Análise do Uso de Medicamento em Idosos de Goiânia
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- Lucinda Sousa Mota
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1 Análise do Uso de Medicamento em Idosos de Goiânia Luciana Caetano Fernandez 1 ; Carolina Albernaz Toledo Prof. MS. da Universidade Estadual de Goiás Aluna bolsista do programa PBIC/UEG RESUMO: Este projeto buscou apresentar um levantamento sobre as medicações mais recorrentes entre a população idosa de Goiânia. O trabalho foi realizado através da aplicação de um questionário padrão a indivíduos com idade igual ou superior a anos, e levantamento bibliográfico em sites da plataforma Scielo e PubMed, além de buscas em livros e revistas indexadas. Contou com o apoio financeiro da UEG através do programa de incentivo a pesquisa PBIC/UEG. Dentre o grupo pesquisado, em um total de 68 idosos, as mulheres foram maioria, apresentando uma freqüência de 82,3% dos indivíduos. A classe medicamentosa mais utilizada foi a de ação cardiovascular, 22,93%, seguida dos diuréticos, 7,78%. A maioria dos idosos goianienses pratica alguma atividade física e nega o atual uso de cigarros ou bebidas alcoólicas. O índice de efeitos colaterais adversos relatados foi baixo, quando comparado a outras literaturas; a maioria dos idosos afirma procurarem médicos especialistas na tentativa de solucionarem seus problemas biológicos, mas afirmam a recorrência a outros meios de busca, como a informação com farmacêuticos e/ou familiares. Palavras-chave: idosos, auto-medicação em idosos, indicação medicamentosa em idosos; e seus respectivos em inglês. INTRODUÇÃO No Brasil a população de idosos, de acordo com o último censo do IBGE (23), ultrapassa os 1 milhões em uma população de mais de 17 milhões de habitantes. Este fato tem feito com que características populacionais se transformem e adeqüem-se às novas necessidades. Na década de 192 a idade limite de vida, na população brasileira, era de 33 anos, passando para mais de 6 anos de idade no último censo; o que perfigura uma nova concepção de família, saúde, bem-estar social, responsabilidade social e necessidade pública. O surgimento de doenças que antes não participavam do cenário social passa a tornar-se, de certa forma, um transtorno à população, à saúde e aos cofres públicos; representa, em termos de utilização da saúde pública, um maior número de patologias e problemas de longa duração. Tal fato acarreta aumento das despesas com tratamentos médicos e hospitalares, representando um desafio para as autoridades sanitárias e para os programas de assistência à saúde pública (VERAS, 22, 23). 1
2 De acordo com o IBGE em 23, a faixa etária acima dos 6 anos apresenta maior índice de morbidade, assim como piores resultados na auto-avaliação do estado de saúde. Qualquer que seja o indicador de saúde, ele se mostra mais agravado na população mais idosa (VERAS, 23). A população idosa, em relação aos medicamentos, chega a constituir % dos multiusuários devido ao quadro de dependência prolongada da medicação e da vulnerabilidade biológica decorrente do envelhecimento (PENTEADO et al, 22). Este estudo teve por objetivo fazer um levantamento bibliográfico a respeito das medicações mais utilizadas em idosos e analisar o uso de medicamento em idosos goianienses, seus efeitos colaterais e o uso da polifarmácia, com o intuito de fazer um levantamento das medicações mais utilizadas pelos idosos em Goiânia, as mais indicadas, suas interações medicamentosas e seus efeitos colaterais; visando um trabalho de orientação aos idosos e aos profissionais que trabalham e/ou acompanham os mesmos. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada nos períodos de agosto de 27 a junho de 28 em diversas instituições em Goiânia, tais como Igrejas, asilos, Universidade Estadual de Goiás/ESEFFEGO no programa de hidroginástica aberto a comunidade e com abordagens independentes pessoapessoa. O estudo abordou pessoas de ambos os sexos com idade igual ou superior a anos e que fossem capazes de responder ao questionário. O questionário continha perguntas a respeito dos hábitos de vida e a respeito do uso de medicamentos, pelos participantes, a, pelo menos, 1 dias e seus efeitos colaterais. Foram classificados como consumidores de polifarmácia os indivíduos que faziam uso de 3 ou mais medicamentos ao mesmo tempo durante o período mínimo de 1 dias. Foram entrevistados 8 indivíduos, dos quais 7 possuíam idade inferior a anos ( a anos), não apresentavam patologia alguma e não sabiam especificar a medicação que utilizavam; estes 17 indivíduos foram descartados. Foram, então, analisados um total de 68 questionários. