel são parentes no 2º grau da linha colateral. E entre a Isabel e o Pedro? Cada um é um grau. Isabel + Maria + Ana + Pedro são 4. Como não se conta o progenitor comum, a Ana, são parentes no 3º grau da linha colateral. E o João e o Luís? São parentes no 6º grau da linha colateral. Legar é transmitir por testamento. Legatário é aquele a favor de quem o testador dispõe de valor ou bens determinados. Um herdeiro pode ser simultaneamente legatário e herdeiro. Doação é o acto de doar, é o contrato, unilateral e gratuito, pelo qual uma pessoa, em vida, dispõe de um bem ou de um direito do seu património, gratuitamente, a favor de outro. Donatário é aquele a favor de quem foi feita a doação. A doação pode ser feita a favor de qualquer pessoa, incluindo um herdeiro legitimário. Linha recta descendente, quando se parte do ascendente para o que dele procede. ascendente, quando se considera como partindo deste para o progenitor. Linhas colaterais: Quando nenhum descende do outro, mas ambos têm um progenitor comum Ana é o progenitor comum a todos Isabel é o progenitor comum do João e do Miguel Jorge é o progenitor comum do Rui e do Luís Legar artº. 2249º C.C. e sgts. Doação artº. 940º C.C. e sgts. Página 11
12 Dívidas activas são os direitos de crédito da herança; as dívidas de que a herança, ou o casal, é credor. Credores artº. 2068º e sgts C.C. Dívidas passivas - Credores da herança Encargos da herança A herança é responsável: Pelas despesas com o funeral e orações pela alma do seu autor; Pelos encargos com a testamentaria, administração e liquidação do património hereditário; Pelo pagamento das dívidas do falecido e pelo cumprimento dos legados. Regimes de bens artº. 1717º e sgts C.C. Comunhão de adquiridos artº. 1722º C.C. Comunhão geral artº. 1732º C.C. Regimes de bens: Regime de bens supletivo é o regime de bens adoptado quando o casamento não é precedido de convenção antenupcial, ou seja, a regra geral. (na falta de escolha). Desde 1 de Junho de 1967 que é o da comunhão de adquiridos. No regime da comunhão de adquiridos: Bens próprios são aqueles que cada um já tinha antes de casar e ainda os bens adquiridos, durante o casamento, por sucessão ou doação (a título gratuito). os bens adquiridos, na constância do matrimónio, em resultado de direito próprio anterior ao casamento. Bens comuns são o produto do trabalho dos cônjuges e os bens adquiridos durante o casamento, com excepção dos atrás referidos. (1724º C.C.) No regime da comunhão geral: Todos os bens que cada um possui e que venha a adquirir integram o património comum (salvo as excepções referidas no artº. 1733º do C.Civil) Página 12
13 No regime da separação de bens: Cada um conserva o domínio e fruição de todos os seus bens presentes e futuros. É obrigatoriamente contraído sob a separação de bens: Separação de bens artº. 1735º C.C. artº. 1720º C.C. O casamento realizado sem precedência do processo de publicações; O casamento de quem já tenha completado 60 anos de idade. Analisando as diferenças dos regimes de bens apercebemo-nos da necessidade de conhecer, não só quais os regimes de bens dos inventariados, mas também os dos demais interessados Mas é ainda necessário saber como e quando foram os bens adquiridos, para distinguirmos os bens comuns dos bens próprios. Pois só assim ficamos a saber como e a quem os bens se transmitem. Ou seja, só assim sabemos a quem os bens pertenciam e quem deve ou não ser chamado à sucessão quem é herdeiro. Mas também para saber qual o Tribunal competente para o inventário pode ser necessário saber onde se situam os bens: Competência territorial No caso da sucessão abrir fora do País. artº. 77º nº. 2 CPC. Quando uma partilha depende de outra, ao proceder-se à partilha por óbito de uma determinada pessoa pode verificar-se que os bens a partilhar foram adquiridos por herança anterior de que não foi feita partilha. Neste caso há que proceder-se à cumulação de inventários e o Tribunal competente é aquele onde deve realizar-se a partilha de que as outras dependem. No caso do inventário do cônjuge supérstite 10, é competente o Tribunal onde se procedeu ao inventário do cônjuge pré-defunto e os termos do segundo processo correm dentro do primeiro 1337º nº. 1 e 2 do C.P.C. artº. 77º nº. 3 e 1377º nº. 1 al. b) e nº. 2 e 1392º do C.P.C. 10 O último a perecer. Página 13
