Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Araraquara OPTATIVA. Disciplina APF Política e Cultura. Docente(s) Milton Lahuerta

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1 OPTATIVA Identificação Disciplina APF Política e Cultura Docente(s) Milton Lahuerta Unidade Faculdade de Ciências e Letras Departamento Departamento de Antropologia, Política e Filosofia Créditos Carga Horária 4 T:60 Pré - Requisito Não há Co - Requisito Não há

2 Objetivos O curso objetiva revisar momentos significativos da constituição do Brasil moderno, tendo por eixo as relações entre a produção cultural e a dimensão política. Com esse eixo, são privilegiados períodos de grande importância na história brasileira do século XX. Conteúdo 1. Considerações sobre as relações entre política e cultura no Brasil. A dialética da malandragem como chave explicativa da cultura brasileira. Cultura oral, dependência pessoal, favor e moralidade elástica ; 2. A Independência e os desafios da construção nacional. Autoridade pública e solidariedade social. O lugar das idéias. Domínio do território, conciliação política e tutela do povo; 3. Uma República sem cidadãos. A contradição Brasil real X Brasil legal. Os anos 20 e 30 e a questão do moderno; 4. As principais estratégias modernistas. Oswald de Andrade e a antropofagia como especificidade da cultura brasileira. Mário de Andrade e a construção da cultura nacional. Apresentação e discussão do filme: Macunaíma; 5. A concepção de cultura no Estado Novo. A autocrítica do modernismo no início dos anos 1940 e o debate do pós-guerra; 6. A década de 1950: engajamento, radicalização ideológica, desenvolvimentismo, nacionalismo. (Cinco Vezes Favela 26-30/04/11) (Comentário DVD Milton Lahuerta); 7. O ISEB e os Centros Populares de Cultura (CPCs) da UNE. Ida ao povo e crítica da alienação. Vanguarda e Subdesenvolvimento. Apresentação e discussão do filme: Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha); 8. Política e Cultura nos anos sessenta. Por uma estética da fome. O Cinema Novo em questão. A contraposição Música de Protesto X Tropicalismo ; 9. Luta armada, marginalidade, repressão e resistência democrática. [Filmes: 1) Terra em Transe; 2) O Bandido da Luz vermelha) (Comentário DVD Rubem Barbosa Filho); 10. Política e Cultura nos anos setenta. Modernização autoritária, ditadura e democratização. A cultura da ressaca, o esgotamento do nacional desenvolvimentismo e a crítica ao populismo. Entre engajados e desbundados. Filmes: 1) Você também pode dar um presunto legal; 2) Prá frente Brasil. (Comentário DVD Marco Aurélio Nogueira); 11. Emergência da sociedade civil, crítica do autoritarismo e esperança na democracia. Os anos 1980: entre a democracia e a barbárie. Filme: Bye-bye Brasil. (Comentário DVD Maria Alice Rezende Carvalho); 12. Avanço do privatismo, crise das grandes narrativas e literatura de auto-ajuda: entre yuppies, emergentes e deslumbrados. Os anos 1990: entre a democracia e a barbárie II. Filme: O invasor. (Comentário DVD André Botelho); 13. Entrando no novo século/milênio I. O outro lado da modernidade periférica: sucata humana (Lixo), ressentimento e exclusão;

3 14. A eclosão da violência: narcotráfico e cultura da droga. (Filmes: 1) Cidade de Deus (Comentário DVD - Alba Zaluar); 2) Notícias de uma guerra particular; 3) Falcão: os meninos do tráfico); 15. Esvaziamento da vida pública, desmoralização da política, individualismo e hedonismo: o interesse mal compreendido. Filmes: 1) Cronicamente inviável ; 2) Quanto vale ou é por quilo? ; 3) Amarelo Manga (Comentário DVD - Jessé Souza); 16. Entrando no novo século/milênio: acanalhamento cívico, moralidade elástica e emergência da fratura social. Da dialética da malandragem à dialética da marginalidade. Filmes: 1) Cama de gato ; 2) Quase dois irmãos. (Comentário DVD Milton Lahuerta); 3) Tropa de Elite II. Metodologia Aulas expositivas, aulas dialogadas, seminários e trabalhos em pequenos grupos. Bibliografia ALMEIDA, M. A. Memórias de um sargento de milícias. ANCONA LÓPEZ, T.P. Mário de Andrade: Ramais e Caminhos. São Paulo: Duas Cidades, ANDRADE, M. Macunaíma. O herói sem nenhum caráter. São Paulo: Martins; ANDRADE, M. O Movimento Modernista, In:. Aspectos da Literatura Brasileira. São Paulo: Martins Editora, 5a ed.,1974. ANDRADE, O. Manifesto da poesia pau-brasil e Manifesto Antropófago, IN Obras Completas, v.6 Do Pau-Brasil à Antropofagia e às Utopias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, Anteprojeto do Manifesto do CPC In: Arte em Revista 3. Questão o popular, ano 2, nº 3, março de ARANTES, P. E. A fratura brasileira do mundo. In ARANTES, P. E. Zero à esquerda. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2004 (Coleção Baderna). BARBOZA FILHO, R. FHC: os paulistas no poder. In: AMARAL, R. (Coord.) FHC: os paulistas no poder. Niterói: Casa Jorge Editorial, 1995, p BOSI, A. Moderno e modernista na literatura brasileira, IN Temas de Ciências Humanas, no 6. São Paulo, BOSI, A. Moderno e modernista na literatura brasileira, IN Temas de Ciências Humanas, no 6. São Paulo, BOSI, A. O fio vermelho. In: Folhetim, domingo, 17 de maio de 1981, p BOSI, A. O nacional, artigo indefinido. In: Folhetim, domingo, 10 de maio de 1981, p. 5. BOTELHO, A. Poder ideológico e Estado-nação. In: O Brasil e os dias Estado nação, modernismo e rotina intelectual. Baurú: EDUSC, 2005, pg. BUARQUE DE HOLANDA, C. A ópera do malandro. São Paulo: Círculo do Livro, CAMPOS, H. Da razão antropofágica; a Europa sob o signo da devoração. IN Colóquio / Letras, 62, Lisboa, jul. 1981, p CANDIDO, A. Literatura e cultura In: Literatura e Sociedade. São Paulo: Editora Nacional, CANDIDO, A. A revolução de 30 e a cultura. In: Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 4, abr CANDIDO, A. Dialética da malandragem. IN: Revista do IEB. São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros, USP, 1972.

