2ª TURMA RECURSAL JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

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Mirella Sequeira Borja
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2ª TURMA RECURSAL JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ Processo nº 2010.70.60.

1 2ª TURMA RECURSAL JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ Processo nº Relatora: Juíza Federal Andréia Castro Dias Recorrente: EDENIZE PEREIRA DA SILVA Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS V O T O Dispensado o relatório, nos termos dos artigos 38 e 46 da Lei nº 9.099/95, combinado com o artigo 1º da Lei nº /2001. Trata-se de recurso interposto pela parte autora contra sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença, ou alternativamente, aposentadoria por invalidez. Alega em síntese que o laudo pericial comprova a sua incapacidade laborativa. Sem contra-razões, os autos seguiram para esta Turma Recursal. Fundamentos Após análise de todos os documentos acostados aos autos, entendo que a sentença atacada merece reforma, conforme passo a expor. 1

38 e 46 da Lei nº 9.099/95, combinado com o artigo 1º da Lei nº 10.259/2001.

2 O magistrado a quo julgou improcedente o pedido de concessão de benefício previdenciário, fundamentando sua decisão na inexistência de incapacidade. Pois bem, consta do laudo pericial que a parte autora refere quadro de dor lombar e dor nas pernas que evolui desde os quatorze anos, com piora em Informou ao perito que trabalhou como empregada doméstica e eventualmente diarista até dezembro de 2008, cessando o labor devido às dores. De acordo com o médico, ela é portadora de lombalgia crônica associada a degenerações do tipo de artrose em coluna lombar (osteofitos e estenose de canal vertebral). Segundo o expert, o dolorimento causado pelo quadro de artrose dificulta a realização de tarefas que exijam esforço e mobilização exagerada de coluna. A carga de trabalho de diarista é deletéria para quadro de artrose e algias em coluna pois geralmente existe grande exigência de esforço físico. Para ele, quando no período de remissão a periciada pode exercer atividade de doméstica. Nesta atividade, a trabalhadora pode planejar as atividades durante o tempo, com restrição a cargas. Por fim, foi definido o ano de 2008 como início da restrição parcial ao trabalho baseado no aumento de solicitação de exames e história da periciada. (evento 20). Sem qualquer demérito ao magistrado prolator da sentença, entendo que restou comprovada a existência de incapacidade tanto para o exercício da atividade de diarista como para a atividade de doméstica. Embora seja possível à empregada doméstica dividir suas tarefas ao longo da semana, é inegável que também exerce variadas funções que implicam grandes esforços físicos e mobilização da coluna, atividades para as quais está presente a incapacidade, conforme laudo pericial. início no ano de Do exposto, conclui-se que há incapacidade laborativa parcial, com 2

Informou ao perito que trabalhou como empregada doméstica e eventualmente diarista até dezembro de 2008, cessando o labor devido às dores.

3 Resta analisar a existência de qualidade de segurado e incapacidade. Em consulta ao banco de dados do INSS, verifiquei que a autora verteu contribuições no período de março de 2003 a março de 2008 e na competência de março de 2010, sempre na qualidade de contribuinte individual. Assim, observo que a recorrente ostentava a qualidade de segurada quando do início da incapacidade (2008), pois deixou de verter as contribuições em março de 2008 e fazia jus ao período de graça previsto no art. 15, II, da Lei nº 8.213/91. Também a carência foi implementada, pois vertidas mais de doze contribuições. Ademais, como se manteve incapaz quando ainda detinha qualidade de segurada da Previdência Social, o indeferimento do benefício não tem o condão de quebrar tal vínculo. Presentes todos os requisitos legais, a concessão do benefício de auxílio-doença é medida que se impõe. Considerando que a incapacidade está presente desde 2008, a segurada faz jus ao benefício desde a DER (25/09/2009). Correção monetária e juros de mora A conseqüência da concessão de auxílio-doença impõe à Administração Previdenciária que pague ao segurado as parcelas devidas desde a data de início do benefício DER em 25/09/2009. Sendo assim, as parcelas vencidas, porquanto já na vigência da Lei /2009, deverão observar seus ditames (IUJEF da TRU 4ª Região nº /RS, DE 19/03/2010, Relatora para Acórdão Juíza Federal Luciane Kravetz), vale dizer: índices da poupança. No entanto, deve-se interpretá-la no sentido de que os valores devem ser corrigidos como se estivessem depositados em caderneta de poupança 3

4 (portanto capitalizados). Assim, o uso do termo única vez, na única interpretação que reputo adequada, significa que a forma de correção pelos índices oficiais de caderneta de poupança atualmente TR (taxa referencial) acrescida de 0,5% (meio por cento) deve ser aplicada para os fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, ou seja, no lugar de correção monetária e juros moratórios. Antecipação de tutela Considerando que o benefício é devido, e diante do estado de saúde da parte autora, com fundamento no art. 4º, da Lei /01, concedo medida cautelar para o efeito de determinar ao INSS que, no prazo de 20 (vinte) dias, adote as providências administrativas necessárias para implantar o benefício em favor do recorrente. Conclusão VOTO no sentido de conceder medida cautelar e DAR PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE AUTORA, para CONDENAR o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença em favor da parte autora, a partir da DER (25/09/2009), com correção monetária e juros de mora, nos termos da fundamentação. Sem fixação de condenação em honorários advocatícios, porquanto incabíveis na espécie (artigo 55 da Lei 9.099/95). Considero prequestionados especificamente todos os dispositivos legais e constitucionais invocados na inicial, contestação, razões e contra-razões de recurso, porquanto a fundamentação ora exarada não viola qualquer dos dispositivos 4

acrescida de 0,5% (meio por cento) deve ser aplicada para os fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, ou seja, no lugar de correção monetária e juros moratórios.

5 da legislação federal ou a Constituição da República levantados em tais peças processuais. Desde já fica sinalizado que o manejo de embargos para prequestionamento ficarão sujeitos à multa, nos termos da legislação de regência da matéria. Curitiba, 14 de dezembro de Andréia Castro Dias, Juíza Federal Relatora. 5

Desde já fica sinalizado que o manejo de embargos para prequestionamento

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