PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

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1 DECISÃO PROCESSO : AÇÃO ORDINÁRIA Nº AUTOR RÉU JUÍZO: : ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DO INST. BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS : CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E ARQUITETURA DO DISTRITO FEDERAL CREA/DF E OUTRO : 6ª VARA - SJDF A Autora pretende em sede de tutela antecipada a suspensão da exigência de registro perante o CREA/DF e CONFEA em relação aos filiados que ocupem o cargo de Analista Ambiental. Alega, em síntese, ser indevida a obrigatoriedade de inscrição no CREA ou CONFEA para os Analistas Ambientais, tendo em vista inexistir norma legal que condicione o exercício do cargo à inscrição no respectivo órgão de classe. Pág. 1/5

2 DECIDO. A lei exige, para a concessão da pretendida medida antecipatória, a presença simultânea de dois requisitos, a saber: a) prova inequívoca aliada à verossimilhança da alegação (fumus boni juris) e b) fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (periculum in mora) (CPC, art. 273, caput, I). Não concorrendo os dois requisitos, deve ser indeferido o pedido de antecipação dos efeitos da tutela. Entendo, em juízo de preambular exame, presentes ambos os requisitos, pois não há no ordenamento jurídico pátrio, especialmente na Lei 8.112/1990, exigência de inscrição em órgão de classe como pré-requisito para ingresso em função ou cargo público. Na espécie, o candidato às vagas de Analista Ambiental não estará, no exercício desse cargo, desempenhando funções de natureza privada, hipótese em que a inscrição no órgão de classe seria indispensável. Na verdade, esse candidato se submete a regime próprio diferenciado, razão por que a exigência de inscrição em CREA/CONFEA malferiria o princípio da legalidade. Assim tem se manifestado o TRF 1ª Região, in verbis: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO OCUPANTE DE CARGO COMISSIONADO DE DIREÇÃO. REPRESENTAÇÃO Pág. 2/5

3 JUDICIAL POR MEIO DA AGU. INTERESSE PÚBLICO. DESNECESSIDADE DE INSCRIÇÃO NO ÓRGÃO DE CLASSE. INCIDÊNCIA DE NORMAS PRÓPRIAS AO REGIME ESTATUTÁRIO. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. APELAÇÃO PROVIDA. 1. A Constituição, ao tratar da Advocacia Geral da União, no art. 131, prevê ser ela a instituição que representa a União, judicial ou extrajudicialmente. A estipulação de normas que não digam respeito à organização e ao funcionamento dessa instituição podem ser veiculadas por lei ordinária, dispensando-se a edição de lei complementar e considerandoas, quando tratadas por lei complementar, como normas materialmente ordinárias. 2. A Lei 9.028/95, que dispõe sobre o exercício das atribuições institucionais da AGU, no art. 22, estendeu a sua representação processual aos ocupantes de cargos de direção e assessoramento superiores, quanto a atos praticados no exercício de suas atribuições constitucionais, legais ou regulamentares, desde que presente o interesse público. 3. Envolvendo a demanda o impedimento a exercício de cargo comissionado de livre nomeação e exoneração, com base na Pág. 3/5

4 suposta obrigatoriedade da inscrição do servidor no órgão representativo de sua classe, há indiscutível interesse público a justificar a legitimidade da representação do impetrante pela AGU. 4. O servidor público é regulado por regime jurídico diferenciado e está sujeito às obrigações e deveres nele constantes. A partir do momento em que o profissional de determinada categoria deixa a iniciativa privada para atuar no serviço público, perde ele a ligação com os órgãos de classe de sua profissão, que não pode dele exigir a inscrição e nem pode fiscalizar sua atuação. O servidor, no caso, está vinculado à lei que estabelece o seu regime jurídico, sujeito exclusivamente às penalidades dele advindas, a não ser que ainda esteja atuando na iniciativa privada. Prevalência do princípio da legalidade (art. 37 da Constituição). Precedentes desta Corte. 5. Apelação provida. (AMS / DF, Rel. JUIZ FEDERAL GLÁUCIO MACIEL (CONV.), 7ª TURMA SUPLEMENTAR, e- DJF1 p.976 de 16/12/2011) Diante do exposto, DEFIRO o pedido de tutela antecipada, para determinar ao CREA/DF que aceite, de forma incontinenti, o pedido de cancelamento de registro dos Analistas Ambientais do quadro do IBAMA que sejam Pág. 4/5

5 filiados ao ASIBAMA/DF. P. Intime-se para cumprimento. Brasília, 13 de maio de (assinado eletronicamente) IVANI SILVA DA LUZ Juíza Federal Titular da 6ª Vara Pág. 5/5