VIII REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA VIII.1 - CARACTERIZAÇÃO GERAL
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- Catarina Vilanova Estrela
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1 VIII REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA VIII.1 - CARACTERIZAÇÃO GERAL A Região Metropolitana de Fortaleza é formada por um conjunto de treze municípios, constituindo-se num importante aglomerado demográfico, o qual é possuidor de grande expressão política e econômica. No tocante ao nível de integração, este conjunto revela linhas de força que agregam ou separam espaços no interior da RMF e desta com as demais áreas do Estado. A junção dos 13 municípios inclui, em sua dinâmica espacial, um corredor industrial de formação recente localizado ao sul, ao longo da BR-116 entre os municípios de Horizonte e Pacajús, além de um aglomerado industrial concentrado no município de Maracanaú, o qual já se apresenta conurbado a Fortaleza. Na porção oeste, seguindo a linha do litoral, localiza-se o Complexo Portuário do Pecém entre os municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, o qual deverá promover fortes transformações, atraindo complexos industriais de maior porte. Quanto a sua oficialização, a Região Metropolitana de Fortaleza, foi do tipo compulsório, ou seja, instituída e definida por força legal (Lei Complementar n 14/73). No que tange à realidade sócio-espacial, significa dizer que sua institucionalização deu-se antes que o processo de metropolização se manifestasse. No seu início, quando de sua instalação, a RMF era constituída pelos municípios de Fortaleza, Caucaia, Maranguape, Pacatuba e Aquiraz. Em termos político-administrativos, a RMF sofre transformações na sua composição segundo dois processos: primeiro, através de sucessivos desmembramentos ocorridos devido à emancipação de vários distritos: Maracanaú, Eusébio, Guaiúba e Itaitinga; segundo, em virtude da agregação de outros municípios à RMF, no caso: Pacajús, Horizonte, São Gonçalo do Amarante e Chorozinho. Disto resulta um conjunto de 13 municípios que apresenta temporalidades diferenciadas, bem como territórios distintos, passando assim a compor à Região Metropolitana, conforme a Lei de 29 de dezembro de O complexo metropolitano de Fortaleza vem experimentando transformações rápidas, com mudanças substanciais em sua estrutura e fisionomia urbana. No Estado, a dinâmica dos processos econômico-sociais, alcançada nos últimos 30 anos, decorrente de recursos oriundos de agências regionais de desenvolvimento, registra marcas significativas no espaço da Região Metropolitana de Fortaleza. As diversas transformações apontadas evidenciam as diferenças internas no interior do território metropolitano. As evoluções internas desses espaços, nos casos brasileiro, nordestino e cearense, adquiriram formas e intensidades variadas. O incremento industrial pós 60, via incentivos fiscais da SUDENE, alterou a fisionomia do que viria a ser a Região Metropolitana de Fortaleza. A instalação de um distrito industrial, segundo as regras do planejamento econômico vigente na época, contrapõe-se ao Setor Industrial da Francisco Sá,
2 inserido na malha da cidade de Fortaleza em sua porção oeste. A Zona Industrial da Francisco Sá, como é conhecida popularmente, de crescimento espontâneo, sem planejamento, insere-se de forma conflitante na trama da cidade. Inserido em novo contexto histórico da expansão urbana da cidade, conforme os preceitos do planejamento, o Distrito Industrial de Fortaleza foi construído em 1964, em Maracanaú, antigo distrito de Maranguape, emancipado em A instalação e transferência de indústrias mais poluidoras fomentaram o crescimento daquele Distrito garantindo a dinâmica e a expansão da economia cearense. Para o espaço metropolitano incipiente nos idos dos anos 60, com raras manchas de ocupação, excetuando os pequenos núcleos tradicionais, o Distrito Industrial veio a promover no desenrolar de uma série de políticas, grandes alterações no arranjo sócio-espacial metropolitano. Na fase inicial, o Distrito Industrial atravessou um período de sérias dificuldades para se firmar. O quadro infra-estrutural incompleto, como abastecimento irregular de água, retardou o adensamento demográfico em seu entorno. Inicia-se, a partir da década de 1970, a construção de grandes conjuntos habitacionais ao longo das Linhas Tronco Sul (Maracanaú) e Norte (Caucaia) do Setor de Trens Suburbanos da Rede Ferroviária Nacional - RFFSA e nas imediações do Distrito Industrial. O somatório de políticas voltadas à descentralização ganhou grande expressão em Fortaleza, e, em Maracanaú, Pacatuba e Caucaia, nos anos 80. Afora esses municípios, os demais não sofreram mudanças significativas em sua estrutura interna. Guaiúba, o mais isolado, integrou-se a RMF, devido ao seu desmembramento do Município de Pacatuba. Dos municípios da área em estudo é o que possui maiores características do mundo rural. Euzébio, desmembrado de Aquiraz, deu uma arrancada em seu crescimento e conheceu uma pujança ímpar, a partir da instalação da Fábrica Fortaleza, pastifício do grupo M. Dias Branco. A conjugação da emancipação municipal com a instalação da Fábrica Fortaleza favorece a consolidação do antigo distrito em município. Atualmente, vários condomínios de luxo aí se instalaram. Aquiraz, se analisada a partir de sua sede, aparenta pouca alteração em sua fisionomia urbana. Na verdade, o crescimento do município é praticamente periférico, sendo seu litoral extremamente dinâmico para as atividades de turismo e lazer. Porto das Dunas, Prainha e Iguape, são algumas das localidades bem conhecidas. A primeira é expressiva pelo volume de capital empregado no setor de entretenimento, lazer e turismo. Importante também é a expansão e melhoramento da malha viária municipal. A aparente perda de certas funções em Fortaleza, nada mais é, do que o reforço de sua capacidade de comando e polarização. A desconcentração verificada comprova a acelerada expansão de sua área de influência, uma seletividade sócio-espacial. O crescimento da Região Metropolitana demonstra um processo combinado de
3 desconcentração, ampliação e adensamento em torno do desenho de novas centralidades no território da metrópole, como também de complexo porto-industrial, de corredores de atividade industrial e eixos litorâneos, decorrentes das atividades ligadas ao lazer e ao turismo. A formação de extensas periferias urbanas adquire muita evidência, no Ceará, especialmente em Fortaleza e no seu entorno imediato. Observa-se um acentuado processo de transferência de população pobre para os municípios localizados ao sul e sudoeste do município pólo. A situação de pobreza mostra-se ainda mais agravada por conta da precariedade e do déficit que atingem os setores de infraestrutura, equipamentos e serviços nas áreas do saneamento básico, habitação, saúde e educação. Eles são indicadores das diferenças estruturais que explicam os enormes desníveis e os marcantes contrastes da sociedade. O crescimento acentuado da população urbana do Ceará engrossa a lista das cidades de porte médio. Além do mais, a população urbana tende cada vez mais a se concentrar nas grandes aglomerações. Na RMF, Caucaia e Maracanaú aparecem entre os municípios mais populosos do Estado. Condições ambientais do espaço metropolitano As vantagens locacionais da R.M.F. têm atraído a maior parte dos investimentos no Estado do Ceará, ampliando os fluxos migratórios intra-regionais. As novas condições do desenvolvimento, atreladas às transformações impostas ao espaço produtivo pela reestruturação econômica vêm aumentando as desigualdades, proporcionando um quadro de transformações no meio natural e no ambiente construído peri-urbanos. O fenômeno da periferização do crescimento demográfico tem se intensificado na R.M.F, especialmente na mancha contínua em expansão. Juntamente aos setores produtivos, o setor imobiliário tem trazido impactos consideráveis à natureza da cidade, assim como à população em seus contingentes de migrantes vindos do interior e de outros migrantes intra-metropolitanos vítimas do empobrecimento, os quais passam a protagonizar um processo de apropriação predatória do meio natural. Estes impactos tornam-se maiores por conta da instabilidade geológica e climática. Áreas de praias, dunas móveis e fixas, planícies flúvio-marinhas, lagoas inter-dunares e tabuleiros sub-litorâneos, quando sujeitos às chuvas concentradas no primeiro semestre do ano, têm sofrido grandes transformações ambientais. Além disso, estes ecossistemas naturais mostram-se susceptíveis à processos erosivos derivados de formas tradicionais de extrativismo de recursos naturais, e principalmente pela expansão urbana, deflagrando uma série de processos de degradação do meio ambiente. As bacias metropolitanas dos rios Cocó, Pacoti, Ceará e de seu principal afluente do Rio Maranguapinho têm a qualidade de suas águas bastante comprometidas devido aos impactos da urbanização desordenada e do lançamento de resíduos domésticos e industriais.
