d) não ocorreram irregularidades no teste físico de natação, bem como este não feriu os princípios da isonomia e da razoabilidade;

Transcrição

1 I RELATÓRIO Recurso contra sentença que julgou procedente o pedido para determinar que seja designado novo teste de natação para o autor, com a possibilidade de se valer das saídas de agarre ou de atletismo, bem como que o requerente, caso alcance a pontuação definida no Edital, participe das demais etapas do concurso, quais sejam: Investigação Social - através do preenchimento da Ficha de Informações Confidenciais (FIC), da fase de Exame Médico, da fase de Avaliação Psicológica e do Curso de Formação Profissional. O magistrado argumentou, em síntese, que não reconhecer o direito do demandante atentaria contra o princípio da isonomia, eis que candidatos do mesmo concurso, em outras capitais, puderam iniciar a prova nas posições tradicionais de saída da natação (com as pernas e o corpo flexionados). Em suas razões, a União argumentou, em síntese, que: a) não se admite que as regras legais e normativas regentes dos concursos públicos sejam desrespeitadas, visto que a confiança na atuação, conforme o Direito posto, é o mínimo que esperam os cidadãos concorrentes em seleções públicas; b) ao inscrever-se em um certame, o candidato concorda com as condições postas, estabelecendo-se, com a inscrição, o vínculo jurídico do qual decorrem direitos e obrigações; c) ao aderir às normas do certame, a parte autora se sujeitou às exigências do edital e da legislação pertinente, conforme versa o item 22.1 daquele; d) não ocorreram irregularidades no teste físico de natação, bem como este não feriu os princípios da isonomia e da razoabilidade; e) o autor atingiu o tempo de 44 (quarenta e quatro) segundos na primeira tentativa do teste de natação, e 47 (quarenta e sete) segundos na segunda tentativa, havendo, em virtude disto, sido eliminado do concurso público, visto que o tempo máximo permitido era de 42 (quarenta e dois) segundos, de acordo com o que versa o subitem do Anexo II do Edital nº 55/ DGP/DPF, de 25 de setembro de 2014; f) o acolhimento do pedido do autor implicará na violação ao princípio constitucional da igualdade, visto que o candidato ao cargo de Agente de Polícia Federal não seria avaliado conforme os mesmo padrões de rigor estabelecidos em edital e aplicados a todos os participantes do concurso. Ao final, pugnou pelo provimento do apelo. O Centro brasileiro de pesquisa em avaliação e seleção e de promoção de eventos (Cebraspe) apresentou suas razões, alegando, que: a) ao inscrever-se em um certame, o candidato concorda com as condições postas, estabelecendo-se, com a inscrição, o vínculo jurídico do qual decorrem direito e obrigações; b) não ocorreram irregularidades no teste físico de natação, bem como este não feriu os princípios da isonomia e da razoabilidade; c) a pretensão do demandante não deve prosperar, visto que contraria o edital que rege o concurso, a legislação vigente e a Constituição Federal;

