PODER JUDICIÁRIO CONSELHO DE JUSTIÇA FEDERAL TURMA DE UNIFORMIZAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

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1 PROCESSO Nº CLASSE: DIVERGÊNCIA ENTRE TURMAS RECURSAIS DE DIFERENTES REGIÕES ORIGEM: SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO REQUERENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS ADV/PROC: ANÉSIO OTTO FIEDLER REQUERIDO: JOÃO MATEUS DE OLIVEIRA ADV/PROC: IZAEL DE MELLO REZENDE RELATOR: JUIZ FEDERAL LEOMAR AMORIM RELATÓ RIO O Instituto Nacional do Seguro Social, com fundamento no 2º do art. 14 da Lei /2001, manifesta Incidente de Uniformização, sob o argumento de que a Turma Recursal a quo, em contrariedade à jurisprudência da Turma de Uniformização Regional 4ª Região (autos ), decidiu que o uso de equipamentos de proteção individual EPI não elide a nocividade causada ao trabalhador e, portanto, não é motivo para se afastar a conversão, em especial, do tempo trabalhado para fins de concessão de aposentadoria. No acórdão paradigma ficou decidido que a utilização de EPI, com efetiva neutralização do agente nocivo, descaracteriza a atividade como insalubre, para efeito de concessão de aposentadoria especial ou conversão de tempo de serviço especial em comum. Houve oferecimento de contra-razões. É o relatório.

2 VOTO: Examino, inicialmente, a divergência arguida pelo INSS. A divergência, no caso, está devidamente demonstrada com o precedente trazido à colação na peça recursal (fls acórdão paradigma dos autos da Turma de Uniformização Regional dos Juizados Especiais Federais da 4ª Região). No caso, o acórdão de fls. 147, da Turma Recursal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que integra a Segunda Região, ao decidir pela conversão e cômputo do tempo de serviço laborado pelo autor em condições especiais, pôs-se em testilha com o acórdão proferido pela Turma de Uniformização Regional da 4ª Região, que entendeu ser incabível aposentadoria especial ou conversão de tempo de serviço especial em comum, quando a utilização de equipamentos de proteção individual neutralizar os efeitos de agentes nocivos à saúde do empregado. Restando, portanto, caracterizada a divergência, conheço do incidente. No mérito, vê-se que a controvérsia refere-se ao uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) em atividades consideradas penosas, insalubres ou perigosas, no sentido de descaracterizar-se ou não a especialidade da atividade. No caso, o acórdão recorrido merece ser mantido.

3 A jurisprudência dos tribunais regionais federais firma-se no sentido de que a utilização dos equipamentos de proteção individual não tem o condão de descaracterizar a insalubridade da atividade laborativa (TRF-1ª Região, AC /MG, Rel. Des. Federal José Amílcar Machado, DJU de ; TRF-1ª Região, AMS /MG, Rel. Des. Federal Tourinho Neto; TRF- 3ª Região, AC /SP, Rel. Juiz Santoro Facchini, DJU de ). Com efeito, os equipamentos de proteção a que se referem os arts. 166 e 167 da CLT destinam-se a resguardar a saúde e a integridade física dos trabalhadores expostos a agentes nocivos. Contudo, o uso de tais equipamentos, por si só, não se afigura como suficiente para descaracterizar a situação de exposição a agentes nocivos. Consequentemente, não exclui o direito à aposentadoria especial. Nesse sentido, vale destacar o seguinte trecho do voto proferido recentemente pelo Juiz Federal Miguel Angelo de Alvarenga Lopes nos autos do Recurso nº (2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de Minas Gerais, DJ- MG de ), in verbis: (...) A ausência de informação quanto à utilização de equipamento de proteção individual (EPI) não serve para invalidar o laudo, pois a utilização de protetores auriculares não descaracteriza a especialidade da atividade, tendo por escopo

4 resguardar a incolumidade física e a higidez do trabalhador. (...) Nego, portanto, provimento ao Incidente do INSS para manter o acórdão recorrido. Proponho a edição de Súmula cuja redação sugerida é a seguinte: É o voto. O uso de Equipamento de Proteção Individual, ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.

5 PROCESSO Nº CLASSE: DIVERGÊNCIA ENTRE TURMAS RECURSAIS DE DIFERENTES REGIÕES ORIGEM: SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO REQUERENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS ADV/PROC: ANÉSIO OTTO FIEDLER REQUERIDO: JOÃO MATEUS DE OLIVEIRA ADV/PROC: IZAEL DE MELLO REZENDE RELATOR: JUIZ FEDERAL LEOMAR AMORIM EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS. UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. I. A utilização de equipamentos de proteção individual por trabalhadores expostos a agentes nocivos não descaracteriza a especialidade da atividade. II. Incidente do INSS conhecido e improvido. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma de Uniformização de Jurisprudência, na conformidade do voto, por decisão unânime, conhecer do Incidente de Uniformização do INSS e negar-lhe provimento. Brasília, 30 de setembro de 2003 (data do julgamento).

6 Ministro ARI PARGENDLER, Presidente Juiz Federal LEOMAR AMORIM, Relator