4 Considerando seu fluxo predominante em áreas amplamente urbanizadas, destacam-se como grandes corredores de degradação na região metropolitana os rios Maranguapinho e o Cocó. Da mesma forma, podem ser mencionados enquanto corredores de degradação: a faixa litorânea subdividida em duas partes, uma ao leste, desde o Porto do Mucuripe até a foz do Rio Cocó e outra ao oeste do centro de Fortaleza indo em direção à foz do Rio Ceará, próximo ao trecho em que deságua o rio Maranguapinho. Como principal indicador da condição precária da qualidade ambiental destas áreas, tem-se a presença de ocupações irregulares, de favelas e áreas de risco, repletas de habitações precárias e deficientes em infra-estrutura e serviços urbanos. Nestes corredores podem ser apontados como principais processos caracterizadores desta condição de ambiente degradado: Corredor do Rio Maranguapinho: O Maranguapinho possui 34 km de extensão. Nascido na Serra de Maranguape com o nome de Pirapora e Gavião, ele atravessa os municípios de Maranguape, Maracanaú, Fortaleza, até desaguar em Caucaia como um afluente do Rio Ceará. Neste corredor são identificados como marcas de degradação: o desvio de águas do curso natural para piscinas naturais, tornando o rio quase seco no período de estiagem; agricultura intensiva às suas margens, inclusive com de banana levando a processos erosivos nas áreas de maior declividade; lançamento de esgotos sem tratamento desde a sede de Maranguape; cultivos com uso de defensivos agrícolas e uso água do rio para irrigação; práticas tradicionais de como as queimadas devastando a mata ciliar; extração em larga escala de areia e argila, inclusive com a produção e queima de tijolos artesanais em suas margens usando vegetação próxima; lançamento de efluentes industriais clandestinos; problemas no controle ambiental das lagoas de estabilização cujo efluente desemboca no Maranguapinho com a mudança da turbidez, da cor e do cheiro da água e mesmo da sua composição bioquímica; presença de milhares de famílias em áreas de ocupação às suas margens em situação de risco de enchentes e solapamento das margens; deposição de lixo no seu leito causando vários pontos de assoreamento; lançamento de esgotos domésticos dos bairros residenciais mais adensados na parte oeste do espaço intra-urbano de Fortaleza; comprometimento das áreas de mangue sob impacto de aterro e da ocupação de suas margens. Corredor do Rio Cocó: O rio Cocó nasce na Serra de Aratanha em Pacatuba, percorrendo cerca de 45 km e representando a maior bacia do espaço intra-urbano da RMF. Destacam-se como afluentes: o Rio Timbó, vindo desde o Distrito Industrial, a bacia de drenagem do lagamar no Aeroporto e São João do Tauape na sua margem esquerda e o rio Coaçu associado a um sistema de lagoas na sua margem direita. Um trecho situado cerca de 11 km do seu curso final
5 encontra-se protegido como parque ecológico, preservando uma superfície de 375 ha. de mangues. Em seu trajeto intra-urbano, o Rio Cocó percorre mais de 20 km de sudoeste ao nordeste, destacandose como manifestações de degradação: o lançamento de efluentes industriais vindos do distrito industrial através de seu contribuinte o Rio Timbó; as retiradas de argila de suas margens para a produção de tijolos em olarias; a localização de dezenas de favelas em suas margens desprovidas de quaisquer redes de infra-estrutura; as situações recorrentes de risco de enchentes e solapamento das margens nos períodos chuvosos; os aterros indiscriminados para expansão das favelas nos lagamares, dos trechos mais planos no médio curso do rio, antes da área do parque; a construção de grandes obras às suas margens requerendo enormes aterros, estrangulando e comprometendo o seu curso natural; o desmonte de dunas para retirada de areia no trecho anterior a foz; o comprometimento do manguezal com a favelização; assim como o turismo predatório na foz do Rio. Este corredor encontra-se interrompido no trecho em que foi implantado um parque ecológico urbano, representando a maior área verde intra-urbana. Corredor Litorâneo: Restrito ao trecho do espaço intra-urbano previamente delimitado, desde a foz do Rio Ceará ao oeste, até a foz do Rio Cocó ao leste, ainda que interrompido na sua porção central, dadas as condições de infra-estrutura e ao padrão residencial, têm-se como sinais de degradação: as transformações na desembocadura do rio, devido à redução dos sedimentos carreados pelo rio e as construções portuárias; o movimento de massas nas dunas na foz do Rio Ceará atualmente recobertas por favelas; o aterramento e perda de biodiversidade nos manguezais do Rio Ceará; as ocupações nas faixas de preamar desprovidas de infra-estrutura lançando lixo e esgotos nos córregos que deságuam no mar; os avanços da linha de costa e a ameaça de solapamento das ocupações em períodos de ressaca; a construção de grandes aterros em faixas de praia criando terrenos para a construção de novos atrativos turísticos; a construção e expansões do Porto do Mucuripe, as quais têm interferido na dinâmica costeira em diversos pontos do litoral; a especulação imobiliária levando à verticalização da faixa de praia, adensando determinados bairros causando congestionamentos e ultrapassando a capacidade instalada nas redes de infra-estrutura; a implantação de indústrias próximas ao Porto do Mucuripe causando conflitos com outros usos mais adequados; a concentração de atividades turísticas causando impactos sociais como violência urbana, prostituição, dentre outros; o crescimento urbano desordenado sem planejamento, promovido pela especulação imobiliária; a intensificação da favelização na Praia do Futuro até a foz do Rio Cocó. VIII.2 DIAGNÓSTICO SOCIOURBANO DA REGIÃO METROPOLITANA
6 As políticas de descentralização industrial, a expansão das atividades de turismo, a ampliação do mercado imobiliário, a construção de conjuntos habitacionais e o alto custo da mercadoria casa na RMF contribuíram para o extravasamento da capital para outros municípios da RMF. A integração foi desencadeada com a melhoria das condições de acesso viário, a redefinição de funções urbanas, principalmente nos seus setores produtivos e nas atividades de lazer, e a expansão das áreas residenciais, ampliando a mobilidade dentro da RMF. Uma primeira análise terá como unidade territorial o município (mapa VIII.1).