2 d) o exame de aptidão físico se encontra regulamentado pelo edital de abertura do certame, sendo sua exigência no referido concurso, na forma em que foi estabelecida, razoável, oportuna e necessária para que as condições físicas dos candidatos sejam avaliadas, visto que estas são essenciais ao bom desempenho das funções inerentes às atividades de Policial Federal; e) o autor atingiu o tempo de 44 (quarenta e quatro) segundos na primeira tentativa do teste de natação, e 47 (quarenta e sete) segundos na segunda tentativa, havendo, em virtude disto, sido eliminado do concurso público, visto que o tempo máximo permitido era de 42 (quarenta e dois) segundos, conforme versa o subitem do Anexo II do Edital nº 55/ DGP/DPF, de 25 de setembro de Ao final, pugnou pelo provimento do apelo. Houve respostas aos recursos, com pedido de manutenção da sentença. A parte autora requereu, ainda, a sua nomeação e posse no concurso em virtude da antecipação dos efeitos da tutela deferida em primeiro grau. II FUNDAMENTAÇÃO Cinge-se a controvérisia à análise da prova física de natação prestada pelo autor no concurso público para provimento imediato de 600 (seiscentas) vagas para o cargo de Agente de Polícia Federal, realizado pela União, através do Ministério da Justiça, Departamento de Polícia Federal, Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (CEBRASPE), denominado CespeUNB, no ano de Sabe-se que o edital é a lei do concurso, pois suas regras vinculam tanto a administração quanto os candidatos. Assim, o "procedimento do concurso público fica resguardado pelo princípio da vinculação ao edital". (AROMS , HERMAN BENJAMIN, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:28/11/2014..DTPB) Écerto que o edital de regência do concurso exigiu, expressamente, como requisito de investidura no cargo pretendido (EDITAL Nº 3/ DGP/DPF, de 12 de fevereiro de 2015) a execução do teste de natação, que deveria ter sido realizado da mesma forma para todos os candidatos. Ocorre que, em algumas cidades, os candidatos convocados para o teste tiveram a oportunidade de executar a prova de natação em conformidade com a saída oficial da modalidade, COM SAÍDA DE AGARRE OU SAÍDA DE ATLETISMO, condição esta mais favorável em comparação a do autor, que teve que dá sua partida em posição VERTICAL. Não reconhecer o direito do autor atenta contra o princípio da isonomia, eis que candidatos do mesmo concurso, em outras capitais, puderam iniciar a prova nas posições tradicionais de saída da natação (com as pernas e o corpo flexionados), existindo, nos autos, fotografias a demonstrar a disparidade entre a posição vertical exigida do autor e a posição admitida nas provas dos candidatos Lourival Avelino da Silva Neto e Eduardo Cavalheiro, que se valeram da saída de agarre ou da saída de atletismo o que, certamente, favorece o rendimento dos demais, em razão

3 do impulso proporcionado na arrancada. Assim, é nulo o teste de natação realizado pelo autor, pois em desconformidade com a avaliação realizada pelos demais concorrentes do certame, que tiveram situação privilegiada na partida. Nesse sentido, colaciono o seguinte precedente: ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. PROVA DE CAPACIDADE FÍSICA (NATAÇÃO) REALIZADA EM PISCINA COM DIMENSÕES SUPERIORES ÀS PREVISTAS NO EDITAL. NULIDADE. DETERMINAÇAO DE REALIZAÇÃO DE NOVO TESTE E EM CASO DE ÊXITO, RESERVA DA VAGA. APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDAS. I - A realização da prova física de natação em piscina com dimensões superiores àquelas exigidas pelo edital do certame causa prejuízo aos candidatos e vai de encontro ao conceito de concurso público, cujo objetivo é a aferição do mérito dos candidatos, substanciando decorrência lógica do certame a obrigação de estrita obediência aos termos do instrumento convocatório. II - Apelação e remessa oficial não providas. (APELREEX , Desembargador Federal Frederico Dantas, TRF5 - Quarta Turma, DJE - Data::14/07/ Página::672.) Destaque-se que a antecipação dos efeitos da tutela deferida em primeiro grau foi cumprida, tendo o autor logrado êxito no novo teste de natação. O requerente foi considerado apto no exame de aptidão física e, convocado para as demais fases, sendo apto no exame médico, na avaliação psicológica e na investigação social, conforme os resultados divulgados por meio do Edital n.º 14/ DGP/DPF, de 15 de julho de O apelado foi convocado para o Curso de Formação Profissional por meio do Edital n.º 17/ DGP/DPF, de 29 de julho de 2015, e, em 31/12/2015, foi publicado no Diário Oficial da União, a relação dos candidatos nomeados para tomar posse e exercer o cargo de Agente de Policia Federal, sem constar, contudo, o nome do autor. O direito à nomeação e à posse do requerente resulta manifesto. Diante da conclusão do Curso de Formação Profissional, é inegável que o candidato ora recorrido tem o direito de exercer plenamente o cargo público para o qual fora aprovado e capacitado no referido Curso de Formação, sobretudo porque cumpriu com êxito todas as etapas do processo seletivo. Sendo assim, devem ser estendidos os efeitos da decisão de primeiro grau para assegurar a efetividade do provimento judicial, razão pela qual determina-se aos ora apelantes a imediata nomeação, posse e entrada em exercício sub judice do autor, pois aprovado em todas as etapas do certame. Como consectário da decisão judicial favorável, deverá ser oficiado, com urgência, à Diretoria Geral da Polícia Federal, para que sejam providenciados todos os atos necessários para assegurar ao candidato a nomeação, posse e exercício no cargo público em questão. III DISPOSITIVO NEGA-SE PROVIMENTO às apelações.

