S E N T E N Ç A/2017 TIPO A

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1 PROCESSO Nº Classe : 1300 AÇÃO ORDINÁRIA/SERVIÇOS PÚBLICOS Autora : CAROLINA FILIPPINI SPIER Ré : UNIÃO FEDERAL S E N T E N Ç A/2017 TIPO A Trata-se de ação proposta sob o rito ordinário, com pedido de antecipação dos efeitos da tutela, proposta por CAROLINA FILIPPINI SPIER em desfavor da UNIÃO FEDERAL, com vistas a) anular as questões 61, 66 e 70 (do gabarito 2) da prova de Legislação Tributária, atribuindo os respectivos os respectivos pontos à candidata; b) corrigir sua prova discursiva; c) possibilitar a sua participação nas demais etapas do concurso; d) reservar a respectiva vaga, para o caso de a Autora ser classificada entre os candidatos que foram nomeados no presente certame ; Ao final, seja determinada sua nomeação, resguardando-se todos os seus direitos como se nomeada fosse conforme sua classificação (f.11) Informa que se inscreveu no Concurso Público para Provimento de Cargos de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, no qual não obteve a pontuação necessária para garantir a correção da sua prova discursiva. Pág. 1/7

2 Alega que segundo estabelece o Edital somente serão corrigidas as provas discursivas dos candidatos que obtiverem no mínimo 40% dos pontos ponderados em cada uma das disciplinas da prova objetiva; 60% do somatório dos pontos ponderados do conjunto das provas objetivas; e tenham se classificado até 3 vezes o número de vagas oferecidas. Informa que se classificou entre o número de candidatos e obteve a nota geral superior à mínima exigida, só faltando uma questão na disciplina de Legislação Tributária para que sua prova discursiva fosse corrigida. Entende que as questões 61, 66 e 70 (gabarito 2) da prova objetiva de Legislação Tributária versavam sobre matéria não prevista no edital e que se uma questão fosse anulada, teria a prova discursiva corrigida. Recorreu administrativamente, sem êxito. Argúi que outros candidatos conseguiram em demandas judiciais anular as questões apontadas. Colaciona diversos arestos jurisprudenciais para reforçar a tese. Inicial acompanhada com procuração e documentos de fls.12/95. Pedido de antecipação de tutela foi indeferido, ff. 98/100v. Irresignada, a Autora interpôs Agravo de Instrumento, ff. 104/117. Citada, a União contestou o feito, ff. 139/144, arguindo que a prova foi utilizada de forma isonômica em relação a todos os outros candidatos, e frisa que o concurso já teve seu resultado final homologado, finaliza alegando que o Poder Judiciário não pode imiscuir-se nas atribuições da Banca Examinadora. Pág. 2/7

3 Juntou os documentos de ff. 145/157. Réplica, ff. 161/163. Sem provas, f. 164v. É O RELATÓRIO. DECIDO. É cediço que o Poder Judiciário não pode substituir a banca examinadora para rever critérios de correção ou de atribuição de notas, quando não demonstrada violação a normas editalícias ou violação a direito por ilegalidade ou situação abusiva. Essa impossibilidade de atuação do Poder Judiciário tem como baliza os princípios constitucionais da separação dos Poderes e da isonomia, pois a todos os candidatos devem ser aplicados os mesmos critérios/resultados referendados pela Banca Examinadora. Nesse sentido: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. PROVA. CRITÉRIOS DE CORREÇÃO. APRECIAÇÃO DE. IMPOSSIBILIDADE. ATO ADMINISTRATIVO. FUNDAMENTAÇÃO. OCORRÊNCIA. I - Em concurso público, compete ao Poder Judiciário tão-somente a verificação de questões pertinentes à legalidade do Edital e ao cumprimento das suas normas pela comissão responsável, não podendo, sob pena de substituir a banca examinadora, proceder à avaliação das questões das Pág. 3/7