7 Mapa VIII.1 - Região Metropolitana de Fortaleza em seus 13 Municípios Todavia, as generalizações podem gerar distorções, diante das dimensões e diversidades ambientais e sócio-econômicas de cada município. No sentido de aprofundar o estudo e identificar as peculiaridades presentes na região metropolitana, adotou-se uma segunda análise mais detalhada, com base nas AEDs - áreas de expansão dos dados da amostra. Esta subdivisão, pautada no total de domicílios, apresenta uma variação entre unidades com pouco mais de quatro mil domicílios e outras abaixo de 20 mil domicílios. Os 13 municípios da RMF estão subdivididos em 98 AEDs. Destas, 71 estão na capital, cuja área de influência ultrapassa os limites do próprio Estado do Ceará (mapa VIII.2).
8 Mapa VIII.2 - Município de Fortaleza em suas 71 AEDs As outras 27 AEDs distribuem-se em 12 municípios. Destaca-se Caucaia, com 10 AEDs pela presença de grandes conjuntos habitacionais e atividades turísticas; e Maracanaú com cinco, sede do distrito Industrial de Fortaleza e de conjuntos habitacionais. Maranguape e Aquiraz contam com duas AEDs, uma na zona rural e outra sede urbana. Os demais municípios, em função do contingente populacional e das condições urbanas, são representados por uma única AED: Chorozinho, Pacajús, Pacatuba, Euzébio, S. Gonçalo do Amarante, Itaitinga e Horizonte (mapa VIII.3). Vale aqui lembrar que toda a análise será realizada considerando a subdivisão, seja de municípios, seja de AEDs em quintis, distribuídos em 5 classes, quais sejam: muito alto, alto, médio, baixo e muito baixo.
9 Mapa VIII.3 - Outros municípios da RMF em suas AEDs VIII OCUPAÇÃO, RENDA E DIFERENCIAÇÃO SOCIOESPACIAL Analisando a capacidade de absorção de mão de obra pelo mercado de trabalho na metrópole, verifica-se que a taxa de ocupação média, em 2000, estava em torno de 82,8%. Esta taxa é muito alta (89,2% a 90,6%) nos municípios de Aquiraz (pólo turístico), Guaiúba, Chorozinho e São Gonçalo do Amarante (Complexo Industrial e Portuário de Pecém) e muito baixa (75,2% a 80,7%) nos municípios de Caucaia, Eusébio e Pacatuba. A média de pessoas engajadas no mercado formal é de 43,8%, ou seja, aquelas que trabalham com carteira assinada. Na classe que abrange o quintil considerado muito alto (42,3% a 50,4%), encontram-se Fortaleza, Maracanaú, Pacatuba e Horizonte, que são municípios que concentram atividades industriais. Por outro lado, os municípios de São Gonçalo do Amarante, Guaiúba e Aquiraz colocam-se com um nível de formalização do mercado muito baixo, isto é, apenas entre 18,8% a 28,1% do total das ocupações destes municípios estão inseridas no mercado formal, predominando assim o trabalho precário. Pacajus e Chorozinho apresentam-se com baixa formalização do mercado de trabalho (28,1% a 35,9%), assemelhando-se aos anteriores. A análise da renda familiar per capita revela a distribuição destes rendimentos por municípios da RMF, de acordo com a porcentagem do número de famílias e faixas de renda. Nota-se que no caso das
10 famílias que recebem até 1/2 salário mínimo são os municípios de Caucaia, Fortaleza e Maracanaú os de maior destaque, com o mais baixo quintil (30,6% a 49,1% das famílias), isto é, com porcentagem de famílias em situação de pobreza, inferior à metade do total de domicílios. Vale observar, entretanto, que estes são os municípios que têm o maior número absoluto de famílias na faixa de renda de até ½ salário mínimo por serem os mais populosos. Em termos relativos os municípios de Aquiraz e Pacatuba, apresentam baixo quintil (49,1% a 51,5%); Horizonte e Pacajus com médio quintil (51,5% a 52,7%), Maranguape, com alto quintil (52,7% a 56,9%) e Eusébio, Guaiúba, Chorozinho e São Gonçalo do Amarante, com muito alto (56,9% a 64,7%), ou seja, na pior situação de pobreza, do ponto de vista da renda familiar per capta, quase atingindo a dois terços do total de famílias como se pode observar no mapa VIII.4 seguinte. Mapa VIII.4 - Renda familiar per capta inferior a ½ salário mínimo As informações sobre as classes de renda dos responsáveis da família na RMF confirmam os resultados anteriores. Fortaleza, Caucaia e Maracanaú têm poucos chefes de família com renda até 2 salários mínimos, enquanto Maranguape, Guaiúba, Chorozinho e São Gonçalo do Amarante têm a participação maior de chefes de família neste estrato de renda (81,6% a 89,2%). Nas classes de renda do responsável da família acima de 10 salários mínimos, no quintil muito
11 baixo encontram-se os municípios de Pacatuba, Chorozinho e Guaiúba, com 0,3% a 1,12%, merecendo também ser destacado o município de Horizonte, com 1,2% a 11,1%, inserido no quintil baixo. Já no quintil muito alto encontram-se os municípios de Fortaleza, Caucaia, Eusébio e Aquiraz confirmando uma situação mais favorável destes municípios dentro da Região Metropolitana, no que se refere aos chefes de família com os mais elevados níveis de renda. Merece destaque o caso do município de Eusébio, onde a atração de indústria de serviços avançados como corretagem de imóveis e segurança armada, derivada da redução de impostos, assim como a transformação de sítios e chácaras em residências permanentes da classe média alta e a implantação de condomínios fechados, têm contribuído para o crescimento da segregação sócio-espacial. A porcentagem da população pobre é também mais elevada nos demais municípios da Região Metropolitana que não Fortaleza, os quais apresentam uma queda nesse percentual de 41% para 33% entre 1991 e Os municípios de Horizonte, Maracanaú e Maranguape, por serem distritos industriais, registram