PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

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1 DECISÃO /2014 MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRANTE: LAUDEMI FRAGA IMPETRADO: PRESIDENTE DA COMISSÃO ESPECIAL INTERMINISTERIAL - CEI DECISÃO Cuida-se de mandado de segurança impetrado por LAUDEMI FRAGA contra ato imputado ao PRESIDENTE DA COMISSÃO ESPECIAL INTERMINISTERIAL CEI, objetivando, em sede precária e definitiva, que seja determinado à Autoridade Impetrada que analise e adentre ao mérito do pedido de anistia formulado pela Impetrante em 1993, em trâmite por meio dos processos de nº /93-80, / e / Para tanto, alega que foi empregado público concursado dos quadros da Companhia Brasileira de Alimentos - COBAL, tendo sido demitido em 01 de junho de 1990, de forma arbitrária e ilegal. Narra que, com o advento da Lei nº 8.878/94, protocolou junto a Administração assistida pela Subcomissão de Anistia instituída pela Portaria 275/94 os processos de nsº /93-80, / e / e que lhe foi concedido a Anistia. Afirma, no entanto, que houve a revisão das Anistias concedidas e a decisão que lhe concedera a Anistia foi revista e anulada em 20 de junho de Conta que, com base no Decreto nº 5.115/2004, reclamou a revisão do seu processo de anistia, a qual foi reputada intempestiva, ao fundamento de que Pág. 1/5

2 protocolada fora dos prazos estabelecidos pelo Decreto 5.115/04. Insurge-se contra esse fato ao argumento de que mera publicação no Diário Oficial não lhe vincula. Requereu os benefícios da justiça gratuita. Com a exordial, vieram documentos (fls. 16/33). Em face da decisão de fl. 35, o Impetrante foi intimado para juntar aos autos a declaração de hipossuficiência, sendo que optou por recolher as custas judiciais (fls.39/40). É o relatório. Decido. Nos termos do inciso III do artigo 7º da Lei /09, a concessão da medida liminar em ação mandamental deverá pautar-se na verificação da ocorrência simultânea do fumus boni iuris e do periculum in mora. Numa análise perfunctória, própria desta fase de cognição sumária, vislumbro a presença dos requisitos supracitados. Ao compulsar os autos, detecta-se que o Impetrante protocolizou requerimento junto à Comissão Especial Interministerial, conforme demonstram os documentos de fls.24/27. No entanto, conforme arguido na inicial, o requerimento do Impetrante não foi analisado sob o argumento de que foi protocolado intempestivamente. Contudo, a intempestividade do requerimento não pode ser óbice à sua apreciação pela Comissão de Anistia, haja vista que o direito de petição é a todos assegurado (art. 5º, XXXIV, alínea a da CF). Sobre tema, cito o seguinte precedente: Pág. 2/5

3 MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. REVISÃO DE ANISTIA FUNDADA NA LEI N /1994. REQUERIMENTO PROTOCOLADO FORA DO PRAZO PREVISTO NOS DECRETOS N /2004 E 5.215/2004, PUBLICADOS APENAS NO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. VIOLAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE AFASTADA. LEI N.9.784/1999, ART. 26, 3º. 1. Este Tribunal assentou entendimento de que a intimação do interessado em processo administrativo por meio de publicação no Diário Oficial da União não se mostra eficaz para sua defesa, porque não assegura a observação dos princípios do devido processo legal e da ampla defesa. 2. Sendo assim, a divulgação apenas no Diário Oficial para o requerimento determinado pelos Decretos n /2004 e 5.215/2004 não é suficiente para o conhecimento da instituição da Comissão Especial Interministerial - CEI e do prazo ali previsto, constituindo verdadeiro cerceamento do direito do interessado de se manifestar e apresentar o seu requerimento de revisão de anistia. 3. O desatendimento da intimação efetuada apenas por meio do Diário Oficial da União não importa o reconhecimento da renúncia ao pedido de revisão pelo administrado, na medida em que o modo eficaz de intimação para a defesa do interessado, porque destinada ao cumprimento da exigência dos princípios da ampla defesa e do contraditório, deve ser rigorosamente observada pela Administração, nos termos do art. 26, 3º, da Lei 9.784/ Apelação a que se dá provimento. (AMS / DF, Rel. Desembargador Federal Néviton Guedes, Primeira Turma, 07/02/2013 e-djf1 P. 30) De outra parte, é cediço que o Impetrante, independentemente de vir a obter êxito no pleito formulado na esfera administrativa, tem o direito de obter uma apreciação dele, a qual deve ocorrer no prazo fixado em lei, ou, não o havendo, dentro de um prazo razoável e suficiente à análise e julgamento, sob pena de a um só tempo ocorrer lesão ao princípio da eficiência administrativa, bem como ao direito do interessado. Pág. 3/5