14 Documentos a apresentar Documentos que o cabeça de casal deve apresentar no acto das declarações: - Os testamentos dos autores da herança - Os quais pagam imposto de selo 24,94 cada um Convenções antenupciais; - Escrituras de doação; - Certidões comprovativas de perfilhação, se necessárias; - A relação de todos os bens que hão-de figurar no inventário. 12 artº. 1345º do C.P.C. - As cópias de todos os documentos (artº. 152º, nº. 2 do C.P.C.) uma para cada pessoa a notificar. - Se o cabeça da casal não apresentar todos ou alguns dos elementos exigidos, justificará o motivo da falta e solicitará a prorrogação do prazo para os fornecer. (artº. 1340º, nº. 4 do C.P.C.). Caso os elementos que o cabeça de casal não consiga fornecer respeitem à identificação de interessados, é aconselhável tomarlhe apenas o compromisso de honra, designando-se nova data para as declarações, de forma a que todos os elementos constem de um único auto de declarações de cabeça de casal. Prestadas as declarações, o Juiz no próprio auto profere despacho a ordenar as citações. Citações Quando o processo deva prosseguir - 11 Tabela Geral do Imposto de Selo: Testamentos, incluindo as doações por morte, quando tenham de produzir efeitos jurídicos). 12 o auto de arrolamento, quando o houver, serve de descrição de bens no processo de inventário nº. 3 do artº.426º do C.P.C. Página 14
15 São citados - para os termos do processo: artº e 1342º do C.P.C. Os interessados directos na partilha. Interessados directos são os herdeiros do autor da herança. E, se o regime de bens desses herdeiros for o da comunhão geral, também são interessados directos os seus cônjuges. Interessados directos Citação dos cônjuges dos interessados As pessoas contempladas com o usufruto duma parte da herança não determinada também são interessados directos. O óbito marca o momento da abertura da sucessão, fixa a data para efeitos de aceitação e os efeitos da partilha consideram-se produzidos nesse momento. Sempre que integrem a herança imóveis, ou outros bens cuja alienação ou oneração necessite do consentimento de ambos os cônjuges, 13 e o regime de bens seja outro que não o da separação, não pode o herdeiro alienar esses bens sem o consentimento do cônjuge. Como do inventário pode resultar sempre alienação de bens, entendemos que apenas o regime da separação de bens afasta a necessidade da citação do cônjuge do herdeiro, pelo que: Os cônjuges dos herdeiros também são citados, 14 quando casados sob o regime da separação; excepto O MºPº., quando a sucessão seja deferida a incapazes, ausentes em parte incerta ou pessoas colectivas; 15 artº. 1341º nº. 1 e 1343º nº. 1 do C.P.C. Os legatários (citados para deduzirem os seus direitos); 13 Ver artsº. Do C.Civil, 1682º Alienação de móveis, e 1682º-A alienação de imóveis e estabelecimento comercial. 14 como interessados directos, para os efeitos do 1343º n.º. 1 CPC. 15 E ainda quando a herança estiver sujeita no todo ou em parte a imposto sobre as sucessões e doações, o Mº.Pº. requererá a aprovação do passivo que seja a favor da Fazenda Nacional, e opor-se-á à aprovação, para efeitos fiscais, de quaisquer verbas do passivo que não estejam aprovadas por documentos, ou cuja prova não considere suficiente 8artº. 138º do CIMSISD) ver pág. 33. Página 15
16 Os credores da herança (citados para deduzirem os seus direitos); e Os donatários, apenas se houver herdeiros legitimários. Oposição ao inventário art. 1343º do CPC. 30 dias artº. 1342º, nº. 1 e 1348º, nº. 3 do C.P.C.) artº. 373º nº. 4 do C.P.C. Apenas os interessados directos na partilha 16, o M.º Pº. quando citado, o cabeça de casal, e o requerente do inventário, são citados para: Deduzir oposição ao inventário, impugnar a legitimidade dos interessados citados ou alegar a existência de outros, impugnar a competência do cabeça-de-casal ou as indicações constantes das suas declarações, ou invocar quaisquer excepções dilatórias. A citação é feita com entrega de cópia das declarações de cabeça de casal, relação de bens e documentos apresentados. Feitas as citações e notificações, e decorrido o prazo sem ter sido impugnada a legitimidade de qualquer herdeiro citado, está encerrada a primeira fase do processo de inventário - a habilitação. O cabeça de casal e o requerente do inventário são notificados do despacho que ordena as citações, tendo as mesmas faculdades que os restantes interessados, contando-se o prazo de que dispõem da notificação do despacho que ordena as citações. Atingimos assim o primeiro objectivo do processo de inventário que é o de saber quem são os interessados e chamá-los ao processo. 16 Também o são os cônjuges dos herdeiros. Ver nota de rodapé 2 da página 4. Página 16