uma forte queda da porcentagem da população pobre no mesmo período, principalmente deste último, que registrou um decréscimo de 62% para 47%. Entretanto, Horizonte aumentou significativamente a concentração de renda entre 1991 e Além destes, o município de Aquiraz, que tem um extenso litoral e goza de atrativos turísticos, como o Beach Park, tendo atraído investimentos estrangeiros de grande porte no setor de hotelaria, reduziu ao longo da década a porcentagem de pobres de 72% para 58%. VIII.2.2 DEMOGRAFIA Dinâmica de crescimento populacional Com taxa de crescimento de 2,44% no período entre 1991 e 2000, a Região Metropolitana de Fortaleza concentra uma população de habitantes. Tal contingente representa 53,4% da população urbana do estado, sendo a capital, Fortaleza, responsável por 46,5% desta população. A taxa de crescimento dos municípios da RMF indica quadro peculiar. Fortaleza registra queda, passando de 4,3% no período de para 2,15% em 2000, apresentando uma taxa abaixo da média da RMF; bem abaixo da de municípios como Horizonte (7,1%), Eusébio (4,9%), Caucaia (4,7%), Pacajus (3,7%) e Aquiraz (3,0%); na freqüência aproximada dos municípios de Maranguape (2,3%) e São Gonçalo do Amarante (2,2%). Fortaleza, se encontra somente à frente de Chorozinho (2,1%), Maracanaú (1,5%), Guaiúba (1,4%) e Pacatuba (-1,7%). Tabela VIII.1 - Municípios da Região Metropolitana de Fortaleza por população residente, situação do domicílio, taxa de urbanização e taxa geométrica de crescimento e 2000
12 Município s População residente e situação do domicílio Total Situação do domicílio Taxa de urbaniz ação Taxa geométrica de crescimento 2000/1991 Urbana Rural Tot Urb Rur al. al ,53 5, ,305 Aquiraz 60,469 40,772 54, ,09 250,47 147,60 226,08 17,4 24, Caucaia Chorozinh 11,1 9, ,492 o 18,707 4,299 9, , Eusébio 31,500 20,410 31, ,768, 2,141, 1,768, 2,141, Fortaleza ,51 4, ,562 Guaiúba 19,884 10,048 15, Horizonte 18,283 7,49 5, ,790 10,786 28, , Itaitinga 29,217 26, Maracana 157,15 179,73 156,41 179, ú Marangua 19,7 22, ,705 pe 88,135 51,954 65, ,15 9, ,800 Pacajus 44,070 22,650 34, Pacatuba 60,148 6,52 4, ,696 53,626 47, São 11,2 13, ,286 Gonçalo 35,608 17,999 22, ,401, 2,984, 2,305, 2,881, 96,6 103, Total Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1991 e (Metrodata) O maior crescimento populacional de municípios que não a capital é reflexo de alguns processos como a política de relocalização das indústrias na RMF, com benefícios fiscais para municípios como Horizonte e Eusébio; a valorização dos espaços litorâneos, suscitando urbanização associada ao veraneio e ao turismo; e, mais recentemente, a transformação de residências de veraneio marítimo
13 em residências principais, a exemplo do ocorrido em Aquiraz e Caucaia. A população de Fortaleza, habitantes, corresponde a 71,74%% da RMF ( hab), sendo ainda representativos os municípios de Caucaia ( hab), Maracanaú ( hab) e Maranguape ( hab), correspondendo a, respectivamente, 8,40%, 6,02% e 2,95% da população da região. Esses municípios, juntamente com Fortaleza, concentram 89,11% da população metropolitana. (Tabela VIII.1) A taxa de urbanização da RMF (96,5%) é superior à do Estado do Ceará (71,5). Nela encontram-se municípios com população exclusivamente urbana como Fortaleza e Eusébio, e municípios abaixo da média do Ceará como São Gonçalo do Amarante (62%) e Chorozinho (50,6%). Na média, a taxa de crescimento urbana é superior à rural, respectivamente 2,5 e 0,75. Entre os municípios que perderam população rural destacam-se Guaiuba (-6,1), Pacatuba (-3,6) (certamente em virtude de seu desmembramento de dois de seus distritos), Horizonte (-3,1), Maracanaú (-3,0) e Chorozinho (-2,1). Já no que se refere ao crescimento da população rural, merece destaque Caucaia (3,8), seguido de São Gonçalo do Amarante (2,0), Maranguape (1,6). Com taxa de urbanização aumentando em todos os municípios, é interessante caso de Horizonte e Chorozinho, que passam, respectivamente, de uma taxa de urbanização da ordem de 59% e 27,7% em 1991 para 83,2% e 50,6% em (Tabela VIII.1) A densidade demográfica mais elevada se verifica no município de Fortaleza, onde são 6.824,1 habitantes por km², seguindo-se o município de Maracanaú, com 1.822,8 hab/km². Os demais apresentam densidade abaixo da média metropolitana (599,8 hab/km 2 ), variando de 403,8 hab/km² em Eusébio a 42,1 hab/km 2 em São Gonçalo do Amarante. Os dados supracitados podem ser também observados espacialmente no mapa VIII.5. Tabela VIII.2 - Municípios da Região Metropolitana de Fortaleza por população residente, área dos municípios e densidade demográfica Municípios População total Área (km²) Densidade demográfica (hab/km²) Aquiraz 60, Caucaia 250, Chorozinho 18, Eusébio 31, Fortaleza 2,141, Guaiúba 19,
14 Horizonte 33, Itaitinga 29, Maracanaú 179, Maranguape 88, Pacajus 44, Pacatuba 51, São Gonçalo do Amarante 35, Total 2,984, Fonte: IBGE. Censo demográfico (Metrodata) Mapa VIII.5 Densidade Demográfica - Municípios Análise intraurbana A análise demográfica intra-urbana apresenta-se através do uso das AEDs como unidade espacial de análise (mapa VIII.6). Considerando os municípios com maior densidade demográfica, percebe-se a concentração das maiores taxas nos bairros populares, a exemplo das AED s de Cristo Redentor (24.264,9 hab/km²), Pirambú / Carlito Pamplona (22.076,3 hab/km²), Jardim Iracema / Jardim Guanabara (19.870,5 hab/km²) e Barra do Ceará ( hab/km²) no município de Fortaleza; áreas de conjuntos habitacionais, a exemplo da AED Genibaú ( ,1 hab/km²) em Fortaleza, de Nova
