programa senac de gratuidade

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1 programa senac de gratuidade

2 programa senac de gratuidade Rio de Janeiro, março de 2010

3 Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Senac Presidente Antonio Oliveira Santos Departamento Nacional Diretor-geral Sidney Cunha Diretor da Divisão Técnica (Ditec) Valter Rodrigues Diretor da Divisão de Operações (Diop) Eladio Asensi Prado Diretora da Divisão de Administração e Recursos Humanos (DARH) Vera Espírito Coordenação editorial: Centro de Comunicação Corporativa/Diretoria de Planejamento e Comunicação/ Ditec Texto: Iracema Dantas Fotografias: Zeca Linhares Senac Departamento Nacional Av. Ayrton Senna, Barra da Tijuca Rio de Janeiro RJ Brasil CEP SENAC. DN. PSG: Programa Senac de Gratuidade: por um Brasil melhor / Iracema Dantas. Rio de Janeiro, p. Il. Fotografias: Zeca Linhares. SENAC. DN; PROGRAMA SENAC DE GRATUIDADE; DEPOIMENTO; ALUNO. Ficha elaborada de acordo com as normas do Sistema de Informação e Conhecimento do Senac (Sics)

4 sumário 6 Mensagem do presidente 7 Apresentação 9 Introdução 10 Novas descobertas e aprendizados 18 Uma profissão, uma nova história 26 Nicho de sucesso 32 Direto para o mercado 40 De olho nas demandas 46 Juntando forças 52 Primeira oportunidade 56 Beleza empreendedora 62 Turmas integradas 66 Juntos no PSG

5 Mensagem do Presidente Falar em inclusão social não é novidade para o Senac. Afinal, a própria história da Instituição está intrinsecamente relacionada a esse propósito desde a sua criação, em janeiro de 1946, possibilitando, ao longo dessa trajetória, o acesso de milhões de brasileiros por todo o país ao mercado de trabalho, por meio da educação profissional e da produção do conhecimento para o Setor do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Assim, em seus 64 anos, o Senac, sempre atento às constantes mudanças ocorridas em nossa sociedade, vem empreendendo uma série de ações e programas que visam ampliar o escopo inclusivo da Instituição. Atendendo à solicitação do Governo Federal para colaborar na expansão da educação profissional à população de baixa renda, a Instituição respondeu afirmativamente, desenvolvendo o Programa Senac de Gratuidade, que veio somar-se a uma série de outros programas de caráter social já desenvolvidos. É com orgulho que apresentamos, nesta publicação, alguns dos brasileiros e brasileiras que fizeram parte das primeiras turmas do programa e que com seus relatos de superação comprovam o compromisso do Senac com a diminuição das desigualdades e mostram como a educação profissional pode contribuir na construção de um Brasil melhor. Antonio Oliveira Santos Presidente do Senac

6 Apresentação O primeiro ano de implantação do Programa Senac de Gratuidade (PSG) certamente representou um grande desafio que a Instituição, mais uma vez, respondeu de forma transparente, uniforme e competente. Fruto de um acordo firmado entre a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo e os ministérios da Educação (MEC), do Trabalho e Emprego e da Fazenda, e regulamentado pelo Decreto 6.633, em 5 de novembro de 2008, pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o programa prevê que o Senac amplie o número de vagas gratuitas. Assim, a Instituição se comprometeu a destinar parte da sua receita compulsória líquida na oferta de cursos de educação profissional sem custo para os alunos de baixa renda. Em 2009, foram 20%; em 2010, serão 25%; em 2011, 35%; em 2012, 45%; em 2013, 55%; e, a partir de 2014, 66,67%. Desse modo, em 2009, o Senac ofereceu gratuitamente cerca de 120 mil vagas por todo o Brasil, nos mais diversos cursos de Formação Inicial e Continuada (Aprendizagem, Capacitação e Aperfeiçoamento), e de Educação Profissional Técnica de Nível Médio (Qualificação e Habilitação Técnicas). É importante destacar que para atender, em tempo recorde, à nova realidade, todo o Senac foi envolvido, a fim de que a oferta de programações gratuitas ocorresse de forma homogênea e eficaz pelo Brasil. Histórias de vidas transformadas pela educação profissional. É isso o que esta publicação, sobre o primeiro ano de existência do PSG, apresenta, ratificando o compromisso social do Senac com os brasileiros. Sidney Cunha Diretor-geral do Senac Nacional 7

