RELATÓRIO RELATIVO ÀS COMUNICAÇÕES APRESENTADAS À 3ª SECÇÃO DO VI CONGRESSO DOS ADVOGADOS PORTUGUESES. O Pedido de Justiça e o Procedimento Judiciário
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- Joaquim Andrade
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1 RELATÓRIO RELATIVO ÀS COMUNICAÇÕES APRESENTADAS À 3ª SECÇÃO DO VI CONGRESSO DOS ADVOGADOS PORTUGUESES O Pedido de Justiça e o Procedimento Judiciário Relatório que reporta às comunicações apresentadas à 3ª Secção do VI Congresso dos Advogados Portugueses que abordam o tema O pedido de justiça e o procedimento judiciário. 1 - As comunicações apresentadas que observam o disposto no artigo 17º do Regulamento do Congresso e que foram distribuídas à 3ª secção, são em número de nove e foram partilhadas entre os dois relatores. Das nove comunicações relatadas, uma delas versa o tema da necessidade da preambulação dos diplomas legais e as restantes, temas de processo civil declarativo e executivo, processo penal, processo fiscal e administrativo. Das ideias matriciais das comunicações ressalta, a necessidade do aperfeiçoamento dos textos legais, a urgente e inadiável implementação de medidas legislativas e de profundas reformas processuais pela convocação de novas fórmulas de desritualização ao abrigo de novos paradigmas, como contributo para melhor desempenho da Justiça, a
2 reafirmação da figura do advogado como agente e auxiliar na sua realização. 2 - São as seguintes as comunicações e os seus subscritores, organizadas por ordem alfabética: Autor: Carlos Gomes de Faria A confissão integral e sem, reservas em Processo Penal Autora: Joana Lourenço. Critérios Precisam-se Autora: Joana Sá Pereira. Advogar em Causa Própria" Autor: João de Castro Batista Um novo paradigma Processual Civil baseado na maior responsabilidade do advogado Autor: Hugo Correio Sobre a Concretização do Direito a uma Decisão em Prazo Razoável: os Remédios para uma Reforma da Justiça Administrativa Doente
3 Autor: Macedo Varela Preambulação das Leis A Acção Executiva (Macedo Varela) Autor: Paulo Pimenta A Necessária Reforma do Processo Civil Declarativo. A Necessária Reforma do Processo Civil Executivo. 3 - As orientações expressas nas várias comunicações propostas à discussão da secção encontram-se perfeita e claramente vertidas e sintetizadas, quer nos títulos, quer nos textos respectivos e nas conclusões que delas extraem os seus subscritores. Não irá, por conseguinte, proceder-se à elaboração de sínteses temáticas de cada uma das comunicações, por princípio de obediência literal e sistemática aos respectivos conteúdos. 4 - As conclusões de cada uma delas são as seguintes: Autor: Carlos Gomes de Faria A confissão integral e sem, reservas em Processo Penal
4 Conclusão única: O Código de Processo Penal deve ser alterado para que a confissão, integral e sem reservas, perante um Juiz de Instrução Criminal, com a presença do Advogado (defensor do arguido) e do Ministério Público, em fase de inquérito ou de instrução, tenha os mesmos efeitos que essa declaração produziria em audiência de julgamento de processo comum, nos termos do artigo 344.º do CPP. Autora: Joana Lourenço. Critérios Precisam-se 1.ª) - O n 4 do artigo 89 do Código de Processo Penal pretende funcionar como o equivalente ao 169 do Código de Processo Civil quanto à consulta dos autos fora da secretaria -no entanto a sua terminologia está longe de ser feliz; 2.ª) - Não deve ser permitido às "pessoas mencionadas no n 1" - que são o arguido, o assistente, o ofendido, o lesado e o responsável civil -a confiança de coisas tão formais, solenes e importantes como o são os processos judiciais, mas apenas àquelas que, como os advogados, apresentam garantias de idoneidade; 3.ª) - Deve, pois, ser deliberado no VII Congresso dos Advogados que a Ordem dos Advogados exija a alteração legislativa do artigo 89 do Código de Processo Penal, de forma a ser substituída a expressão "as pessoas mencionadas no n 1" pela expressão "os mandatários judiciais constituídos e os que exerçam o patrocínio por nomeação oficiosa das pessoas mencionadas no n I", e a que seja expressamente prevista a obrigatoriedade de fundamentação da recusa de "exame gratuito dos autos fora da secretaria", a fim de poder ser aferida a bondade de tal decisão, ainda que "de mero expediente", em prol da Justiça, que se quer transparente e uniforme.
