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1 APELAÇÃO CÍVEL Nº /SC RELATOR : Des. Federal LUÍS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE APELANTE APELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS : Solange Dias Campos Preussler : MARINEZ ZAGO : Sergio Carlos Balbinote e outro D.E. Publicado em 31/08/2007 REMETENTE : JUIZO DE DIREITO DA 1A VARA DA COMARCA DE TANGARA/SC EMENTA PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DE COMPANHEIRO. COMPROVAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL PARA FINS PREVIDENCIÁRIOS. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA.. FILHA MENOR. RATEIO. TERMO INICIAL. CONSECTÁRIOS LEGAIS. 1. Comprovada a união estável, presume-se a dependência econômica (artigo 16, 4º, da Lei 8.213/91), impondo-se à Previdência Social demonstrar que esta não existia. In casu, a autora faz jus à pensão por morte do companheiro. 2. Preenchidos os requisitos contidos no art. 74 da Lei 8.213/91, é de ser concedido o benefício de pensão por morte. 3. Reconhecido como devido o pagamento de pensão previdenciária à companheira, o rateio com a filha menor do de cujus deverá ser feito a partir da data do reconhecimento desse direito. 4. A correção monetária deve incidir a partir da data do vencimento de cada parcela, nos termos dos Enunciados das Súmulas nºs 43 e 148 do STJ. 5. Os juros moratórios são devidos à taxa de 1% ao mês, a contar da citação, na forma dos Enunciados das Súmulas nºs 204 do STJ e 03 do TRF da 4ª Região e precedentes do Superior Tribunal de Justiça. 6. Mantido os honorários advocatícios conforme fixados na sentença. 7. Considerando o processamento do feito na Justiça Estadual de Santa Catarina, são devidas as custas pela metade para o INSS, nos termos da Lei Complementar/SC nº 161, de 23 de dezembro de Apelação improvida. Remessa oficial parcialmente provida. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação e dar parcial provimento à remessa oficial, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 15 de agosto de Desembargador Federal Luís Alberto d' Azevedo Aurvalle Relator Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº /2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: 44353F9B LUIS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE:51 Data e Hora: 16/08/ :22:22 1
2 APELAÇÃO CÍVEL Nº /SC RELATOR : Des. Federal LUÍS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE APELANTE APELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS : Solange Dias Campos Preussler : MARINEZ ZAGO : Sergio Carlos Balbinote e outro REMETENTE : JUIZO DE DIREITO DA 1A VARA DA COMARCA DE TANGARA/SC RELATÓRIO Marinêz Zago ajuizou ação previdenciária contra o INSS pretendendo a concessão de pensão por morte do companheiro, Neivo Correa, falecido em (fl. 08), desde a data do requerimento administrativo, quando a filha menor da requerente passou a receber o benefício. A sentença julgou parcialmente procedente o pedido, para condenar o INSS a incluir a autora Marinêz Zago como titular do benefício, juntamente com sua filha Tatiane Zago Corrêa, devendo cada uma receber o valor equivalente a 50% do referido benefício, na forma dos arts. 16, inciso I, e 77, ambos da Lei nº 8.213/91. Tendo em vista que a autora decaiu de parte mínima do pedido, condenou o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em R$ 300,00. Sentença submetida ao reexame necessário. Irresignado, o INSS interpôs recurso de apelação alegando que não houve comprovação da condição de companheira da autora. Com contra-razões, vieram os autos para julgamento. É o relatório. Inclua-se em pauta. Desembargador Federal Luís Alberto d' Azevedo Aurvalle Relator Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº /2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: 44353F9B LUIS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE:51 Data e Hora: 16/08/ :22:28 APELAÇÃO CÍVEL Nº /SC 2