15 Metrópole ( hab/km²) em Caucaia e Jereissati / Timbó (8.355 hab/km²) em Maracanaú.
16 Mapa VIII.6 Densidade Demográfica - AEDs A população da RMF tem um perfil etário bastante jovem, com uma participação média do grupo com idade entre 0 e 14 anos na ordem de 31,1%. A faixa mais ativa, de 15 a 64 anos, representa 64% e os idosos, com idade de 65 anos e mais são 4,9% da população. Examinando a espacialização por AEDs, constata-se que somente em Fortaleza aparecem áreas onde o grupo etário de 0 a 14 anos tem participação muito baixa e baixa (entre 17,3% e 30,5l%), com destaque para Meireles, Benfica/José Bonifácio, Aldeota, Dionísio Torres e Joaquim Távora. No quintil que agrega as situações onde é muito alto o peso de crianças e adolescentes (variando de 35,5% a 38,4%), tem-se as AEDs de Siqueira, Genibaú e Granja Lisboa, dentre outras de Fortaleza; a Zona Rural, as AEDs Tabuba/Cumbuco, Parque Soledade / Itambé, Jurema / Marechal Rondon, e Potira / Tabapuã, no município de Caucaia; a Zona Rural em Maranguape; as AEDs Cágado / Mucunã, Pajuçara e Centro / Novo Maracanaú em Maracanaú; as AEDs que correspondem à totalidade dos municípios de Guaiúba, Pacatuba, Eusébio, Itaitinga e Horizonte. No grupo etário de 15 a 64 anos, verifica-se a presença somente das AEDs de Fortaleza, com destaque para Meireles, Dionísio Torres, Mucuripe / Varjota e Aldeota têm casos classificados no quintil muito alto (entre 67,5% e 73,4%). No quintil que reúne as participações muito baixas dessa faixa de idade (entre 55,2% e 60,1%), se encontram as AED s de Siqueira e Granja Lisboa em Fortaleza; a Zona Rural, as AEDs Tabuba / Cumbuco, Jurema / Marechal Rondon,
17 Parque Soledade / Itambé e Potira / Tabapuã em Caucaia; a Zona Rural de Maranguape; as AEDs Cágado / Mucunã, Pajuçara e Centro / Novo Maracanaú em Maracanaú; os municípios de Guaiúba, São Gonçalo do Amarante, Chorozinho, Itaitinga, Eusébio, Pacatuba e Horizonte. Considerando a população mais idosa, com 65 e mais anos, têm contribuição muito alta (de 5,9% a 10,8%) as AED s do Centro / Moura Brasil / Praia de Iracema, Benfica / José Bonifácio e Parquelândia / Amadeu Furtado, dentre outras de Fortaleza; a Zona Rural de Caucaia e de Maranguape; e, finalmente os municípios de Guaiúba e São Gonçalo do Amarante. Na distribuição da população total da RMF segundo a cor percebe-se a predominância de pretos e pardos (59,8%) em relação a brancos (39,3%). (Tabela VIII.3) Nos extremos encontramos, de um lado, os municípios de Pacajus (41,8%) e Fortaleza (41,3%) com as mais altas incidências de brancos, e de outro lado, com maior participação de pretos e pardos, São Gonçalo do Amarante (69,7%) e Chorozinho (68,2%). (Mapa 7) Mapa VIII.7 Distribuição da população segundo a cor (negros e pardos) - Municípios Tabela VIII.3 - Municípios da Região Metropolitana de Fortaleza por população residente, cor ou raça e a distribuição da população segundo a cor ou raça
18 Municípios Distribuição da população segundo a cor ou raça Cor ou raça¹ sobre a população total (%) Branca Preta/pardo Outros² Branca Preta/pardo Outros População residente e cor ou raça População Total Aquiraz 60,469 19,433 40, Caucaia 250,479 82, ,781 3, Chorozinho 18,707 5,576 12, Eusébio 31,500 11,644 19, Fortaleza 2,141, ,113 1,238,805 18, Guaiúba 19,884 6,699 13, Horizonte 33,790 12,799 20, Itaitinga 29,217 9,747 18, Maracanaú 179,732 62, ,453 1, Maranguape 88,135 29,516 58, Pacajus 44,070 18,428 25, Pacatuba 51,696 18,380 32, São Gonçalo 35,608 10,360 24, Total 2,984,689 1,171,623 1,784,882 28, Fonte: IBGE - Censos Demográficos (Metrodata) ( ¹ ) Refere-se apenas a população que declarou a cor ou raça. ( ² ) Está incluso a categoria ingorado. Na composição da população de cor branca destaca-se, no quintil considerado muito alto (entre 44,6% e 70,5%) a participação exclusiva das AED s de Fortaleza, com destaque para Aldeota, Meireles, Bom Futuro / Parreão, Dionísio Torres e Fátima. A indicação de outras AEDs dá-se somente a partir do quintil alto (entre 39,0% e 43,7%), com as AEDs de Nova Metrópole, Albano / Guadalajara e Araturi em Caucaia, bem como o município de Pacajús. Na composição cor preta/pardo o quadro é mais complexo, com participação no quintil muito alto (entre 66,7% e 74,7%) das AEDs de Curió / Grajeru / Coaçu, Granja Lisboa, Canindezinho / Parque São José, Genibaú, João XXIII e Siqueira dentre outras em Fortaleza; Tabuba / Cumbuco, Zona Rural, Potira / Tabapuã e Capuan em Caucaia; Zona ruaral / Iguape em Aquiraz, além dos municípios de São Gonçalo do Amarante e Chorozinho (mapa VIII.8).