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8 Introdução De norte a sul, de leste a oeste, o Programa Senac de Gratuidade leva cidadania e qualificação profissional a quem mais precisa Em dezembro de 2009, o Departamento Nacional do Senac fez uma viagem pelo Brasil, um país de dimensões continentais e, consequentemente, de imensos contrastes, para registrar os primeiros resultados do Programa Senac de Gratuidade. Um programa amplo, mas que pode resumir, em apenas três letras PSG o sonho de milhares de brasileiros por um futuro melhor. Nas páginas seguintes, estão depoimentos de alguns dos alunos que integraram as turmas do primeiro ano de implantação do PSG e seus cursos inteiramente gratuitos destinados à população de baixa renda. São relatos que comprovam resultados e reafirmam a certeza de que só com uma sociedade mais justa e igualitária e com oportunidade para todos teremos uma nação verdadeiramente democrática. Nesta publicação, há também as diferentes soluções encontradas para ajustar à realidade as normas que regem um programa da magnitude do PSG. Essa é uma estratégia que precisa ser valorizada, pois o Senac ainda que presente nas 27 Unidades da Federação sabiamente não impõe regras que ignorem a diversidade e a cultura de cada uma das regiões onde está localizado. Da busca de soluções para combater a evasão de alunos, à promoção de parcerias com ONGs locais, o que se extrai é a certeza de que o PSG não é apenas um acordo que vem sendo cumprido. Com apenas um ano de implementação, o programa já deu certo porque milhares de brasileiros e brasileiras tiveram suas vidas impactadas de forma positiva. 9

9 Novas descobertas e aprendizados Cláudia dos Santos, curso de Operadora de Caixa O primeiro passo é sempre o mais difícil, seja qual for o momento de nossas vidas. Cláudia Martins dos Santos, de 27 anos, fez o curso de Operadora de Caixa no Senac Espírito Santo. Quando ainda frequentava as aulas, entregou o currículo na rede de supermercados Perim. Antes do PSG, Claudia era artesã e vendia sua produção para amigos e vizinhos. Estou aqui há cinco meses e estou adorando, garante essa animada capixaba, mãe de duas meninas, de 3 e 8 anos de idade. Cláudia pretende terminar o ensino médio em 2010 e cursar a faculdade de Ciências Contábeis: O Senac me abriu a mente. Pretendo aprender muito mais. Foi assim também com Maria Luiza Silva de Jesus, que, aos 30 anos e mãe de dois filhos, resolveu se inscrever no curso de Garçom no restaurante-escola Senac Pelourinho, em Salvador, Bahia: 10