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os 68 questionários analisados foram separados e classificados de acordo com o grupo etário dos indivíduos e de acordo com o sexo dos mesmos. Durante a pesquisa observamos a forte presença de indivíduos do sexo feminino integrando a amostra, principalmente dentre os indivíduos que buscam formas alternativas de tratarem-se. As mulheres correspondem a 82,3% (6) da amostra, sendo, assim, a maioria. Estes dados correspondem com as pesquisas de MARIN et al (28) que obtiveram em 61,8% de sua amostra, indivíduos do sexo feminino; e com SAYD et al (2) que obtiveram 76% de indivíduos sendo do sexo feminino. Além da maior preocupação das mulheres com a saúde, segundo o censo de 2 do IBGE, o número de mulheres na parcela populacional de idosos é, 2
3 em muito, superior ao número de indivíduos homens, por diversos fatores relacionados ao comportamento dos mesmos durante fases anteriores da vida. A classe de medicamentos mais utilizada foi a cardiovascular Dentre as classes medicamentosas existentes e utilizadas pelos idosos pesquisados, a classe de maior uso é a dos de ações cardiovasculares (antihipertensivos, antiarritmicos). Dos 218 medicamentos listados (muitos repetidos), os cardiovasculares apareceram com uma freqüência de indicações, o que representa 22,93%; os diuréticos foram os segundos mais listados, responsáveis por 7,78% das indicações medicamentosas. No gráfico abaixo estão listados, apenas, as medicações de maior relevância na pesquisa. Vitaminas, anticoncepcionais e outros foram contabilizados mas não apresentaram significativa relevância a pesquisa. índice das medicações mais utilizadas frequência de aparecimento cardiopatia/ hipertensão diuréticos analgésicos anti-coagulante anti- hipocalemia anti-depressivos/ reposição homonal anti anticarcinogênicoinflamatórios/antiácido SNC/antilabiríntico colesteromiante estomacal indicações Estes dados corroboram com as pesquisas de FLORES e BENVEGNÚ, 28; os quais obtiveram como resultado uma porcentagem de 21,3% para os antiarritmicos e 11,3% para os diuréticos, sendo estes os mais utilizados pelos idosos pesquisados. PENTEADO et al, 22 também obteve um alto índice de uso dos medicamentos cardiovasculares em sua pesquisa, sendo que 47,17% dos medicamentos listados eram de ação cardiovascular. O que explica o alto índice de medicamentos dessa classe é, justamente, o envelhecimento populacional e as mudanças comportamentais sociais (altos índices de estresse, dieta não balanceada, pouca 3
4 prática de atividade física aeróbia e outros). O uso dos diuréticos foi indicado como um complementar à ação dos antihipertensivos com o intuito de aumentar o trabalho renal e diminuir a pressão arterial pela eliminação de líquidos. A auto-medicação ainda é presente entre os goianienses, mas a maioria procura uma indicação médica Os índices de auto-medicação apresentados foram não muito satisfatórios. Alguns afirmam terem procurado outro médico, outros procuraram um farmacêutico ou um parente. Nos dias de hoje, a auto-medicação apresenta índices muito inferiores aos apresentados em décadas anteriores, mas é preocupante. Durante a pesquisa indivíduos afirmaram estar fazendo uso de outra medicação além da indicada pelo médico e que foi indicada por algum parente, 3 afirmam terem complementado o tratamento com orientações farmacêuticas. Do total de entrevistados, apenas 3 não passaram por uma consulta médica para medicarem-se em qualquer instância. Quanto a indicação da medicação médico farmacêutico raizeiro amigo parente outro Assim como na pesquisa BARROS et al, 27, a maioria dos que ingerem alguma medicação sem receita médica afirmam que o fazem por já terem conhecimento da medicação, já o utilizaram antes. Apesar de conhecerem a medicação, quando questionados, não sabem descrever os possíveis efeitos adversos da mesma. Isto torna a realidade da auto-medicação algo ainda mais preocupante em Goiânia. Na maioria dos casos, a auto-medicação se deu com relaxantes musculares, analgésicos e anti-térmicos. A polifarmácia é uma realidade entre os idosos goianienses e seus efeitos colaterais são poucos 4