3 RELATOR APELANTE APELADO REMETENTE Remessa oficial : Des. Federal LUÍS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS : Solange Dias Campos Preussler : MARINEZ ZAGO : Sergio Carlos Balbinote e outro : JUIZO DE DIREITO DA 1A VARA DA COMARCA DE TANGARA/SC VOTO Inicialmente, cabe anotar que o art. 475, 2º, do CPC não tem aplicação na espécie, porquanto nesta fase do processo não é possível determinar se o valor da controvérsia recursal é inferior a sessenta salários mínimos. Correto, portanto, o juízo a quo, ao submeter o feito ao reexame necessário. Pensão por morte A concessão do benefício de pensão depende do preenchimento dos seguintes requisitos: a ocorrência do evento morte, a demonstração da qualidade de segurado do de cujus e a condição de dependente de quem objetiva a pensão, os quais passam a ser examinados a seguir. O óbito do companheiro da autora, ocorrido em 03/02/2004, foi comprovado por meio da certidão de fl. 08. A condição de segurado do de cujus não é objeto de questionamento por parte do INSS, restringindo-se a controvérsia, portanto, à comprovação da qualidade de companheira da parte autora, considerando que a dependência entre companheiros é presumida por força de lei (art. 16, 4º, da Lei nº 8.213/91). No que concerne à qualidade de companheira, a Constituição de 1988 estendeu a proteção dada pelo Estado à família para as entidades familiares constituídas a partir da união estável entre homem e mulher nos seguintes termos: Art A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) 3º: Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. O legislador ordinário, por sua vez, regulamentou esse dispositivo constitucional na Lei n /96: Art. 1º. É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família. A Lei n /91, em sua redação original, assim definiu companheiro: Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: (...) 3
4 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o 3º do artigo 226 da Constituição Federal. Já o Decreto n /99 conceituou a união estável deste modo: Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: (...) 6º Considera-se união estável aquela verificada entre o homem e a mulher como entidade familiar, quando forem solteiros, separados judicialmente, divorciados ou viúvos, ou tenham prole em comum, enquanto não se separarem. Ressalto, ainda, que o novo Código Civil disciplinou a matéria conforme dispõem o caput e o 1º do seu art : Art É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 1º. A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art ; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. Em qualquer caso, para o reconhecimento da união estável, essencial que haja aparência de casamento, não sendo a coabitação, entretanto, requisito indispensável, consoante demonstra o julgado do STJ abaixo ementado: DIREITOS PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. UNIÃO ESTÁVEL. REQUISITOS. CONVIVÊNCIA SOB O MESMO TETO. DISPENSA. CASO CONCRETO. LEI N /96. ENUNCIADO N. 382 DA SÚMULA/STF. ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO N. 7 DA SÚMULA/STJ. DOUTRINA. PRECEDENTES. RECONVENÇÃO. CAPÍTULO DA SENTENÇA. TANTUM DEVOLUTUM QUANTUM APELLATUM. HONORÁRIOS. INCIDÊNCIA SOBRE A CONDENAÇÃO. ART. 20, 3º, CPC. RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE. I - Não exige a lei específica (Lei n /96) a coabitação como requisito essencial para caracterizar a união estável. Na realidade, a convivência sob o mesmo teto pode ser um dos fundamentos a demonstrar a relação comum, mas a sua ausência não afasta, de imediato, a existência da união estável. II - Diante da alteração dos costumes, além das profundas mudanças pelas quais tem passado a sociedade, não é raro encontrar cônjuges ou companheiros residindo em locais diferentes. III - O que se mostra indispensável é que a união se revista de estabilidade, ou seja, que haja aparência de casamento, como no caso entendeu o acórdão impugnado. (...) (STJ, RESP n , Relator Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, Quarta Turma, DJ de ) Ademais, comprovada a relação afetiva com intuitu familiae, isto é, aquela que apresenta convivência duradoura, pública, contínua e reconhecida como tal pela comunidade na qual convivem os companheiros, presume-se a dependência econômica, como referido alhures, impondo-se à Previdência Social demonstrar que esta não existia. Nesse sentido: 4