4 provas. Precedentes deste e. STJ. II - Na hipótese, o ato administrativo da banca examinadora, que alterou o gabarito, restou devidamente fundamentado. Agravo regimental desprovido. (AROMS , FELIX FISCHER, STJ - QUINTA TURMA, 23/03/2009). RECURSO ORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. REEXAME, PELO, DOS CRITÉRIOS DE CORREÇÃO DAS QUESTÕES DA PROVA OBJETIVA. IMPOSSIBILIDADE. QUESITO SOBRE A EC 45/2004, EDITADA POSTERIORMENTE À PUBLICAÇÃO DO EDITAL. VIABILIDADE DA EXIGÊNCIA. PRECEDENTES. 1. No que refere à possibilidade de anulação de questões de provas de concursos públicos, firmou-se na Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça entendimento de que, em regra, não compete ao Poder Judiciário apreciar critérios na formulação e correção das provas. Com efeito, em respeito ao princípio da separação de poderes consagrado na Constituição Federal, é da banca examinadora desses certames a responsabilidade pela sua análise. 2. Excepcionalmente, contudo, em havendo flagrante ilegalidade de questão objetiva de prova de concurso público, por ausência de observância às regras previstas no edital, tem-se admitido sua anulação pelo Judiciário por ofensa ao princípio da legalidade. 3. No caso em apreço, a Pág. 4/7

5 parte impetrante, ao alegar a incorreção no gabarito das questões 06, 11 e 30 da prova objetiva, busca o reexame, pelo Poder Judiciário, dos critérios de avaliação adotados pela banca examinadora, o que não se admite, consoante a mencionada orientação jurisprudencial. 4. Previsto no edital o tema alusivo ao "Poder Judiciário", o questionamento sobre a Emenda Constitucional 45/ promulgada justamente com o objetivo de alterar a estrutura do judiciário pátrio - evidentemente não contempla situação de flagrante divergência entre a formulação contida nas questões 27 e 28 do exame objetivo e o programa de disciplinas previsto no instrumento convocatório. 5. Além disso, esta Casa possui entendimento no sentido da legitimidade da exigência, pela banca examinadora de concurso público, de legislação superveniente à publicação do edital, quando este não veda expressamente tal cobrança. 6. Recurso ordinário improvido. (ROMS , MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, STJ - SEXTA TURMA, 16/06/2008). ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONCURSO PÚBLICO. AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL. PROVA OBJETIVA. NULIDADE DE QUESTÕES. CRITÉRIOS DE CORREÇÃO. 1. Ao Poder Judiciário é vedada a análise dos critérios de correção de provas de concursos públicos e de atribuição das notas respectivas, uma vez que o controle judicial, no caso, encontra-se restrito ao aspecto da legalidade. Precedentes do STF, do STJ e desta Corte. 2. O Pág. 5/7

6 Agravante não comprovou que, com as alterações pretendidas, e consideradas as demais respostas do gabarito final, estaria entre os candidatos classificados para as fases subseqüentes do concurso, dado que os efeitos das anulações deveriam ser estendidos a todos candidatos, o que afasta os requisitos para a concessão da liminar, notadamente o fumus boni iuris. 3. Agravo a que se nega provimento. (AG , DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA ISABEL GALLOTTI RODRIGUES, TRF1 - SEXTA TURMA, 08/09/2009). Além do mais, a insatisfação da Autora foi deduzida em recurso, perante a Comissão do Concurso, tendo sido previamente analisada, fazendo-o com observância dos critérios interpretativos coerentes com o entendimento daquela comissão e das regras editalícias, conforme informações prestadas pela comissão do concurso às ff. 146/153 dos autos. Outrossim, a Autora não comprovou que a anulação destas questões a deixa dentro da lista de aprovados. Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS, com fundamento no art. 487, I, do CPC. Condeno o(a) Autor(a) no pagamento das custas do processo, como também de pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% do valor atribuído à causa, devidamente corrigido segundo orientação contida no Manual Pág. 6/7

7 de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, desde o ajuizamento da ação até o efetivo pagamento. Remeta-se cópia desta sentença ao Relator do Agravo de Instrumento, noticiado às ff. 104/117. Sem recurso, arquivem-se os autos. Publique-se. Registre-se. Intime-se. Brasília-DF, 03 de maio de Frederico Botelho de Barros Viana Juiz Federal Substituto da 4ª Vara em exercício na 13ª Vara. Pág. 7/7