Plano de descongestionamento dos tribunais
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- Talita Fonseca Prado
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1 NOVAS MEDIDAS PARA A REFORMA DO SISTEMA DE JUSTIÇA Plano de descongestionamento dos tribunais Melhor serviço público aos cidadãos e melhores condições para o trabalho nos tribunais 26/09/2005
2 Descongestionar os tribunais Os tribunais estão colonizados por acções para cobrança de dívidas e pequenas causas, que não se justifica serem resolvidas por um juiz. Um exemplo: há processos para pagamento de dívidas de seguros. 70% destes processos são dívidas de valor inferior a 500. Esta é uma das principais causas da morosidade judicial. Estes litígios podem ser evitados ou melhor resolvidos fora do tribunal. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
3 Descongestionar os tribunais para prestar melhor serviço aos cidadãos e às empresas O descongestionamento dos tribunais não é um fim em si mesmo. Descongestionar significa prestar um melhor serviço judicial: Com menos processos os tribunais ganham tempo para prestar um melhor serviço aos cidadãos e às empresas. Com menos processos garante-se um serviço mais célere e de melhor qualidade. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
4 Descongestionar para melhorar as condições de quem trabalha nos tribunais Descongestionar os tribunais é também melhorar as condições de trabalho. Os magistrados e oficiais de justiça ficam com mais tempo para os processos mais complexos; Menos tempo de trabalho burocrático; Mais tempo para o estudo dos processos; Mais tempo para ouvir as partes; Mais tempo para preparar as decisões; Isto é, mais tempo para decidir bem. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
5 Descongestionar para melhor gerir os tribunais Só é possível introduzir mudanças na administração e gestão dos tribunais depois de o sistema judicial ser liberto do que não lhe deve pertencer. Primeiro deve-se descongestionar o sistema judicial, para depois racionalizar a administração judiciária e a gestão do sistema judicial. Por exemplo, só é possível saber onde faltam recursos humanos e onde existem a mais depois de se ter retirado do sistema judicial o que lá não deve estar. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
6 O que já fez o Governo: eliminou as transgressões e contravenções O Governo converteu finalmente as transgressões e contravenções em contra-ordenações. Há mais de vinte anos que se tentava fazê-lo. As transgressões e contravenções eram pequenas infracções, como andar de metro sem pagar bilhete ou não pagar uma portagem. Era um tribunal que julgava estas infracções. Agora passam a ser entidades administrativas, como acontece nas coimas de trânsito. Deixam de ser julgados nos tribunais cerca de processos penais: 8% a 13% dos litígios penais. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
7 O que já fez o Governo: reduziu os litígios sobre dívidas de prémios de seguro O Governo decidiu que os seguros só produzem efeitos se o prémio for pago antes da sua renovação. O pagamento passa a fazer-se sempre antecipadamente. Eliminam-se os riscos de haver litígios, actua-se contra os devedores profissionais e protege-se o consumidor. Podem evitar-se processos em tribunal, que correspondem a 12% dos processos declarativos cíveis em primeira instância. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
8 O que já fez o Governo: alargou a utilização da injunção para dívidas até ,94 Um procedimento de injunção para cobrança de dívidas é muito mais rápido que uma acção judicial. A maioria das injunções é resolvida em 2 meses. A injunção é um procedimento célere para obter o reconhecimento de uma dívida, que passa a estar em condições de ser executada. A injunção passou a poder ser utilizada para dívidas até ,94. Antes só podia ser utilizada para dívidas até 3.740,98. Isto permite que cerca de processos passem a poder ser tramitados como processos de injunção. Portanto, cerca de 7% dos processos cíveis em primeira instância passam a poder ser resolvidos em cerca de 2 meses. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
9 O que já fez o Governo: aumentou o valor da descriminalização do cheque sem provisão A emissão de cheque sem provisão era crime, excepto para cheques de valor inferior a 62,35. O Governo aumentou este valor. Agora o cheque sem provisão só é crime para cheques de valor superior a 150. Reduz-se o número de processos penais por cheque sem provisão. Só na comarca de Lisboa, em 2003 foram abertos inquéritos penais por emissão de cheque sem provisão. Plano de descongestionamento dos tribunais - 26/09/2005
10 Nove novas medidas para a reforma do sistema de justiça O Governo apresenta agora nove novas medidas para descongestionar os tribunais e continuar a reforma do sistema de justiça.