19 Mapa VIII.8 Distribuição da população segundo a cor (negros e pardos) - AEDs No quintil alto (entre 64,3% e 66,1%), além da presença das AEDs do município de Fortaleza (Floresta, Cristo Redentor, Bela Vista, Pici, Quintino Cunha, Vicente Pinzon, Lagoa Redonda e Bom Jardim, destacam-se as AEDs: Sede / Porto das Dunas / Prainha em Aquiraz; Zona Rural e sede urbana em Maranguape; Pajuçara e Cágado / Mucunã em Maracanaú; Parque Soledade / Itambé e Icaraí em Caucaia, bem como os municípios de Guaiuba e Itaitinga, apresentase quadro característico de uma população mestiça, com forte participação do elemento indígena na sua composição e fraca participação do negro. No caso da RMF tem-se a contribuição dos índios Pitaguary nos municípios de Maracanaú e Pacatuba, dos índios Jenipapo-Kanindé no município de Aquiraz e índios Tapebas no município de Caucaia. VIII EDUCAÇÃO Os serviços ligados à educação e à saúde da Região Metropolitana de Fortaleza, principalmente os mais especializados, estão concentrados na capital, reforçando o papel polarizador de Fortaleza, inclusive para todo o Estado do Ceará. Utilizando as AEDs como unidade territorial de análise, é possível observar uma série de desigualdades entre as diferentes partes que compõem a metrópole no que se refere ao acesso à educação. As mais altas taxas de analfabetismo de pessoas com 15 anos e mais na
20 RMF estão concentradas no quintil que varia de 18,0 a 33,4%, com destaque para as seguintes áreas: aquelas situadas nas zonas rurais dos municípios de Caucaia, Maranguape e Aquiraz, em municípios com predominância de atividades rurais: Chorozinho, Guaiúba, São Gonçalo do Amarante; em municípios que estão passando por uma reestruturação produtiva, com recente processo de industrialização (Horizonte, Pacajús, Itaitinga, Euzébio); ou nas áreas inseridas nas rotas do turismo (Aquiraz-Sede / Porto das Dunas / Prainha, Caucaia Tabuba / Cumbuco; em bairros distantes na periferia de Fortaleza, de ocupação mais recente, como Siqueira, Curió, Grajerú e Coaçu se apresentam deficientes de infra-estrutura e serviços, nos quais até recentemente predominavam atividades rurais, sítios de veraneio e áreas de preservação ambiental (mapa VIII.9). Merecem destaque nesta análise as AEDs: Lagoa Sapiranga / Coité, com 20,04% de taxa de analfabetismo, onde estão as favelas do Campo do Alecrim, Lagoa Seca, Alvorada e S.Francisco; Jurema / Marechal Rondom situada em áreas fronteiriças com Fortaleza, em que a maior parte da população, eleitora de Fortaleza, fica desassistida pela administração municipal de Caucaia; assim como algumas outras deficientes em serviços urbanos de Caucaia (Parque Soledade / Itambé, Potira / Tabapuã) e Maracanaú (Pajuçara, Cágado / Mucunã).
21 Mapa VIII.9 - Taxas de analfabetismo de pessoas com 15 anos e mais na RMF As AEDs que apresentam taxas de analfabetismo muito baixas estão no primeiro quintil (2,19 a 6,15%), situando-se em sua maioria em Fortaleza, nos bairros de melhores níveis de renda, de ocupação mais antiga, de acesso e transporte fácil e com boa infra-estrutura e serviços educacionais, como Meireles, Dionísio Torres, Benfica / José Bonifácio, Fátima, Joaquim Távora, Aldeota, Bom Futuro / Parreão, Parquelândia / Amadeu Furtado, Damas / Jardim América, Vila Ellery / Monte Castelo / Alagadiço, Cidade dos Funcionários / Cajazeiras, Mucuripe / Varjota, Parque Araxá / Rodolfo Teófilo, Eng. Luciano Cavalcanti / Parque Manibura, Parangaba, Álvaro Weyne; em conjuntos habitacionais, nos municípios de Caucaia como o Nova Metrópole, e de Fortaleza (Conjunto Ceará I, Conjunto Ceará II, Prefeito José Walter), todos eles providos com infra-estrutura e serviços urbanos, contendo população de renda fixa, que pôde se inserir no mercado imobiliário, através da compra da casa própria ou ainda participar de programas habitacionais de financiamento promovidos pelo poder público. Freqüência escolar e adequação idade - série No que se refere à adequação idade série para a faixa etária de 7 a 14 anos, destaca-se a elevada freqüência escolar da população residente em toda região metropolitana, variando de 99,30% a 88,16% com destaque maior para a AED Fátima, tradicional bairro de
22 classe média. Logo em seguida do bairro de Fátima, as mais elevadas freqüência escolares estão nas AEDs que abrangem os conjuntos habitacionais de Caucaia como o Nova Metrópole, 98,847% e de Fortaleza no caso o Conjunto Ceará I, e Ceará II. Disto verifica-se que os conjuntos periféricos mais antigos, dados os seus maiores portes, passam a atingir índices tão altos como aqueles dos bairros de classe média, visto que fazia parte do programa destes projetos habitacionais de interesse social a garantia ao acesso aos equipamentos de ensino (mapa VIII.10) Mapa VIII.10 - Percentual de Adequação idade série - Ensino Fundamental (7 a 14 anos) Na faixa de 15 a 17 anos, a freqüência escolar da população residente também se mantêm elevada nos conjuntos habitacionais, destacando-se conjunto Ceará II, com 95,90%, o mais alto índice deste primeiro quintil. O Meireles, AED que corresponde ao bairro que apresenta o maior IDH de Fortaleza, ficou em 10º lugar, com 92,80% de freqüência escolar nesta faixa etária. Esta classificação pode ser explicada pela presença de favelas, como a do Campo do América, nesta AED. Ressalta-se também a presença dos altos índices de freqüência escolar nos conjuntos habitacionais periféricos Nova Metrópole (91,87%), em Caucaia e no Jereissati/Timbó (89,37%), em Maracanaú (mapa VIII.11).