4 Nesse sentido, manifestou-se o e. STJ: MANDADO DE SEGURANÇA. ANISTIA. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO. DEMORA NA RESPOSTA. PRAZO RAZOÁVEL PARA APRECIAÇÃO. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA EFICIÊNCIA E DA GARANTIA À DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO. OMISSÃO CONFIGURADA. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO ART. 49 DA LEI N / Concedida a anistia política, encontra-se pendente de solução, por mais de quatro anos, recurso administrativo que busca a indenização com proventos de Capitão-de-mar-e Guerra. 2. Em que pesem o grande número de pedidos feitos ao Ministro da Justiça e o fato dos membros da Comissão de Anistia, seu órgão de assessoramento, atuarem pro bono, aqueles que se consideram atingidos no período de 18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988, por motivação exclusivamente política, não podem ficar aguardando, indefinidamente, a apreciação do seu pedido, sem expectativa de solução em prazo razoável. 3. Não é lícito à Administração Pública prorrogar indefinidamente a duração de seus processos, pois é direito do administrado ter seus requerimentos apreciados em tempo razoável, ex vi dos arts. 5º, LXXIII, da Constituição Federal e 2º da Lei n / O prazo a ser fixado para o julgamento do pedido de anistia pela autoridade coatora, na linha da orientação firmada por esta Terceira Seção, deve ser de 30 (trinta) dias, prorrogáveis por igual período, desde que expressamente motivado, conforme estabelecido no art. 49 da Lei 9.784/99, dispositivo aqui aplicado de forma subsidiária. 5. Segurança concedida. (MS , JORGE MUSSI, STJ - TERCEIRA SEÇÃO, 26/06/2009) Por fim, como, nos termos da Portaria nº 515, de 16 de dezembro de 2013, os trabalhos da Comissão Especial Interministerial foram prorrogados até o dia 08/01/2015, poderá a CEI analisar o pedido do Impetrante. Nesse sentido, dispõe a referida Portaria: Art. 1º Fica prorrogado, até 8 de janeiro de 2015, o prazo contido na Portaria nº 630, de 28 de dezembro de 2012, para conclusão dos trabalhos da Comissão Especial Interministerial - CEI, instituída pelo Decreto nº 5.115, de 24 de junho de Pág. 4/5

5 Ante o exposto, presentes os pressupostos legais, DEFIRO o pedido liminar para determinar à Autoridade Impetrada que, até 08 de janeiro de 2015, analise e decida os requerimentos formulados pelo Impetrante sob os processos números /93-80, / e / Notifiquem-se para cumprimento e informações. Dê-se ciência do feito ao Órgão de representação judicial da pessoa jurídica, enviando-lhe cópia da inicial para que, querendo, ingresse no feito (Inc. II do art. 7º, da Lei /09). Após, dê-se vista ao MPF. Intime-se. Brasília, 18 de dezembro de SOLANGE SALGADO Juíza Federal da 1ª Vara/SJDF Pág. 5/5