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11 Cláudio José dos Santos, curso Montagem de Rede de Computadores Prontas para a luta 12 Eu trabalhava fazendo unhas e gostava de ser manicure, mas queria outros horizontes, estava me sentindo parada no tempo. Entrei no site do Senac fazendo pesquisa de cursos quando vi o PSG. Fiquei muito interessada, seria a oportunidade de fazer um curso diferente e numa boa escola! Fiquei com aquele medo... Pensava: será que vou passar? Será que vai dar? Mas não desisti, fiz a inscrição. Deu tudo certo, eu passei e superei essa etapa, relembra Maria Luiza. A persistência rendeu outras descobertas: No Senac, aprendi a ser profissional e vou levar esse aprendizado comigo. Tenho muitos planos para o futuro. Penso em fazer uma faculdade de Gastronomia ou Turismo e Hotelaria. O Senac me reanimou a ter esperanças, diz, em um relato que poderia ser considerado um traço comum em todos os depoimentos a seguir. Mudanças como ocorreram na vida de Weslley Roberto Ricci dos Santos, aluno do PSG no curso Técnico em Segurança no Trabalho no Senac Bauru, em São Paulo, que diz: Houve uma mudança muito grande na minha postura, hoje sou um profissional mais direto, mais centrado, mais correto, mais atuante, mais produtivo. Antes, era um colaborador que chegava para trabalhar, fazia minha parte e ia embora. Hoje, sou brigadista e praticante das atividades ambientais e sociais da empresa. Recentemente, fui aprovado no treinamento Técnico de Programador e Regulador de Máquinas Injetoras, diz com um brilho nos olhos. Mais Senac para mais brasileiros. O conceito de soma proposto pelo PSG é com certeza amplo, tanto assim que entende como brasileiro qualquer cidadão de baixa renda que tenha escolhido nosso país para viver e O mais comum, quando ouvimos falar de cursos gratuitos, é imaginar que tais iniciativas são voltadas apenas para os mais jovens. Contrariando essa ideia, está a realidade do PSG. Prova disso é que muitas mulheres maduras, algumas separadas ou viúvas têm se sentido à vontade para ingressar nos mais variados cursos. Segundo alguns relatos, a experiência tem sido produtiva: ganham uma profissão e ainda recuperam sua cidadania. Alguns exemplos e belas histórias dessas mulheres que vão, literalmente, à luta, comprovam isso. Rosileide Moreira Pinto, de 46 anos, aluna do curso de Cozinheiro do Senac Maranhão, moradora de Raposo, na Região Metropolitana de São Luís, ingressou no PSG em agosto de Ela já havia feito alguns cursos gratuitos na Instituição e, no último deles, o de Telefonista, passou cerca de dez anos empregada em uma empresa de telefonia. Rosileide, que mora com o marido e tem um filho de 13 anos, ficou desempregada quando essa empresa foi privatizada, no ano Desde então, vinha tentando ingressar novamente no mercado de trabalho formal, mas se sentia um pouco desmotivada. Foi quando soube do PSG: Eu vinha sempre ao Senac para saber sobre os cursos gratuitos. Há muito tempo eu queria fazer esse de curso de Cozinheiro. Estou adorando. Aprendi muita coisa nova e também vi que muita coisa que

12 eu fazia na hora de cozinhar estava errada. Depois do curso, Rosileide acredita que conseguirá um bom emprego ou então poderá até mesmo abrir seu próprio negócio. Outro bom exemplo é Neida Abdon, de 52 anos, que acabou se tornando aluna do curso de Camareira, em Aquidabã, na Bahia. Soube dos cursos do PSG. Até fiquei empolgada e pensei em me inscrever, mas fiquei pensando que isso não seria para uma mulher de 52 anos. Mas apesar da descrença, ela não conseguiu tirar o PSG da cabeça : Quando faltavam dois dias para encerrar as inscrições, eu estava passando em frente ao Senac e resolvi me informar melhor. Para minha surpresa e alegria, o recepcionista me disse que não havia limite de idade. No dia seguinte, lá estava eu com os documentos exigidos para me inscrever, conta, resumindo como foi essa sua importante decisão. As aulas começaram em junho de 2009 e em setembro Neida já estava praticando os ensinamentos adquiridos: Comecei as aulas práticas no Tropical Hotel da Bahia, no Campo Grande. Foi uma experiência única, uma coisa inusitada. Foi maravilhoso conhecer de perto toda a rotina de um hotel, revela. A experiência de Neida foi muito além de alcançar uma profissão, como prova seu depoimento final sobre o PSG: Foi tudo de bom para mim: uma mulher de 52 anos que resolve deixar de ser apenas uma doméstica e buscar conhecimentos e viver novas experiências. Nunca é tarde demais para sair em busca dos sonhos e traçar metas na vida. Daqui para frente, eu quero muito mais da vida. Agora eu sei que posso. Rosileide Moreira Pinto, curso de Cozinheiro 13

