DIREITO EMPRESARIAL CADU WITTER DEFESA DA CONCORRÊNCIA
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2 DIREITO EMPRESARIAL CADU WITTER DEFESA DA CONCORRÊNCIA
3 Concorrência A Constituição Federal, em seu art. 170, garante a livre-iniciativa, atribuindo ao empresário obrigações para que não exerça sua atividade de forma nociva à sociedade. A concorrência é algo positivo e necessário, pois é capaz de fazer melhorar a qualidade dos produtos e/ou serviços oferecidos ao consumidor, reduzindo-lhes o preço, além de impulsionar e movimentar a economia nacional.
4 A intervenção no domínio econômico tem previsão constitucional e legal (Lei Antitruste), coibindo monopólios, reprimindo o abuso de poder e prevendo o controle do abastecimento e a fiscalização dos vários segmentos do mercado por órgãos como as Decon, o Inmetro, a Anatel, a Aneel, entre outros.
5 O Estado brasileiro prevê duas formas de concorrência ilícita: a concorrência desleal a infração da ordem econômica.
6 Infração da ordem econômica O direito prevê, na Lei n /2011, as modalidades de abuso de poder econômico, constituindo as infrações da ordem econômica, determinando que podem praticá-la qualquer pessoa física ou jurídica, sendo solidariamente responsáveis as empresas ou entidades integrantes de grupo econômico, de fato ou de direito, quando pelo menos uma delas praticar infração à ordem econômica. Esta infração enseja a desconsideração da personalidade jurídica dos infratores (art. 34 da Lei n /2011).
7 Os infratores respondem de maneira objetiva independentemente de culpa e do resultado. Considera-se Infração da Ordem Econômica todo abuso do poder econômico que atinja mercado relevante e objetive: dominação de mercado; eliminação da concorrência; aumento arbitrário dos lucros; limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre-iniciativa.
8 Concorrência desleal É toda concorrência realizada por meios ilícitos ou moralmente condenáveis, conforme preconiza o art. 195 da LPI/96. Aqui, diferentemente do caso anterior, não importam os objetivos do empresário, mas o modo como concorre.
9 Considera-se desleal toda forma de concorrência fraudulenta ou desonesta, em que, para conquistar os clientes dos concorrentes, o empresário pratica condutas que causem repugnância à sociedade. A doutrina costuma dividir a concorrência desleal em genérica e específica. A genérica é sancionada apenas no âmbito civil, dizendo respeito às hipóteses não especificadas como crime, mas geradoras de indenização.
10 A concorrência desleal específica é toda modalidade de concorrência irregular especificada como crime na legislação empresarial, normalmente dizendo respeito aos direitos de propriedade intelectual, como marcas, patentes, título de estabelecimento e nome empresarial. São modalidades de concorrência desleal específica: violação do segredo de empresa, espionagem econômica, indução do consumidor ao erro, entre outras.
11 Sistema brasileiro de defesa da concorrência É formado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda (SAE), com as atribuições previstas na Lei n / 2011.
12 CADE é uma entidade judicante com jurisdição em todo o território nacional, que se constitui em autarquia federal, vinculada ao Ministério da Justiça, com sede e foro no Distrito Federal, com competência decisória nas questões referentes à concorrência desleal e à infração da ordem econômica, sendo constituído pelos seguintes órgãos: Tribunal Administrativo de Defesa Econômica, Superintendência Geral e Departamento de Estudos Econômicos.
13 O SAE irá promover a concorrência em órgãos de governo e perante a sociedade, com competências investigatória e consultiva, de caráter técnico-financeiro, devendo opinar e elaborar estudos nos temas referentes à defesa da concorrência.
14 A PUBLICIDADE E O EMPRESÁRIO Conceitos gerais Em geral, fora do mundo jurídico, não se faz distinção entre Publicidade e Propaganda. Nesta aula o faremos para que você entenda por que o Direito Empresarial se interessa apenas pela primeira.
15 Publicidade é o anúncio que recomenda a utilização de um produto ou serviço objetivando o lucro do anunciante. Já a Propaganda é a veiculação de mensagem de cunho informativo, não objetivando lucro.