5 Autora: Joana Sá Pereira. Advogar em Causa Própria. 1ª) - Reforço dos quadros especializados dos TAFs, concretamente dotando estes Tribunais de um maior número de Magistrados, com competências adquiridas na especialidade, assim como Magistrados do Ministério Público; 2ª) - A reforma das Leis Processuais Fiscais, no sentido de consignar como regime regra a suspensão da cobrança coerciva da alegada dívida fiscal até que um Tribunal de competência especializada decida meritoriamente sobre a pretensão da contribuinte. Autor: João de Castro Batista Um novo paradigma Processual Civil baseado na maior responsabilidade do advogado 1.ª) - Reformar a Justiça exige mudar o paradigma processual civil. 2.ª) - Melhorar a qualidade das leis. 3.ª) - Promover uma rigorosa uniformização jurisprudencial. 4.ª) - Atacar os factores de litigiosidade. 5.ª) - Encurtar a fundamentação das decisões. 6.ª) - Implementar a oralidade dos procedimentos e das decisões. 7.ª - Limitar a duração e amplitude das diligências. 8.ª) - Promover a especialização. 9.ª) - Simplificar e concentrar os actos processuais.
6 10.ª) - Reforçar os poderes do juiz na condução do processo. 11.ª) - Reforçar o princípio da adequação formal. 12.ª) - Generalizar a produção antecipada de prova. 13.ª) - Implementar um calendário realista e peremptório para a prática dos actos processuais. 14.ª) - Responsabilizar os Advogados pelo saneamento e instrução do processo. 15.ª) - Implementar uma forma única de processo, integralmente saneada e instruída pelas partes, apresentada a julgamento com uma produção de prova em audiência meramente residual - e decisão oral após alegações públicas e presenciais junto de um Tribunal Colectivo Cível. 16.ª) - Revalorizar a prova pericial. 17.ª) - Disponibilizar, em tempo real, as actas das audiências. 18.ª) - Registar em suporte áudio e vídeo as audiências e utilizar esses registos em sede de recurso. 19.ª) - Rever o regime da litigância de má-fé. 20.ª) - Actualizar os critérios de cálculo da procuradoria e o regime das custas com vista a uma efectiva responsabilização da parte vencida pelas despesas com o processo. 21.ª) - Responsabilizar os Advogados. Autor: Hugo Correio Sobre a Concretização do Direito a uma Decisão em Prazo Razoável: os Remédios para uma Reforma da Justiça Administrativa Doente
7 1ª) - A concretização do direito a uma decisão judicial em prazo razoável, no âmbito da jurisdição administrativa, só será possível se o legislador perspectivar os tribunais administrativos como bens raros, racionalizando recursos, e, simultaneamente, desincentivar o seu uso massivo colocando as partes na situação de prescindir da sua utilização. 2ª) - O legislador deve, sempre que possível, evitar sujeitar o exercício de direitos, faculdades ou poderes à interposição de um processo judicial; eliminar, preventiva e proactivamente, a duplicação de processos e os litígios de natureza puramente processual; e propiciar a eficiência por forma a que sejam resolvidos o maior número de litígios com a menor afectação de recursos possível. Autor: Macedo Varela Preambulação das Leis Conclusão única: A Ordem dos Advogados, através do seu Conselho Geral, deve diligenciar junto da presidência da Assembleia da República para que as leis sejam devidamente dotadas de preâmbulos, assim contribuindo para que seja facilitada a sua interpretação e melhor conhecido o seu conteúdo. Autor: Macedo Varela A Acção Executiva Conclusão única: Deve ser revogado o actual modelo da acção executiva, que deve ser integralmente judicializada e com a sua regulamentação integrada no Código de Processo Civil. Autor: Paulo Pimenta
8 A Necessária Reforma do Processo Civil Declarativo. 1ª) - Ao fim de 14 anos de vigência do Código de Processo Civil, apesar da mudança de paradigma, que consagrou a chamada concepção social do processo (pondo fim à velha concepção liberal), poucas alterações se notam no quotidiano forense, já que muitas das virtualidades do código ainda não foram concretizadas ou aproveitadas; 2ª) - O regime processual civil experimental não pode eternizar-se, devendo transpor-se para o código as soluções tidas por úteis; 3ª) - Enquanto não houver um novo código, o sistema pode ser melhorado se forem adoptadas as soluções acima propostas. Necessária Reforma do Processo Civil Executivo. 1ª) - A reforma da acção executiva de 2003 ainda não foi capaz de alcançar os objectivos propostos. 2ª) - Para além de tudo o que sejam questões logísticas, o cerne da reforma passa pelo controlo da carreira de agente de execução, que deve ser confiada a uma entidade externa, sem qualquer ligação à Câmara dos Solicitadores ou à Ordem dos Advogados. 3ª) - Enquanto não houver um novo código, o sistema pode ser melhorado se forem adoptadas as soluções acima propostas. Os Relatores, Nuno Godinho de Matos Victor Faria Largo de São Domingos, 14 1º LISBOA-PORTUGAL Tel congressoadvogados@cg.oa.pt
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