5 PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE DE COMPANHEIRO. UNIÃO ESTÁVEL QUANDO DO ÓBITO. 1. A prova material demonstra a convivência 'more uxório', sendo presumida a dependência econômica, entre companheiros. (...) (TRF - 4ª Região, AC n /RS, Rel. Des. Federal Néfi Cordeiro, Sexta Turma, DJU de ) PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CONDIÇÃO DE SEGURADO ESPECIAL DO DE CUJUS. COMPROVAÇÃO. UNIÃO ESTÁVEL. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA. (...) 2. A dependência econômica da companheira é presumida (art. 16, I e 4º e art. 74 da Lei nº 8.213/91). (...) (TRF - 4ª Região, AC n /PR, Sexta Turma, Rel. Des. Federal Nylson Paim de Abreu, DJU de ) Friso, por oportuno, que o Poder Judiciário, diante do caso concreto, deve resguardar a divisão do benefício entre os dependentes da mesma classe, a teor do disposto no art. 76, 2º, da Lei de Benefícios. Com o intuito de atestar a união estável com o de cujus, a autora juntou aos autos os seguintes documentos: a) certidão de nascimento da filha Tatiane Zago Correa constando o nome da autora e do de cujus como pais (fl. 10); b) escritura pública em que a autora declara que convivia em união estável por mais de cinco anos com o de cujus, datada de 30/04/2004 (fl. 13); c) declaração do proprietário da terra onde o de cujus trabalhou atestando que, desde 02/01/2001, o falecido já vivia maritalmente com a autora e continuou vivendo até a data do óbito (fl. 14); c) declaração em nome do de cujus e da autora em que solicitam serviços médicos para efetuar laqueadura na autora (fl. 15). Do conjunto probatório produzido nos autos, extraio, pois, que a união era estável, preenchendo assim os requisitos legais para a concessão do benefício. Assim, deve ser confirmada a sentença que julgou parcialmente procedente a demanda, para conceder o benefício de pensão por morte à autora. Como é sabido, no caso de mais de um dependente, o valor da pensão será rateado em partes iguais, nos termos do artigo 77 da Lei 8.213/91: "Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos em parte iguais. 1º Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessar. 2º A parte individual da pensão extingue-se: I - pela morte do 5
6 pensionista; II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido; III - para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez. 3º Com a extinção da parte do último pensionista a pensão extinguir-se-á." Destarte, a autora faz jus à concessão do benefício de pensão por morte do companheiro, na base de 50%, até que a dependente Tatiane Zago Corrêa atinja 21 anos de idade. A partir de então, fará jus ao benefício em seu total. Cabe ressaltar que retroagir o benefício à data do ajuizamento da ação significaria impor ao órgão previdenciário, que é custeado por todos os contribuintes, que pague uma pensão a maior. Com efeito, o INSS não colaborou em nada para que a Autora não recebesse a pensão. Apenas cumpriu a lei (art. 17, 2º da Lei 8.213/91). Em sendo-lhe concedida a pensão desde a data do ajuizamento, a consequência direta seria retirar de Tatiane o que recebeu a mais, já que ela recebia na íntegra. Em outras palavras, o INSS não pode ser condenado a pagar duas vezes. Se a Autora não conseguiu fazer prova de seu direito na via administrativa, deve passar a receber a partir do momento em que tal direito lhe foi reconhecido. Correção monetária A atualização monetária das parcelas vencidas deverá ser feita pelo IGP-DI (MP nº 1.415/96 e Lei nº 9.711/98), desde a data dos vencimentos de cada uma, inclusive daquelas anteriores ao ajuizamento da ação, em consonância com os Enunciados nº 43 e 148 da Súmula do STJ. Juros de mora Os juros moratórios devem ser fixados à taxa de 1% ao mês, a contar da citação, por se tratar de verba de caráter alimentar, na forma dos Enunciados das Súmulas nº 204 do STJ e 03 do TRF da 4ª Região e precedentes do Superior Tribunal de Justiça (ERESP nº /CE, Relator Ministro Jorge Scartezzini, DJU de , seção I, p. 287). Honorários advocatícios Mantenho os honorários conforme fixados na sentença. Custas Inteiro Teor ( ) Considerando o processamento do feito na Justiça Estadual de Santa Catarina, são devidas as custas pela metade para o INSS, nos termos da Lei Complementar/SC nº 161, de 23 de dezembro de 1997, que alterou os dispositivos da Lei Complementar/SC nº 156, de 15 de maio de Dispositivo Ante o exposto, voto por negar provimento à apelação e dar parcial provimento à remessa oficial. Desembargador Federal Luís Alberto d' Azevedo Aurvalle Relator Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº /2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - 6
7 ICP-Brasil, por: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: 44353F9B LUIS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE:51 Data e Hora: 16/08/ :22:25 Inteiro Teor ( ) 7
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