16 A Publicidade no direito nacional é regulamentada em âmbito interno e externo. No interno a regulamentação se dá pela ABA Associação Brasileira de Anunciantes e pelo CONAR Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, que utiliza um regulamento sem força de lei, chamado Código Brasileiro de Autorregulamentação
17 No âmbito externo a Publicidade é regulamentada pelo CDC havendo intercorrência de legislação esparsa para auxiliar a proteção contra a publicidade ilícita.
18 Existem três modalidades de Publicidade Ilícita: simulada, enganosa e abusiva.
19 Publicidade simulada Publicidade simulada é o anúncio que apresenta uma roupagem diferente da publicitária. Este tipo de anúncio confunde o consumidor, pois é apresentado em locais fora dos habituais. Uma reportagem numa revista renomada apresenta uma série de questões negativas acerca da formação do profissional do direito nas universidades atuais e em seguida faz um balanço apontando sempre uma ou duas como as ideais. Esta é a publicidade simulada. Quando da sanção desta lei pelo Presidente da República, ele vetou a sanção a este tipo de publicidade ilícita, o que resulta que no Brasil não há sanção para a publicidade simulada.
20 Publicidade enganosa Publicidade enganosa é aquela que induz o consumidor ao erro, que leva o consumidor a pensar alguma coisa que não se concretiza; encontra previsão no art. 37, 1º e 3º, do CDC. É natural que a publicidade contenha fantasia e busque conduzir o consumidor a um mundo melhor a partir do produto ou serviço. Isto não será punido e garante a maravilhosa criação da publicidade brasileira.
21 Todavia, quando o fornecedor, por meio de um anúncio publicitário, pretende algo diferente do anunciado, estará sujeito às sanções da publicidade enganosa. É muito comum encontrarmos anúncios com chamadas de uma promoção que dura só até sábado. Em geral quando o consumidor atende a este anúncio e vai até a loja, mesmo antes do sábado, não encontra o produto anunciado e os vendedores lhe informam que ele acabou. Até aí tudo bem. Porém se verificarmos que o anúncio foi apenas um chamariz para levar os consumidores até a loja e que a partir disso os vendedores passam a empurrar outros produtos mais caros, dizendo-os melhores que o anunciado, configura-se o engano.
22 Publicidade abusiva Publicidade abusiva é aquela que deturpa valores sociais. Aí está a abusividade, pois este tipo de anúncio introduz comportamentos considerados maléficos à sociedade. É a publicidade que estimula a violência, que estimula a degradação do meio ambiente, que abusa da inocência das crianças, que ridiculariza homossexuais ou pessoas obesas, que coloca o negro sempre como subordinado, entre outras.
23 Estes anúncios em 15 segundos de exposição reforçam valores de segregação, de superioridade de grupos ou de destruição de valores coletivos, impondo a ridicularização e o desrespeito; portanto, devem ser coibidos.
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35 Sanções O direito brasileiro regulamenta a publicidade apenas no CDC, portanto somente o consumidor é alvo de proteção em face da publicidade ilícita. Nosso regulamento jurídico reconhece a forte influência da publicidade nas massas de população (art. 7º), o que reforça a necessidade de controle administrativo e judicial de seu uso pelos anunciantes.
36 São responsáveis pelo anúncio: o anunciante, a agência de publicidade que o produziu e o veículo de divulgação utilizado.
37 O CONAR pode aplicar diretamente sanções que vão desde uma sugestão, uma recomendação ou uma notificação, até a determinação para retirada do anúncio, sua substituição ou a veiculação de informações que possam minimizar ou desfazer os efeitos do anúncio anterior
38 Judicialmente o consumidor pode acionar, individual ou coletivamente, os responsáveis e o Judiciário, que poderão desde impedir a publicação ou transmissão de um anúncio até determinar a supressão do anúncio ou de toda a campanha publicitária, bem como podem aplicar a sanção da contrapropaganda
39 A contrapropaganda é uma sanção aplicada quando os efeitos dos danos aos consumidores em geral forem de proporção tão grande que se mantêm na memória coletiva, podendo ser aplicada sempre que houver publicidade enganosa ou abusiva (art. 60), às expensas do infrator.
40 Mas e o apresentador ou artista que usa a sua credibilidade para vender um produto ou serviço?
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