17 Modelo com um filho falecido antes do A. da herança, com nomeação de curador ao incapaz e sua citação, e outro menor representado pela mãe que não concorre à herança. AUTO DE DECLARAÇÕES DE CABEÇA DE CASAL Inventário n.º Inventariado: Data: / /, às horas. Local: - - Magistrado(s): Oficial de Justiça: Encontravam-se presentes: À hora designada no competente despacho, o cabeça de casal prestou o compromisso de honra de bem desempenhar as funções de cabeça de casal neste inventário De seguida o Sr. Juiz encarregou-a de fazer as declarações exigidas nas alíneas do n.º 2 do art.º 1340.º do CPC., o que ele satisfez da seguinte maneira: Que o inventariado se chamava F, teve a sua última residência em, faleceu no dia / /, em no estado de casado com a declarante, sem convenção antenupcial, em primeiras e recíprocas núpcias de ambos, sob o regime da comunhão geral de bens, em / /. Não deixou testamento, doação ou qualquer disposição de sua última vontade, sucedendo-lhe, a declarante sua: Caso o José estivesse vivo aquando da morte do seu pai, teria adquirido o direito à herança, no momento da abertura da sucessão. Esse direito, por sua morte, transmitir-se-ia aos seus herdeiros, que são: O seu cônjuge Isabel e o seu filho Miguel. Então, a viúva Isabel seria interessada, e como tal chamada à herança juntamente com o filho Miguel. 18 Direito de representação. - Quando se chamam os descendentes a ocupar a posição daquele que não pôde, ou não quis aceitar a herança artº. 2039º do C.C. 19 Como neste exemplo a mãe não concorre com o filho menor, é ela que representa o filho e não há que nomear curador, pois não há qualquer conflito de interesses. Página 17
18 VIÚVA MARIA E, havidos deste casamento, os seguintes: FILHOS º MÁRIO, casado sob o regime da comunhão de adquiridos com Teresa residentes em e com locais de trabalho, respectivamente, em e º JOSÉ, falecido antes 17 do inventariado, em / / no estado de casado sob o regime da comunhão de adquiridos com ISABEL..., residente em... e com local de trabalho, em..., deixando a representá-lo 18 o seguinte filho menor havido deste casamento, que do inventariado é: NETO A MIGUEL, menor de anos (nascido a / / ), estudante, residente com a mãe º PEDRO, menor de anos (nascido a / / ), estudante, residente com a declarante; Declarou ainda que não existem dívidas activas ou passivas, os bens a partilhar são constituídos por móveis e um imóvel adquirido a título oneroso, na constância do matrimónio, situado na área desta comarca. - - Apresentou, neste acto, a relação de bens devidamente instruída que o Sr. Juiz, depois de ler e rubricar, mandou juntar aos autos Por se encontrar presente, foi dada a palavra ao Digno Magistrado do M.º Pº. que, no uso da mesma indicou para curador do menor Pedro, o Sr. C., casado, agricultor, residente em e com local de trabalho em De seguida o Sr. Juiz deu as declarações por prestadas, e proferiu o seguinte: DESPACHO Nomeio para curador do menor, o indicado pelo M.º Pº Tendo conhecimento de que aquele se encontra presente, neste Tribunal, prestará o imediatamente o juramento Cumpra-se o disposto nos artsº 1341.º, 1342.º e 1348.º todos do C.P.C. - - Página 18
19 Seguidamente, o curador prestou o juramento legal de bem desempenhar o referido cargo, defendendo e zelando os interesses do seu curatelado, após o que citei o menor Pedro..., na pessoa do seu curador, para: Deduzir oposição ao inventário, impugnar a legitimidade dos interessados citados ou alegar a existência de outros, impugnar a competência do cabeça-de-casal ou as indicações constantes das suas declarações, ou invocar quaisquer excepções dilatórias, dentro do prazo de 30 dias Neste acto entreguei cópia das declarações de cabeças de casal, relação de bens e documentos apresentados, do que disse ficar ciente O despacho antecedente foi notificado à cabeça de casal e ao Digno Magistrado do Ministério Público a) Juiz a) Of. Justiça Página 19
