Tópicos em Semiótica Geral Prof. Ana Cristina F. Matte FALE/UFMG. Aula 3: Cultura Livre (estudo de caso)

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1 Tópicos em Semiótica Geral Prof. Ana Cristina F. Matte FALE/UFMG Aula 3: Cultura Livre (estudo de caso)

2 Oi, moçadinha, estou aqui de novo. Vou falar de objeto outra vez. Já sabemos o que pode ser objeto para a semiótica, agora vou propor um objeto-tema para a aplicação da teoria. Na verdade, mais tema que objeto, pois cada grupo vai poder, dentro desse tema, definir um objeto específico para suas análises. E a hora de definir esse objeto é agora.

3 A cultura livre é uma filosofia. Nasceu do movimento do software livre e, por isso, é muito confundida com ele. Mas o software livre é somente uma parte da cultura livre. Vocês viram nos vídeos que passei: a cultura livre está no cinema, na música, na literatura, na cultura popular, no jornalismo, nas artes plásticas, em todos os lugares onde existe a possibilidade de compartilhar conhecimento. E afinal, para que serve a universidade se não for para produzir e compartilhar conhecimento?

4 Mas o que tem a ver compartilhar conhecimento com liberdade? Vejamos o que nos diz sobre liberdade o software livre.

5 A primeira coisa que ele nos diz é que liberdade não é absoluta. Não existe ser livre. Existe ser livre para. Ou seja, eu não sou livre, simplesmente. Posso ser livre, ou não, para fazer alguma coisa específica. A página da Free Software Foundation da América Latina nos mostra as liberdades do software livre.

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7 Vamos pensar cada uma dessas liberdades em relação ao conhecimento produzido na universidade, em especial as universidades públicas, que fazem pesquisa, e em especial os produtos feitos na letras, digamos uma análise teórica.

8 Liberdade 0. de rodar o programa quando quiser; O programa aqui pode ser um artigo científico. Essa liberdade é a liberdade de ler o artigo quando quiser, quantas vezes quiser, para o que quiser. Isso é óbvio? Nem tanto. Um artigo científico que você precisa comprar para ler com certeza restringe o acesso de muita gente ao conhecimento que ele deveria disponibilizar.

9 Liberdade 1. de estudar o código fonte e modificá-lo para que faça o que você quiser; Pense num artigo que te mostra o resultado final de uma pesquisa, sem contar como chegou lá. Você só tem duas escolhas: aceitar ou não o que ele diz ser verdade, sem poder testar ou questionar com propriedade. Isso é mais comum do que parece... infelizmente.

10 Liberdade 2. de copiar o programa e distribuir as cópias quando quiser; Você já ouviu falar que os xerox que usamos toda hora em nossos estudos acadêmicos são pirataria? E se você escanear e distribuir? Sem comentários...

11 Liberdade 3. de publicar ou distribuir uma versão modificada quando quiser. Tudo que fazemos cientificamente é resultado do trabalho de milhares de pessoas antes de nós. Não existiria ciência sem compartilhar conhecimento e sem que eu pudesse repensar e modificar o que os outros antes de mim fizeram.

12 Liberdade 3. de publicar ou distribuir uma versão modificada quando quiser. Assim, autoria não é uma questão tão simples quanto gostaríamos. Mas o software livre é a terra da meritocracia: se você fez, merece reconhecimento. Por isso existem licenças livres: para garantir o trabalho do autor, sem restringir o trabalho dos outros. Citar a fonte: heis como garantir isso nos nossos trabalhos acadêmicos. O que seria de nós se não pudéssemos usar a fonte?

13 Liberdade 3. de publicar ou distribuir uma versão modificada quando quiser. E é muito difícil de contestar: todos, todos, todos os nossos trabalhos são versões modificadas dos trabalhos de outros. O conhecimento é legado da humanidade! A universidade deve garantir isso!

14 Mas eu falei em meritocracia. O que é isso?

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17 Como garantir o mérito do autor se eu posso usar como quero, copiar livremente, saber como foi feito e modificar ao bel prazer? Para isso existem as licenças. Já ouviu falar em domínio público? Domínio público é terra de ninguém.

18 Diz a lei: Art. 44. O prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre obras audiovisuais e fotográficas será de setenta anos, a contar de 1 de janeiro do ano subseqüente ao de sua divulgação. Art. 45. Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de proteção aos direitos patrimoniais, pertencem ao domínio público: I - as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores; II - as de autor desconhecido, ressalvada a proteção legal aos conhecimentos étnicos e tradicionais.

19 Há uma preocupação enorme com os direitos autorais, tão grande que aquelas cantigas de roda que fizeram parte da infância de muitos de nós precisam de apoio de uma lei que garanta que elas não vão ser registradas por um espertinho que passe a cobrar das escolas para que as usem com as crianças... Mas licença livre não é domínio público. Enquanto o domínio público coloca a autoria em segundo plano, a licença livre vem justamente para, num mundo de compartilhamento, garantir a autoria.

20 Mas e como sobrevive o autor de um trabalho livre? Se qualquer um pode copiar, e o plágio, como fica? Eu posso vender um livro sob a licença Creative Commons ou outra livre? Quem, afinal, ganha com essa história toda?

21 Calma! Tópicos em Semiótica Geral - Prof. Ana Cristina F. Matte FALE/UFMG

22 Como sobrevive o autor de um trabalho livre? Eu posso vender um livro sob a licença Creative Commons ou outra livre?

23 Como sobrevive o autor de um trabalho livre? Eu posso vender um livro sob a licença Creative Commons ou outra livre? A licença CC tem várias formulações, inclusive algumas que permitem a comercialização da obra. O bom é que o autor pode decidir se quer ou não permitir isso. Um bom exemplo é o livro O Porco e a Caixa, que a Free Software Foundation comercializa para arrecadar fundos para a organização, e está também disponível online, sem custos. Esse livro é ótimo para pensar a cultura livre...

24 Se qualquer um pode copiar, e o plágio, como fica?

25 Plágio é plágio. Licença livre garante autoria.

26 Quer copiar? Não diga que você fez. Isso é crime! Quer copiar? Não diga que Quer copiar? você fez. Não diga que Isso é crime! você fez. Isso é crime! Quer copiar? Não diga que você fez. Isso é crime! Quer copiar? Não diga que você fez. Isso é crime

27 Quem, afinal, ganha com essa história toda?

28 TODOS NÓS!

29 E TODOS OS OUTROS!

30 Conhecimento: Patrimônio da humanidade!

31 Estes slides foram feitos com o Broffice, o fundo de tela foi feito no Tuxpaint e as figuras são do Licença Creative Atribuição-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil Commons