5 A realidade do idoso goianiense não se difere muito da realidade dos demais idosos do Brasil. Foram contabilizados uma média de 3,2 medicamentos por idoso. Assim como nas pesquisas de PENTEADO et al, 22, nas pesquisas de VERAS, 23 e nas pesquisas de MARIN et al, 28, a polifarmácia se faz uma realidade bastante visível no dia-a-dia dos idosos. Apenas 6 indivíduos tomam uma medicação única frequentemente e, quando sentem algo de diferente (dores de cabeça, resfriado, dores no corpo,...) lançam mão de algum outro medicamento. Os demais tomam, no mínimo, três remédios (em números diferentes de comprimidos) por dia. A grande maioria dos entrevistados afirma ingerirem medicamentos juntos, e afirmam, também, não sentirem reações adversas. Apenas senhoras afirmaram sentir dores de cabeça após ingerirem os medicamentos e 1 outra senhora afirma sentir tonturas. Sendo assim, não houve maiores interações medicamentosas negativas no estudo, o que vai de encontro aos estudos de BIANCHI, 1998 e RANGH et al, 1997, citados em PENTEADO et al, 22 e afirmam os efeitos colaterais especificados por ROCCHICCIOLI, 27. CONCLUSÕES A auto-medicação, em Goiânia, ainda é uma realidade, mas apresenta-se em declíneo. Assim como em todo o país e na maioria dos paises em que o crescimento da população idosa apresenta índices acentuados, a medicação mais utilizada, em Goiânia, é da classe dos medicamentos de efeito cardiovascular. As cardiopatias são as patologias mais prevalentes na população mundial; geram e são as responsáveis pelos maiores índices de morbi-mortalidade no mundo. O tratamento de tal quadro patológico é minucioso e deve ter total atenção do indivíduo acometido e de todos os cuidadores. A conscientização da população é, ainda, a melhor solução para se garantir uma melhor resposta ao combate da auto-medicação e à busca por melhores condições de vida.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); Censo Demográfico 2; Rio de Janeiro; IBGE; 23. VERAS, R. P.; Terceira Idade: Gestão Contemporânea em Saúde; Relume Dumará; Rio de Janeiro; 22. VERAS, R. P.; Em busca de uma assistência adequada à saúde do idoso: revisão da literatura e aplicação de um instrumento de detecção precoce e de previsibilidade de agravos; Cadernos de Saúde Pública; vol. 19; n 3; Rio de Janeiro; junho de 23. Disponível em: Acessado em 2 de setembro de 28. PENTEADO, P. T. da S., CUNICO, C., OLIVEIRA, K. S., POLICHUK, M. O.; Uso de medicamentos por idosos; Visão Acadêmica; vol. 3; n 1; p. 3 42; Curitiba; Jan. jun. 22. MARIN, M. J. S., CECÍLIO, L. C. de O., PEREZ, A. E. W. U. F., SANTELLA, F., SILVA, C. B. A., FILHO, J. R. G., ROCETI, L. C.; Caracterização do Uso de Medicamentos entre Idosos de uma Unidade do Programa Saúde da Família; Cadernos de Saúde Pública; vol. 24; n 7; Rio de Janeiro; Julho de 28. Disponível em: Acessado em 28 de setembro de 28. SAYD, J. D., FIGUEIREDO, M. C., VAENA, M. L. H. T.; Automedicação na população idosa do núcleo de atenção ao idoso da UnATI-UERJ; In: Textos sobre envelhecimento. Rio de Janeiro: UERJ, UnATI; v. 3, p ; 2. FLORES, V. B. e BENVEGNÚ, L. A.; Perfil de utilização de medicamentos em idosos da zona urbana de Santa Rosa, Rio Grande do Sul, Brasil; Cadernos de Saúde Pública; vol. 24; n 6; Rio de Janeiro; junho de 28. Disponível em: Acessado em 12 de julho de 28. BARROS, J. A. C., SÁ, M. B. e., SÁ, M. P. B. O; Auto-medicação em Idosos na Cidade de Salgueiro PE; Revista Brasileira de Epidemiologia; vol. 1; n 1; p. 7-8; Disponível em: Acessado em: 1 de julho de 28. ROCCHICCIOLI, J. T., SANFORD, J., CAPLINGER, B., Polymedicine and aging. Enhancing older adult care through advanced practitioners. GNPs and elder care pharmacists can help provide optimal pharmaceutical care; Journal of Gerontological Nursing; vol. 33; n 7; p ; julho de 27. Disponível em: ed_reportselector.pubmed_rvdocsum Acessado em 28 de setembro de 28. 6
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