4 CARDOSO, F. H., SERRA, J. As aventuras da dialética da dependência. In: Novos Estudos CEBRAP, n.23, jan. fev. mar. 1978, p CARDOSO, F. H., TOLEDO, R. P. (Ent.) O presidente segundo o sociólogo: entrevista de Fernando Henrique Cardoso a Roberto Pompeu de Toledo. São Paulo: Companhia das Letras, CHAUÍ, M. A forma da violência. Folha MAIS!. São Paulo, 20/06/2007. CORBISIER, R. Formação e Problema da Cultura Brasileira. Rio de Janeiro: ISEB, COUTINHO, C. N. Cultura e Sociedade no Brasil. IN: Cultura e Sociedade no Brasil: ensaios sobre idéias e formas. Rio de Janeiro: DP&A, FERRÉZ Capão Pecado. São Paulo: Objetiva, FERRÉZ Manual prático do ódio. Rio de Janeiro: Objetiva, FERRÉZ Sobreviver em SãO Paulo. Folha de São Paulo. (Tendências e Debates), 24/01/2004, p.3. GULLAR, F. Cultura posta em questão.in: Arte em Revista 3. Questão o popular, ano 2, nº 3, março de HELENA, L. Totens e tabus da modernidade brasileira. IN Totens e tabus da modernidade brasileira: símbolo e alegoria na obra de Oswald de Andrade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Niterói: Universidade Federal Fluminense, 1985, p HOLLANDA, H. B. Impressões de Viagem: CPC, vanguarda e desbunde: 1960/ ed. São Paulo: Editora Brasiliense, LAHUERTA, M. Em busca da formação social brasileira: marxismo e vida acadêmica. In: Perspectivas Revista de Ciências Sociais da UNESP. V.28, São Paulo, LAHUERTA, M. Em busca da formação social brasileira: marxismo e vida acadêmica. In: Perspectivas Revista de Ciências Sociais da UNESP. V.28, São Paulo, LAHUERTA, M. Intelectuais e resistência democrática: vida acadêmica, marxismo e política no Brasil, In CADERNOS AEL Tempos de Ditadura. Campinas, UNICAMP/IFCH/AEL, v. 8, no 14/15, LAHUERTA, M. A democracia difícil: violência e irresponsabilidade cívica. In: Estudos de Sociologia, v. 10, Araraquara, LAHUERTA, M. O século XX brasileiro: autoritarismo, modernização e democracia. In AGGIO, A & LAHUERTA, M. Pensar o século XX problemas políticos e história nacional na América Latina. São Paulo: Editora UNESP, 2003, p LAHUERTA, M. Os intelectuais e os anos 20: moderno, modernista, modernização. In: LORENZO, H. C., COSTA, W. P. (Orgs.) A década de 1920 e as origens do Brasil moderno. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1997, p LAMOUNIER, B. O ISEB: notas à margem de um debate. In: Discurso no 9, São Paulo: LECH, LAVALLE, A. G. Sem pena nem glória: o debate sobre a sociedade civil nos anos In: Novos Estudos CEBRAP, nº. 6, julho, 2003, p MARTINS, C. E. Anteprojeto do manifesto do CPC. In: Arte em Revista 1, anos 60 jan/mar, MARTINS, C. E. História do CPC. In: Arte em Revista 3. Questão o popular, ano 2, nº 3, março de MARTINS, L. A Gênese de uma intelligentsia: os intelectuais e a política no Brasil, In:

5 Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 4. vol. 2, jun MOTA, C. G. A ideologia da cultura brasileira ( ). 5.ed. São Paulo: Editora Ática, NUNES, B. Oswald Canibal. São Paulo: Editora Perspectiva, OITICICA, H. Situação da vanguarda no Brasil. In: Arte em Revista 2, anos 60 maio/agosto, RIDENTI, M. Em busca do povo brasileiro artistas da revolução, do CPC à era da TV. Rio de Janeiro: Record, ROCHA, G. Estética da fome In: Arte em Revista 1, anos 60 jan/mar, ROCHA, J.C. de C. Dialética da marginalidade caracterização da cultura brasileira contemporânea. Folha MAIS!. São Paulo, 29/02/2004. RODRIGUES, M. A década de Brasil: quando a multidão voltou às ruas. São Paulo: Ática, (série princípios) ROSENFIELD, D.L. Falcões ou pombos-correios? Folha MAIS! São Paulo, 26/03/2006 SCHWARZ, R. Cenas brasileiras. Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, SCHWARZ, R. Cultura e política In: O pai de família e outros estudos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, SOARES, L. E. Resposta a Jessé Souza (maio 2006). IN: SOUZA, J. (Não) Reconhecimento e subcidadania, ou o que é ser gente? Lua Nova, Cedec, SP, n. 59, 2003, p SOUZA, J. É Preciso teoria para entender o Brasil contemporâneo (maio 2006) IN: SOUZA, J. Réplica a Luiz Eduardo Soares (Jun-2006) IN: WERNECK VIANNA, L. O Moderno na política brasileira. IN PRESENÇA Revista de Cultura e Política, São Paulo, no 5, WERNECK VIANNA, L. Travessia da abertura à Constituinte 86. Rio de Janeiro: Taurus, WERNECK VIANNA, L. Weber e a interpretação do Brasil. In: Novos Estudos CEBRAP. São Paulo, n. 53, mar. 1999, p WISNIKY, J.M. Getúlio da paixão cearense (Villa Lobos e o Estado Novo). In: O nacional e o popular na cultura brasileira (Música). São Paulo: Ed. Brasiliense, ZALLUAR, A, Ensaio sobre a cegueira. Folha MAIS! São Paulo, 26/03/2006. Critérios de avaliação da aprendizagem A avaliação será contínua e concretizada através de resumo e fichamento de textos básicos e de provas escritas. Ao longo do semestre letivo, as atividades de recuperação consistirão no cumprimento de tarefas e/ou exercícios e/ou leituras orientadas, com vistas a conduzir o aluno a uma nova oportunidade de retomar os conteúdos ministrados.

6 Será considerado aprovado, com direito aos créditos da disciplina, o aluno que, além da exigência de frequência, obtiver nota igual ou superior a 5 (cinco). No histórico escolar, somente será registrada a nota final, a frequência e se o aluno está aprovado ou reprovado. Realização de exame final para o aluno que ficar com média menor que 5,0 e frequência mínima de 70%. A nota final será dada pela média aritmética simples entre a média do período regular e a nota do exame. Ementa (Tópicos que caracterizam as unidades do programa de ensino) O curso objetiva revisar momentos significativos da constituição do Brasil moderno, tendo por eixo as relações entre a produção cultural e a dimensão política. Com esse eixo, são privilegiados períodos de grande importância na história brasileira do século XX: 1) aquele que abrange genericamente os anos de 1922 a 1945, marcado pelas promessas modernistas, pela perspectiva de se construir uma identidade nacional e por forte intervenção do Estado na vida cultural; 2) o que se estende de 1945 até o golpe militar de 1964, caracterizado pela preocupação desenvolvimentista, pela crítica da alienação e pela idéia de que aos produtores de cultura cabe ir ao povo para conscientizá-lo; 3) o período , vivido sob um processo ditatorial de restrições às liberdades públicas e repressão política e cultural, num quadro de intensas transformações econômicas e sociais; 4) e, por fim, de 1985 a nossos dias, período caracterizado pelo processo de democratização, de elaboração de um novo marco constitucional, de desmontagem do Estado desenvolvimentista e de avanço do neoliberalismo processos esses que se sintetizam na emergência de uma cultura hiper individualista, marcada pelo hedonismo, pelo consumismo a qualquer preço, pela aversão à esfera pública e pela recusa dos projetos coletivos. Articulando todos esses momentos está a preocupação com o tema nacional no registro inicial, na forma de um projeto de comunidade de destino; no momento contemporâneo, na explicitação de uma fratura social, que parece anunciar a impossibilidade de qualquer projeto coletivo. São esses momentos, bem como algumas das interpretações sobre eles, que procuraremos trabalhar ao longo do curso. Aprovação Conselho Curso Cons. Departamental Congregação 26/04/ /03/ /04/2017