20 Modelo com apresentação da relação de bens e indicação de curador do interessado incapaz - AUTO DE DECLARAÇÕES DE CABEÇA DE CASAL - Inventário n.º Inventariado(a) Data: / /, pelas horas Local: Magistrado(s): Oficial de Justiça: PRESENTES: À hora designada no competente despacho, o cabeça de casal prestou o compromisso de honra de bem desempenhar as funções de cabeça de casal neste inventário por óbito de F De seguida, o Sr. Juiz encarregou-o de fazer as declarações exigidas nas alíneas do n.º 2 do art.º 1340.º do CPC., o que ele satisfez da seguinte maneira: O inventariado chamava-se F, faleceu no dia em / /, em e teve a sua última residência em.- - A declarante foi casada em primeiras núpcias de ambos, com o inventariado, sob o regime da comunhão geral, casamento este celebrado em / /. O inventariado não deixou testamento, doação ou qualquer disposição de sua última vontade, tendo deixado a suceder-lhe, além da DECLARANTE (identificação) os seguintes: FILHOS º F, casado com, sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos residentes. e com locais de trabalho, respectivamente, em ; º F, de anos, solteiro, pintor, residente com a declarante e com local de trabalho em º F, incapaz de anos (nascido a / / ), estudante, residente com a declarante; Declarou ainda que não existem dívidas e os bens a partilhar são constituídos por móveis e um imóvel adquirido, a título oneroso, na constância do matrimónio Página 20
21 Apresentou, neste acto, uma relação de bens devidamente instruída que o Sr. Juiz, depois de ler e rubricar, mandou juntar aos autos Por se encontrar presente, foi dada a palavra ao Digno Magistrado do Mº Pº. que, no uso da mesma disse: indico para curador do interessado incapaz, o Sr., casado, agricultor, residente em e com local de trabalho em Em seguida o Sr. Juiz deu as declarações por prestadas, e proferiu o seguinte: DESPACHO «Nomeio para curador do incapaz, a pessoa indicada pelo Mº Pº. Tendo conhecimento de que aquele se encontra presente, neste Tribunal, deverá prestar o juramento imediato» Cumpra-se o disposto nos artsº 1341.º, 1342.º e 1348.º todos do CPC Logo, em cumprimento do ordenado, o curador prestou o juramento legal de bem desempenhar o referido cargo, defendendo e zelando os interesses do seu curatelado, tendo ainda sido citado o incapaz, na pessoa deste curador, nos termos acima ordenados, do que disse ficar bem esclarecido O despacho acabado de proferir foi notificado à cabeça de casal e ao Digno Magistrado do Ministério Público, que declararam ficar bem cientes ass. Juiz ass. Of. Justiça Página 21
22 Modelo sem apresentação da relação de bens e com indicação de curador do interessado incapaz - AUTO DE DECLARAÇÕES DE CABEÇA DE CASAL - Inventário n.º Inventariado(a) Data: / /, pelas horas Local: Magistrado(s): Oficial de Justiça: PRESENTES À hora designada no competente despacho, o cabeça de casal prestou o compromisso de honra de bem desempenhar as funções de cabeça de casal neste inventário por óbito de F De seguida, o Sr. Juiz encarregou-o de fazer as declarações exigidas nas alíneas do n.º 2 do art.º 1340.º do CPC., o que ele satisfez da seguinte maneira: O inventariado chamava-se F, faleceu no dia / /, em e teve a sua última residência em A declarante foi casada em primeiras núpcias de ambos, com o inventariado, sob o regime da comunhão geral, casamento este celebrado em / /.- O inventariado não deixou testamento, doação ou qualquer disposição de sua última vontade, tendo deixado a suceder-lhe, além da DECLARANTE (identificação) os seguintes: FILHOS º F, falecido em, / /, antes do inventariado, no estado de casado, sob regime de comunhão de adquiridos, com F, viúva, porteira, residente e com local de trabalho em, tendo deixado a representá-lo o seguinte filho, que do inventariado é: NETO F maior, solteiro, estudante, residente com a mãe atrás identificada º F, incapaz, de anos (nascido em / / ), residente com a declarante Página 22