11 Objectivo: evitar que os tribunais sejam meros certificadores de dívidas das empresas Em muitos casos, a empresa que propõe uma acção por dívidas já não espera cobrar o que não foi pago. Apenas pretende que o processo termine para poder recuperar o IVA que já pagou, porque a dívida só se considera incobrável no fim do processo. Os tribunais não são centros de certificação de dívidas. Os tribunais servem para resolver os verdadeiros litígios. O Governo aprovou medidas para evitar esta situação.
12 1.ª nova medida: recuperação fiscal para quem desista de acções em 2006 Em primeiro lugar, quem desista de acções pendentes nos tribunais tem um benefício: Pode considerar o crédito como incobrável, para efeitos de IVA, IRC e IRS (cat.b com contabilidade organizada); Fica isento do pagamento das custas que ainda teria de pagar.
13 1.ª nova medida: recuperação fiscal para quem desista de acções em 2006 Em sede de IVA, a dedução do imposto é para as acções de valor inferior a ou 7.500, consoante o demandado seja: particular ou sujeito passivo que realize exclusivamente operações isentas que não confiram direito a dedução; ou, sujeito passivo com direito à dedução. Esta medida é excepcional e transitória: só se aplica para processos instaurados até 15 de Setembro de 2005, e só vigora durante o ano de 2006.
14 1.ª nova medida: recuperação fiscal para quem desista de acções em 2006 Esta medida não é uma amnistia. Esta medida não visa beneficiar quem não paga dívidas. Aqueles que utilizaram os tribunais porque só assim podiam recuperar o imposto de facturas emitidas e não cobradas, devem utilizar esta medida e desistir dos processos que propuseram. Mas aqueles que utilizaram os tribunais para condenar o devedor a pagar as dívidas não devem desistir da acção. Esta medida não é para eles.
15 1.ª nova medida de descongestionamento: recuperação fiscal para quem desista de acções em 2006 Existem cerca de meio milhão de acções cíveis pendentes que podem ser objecto desta medida. A desistência das acções depende apenas da decisão das empresas.
16 Objectivo: recuperação do imposto fora dos tribunais Mas o Governo não tomou apenas medidas para retirar dos tribunais os processos pendentes para cobrança de dívidas. Também tomou medidas para evitar que, no futuro, se volte a utilizar o tribunal para certificar que certas dívidas sejam incobráveis para efeitos fiscais.
17 2.ª nova medida: recuperação do IVA pelo decurso do tempo Elevou-se o montante até ao qual a dívida pode ser considerada incobrável para efeitos fiscais pelo decurso do tempo (6 meses), sem necessidade de propor uma acção judicial: Passa a ser possível fazê-lo para dívidas até 750; Até agora, só as dívidas até 349,16 podiam ser consideradas incobráveis quando existisse atraso no pagamento em mais de seis meses. Esta medida pode evitar dezenas de milhar de processos e injunções.
18 3.ª nova medida: recuperação do IVA através do registo informático de execuções Os credores passam a poder utilizar o registo informático de execuções para verificar se o devedor não tem bens penhoráveis. Se constar desse registo que não tem bens penhoráveis, o crédito é logo considerado incobrável para efeitos fiscais, sem ser necessária uma acção judicial. Esta regra aplica-se para dívidas entre 750 e Actualmente existem centenas de milhar de processos e injunções entre estes valores. Muitos podem ser evitados com esta medida.
19 4.ª nova medida de descongestionamento: recuperação do IVA através da injunção Os credores passam a poder utilizar o procedimento de injunção para considerar os créditos como incobráveis num maior número de situações. Até agora, só para créditos entre 349,16 e 4.987,98 era possível utilizar este procedimento para considerar o crédito como incobrável. Agora, passa a ser possível utilizá-lo para créditos entre 750 e Passa a ser possível considerar créditos incobráveis através da utilização da injunção, que demora, em média, 2 meses.
20 5.ª nova medida: desistência de acções executivas para cobrança de custas. Existem dezenas de milhar de acções executivas pendentes para cobrança de custas judiciais pelo Estado. O Estado gasta muito mais para cobrar estas pequenas dívidas do que o valor que iria recuperar. Em muitas destas acções o Estado não conseguiria recuperar o valor das custas em dívida. Actualmente, em cerca de 90% das acções executivas para cobrança de custas, o Estado não consegue recuperar a totalidade do crédito.