4 EMENTA: ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL. PROVA DE CAPACIDADE FÍSICA (NATAÇÃO). USO DE CRITÉRIOS DISTINTOS DE PARTIDAS. NULIDADE. OFENSA À ISONOMIA. DETERMINAÇAO DE REALIZAÇÃO DE NOVO TESTE. MANUTENÇÃO DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. RECURSOS IMPROVIDOS. 1.Recursos contra sentença que julgou procedente o pedido para determinar que seja designado novo teste de natação para o autor, com a possibilidade de se valer das saídas de agarre ou de atletismo, bem como que o requerente, caso alcance a pontuação definida no Edital, participe das demais etapas do concurso. 2. Cinge-se a controvérisia à análise da prova física de natação prestada pelo autor no concurso público para provimento imediato de 600 (seiscentas) vagas para o cargo de Agente de Polícia Federal, realizado pela União, no ano de O edital é a lei do concurso, pois suas regras vinculam tanto a Administração quanto os candidatos. 4. O concurso exigiu, expressamente, como requisito de investidura no cargo pretendido (EDITAL Nº 3/ DGP/DPF, de 12 de fevereiro de 2015) a execução do teste de natação, que deveria ter sido realizado da mesma forma para todos os candidatos. 5. Em algumas cidades, os candidatos convocados para o teste físico tiveram a oportunidade de executar a prova de natação em conformidade com a saída oficial da modalidade, ou seja, COM SAÍDA DE AGARRE OU SAÍDA DE ATLETISMO, condição esta mais favorável em comparação à que foi oportunizada ao autor, que teve que dar sua largada em posição VERTICAL. 6. Não reconhecer o direito do autor atenta contra o princípio da isonomia, eis que candidatos do mesmo concurso, em outras cidades, puderam iniciar a prova nas posições tradicionais de saída da natação (com as pernas e o corpo flexionados), existindo, nos autos, fotografias a demonstrar a disparidade entre a posição vertical exigida do autor e a posição admitida nas provas de outros candidatos, que se valeram da saída de agarre ou da saída de atletismo o que, certamente, favorece o rendimento dos demais, em razão do impulso proporcionado na arrancada. 7. É nulo o teste de natação realizado pelo autor, pois em desconformidade com a avaliação realizada pelos demais concorrentes do certame, que tiveram situação privilegiada na partida. 8. Precedente: APELREEX , Desembargador Federal Frederico Dantas, TRF5 - Quarta Turma, DJE - Data::14/07/ Página: A antecipação dos efeitos da tutela deferida em primeiro grau foi cumprida, tendo o autor logrado êxito no novo teste de natação, considerado apto no exame de aptidão física e, por consequência, convocado para as demais fases do certame, sendo apto no exame médico, na avaliação psicológica e na investigação social, conforme os resultados divulgados por meio do Edital n.º 14/ DGP/DPF, de O apelado foi convocado para o Curso de Formação Profissional por meio do Edital n.º 17/ DGP/DPF, de e, em 31/12/2015, foi publicada no Diário Oficial da União a relação dos candidatos nomeados para tomar posse e exercer o cargo de Agente de Policia Federal, sem constar, contudo, o nome do autor. 11. O direito à nomeação e posse do apelado resulta manifesto, ante a conclusão do Curso de Formação Profissional, devendo ser reconhecido o seu direito de exercer plenamente o cargo

5 público para o qual fora aprovado e capacitado no referido Curso de Formação, sobretudo porque cumpriu com êxito todas as etapas do processo seletivo. Nesse contexto, deve ser assegurada ao apelado a sua imediata nomeação, posse e entrada em exercício sub judice, pois aprovado em todas as etapas do certame. 12. Apelações improvidas. ACÓRDÃO Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5 a Região, por unanimidade, negar provimento às apelações, na forma do relatório e voto constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife/PE, 25 de fevereiro de Desembargador Federal CARLOS REBÊLO JÚNIOR Relator Convocado