23 declarante Por óbito do 1.º filho não se procedeu a qualquer partilha dos bens. O mesmo deixou bens próprios e comuns Mais declarou que não existem dívidas e os bens a partilhar são constituídos por móveis, imóveis e depósitos bancários adquiridos, a título oneroso, na constância do matrimónio Não apresenta, neste momento, a relação de bens por dificuldades surgidas na obtenção dos elementos para elaboração da mesma, pelo que requer que lhe seja concedido um prazo para o efeito Por se encontrar presente o Digno Magistrado do Mº.Pº foi-lhe dada a palavra e, no uso da mesma disse: Indico para curador do incapaz o Sr., casado, agricultor, residente em e com local de trabalho em Em seguida o Juiz deu as declarações por prestadas, e proferiu o seguinte: DESPACHO Nomeio para curador do incapaz, a pessoa indicada pelo Mº Pº. Designo para o seu juramento o dia / /, pelas horas. Notifique. - - Concedo à declarante o prazo de dias para apresentação da relação de bens devidamente instruída Cumpra-se o disposto nos art.º 1341.º e 1342.º do CPC Este despacho acabado de proferir foi notificado à cabeça de casal e ao Digno Magistrado do Mº Pº que declararam ficar bem cientes. -- ass. Juiz ass. Of. Justiça Página 23
24 Relação de bens DO RELACIONAMENTO DE BENS O cabeça de casal organiza a relação dos bens, especificando-os por verbas numeradas pela ordem indicada no artº. 1345º do C.P.C., ou seja: direitos de crédito, 2. títulos de crédito, 3. dinheiro, 4. moedas estrangeiras, 5. objectos de ouro, prata e pedras preciosas e semelhantes, 6. outras coisas móveis e 7. bens imóveis. As dívidas são relacionadas em separado, sujeitas a numeração própria. A menção dos bens é acompanhada dos elementos necessários à sua identificação e ao apuramento da sua situação jurídica. Não havendo inconveniente para a partilha, podem ser agrupados, na mesma verba, os móveis, ainda que de natureza diferente, desde que se destinem a um fim unitário e sejam de pequeno valor. As benfeitorias pertencentes à herança são descritas em espécie, quando possam separar-se do prédio em que foram realizadas, ou como simples crédito, no caso contrário; as efectuadas por terceiros em prédio da herança são descritas como dívidas, quando não possam ser levantadas por quem as realizou. Valor dos bens Indicando os respectivos valores, conforme estipula o artº 1346.º do C.P.C. 20 Quanto à classificação das coisas, (móveis e imóveis..., ver artsº. 203º e sgts. C.Civil Página 24
25 (Indicação do valor) artº. 1346º CPC 1. Além de os relacionar, o cabeça-de-casal indicará o valor que atribui a cada um dos bens. 2. O valor dos prédios inscritos na matriz é o respectivo valor matricial, devendo o cabeça-de-casal exibir 21 a caderneta predial actualizada ou apresentar 22 a respectiva certidão. 3. São mencionados como bens ilíquidos: a) Os direitos de crédito ou de outra natureza, cujo valor não seja ainda possível determinar; b) As partes sociais em sociedades cuja dissolução seja determinada pela morte do inventariado, desde que a respectiva liquidação não esteja concluída, mencionando-se, entretanto, o valor que tinham segundo o último balanço. Apresentada a relação de bens, os interessados são, oficiosamente, notificados da sua apresentação, enviando-se-lhes cópia da mesma, de que podem reclamar contra ela, no prazo de 10 dias, acusando a falta de bens que devam ser relacionados, requerendo a exclusão de bens indevidamente relacionados, por não fazerem parte do acervo a dividir, ou arguindo qualquer inexactidão na descrição dos bens, que releve para a partilha. Notificação da relação de bens art.º º C.P.C. Quando o cabeça-de-casal apresentar a relação de bens ao prestar as suas declarações, a notificação terá lugar conjuntamente com as citações para o inventário, sendo o prazo da reclamação o mesmo da oposição (30 dias). Findo o prazo para as reclamações contra a relação de bens, dáse, oficiosamente, vista ao Ministério Público, quando tenha intervenção principal no inventário, por 10 dias, para idêntica finalidade. 21 Não deve ser exigida a junção da caderneta, mas apenas a sua exibição. Pode-se também juntar fotocópia por linha. 22 Também não é necessário exigir-se a junção da certidão matricial. O procedimento deve ser o mesmo que para a caderneta. Página 25