23 Mapa VIII.11 - Percentual de Adequação idade série - Ensino Médio (15 a 17 anos) Levanta-se aqui a hipótese de que a elevada freqüência escolar pode ser explicada pela presença de serviços educacionais de ensino fundamental distribuídos por toda a cidade. Nos bairros populares, a alta freqüência pode estar relacionada ao fornecimento de merenda escolar nas escolas públicas; a bolsa escola e outros programas sociais compensatórios; a exigência do ensino fundamental e médio em quase todos os setores do mercado de trabalho, principalmente no secundário e terciário. Já a freqüência escolar da população residente de 18 a 25 anos (mapa VIII.12), ou seja, de pessoas cursando o pré-vestibular ou a universidade, é maior nas AEDs onde predomina a população de maior poder aquisitivo, ficando pouco abaixo de dois terços deste segmento da população, com destaque para as AEDs de Dionísio Torres (64,51%), Aldeota (64,48%), Meireles (62,63%) e Fátima (61,86%). Ela é também muito alta nas seguintes AEDs, com índices acima de 50%, no Joaquim Távora, Benfica / José Bonifácio, Parquelândia / Amadeu Furtado, Cidade dos Funcionários / Cajazeiras, Bom Futuro / Parreão, Mucuripe / Varjota, Vila Ellery, Monte Castelo / Alagadiço. Algumas destas AEDs ficam próximos aos campi universitários da Universidade Federal do Ceará no PICI, Parangabuçu, Benfica, abrigando residências universitárias ou
24 repúblicas de estudantes (Benfica/José Bonifácio, Parquelândia /Amadeu Furtado, Vila Ellery, Monte Castelo/Alagadiço). Mapa VIII.12 - Percentual de Adequação idade série - Ensino Superior (18 a 25 anos) Os conjuntos habitacionais, que se destacaram na faixa de 18 a 25 anos, apresentam índices de freqüência ainda altos em relação à média geral, apesar de estarem ainda no primeiro quintil (64,51 a 40,92%), como o Conjunto Nova Metrópole (44,619%), em Caucaia, o Conjunto Ceará II (43,76%) e o Conjunto Ceará I em Fortaleza. O quintil que abrange os índices mais baixos reúne nas áreas periféricas de Fortaleza, nas zonas rurais de alguns municípios como Caucaia, 24,63%, Maranguape, 25,80%, Aquiraz / Praia do Iguape, 28,10%); em AEDs situadas em municípios industriais em que a população nesta idade está inserida no mercado de trabalho (Horizonte, 27,70%, Maracanaú / Pajuçara, 28,45%); em outras que correspondem a municípios predominantes rurais e mais distantes e menos acessíveis a capital, onde se encontram quase todos os cursos superiores, elevando os custos de transporte e o tempo de deslocamento. Das 24 AEDs do primeiro quintil (81,51 a 66,23%) com melhor adequação idade / série da população entre 7 a 14 anos que freqüenta a escola, as dez primeiras posições estão em Fortaleza, em regiões que apresentam as maiores rendas: Meireles, Aldeota,
25 Mucuripe/Varjota, Bom Futuro/Parreão, Eng. Luciano Cavalcante/ Parque Manibura/ Fátima, Joaquim Távora, Dionísio Torres. Os conjuntos habitacionais também se destacam neste item: Ceará II aparece em 11º lugar, o Ceará I, em 21º e José Walter, 24º, em Fortaleza; o Nova Metrópole, 16º lugar e Araturi, 36º, em Caucaia; e o Jeireissatti/Timbó, 30º lugar, em Maracanaú. Os doze maiores índices das 25 AEDs do primeiro quintil (79,64% a 52,09%) de população de 15 a 17 anos que freqüenta a escola e mantêm adequação idade / série (médio, pré-vestibular ou superior), também estão em bairros de classe média de Fortaleza: Aldeota, Mucuripe / Varjota, Dionísio Torres, Joaquim Távora, Meireles, Eng. Luciano Cavalcante / Parque Manibura, Benfica / José Bonifácio, Fátima, Cidade dos Funcionairos / Cajazeiras, Vila Ellery / Monte Castelo / Alagadiço, Bom Futuro / Parreão, Parquelândia / Amadeu Furtado. Encontram-se também neste quintil os conjuntos habitacionais mais antigos da capital: Ceará II, em 13º lugar, o Ceará I, em 23º e o José Walter, em 24º lugar. Os maiores índices na faixa de 18 a 25 anos da população que freqüenta a escola e mantêm adequação idade / série (ensino superior) estão concentrados em Fortaleza, estando quase todas as outras AEDs de Fortaleza nos 1º, 2º e 3º quintil. Vale destacar que apenas 3 AEDs que compõem essas 3 classes se localizam fora de Fortaleza: Sede / Porto das Dunas / Prainha, em Aquiraz (17,44%), na 49ª posição, o conjunto Nova Metrópole (15,73%), na 54ª e Icaraí, em Caucaia (15,734%), na 61ª posição A inserção no quintil intermediário da AED Sede / Porto das Dunas / Prainha, em Aquiraz se explica, pelo excelente sistema de estradas, a proximidade de Fortaleza, a presença da zona de praia do Porto das Dunas, que com grande parque aquático (Beach Park), Condomínio Alphaville e casas de veraneio de altíssimo padrão (coincidentemente é mais alta taxa de analfabetismo) As residências desta AED, como as de Iguape e Prainha, mostram forte tendência de se tornarem residências fixas. A AED Icaraí contempla uma grande área de praia e parte de zona rural de Caucaia. A proximidade de Fortaleza está favorecendo a transformação de casas de veraneio em primeira residência para os filhos de classe média. Analfabetismo funcional As áreas com as maiores taxas de analfabetismo coincidem também com as de maiores índices de analfabetismo funcional (mapa VIII.13), ou seja, pessoas de 15 anos e mais de idade sem instrução ou com até 3 anos de estudo, e os responsáveis pela família sem instrução ou com até 3 anos de estudo. Como era de se esperar quase todos do primeiro quintil (57,18 a 34,81%), ou seja, classificados como tendo índice de analfabetismo funcional muito alto (pessoas com 15 anos e mais de idade sem instrução ou com até 3 anos de estudo) estão fora de Fortaleza, nos municípios e AEDs predominantemente rurais como Chorozinho,
26 Guaiúba, S.G. Amarante, Itaitinga, Horizonte e Pacajús; nas zonas rurais e de praias (Tabuba/Combuco, Icaraí) de Caucaia, Aquiraz (Iguape) e de Maranguape. Neste quintil, como AEDs pertencentes ao município de Fortaleza, estão o Siqueira (37,59%) em 13º, Genibaú (35,10%), 17º, Curió/Grajeru/Coaçu ((34,82%), em 19º posição, todos tidos como bairros periféricos, com renda muito baixa e serviços deficitários. As doze maiores taxas de analfabetismo funcional estão fora de Fortaleza, principalmente em zonas rurais. O primeiro quintil das taxas de analfabetismo funcional entre as pessoas acima de 15 anos, considerado como muito alto variando de 57,19 a 34,82%, apresenta números menores do que entre os responsáveis pela família (66,383 a 41,535%), o que demonstra maior procura pela formação do ensino fundamental entre os jovens de hoje. As AEDs com menor taxa de analfabetismo funcional são também aquelas em que os chefes de famílias tem maior tempo de estudo, no caso em torno de 11 anos, ou seja concluíram o ensino fundamental e médio. Os doze melhores índices (82,72 a 50,62%) do primeiro quintil, estão em Fortaleza nas AEDs: Dionísio Torres, Meireles, Aldeota, Fátima, Benfica / José Bonifácio, Mucuripe / Varjota, Cidade dos Funcionários / Cajazeiras, Joaquim Távora, Eng. Luciano Cavalcante / Parque Manibura, Centro / Moura Brasil / Praia de Iracema, Parquelândia / Amadeu Furtado e Papicu. A primeira AED considerada predominantemente conjunto habitacional que aparece na lista está em 25º lugar, o Araturi, em Caucaia com 36,79%, o ultimo do primeiro quintil, ou seja, muito alto. No segundo quintil também se encontra as AEDs em que predominam os Conjuntos habitacionais tais como: Parque Albano / Guadalajara, em Caucaia, (36º), e os Conjuntos Ceará I (28º), Ceará II (31º), José Walter, (33º), e Vila Velha (45º), em Fortaleza. Mapa VIII.13 Taxa de analfabetismo funcional
27 Em Fortaleza, nos bairros mais antigos, próximo ao centro, ao longo dos eixos de circulação e principalmente na zona leste da cidade a qual reúne: a classe média, o comércio de melhor qualidade, o setor financeiro e os órgãos da administração publica. Disto decorre a concentração das melhores rendas, diretamente associada ao acesso às infra-estruturas e serviços urbanos é mais amplo, refletindo-se nas menores taxas de analfabetismo e de analfabetismo funcional, na maior percentagem de crianças e adultos freqüentando escolas e na maior adequação das faixas etária aos níveis educacionais. Os bons índices educacionais nos conjuntos habitacionais na região metropolitana chamam atenção, o que demonstra a expansão da malha urbana, com o extravasamento da capital. Disto observa-se a diferença destes conjuntos de maior porte, derivados de políticas habitacionais das décadas anteriores em relação aos novos programas, os quais quase sempre se configuram na forma de pequenos fragmentos, desprovidos de equipamentos sociais. A moradia de melhor qualidade, associada à ausência de novas políticas habitacionais, faz com que a população de renda média baixa estável, impossibilitada de morar em áreas mais próximas, passasse a buscar como alternativa habitacional, na década de setenta, oitenta e noventa, os conjuntos habitacionais financiados e construídos pelo poder público, ao longo das vias férreas e rodovias, e que aos poucos foram sendo dotados de boa infra-estrutura e serviços urbanos.
