Desenho Urbano. Antonio Castelnou
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- Valdomiro Nunes Filipe
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1 Desenho Urbano Antonio Castelnou
2 Introdução A análise da cidade a partir de bases interdisciplinares levou muitos arquitetos e urbanistas a migrarem nos anos 50 e 60 para a área de planejamento em nível social e econômico, sem retorno ao seu campo inicial, ou seja, da conformação e projeto de espaços. Isto acabou os colocando em uma posição de independência da tridimensionalidade da arquitetura, o que conduziu a um comprometimento da própria concepção da cidade, que perdia seu caráter físico-espacial.
3 O conhecimento de outras áreas Geografia, Sociologia, Economia, Política, etc. fez que muitos PLANEJADORES URBANOS repudiassem a cidade enquanto espaço de intervenção projetual, tornando-se assim impotentes no trato das proposições ao nível de desenho.
4 Logo, em meados dos anos 70, era preciso uma nova teoria que procurasse servir de ponte entre as estratégias de planejamento e os sistemas urbanos, entidades físicas e sociais ao mesmo tempo: o URBAN DESIGN.
5 Surgiu a necessidade de co-existir ambos conceitos: o da cidade como estrutura de forças sociais, econômicas e políticas, as quais determinam suas condições e características de desenvolvimento; e o da cidade como espaço físico em que se habita, vivifica e transforma.
6 A disciplina de DESENHO URBANO apareceu como instrumento de interpretação, através da linguagem arquitetônica, do contexto urbano visando tanto objetivos estético-formais como sócio-funcionais; e que considera comportamentos, hábitos e processos da população, a manter ou modificar, de acordo com metas sociais e culturais explícitas.
7 Desenho urbano O designer ou desenhista urbano atua como PLANEJADOR, no sentido do profissional que trabalha nos limites do campo de outras áreas de estudo perfeitamente definidas, tentando ajustar sua integração, e também como ARQUITETO, ao passo que procura dar forma (configuração física) ao espaço urbano. Utiliza-se de todas as disciplinas que se interessam pela melhoria da vida das pessoas nas cidades e no campo, como a Psicologia, a Sociologia, o Direito, o Paisagismo, etc.
8 No campo de ação do DESENHO URBANO, não se pode projetar em um tempo e construir muito depois, como é possível para um edifício. Para a sua realização, necessita-se de um tripé formado pelos planejadores, pelos políticos e pelos cidadãos.
9 Todo trabalho de DESENHO URBANO corre o risco de não ser aceito por desajuste ao sistema global, mas também pode ser aceito e executado, constituindo ao nível de uso, linguagem e estruturação física objeto de transformação da vida urbana, adquirindo assim uma função sóciopolítica e também cultural
10 O urban designer atua em 03 tipos de espaços na cidade: Naqueles destinados às pessoas (locais calçados ou não, como ruas, calçadões, pátios, etc.); Naqueles destinados aos veículos (vias, garagens e estacionamentos de automóveis ou outros tipos de veículos); Naquelas destinados à vegetação (praças, parques e demais espaços verdes urbanos).
11 O objetivo de todo desenhista ambiental é harmonizar intimamente os aspectos funcionais e técnicos com as questões formais e estéticas, além de relacioná-las aos interesses econômicos. A partir de um processo de análise, deve saber onde colocar a ênfase projetual, preferencialmente sobre a parte ativa e positiva destes fatores de projeto.
12 Entre suas principais preocupações do DESENHO URBANO contemporâneo estariam as de: Criar espaços suficientemente dimensionados, que permitam a circulação e ao mesmo tempo propiciem áreas de estar e lazer, quando conveniente e possível; Projetar e distribuir equipamentos, que, além de serem funcionais e de estética agradável, devem promover durabilidade e segurança em seu uso; Prever um sistema de informação e sinalização, que auxilie às pessoas dirigirem-se ao seu destino, assim como tomar conhecimento dos serviços e elementos do espaço público; Adequar todas as soluções projetuais aos diferentes usuários, procurando atender a maior parte das expectativas e aspirações da população-alvo.
13 As bases do estudos de desenho urbano encontram-se em meados da década de 1950, quando apareceram críticas sobre o urbanismo moderno, principalmente quanto à questão do zonning, e o interesse pela análise da PAISAGEM URBANA.
14 Estudo de Mapas Mentais Kevin Lynch ( ) Entre os anos 50 e 70, a reflexão urbana voltou-se principalmente para as relações estabelecidas entre os usuários e o espaço urbano de consumo, procurando-se avaliar as ligações entre causa e efeito e enfatizando-se aspectos relacionados à Psicologia, Antropologia e Ecologia.
15 Kevin Lynch ( ) Estudo da percepção de eixos visuais Nesse período, de acordo com KOHLSDORF (1985), destacaram-se 02 modos de enfoque sobre o urban design: COMPORTAMENTALISMO: que buscava estudar os efeitos do espaço urbano sobre o comportamento dos indivíduos; PSIQUISMO: que abordava os aspectos psicológicos das relações entre o ambiente urbano e as pessoas.