26 Reclamação da Relação de bens E se for deduzida alguma reclamação? art.º 1349.º, n.º 1 do CPC. - A secretaria deixa findar o último prazo, após o que o cabeça de casal é notificado para, no prazo de 10 dias, relacionar os bens em falta ou dizer o que se lhe oferecer sobre a matéria da reclamação. Se o cabeça de casal confessar a existência dos bens, procede imediatamente, ou no prazo que lhe for concedido, ao aditamento da relação de bens inicialmente apresentada. art.º º, n.º 2 do CPC.. A secretaria, oficiosamente, notifica os restantes interessados da modificação apresentada (com envio de cópias). E se o cabeça de casal nada disser? art.º 1344.º nº. 2 do CPC. - Oficiosamente, notificam-se os outros interessados para dizerem o que tiverem por conveniente no prazo de 10 dias, após o que o juiz decidirá. Falta de citação Verificando-se em qualquer altura a falta de citação de um interessado: - Procede-se, imediatamente, à sua citação, com a cominação de que, nada requerendo no prazo de 15 dias, o processo se considera ratificado. artº. 1342º, nº. 2 do C.P.C. Na citação será advertido para, no mesmo prazo, exercer os direitos que lhe competiam. Página 26
27 Se uma dívida activa, 23 relacionada, for negada pelo pretenso devedor, procede-se como atrás se indicou para a apresentação da relação de bens. Aplica-se o disposto no artº 1348.º C.P.C., com as necessárias adaptações. Artº l351.º nº. 1 C.P.C. Se for mantido o relacionamento do débito, a dívida reputa-se litigiosa; Sendo eliminada, entende-se que fica aberto aos interessados o direito de exigir o pagamento pelos meios competentes. Artº 1351.º, nº. 2 C.P.C. Quando terceiro se arrogue a titularidade de bens relacionados e requeira a sua exclusão do inventário, aplicar-se-ão, com as necessárias adaptações, as disposições dos nºs. 1 a 5 do artº º do C.P.C. As alterações e aditamentos ordenados são sempre introduzidos pela secretaria na relação de bens inicialmente apresentada art.º 1349.º, n.º 5 do C.P.C. E se o juiz não decidir e remeter os interessados para os meios comuns? art.º 1350.º C.P.C. - Não são incluídos no inventário os bens cuja falta se acusou. - E permanecem relacionados aqueles cuja exclusão se requereu. 23 (Dívida activa quando alguém deve à herança. A herança é credora). (Dívida passiva, quando é a herança que deve. Por ex.: As despesas do funeral, ou, as muito frequentes dívidas às instituições bancárias, dos créditos para aquisição de habitação). Página 27
28 Incidentes INCIDENTES artsº º a 1336.º; 1339.º; 1350.º e 1383.º do CPC. Intervenção art.º 1330.º do CPC. art.º 153.º, n.º 1 do CPC. Incidente de Intervenção principal (espontânea ou provocada) Corre nos próprios autos e é admitido, em qualquer altura do processo, relativamente a qualquer interessado directo na partilha. O cabeça de casal e demais interessados são notificados para responder no prazo de 10 dias O interessado admitido a intervir será depois citado nos termos do n.º 2 do art.º 1342º do C.P.C. A dedução deste incidente apenas suspende o andamento do processo a partir do momento em que deveria ser convocada a conferência de interessados. art.º 1331.º do C.P.C. Incidente de Intervenção de outros interessados Corre nos próprios autos. Havendo herdeiros legitimários, os legatários e donatários que não hajam sido inicialmente citados podem deduzir intervenção no processo. Os titulares activos de encargos da herança (por exemplo: credores) podem reclamar os seus direitos até à realização da conferência de interessados destinada a aprovação do passivo, mesmo que esses encargos não tenham sido relacionados pelo cabeça de casal. A dedução deste incidente apenas suspende o andamento do processo a partir do momento em que deveria ser convocada a conferência de interessados. Página 28