28 A estabilidade financeira, casa própria e serviços urbanos favorecem a continuação dos estudos. Existem bairros pobres que pela proximidade do centro e presença de serviços, dão possibilidade a seus moradores permanecerem na escola até a conclusão do ensino médio. Há uma queda nestes índices entre as pessoas de 18 a 25 anos que freqüentam escola e série adequada, pois muitas são obrigadas a entrar no mercado de trabalho, sem condições de continuar os estudos. A classe média também se transfere para municípios vizinhos da RMF, passando a habitar em confortáveis casas de veraneio, em função da melhoria do sistema viário e da proximidade de Fortaleza, especialmente do comércio e dos serviços urbanos. As taxas que revelam uma maior participação de pessoas com mais de 11 anos de estudo e adequação idade / nível de ensino para a população entre 18 e 25 anos. Cresceu o número de favelas em municípios da RMF. A população mais miserável também se viu obrigada a se transferir para outros municípios, pois os espaços urbanos de Fortaleza, além de escassos, são mais controlados, os aluguéis caros e existem poucos espaços disponíveis para ocupação pelos sem tetos. A emancipação municipal de alguns distritos e a descentralização industrial contribuíram para a geração de empregos nos setores publico e privado, o crescimento populacional e também a implantação de infra-estrutura e serviços na área de educação. Ressalta-se que estas AEDs não são homogêneas, principalmente, as áreas de expansão de classe média, de atividades turísticas e industriais. Em algumas AEDs encontram-se as mais altas taxas de analfabetismo de pessoas com 15 anos e mais na RMF, tais como a AED Zona Rural e Iguape em Aquiraz, alguns municípios, que estão passando por uma reestruturação produtiva, com recente processo de industrialização como: Horizonte, Pacajús, Itaitinga, Euzébio, ou em inserção nas rotas do turismo: Aquiraz-sede / Porto das Dunas / Prainha, Caucaia-Tabuba / Cumbuco). VIII.2.4 MORADIA Condições da moradia Na R.M.F. a acessibilidade ás redes de infra-estrutura se mostra bastante desigual. Com exceção do amplo acesso às redes de energia para as unidades domésticas, verifica-se no espaço metropolitano a presença de diversos processos que demonstram as disparidades entre fragmentos que compõem o espaço metropolitano. Analisando-se a região metropolitana de Fortaleza, segundo o abastecimento de água constata-se a ineficiência do sistema, visto que há mais de domicílios sem acesso. Municípios como Fortaleza, Maracanaú e Eusébio que apresentam taxas de urbanização da ordem de 100%, ainda possuem domicílios sem abastecimento feito por rede, totalizando quase moradias (mapa VIII.14).
29 Numa outra escala, observa-se que mais de ¾ das AEDs possuem acima de 70% dos domicílios com abastecimento adequado, principalmente aquelas localizadas em Fortaleza. Dentre as AEDs com índices considerados muito altos, constata-se que o abastecimento de água adequado pode vir a ser universalizado para o município de Fortaleza, ou mesmo ampliar ainda mais a abrangência do seu atendimento, dado que ele já chega aos bairros mais distantes como: Barra do Ceará ao oeste (97,4%), Siqueira ao sudoeste (95,2%), Mondubim ao sul (95,9%), Lagoa Redonda ao sudeste (91,1%) e Vicente Pinzón ao leste (90,6%) (mapa 15). Mapa VIII.14 Percentual de Domicílios com abastecimento de água adequado (Município) Mapa VIII.15 Percentual de Domicílios com abastecimento de água adequado (AEDs)
30 Em se tratando de saneamento, considerou-se como situação adequada, apenas o esgotamento sanitário realizado pela concessionária de água e esgoto e a construção de fossas sépticas. Constata-se que apenas 6 em cada 10 pessoas vivendo na R.M.F possuam esgotamento adequado. Além disso, observando-se os dados de percentuais da população com esgotamento adequado, constata-se que os municípios mais externos e periféricos, no caso: Chorozinho, Pacajús, Guaiúba e Horizonte são os que menos dispõem de rede de saneamento. Quanto às AEDs, tem-se que nos percentuais mais altos, fica evidente a concentração de investimentos nas áreas mais nobres, reunindo num só continuum os bairros do núcleo central com as seguintes extensões: ao oeste na direção da Parquelândia, ao sul, em direção ao Alto da Balança, e ao leste, atingindo o Papicu. Algumas áreas isoladas com unidades descentralizadas de tratamento também se incluem nestes percentuais mais altos de saneamento adequado, tais como: Araturi e Nova Metrópole em Caucaia, Jereissati e Timbó em Maracanaú, assim como os Conjuntos Ceará I e II, todos com percentuais maiores que 90% do total. Por fim, ainda considerando a precariedade da coleta e destinação do lixo, tem-se o destaque negativo de Aquiraz como o município em pior situação, atingindo a mais de 40% do seu total de domicílios, seguido por Guaiúba (quase 34%) e Eusébio (31,15%). Considerando que mais de 90% da população de Aquiraz viva em áreas consideradas urbanas, tem-se um estado que requer cuidados visto que se trata de um município considerado como destino para o
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