21 5.ª nova medida: desistência de acções executivas para cobrança de custas. Estas acções executivas ocupam muito tempo aos magistrados judiciais, magistrados do Ministério Público e oficiais de justiça. O Estado não deve monopolizar o sistema de justiça, mas antes colocálo ao serviço dos cidadãos, das empresas e do desenvolvimento económico. Por isso, o Estado vai promover a desistência de todas as acções executivas por dívidas de custas judiciais até 400, instauradas antes de 15 de Setembro de Este é um investimento que o Ministério da Justiça faz para o bom funcionamento dos tribunais.
22 6.ª nova medida: promover a utilização da injunção A injunção é mais simples, mais rápida e mais barata que o processo judicial tradicional. Um procedimento de injunção para cobrança de dívidas dura em média 2 meses. O Governo propõe o incentivo à utilização da injunção através do sistema das custas judiciais. Hoje, o autor que vença uma acção judicial pode exigir do vencido o pagamento das custas que suportou. Com esta medida, o autor da acção deixa de poder exigir da parte vencida o pagamento das custas que suportou quando podia ter utilizado a injunção e não o fez.
23 7.ª nova medida: promover a utilização dos julgados de paz e dos meios alternativos de resolução de litígios Os julgados de paz e os centros de arbitragem permitem aos cidadãos e às empresas resolver litígios de modo mais próximo, mais rápido e mais informal. Um processo num julgado de paz demora, em média, 2 meses. Com esta medida, o autor da acção deixa de poder exigir da parte vencida o pagamento das custas que suportou quando podia ter utilizado estas instâncias e não o fez. Esta medida aplica-se: Nas causas em que o julgamento no julgado de paz é de maior proximidade para o cidadão; Apenas quando o cidadão possa utilizar gratuitamente um centro de arbitragem.
24 8.ª nova medida: proteger o consumidor e reduzir a litigância sistemática Os grandes litigantes promovem frequentemente acções nos tribunais onde lhes é mais conveniente e barato litigar. A litigância de massa concentra-se sempre nos mesmos locais, congestionando os tribunais nesses locais. Os consumidores são frequentemente obrigados a grandes deslocações para poder contestar essas acções. Para o evitar, o autor passa a ter de propor a acção no tribunal do domicílio do réu, excepto quando ambas as partes tenham sede/domícilio nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Evita-se a concentração da litigância de massa e promove-se a proximidade entre o cidadão e a Justiça.
25 9.ª nova medida: regime especial e experimental de processo civil O actual processo civil é demasiado rígido e formalista para permitir que os tribunais assegurem uma resposta adequada, adaptável aos vários tipos de acções. Existem poucos mecanismos de flexibilidade processual e os que existem são pouco utilizados. O Governo propõe um regime especial e experimental de processo civil, que introduz vários mecanismos de agilização processual.
26 9.ª nova medida: regime especial e experimental de processo civil O juiz passa a poder: Adequar a tramitação do processo à complexidade da causa, de forma clara; Adoptar actos de massa nos processos de massa. O juiz poderá proferir despachos e sentenças genéricas, aplicáveis a vários processos; Decidir através de sentenças simples, por exemplo através de remissão para as razões invocadas pelas partes; Decidir a causa principal, logo no pedido cautelar quando esteja em condições de o fazer.
27 9.ª nova medida: regime especial e experimental de processo civil Este regime será aplicável a tribunais seleccionados, designadamente em função do perfil da sua litigância. Este regime é experimental: durante dois anos será avaliado nesses tribunais, para depois ser aperfeiçoado e alargado. Antes de entrar em vigor, será assegurada formação aos operadores que o irão aplicar.
28 Reformar com a participação dos utilizadores e operadores do sistema de Justiça Estas são importantes medidas para resolver os problemas de pendência processual, a utilização intensiva dos tribunais e para simplificar o regime processual. São medidas que criam condições para a prestação de um melhor serviço judicial e para melhorar o trabalho nos tribunais e com os tribunais.
29 Reformar com a participação dos utilizadores e operadores do sistema de Justiça O Ministério da Justiça apresenta medidas para descongestionar os tribunais, mas quer melhorá-las com o contributo de todos: operadores e utilizadores. Nas próximas 3 semanas qualquer interessado pode pronunciarse sobre as primeiras 8 medidas e nos próximos 2 meses sobre a 9.ª medida: o regime processual experimental.
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