29 Incidente de Habilitação de sucessores: art.º 1332.º do CPC. Corre nos próprios autos. Falecendo algum interessado directo na partilha no decurso do processo, ou o cabeça de casal indica os sucessores do interessado falecido e junta os documentos necessários, 24 ou os sucessores do interessado falecido requerem a respectiva habilitação, juntando eles os documentos necessários. 25 Em qualquer dos casos, seguem-se as citações dos habilitandos que ainda o não tenham sido para os termos do inventário, e as notificações dos restantes interessados. A legitimidade dos sucessores indicados poderá ser impugnada, quer pelos citados (no prazo de 15 dias), quer pelos outros interessados notificados (estes no prazo de 10 dias), nos termos dos artsº 1342.º, n.º 2, 1343.º e 1344.º do C.P.C.. Na falta de impugnação, têm-se como habilitadas as pessoas indicadas. Com as necessárias adaptações, aplicam-se as mesmas regras às habilitações de legatários, credores ou donatários falecidos depois de citados para o inventário. (art.º 1332.º, n.º 5 do CPC.). Os citados têm os direitos a que se refere o n.º 2 do art.º 1342.º do CPC., a partir do momento da verificação do óbito do interessado a que sucedem. Incidente de Habilitação de cessionário artsº 1332.º, n.º 6 e 376.º, n.º 1 al. a) do CPC Corre por apenso É-lhe aplicável o estabelecido na parte geral do código quanto a incidentes. artº.s 302º a 319º do C.P.C. 24 ex. certidões de óbito e de nascimento dos habilitandos. 25 ex. certidão de óbito; certidão de sentença transitada em julgado que os tenha habilitado ou ainda escritura notarial de habilitação). Página 29
30 art.º 1333.º do CPC. Incidente de Exercício do direito de preferência Formulado nos próprios autos. 26 Suspende o andamento do processo a partir do momento em que devia ser convocada a conferência de interessados. Se for deduzido fora do inventário, o juiz poderá determinar oficiosamente, ou a requerimento de qualquer interessado, a suspensão do inventário nos termos do art.º 279.º do CPC.. art.º 1334.º do CPC. Outros incidentes É aplicável à tramitação dos incidentes em processo de inventário, não especialmente previsto na lei, o disposto nos artsº 302.º a 304.º do CPC.. Ex.: remoção de cabeça de casal; sonegação de bens; escusa de cabeça de casal... Custas dos incidentes: Segundo o art. 20º. do CCJ. o inventário compreende, para efeito de custas, todos os incidentes processados no seu decurso quando, pelas regras de condenação, fossem da responsabilidade de todos os interessados a elas sujeitos ou quando, devendo ficar apenas a cargo de algum, forem causados no interesse de todos. As regras de condenação perfilam-se nos artsº 1383.º, n.º 2 e 446.º do C.P.C. 26 (Salvo se envolver a resolução de questões de direito cuja complexidade seja incompatível com a tramitação do processo de inventário). Página 30
31 DA CONFERÊNCIA DE INTERESSADOS Determinados os bens que devem entrar no inventário, resolvidas as questões levantadas, é designado, pelo Juiz, dia para a conferência de interessados. Conferência de interessados artº. 1352º C.P.C. Nela podem os interessados fazer-se representar por mandatário com poderes especiais e conferir o mandato a outro interessado. Os assuntos a tratar na conferência, indicados no despacho que a convoque, constam obrigatoriamente da nota de notificação a enviar aos intervenientes. Os interessados directos, que residam na área do círculo judicial, são notificados com obrigação de comparência ou representação, sob pena de multa. Caso à conferência falte algum interessado e for credível a possibilidade de acordo, pode a conferência ser adiada por uma só vez. A conferência de interessados destina-se a decidir sobre: a) Composição dos quinhões e seus valores; b) Aprovação do passivo e forma do seu pagamento; c) Reclamação contra o valor atribuído aos bens; e d) Quaisquer questões cuja resolução possa influir na partilha E como decide a conferência? Conforme o artº. 1353º do C.P.C., ou seja: artº. 1352º nº. 3 C.P.C. A que se destina? Como decide? 1 Conseguindo acordo, por unanimidade, quanto: unanimidade a) Às verbas que hão-de constituir o quinhão de cada um e respectivos valores; b) À constituição das verbas ou lotes a sortear; c) À venda de bens e distribuição do proveito pelos interessados; 2 Para determinar os valores das verbas pode, previamente ao referido em a) e b) proceder se a arbitramento Página 31