16 Comportamentalismo Também denominado de DETERMINISMO, busca definir o comportamento humano a partir dos elementos do espaço construído, com a idéia de causa-e-efeito. Seus defensores, surgidos em meados da década de 1950, ficaram sendo conhecidos como urbanistas da higiene mental, já que se preocupavam principalmente com a garantia da segurança emocional dos usuários, com base nas teorias da Psicologia infantil e social.
17 John Bowlby ( ) Anna Freud ( ) Influenciados pelos estudos pioneiros de ANNA FREUD ( ) e JOHN BOWLBY ( ), seus trabalhos, de bases inteiramente empíricas, passaram a ser criticados já no início da década de 1960, o que fez o enfoque determinista se alterar.
18 De enfoque possibilista ou pragmático, surgiu nos anos 60 o ENVIRONMENTALISMO, que procurou substituir as determinações comportamentais pelas influências do meio ambiente sobre seus usuários, voltando-se mais para possibilidades do que afirmações definitivas.
19 Nesse novo enfoque, predominante nos anos 60, compreendia-se o MEIO AMBIENTE como um conjunto de possibilidades e limitações ao homem, o qual teria a capacidade de transformar a natureza. Contudo, ainda se abordava o ser humano de modo ideal (Homem-Tipo), sem se avaliar suas características sociais, econômicas ou culturais.
20 Psiquismo Corrente de desenho urbano surgida no final da década de 1960 que enfatiza as questões psicológicas na relação homem/ambiente e negava todas as influências deterministas. Considerando o meio ambiente como algo que é percebido pelo homem (Teoria da Comunicação), seus defensores viam o espaço urbano ou os edifícios como algo que interagia com seus usuários, mantendo inter-relações ecológicas (ECOLOGISMO).
21 Comparação entre as praças políticas, religiosas e cívicas da Europa Leon Krier (1946-) O enfoque principal do urban designers passou a ser quanto às idéias de segurança, privacidade, identidade e orientabilidade, além da noção de território, os efeitos da aglomeração e do sentido de QUALIDADE AMBIENTAL (soma entre os aspectos sensoriais do meio ambiente e suas qualidades estéticas).
22 Rudolf Arnheim (1904-) Arte e percepção visual (1954) Tratava-se de um enfoque que enfatizava mais os aspectos visuais do espaço da cidade incluindo variáveis particulares, em detrimento das idéias dominantes no urbanismo moderno, as quais limitavam as estruturas espaciais urbanas a requisitos funcionais, construtivos e econômicos. Amos Rapoport ( ) Aspectos humanos da forma urbana (1977)
23 Rob Krier (1938-) Loggias Tipologia de praças
24 Esta abordagem pós-moderna, a qual partia do ponto de vista dos usuários em situações urbanas reais, sofreu uma bifurcação metodológica: ESCOLAS DE BOM DESENHO: que, também chamadas de pragmáticas, concentraram-se na Inglaterra e procuraram estudar a herança do espaço histórico, empreendendo sua análise morfológica e apontando a qualidade ambiental das cidades antigas. ESCOLAS DE ANÁLISE DE PERCEPÇÃO: que, conhecidas como perceptivas, desenvolveramse nos EUA e se voltaram mais para a questão da percepção, esta entendida como importante elemento mediador entre os homens e seu meio ambiente urbano.
25 GORDON CULLEN ( ), com seu livro Townscape (Paisagem urbana, 1961), foi o maior representante das Escolas do Bom Desenho, apresentando o conceito de visão serial e apontando as qualidades do desenho complexo diante do clássico (clareza e unidade-síntese) Gordon Cullen ( )
26 Estudos de Visão Serial Rob Krier (1938-) Gordon Cullen ( )
27 Diagrama da estrutura essencial do centro de Paris: os principais eixos visuais e espaços abertos Kevin Lynch ( ) O maior nome das Escolas de Análise da Percepção foi o dop norte-americano KEVIN LYNCH ( ), cujo livro The image of the city (A imagem da cidade, 1960) sintetiza as novas preocupações com a identidade, a legibilidade e a orientabilidade no desenho das cidades contemporâneas.
28 Oportunidades visuais no Brooklyn NY: campo de ação das políticas públicas Firenze, Itália Lynch trabalhou com a idéia de que o objetivo final de um plano não deveria ser a forma física em si, mas a qualidade da IMAGEM MENTAL que ela suscita nos habitantes. Seus textos giram em torno do conceito de forma sensível, ou seja, da coerência perceptiva das paisagens.
29 A partir de métodos experimentais in loco, os discípulos de Lynch elegeram a PERCEPÇÃO VISUAL como a mais importante; e definiram a qualidade e a vitalidade dos espaços urbanos a partir do sentido de lugar e da diversidade de sensações que estes provocam nas pessoas. Elementos visuais da configuração urbana: 1. Caminhos 4. Bairros 2. Limites 5. Marcos 3. Nós
30 Kevin Lynch ( ) Problemas da imagem de Boston, Mass. EUA
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