32 referido em a) e b), proceder-se a arbitramento. 3 Compete ainda aos intervenientes na conferência decidir sobre a aprovação do passivo, forma de cumprir os legados e outros encargos da herança. Licitações 4 Na falta do acordo previsto no nº 1, resolvidas as reclamações sobre o valor atribuído aos bens relacionados e quaisquer questões cuja resolução possa influir na partilha, abrese licitação entre os interessados. Artº. 1363º C.P.C. 5 - A conferência é soberana nas suas decisões e estas obrigam os que não compareceram. art.º 1353.º, n.º 6 CPC. O inventário pode findar na conferência, por acordo dos interessados e do Ministério Público (quando tenha intervenção principal), desde que o juiz considere que a simplicidade da partilha o consente. A partilha efectuada é, neste caso, judicialmente homologada em acta, da qual constarão todos os elementos relativos à composição dos quinhões e a forma da partilha. Quem se notifica? Quem se notifica para a conferência? - Os interessados, como indica o artº. 1352º nº. 2 do C.P.C. Mas quem são os interessados? (são todos aqueles cujos proveitos podem ser influenciados pelas decisões da conferência). Os herdeiros - Os herdeiros sempre. 27 Os legatários - Os cônjuges dos herdeiros, excepto nos casamentos contraídos sob o regime da separação de bens. (pelos mesmos motivos porque se procede à sua citação) E, conforme o objecto da conferência, podem ser interessados: - Os legatários, quando a conferência se destine: º nº. 3 CPC A aprovar a forma de cumprimento dos legados. 27 A notificação para a conferência de interessados do herdeiro que não resida na sede da comarca é feita por carta registada para o endereço em que foi citado, produzindo o seu efeito mesmo que a carta venha devolvida (Ac. STJ, de : Col. Jur./STJ, 1993, 3º-78). Página 32
33 tabela do artº. 40ºCód. do Imp. Mun. de SISA e do Imp. sobre as Sucessões e Doações: htm A aprovar o passivo, estando toda a herança dividida em legados; 28 A aprovar passivo e, desta aprovação, resulte redução 29 de legados. - Os donatários, quando da aprovação das dívidas possa resultar a redução 16 das liberalidades. - Os credores, quando o objectivo da conferência seja a aprovação do passivo. (artº. 1353º nº. 3, 1357º, 1361º do C.P.C.) - Os representantes dos incapazes. - O curador e os vogais do conselho de família, quando ambos os pais tiverem falecido ou estiverem inibidos do poder paternal. - O Ministério Público, quando a sucessão seja deferida: a incapazes, ausentes em parte incerta ou pessoas colectivas. (1341º do C.P.C.). 30 e ainda em todos os inventários de herança sujeita, no todo ou em parte, a imposto sobre as sucessões e doações e onde sejam relacionadas verbas de passivo que não sejam provadas por documentos. 31 Ao debruçarmo-nos sobre as declarações de cabeça de casal já referimos que: Legítima ou quota indisponível é a porção de bens, determinada em valor que o autor da herança não pode dispor, por ser legalmente destinada aos herdeiros legitimários que são o cônjuge, os descendentes e os ascendentes. artº. 1359º nº. 1, 1360º, 1366º do C.P.C. Os donatários artº. 1359º nº. 1 e 1360º 1365º do C.P.C. Os credores Incapazes artº. 1921º e 1922º e 1954º e 1955º C.C. Ministério Público Legítima artº. 2156º CC 28 Quando a herança estiver sujeita no todo ou em parte a imposto sobre as sucessões e doações, o Mº.Pº. requererá a aprovação do passivo que seja a favor da Fazenda Nacional, e opor-se-á à aprovação, para efeitos fiscais, de quaisquer verbas do passivo que não estejam aprovadas por documentos, ou cuja prova não considere suficiente 8artº. 138º do CIMSISD) 29 Verifica-se assim que: Para sabermos quem se notifica para a conferência é necessário saber se há necessidade se proceder à redução de liberalidades, e para saber se há que reduzir liberalidades temos de saber: Qual o valor da quota disponível do autor da herança, Qual o valor da legítima de cada herdeiro legitimário, Qual o valor da liberalidade ou legado; 30 Compete ao Tribunal promover oficiosamente a instauração de tutela ou administração de bens, sempre que o menor se encontre em situação que o necessite. (artº. 1923º do C.C.) 31 art.º 138.º do Cód. do Imp. Mun. de SISA e do Imp. sobre as Sucessões e Doações. Página 33
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