13 Dulcemi Rodrigues, curso de abeleireiro Assim como Neida, Rita de Cássia Alves dos Santos também fez o curso de Camareira na Unidade Aquidabã do Senac Bahia. Rita, que tem 42 anos, é casada e tem dois filhos, estava decidida a ter um ano diferente: Determinei que 2009 seria um ano de luta e de muitas conquistas na minha vida pessoal. E foi por essa razão que, depois de 20 anos, ela voltou a estudar: À procura de um futuro melhor, resolvi então fazer o curso de Camareira do Senac, para que pudesse me qualificar e ter um bom desempenho em uma profissão, confirma. Rita também teve aulas de Inglês Instrumental e afirma que aprendeu o que é ser uma boa profissional no mercado de trabalho com todo seu ensinamento teórico e prático. Ana Sueli Aranha e Dulcemi de Jesus Alves Rodrigues, de respectivamente 36 e 46 anos, são outras duas mulheres que, depois do PSG, puderam ingressar no mercado de trabalho formal, recuperando a autoestima e aumentando a renda familiar. Elas fizeram juntas o curso de Cabeleireiro no Senac Maranhão e, com a ajuda do Banco de Oportunidades daquele Departamento Regional, arrumaram um emprego em um salão de beleza, em Monte Alegre, bairro de São Luís. Assim que pegamos nosso certificado, fomos ao setor de encaminhamento para empregos do Senac. Isso foi numa quarta-feira; na quinta, já estávamos trabalhando. Ana Sueli soube do PSG por meio de um sobrinho, que chegou em sua casa contando a novidade que ouvira na escola: Sempre quis fazer esse curso. Antes, eu brincava de cabeleireira, mas com o curso vi que era algo bem mais sério. Eu me esforcei e continuo me esforçando ao máximo. Agora, quero fazer o curso de Colorimetria. A carteira assinada de Ana Sueli é uma novidade na família. Meu marido não tem trabalho fixo. E esse dinheiro que ganho no salão é para garantir o sustento de meus filhos, revela. Ana Sueli é mais uma das alunas do PSG que pensam em ter seu próprio negócio: Já tenho minha cadeira de cabeleireiro e tenho também meu lavatório. Aos poucos, vou montar meu salão. Eu não tinha condição de pagar esse curso. Sou viúva e tenho um casal de filhos, resume Dulcemi. Sua história, no entanto, não é muito diferente da de Ana Sueli, de Rosileide, de Neida ou Rita de Cássia. São todas histórias de mulheres que encontraram no PSG uma oportunidade para refazer a vida e encontrar uma nova oportunidade de ingresso no mercado de trabalho. Ana Sueli Aranha, curso de Cabeleireiro trabalhar. A característica acolhedora de nosso povo é percebida no relato de Tse Ting Hung, de 24 anos, que veio da Indonésia para o Brasil há mais de duas décadas e fez o curso de Garçom no Senac Espírito Santo. Hung acabou sendo selecionado para trabalhar no Hotel-Escola Senac Ilha do Boi. Antes do PSG, o jovem se aventurava como barman, especialidade que pretende cursar pelo Senac, dando continuidade ao seu Itinerário Formativo, assim que houver uma oportunidade: Eu trabalhava em bares da Praia do Canto, mas não era nada fixo, relembra. Dado o primeiro passo, o esforço é saber manter-se no rumo certo. E foi observando o desempenho dos alunos ao longo do processo de implantação do PSG que profissionais de educação do Senac detectaram que muitos dos inscritos apresentavam uma defasagem em conhecimentos básicos, em 14

14 Durley Soares da Silva, curso de Garçom especial nas disciplinas de Português e Matemática, o que poderia afetar o aprendizado das competências técnicas do curso escolhido. Para resolver esse problema e também ajudar o aluno a adotar uma postura mais profissional diante dos desafios do mercado de trabalho formal, foram oferecidos cursos extras em diversas unidades do Senac. Em Brasília, por exemplo, foram dadas aulas de Português, Matemática e Etiqueta Profissional. Não são obrigatórias, mas, sem dúvida, estão fazendo a diferença. Assim, não oferecemos somente o acesso, mas também ajudamos na permanência do aluno no mercado de trabalho, explica a professora Tomasina Canabrava, gerente da Divisão de Educação Profissional do Senac/DF. Para ela, a iniciativa faz com que os alunos do PSG adquiram autoconfiança, além dos conhecimentos práticos e teóricos da profissão. Durley Soares da Silva, de 29 anos, foi aluno do curso de Garçom e atualmente é gerente de um restaurante em Brasília, na Asa Norte. Para ele, essas aulas extras foram fundamentais. Aprendi Português, Matemática, Etiqueta Profissional, Técnicas Administrativas e Noções de Enologia. Com dois meses de curso, arrumou emprego em Taguatinga, cidade-satélite do Distrito Federal: Eu fazia o curso das 9h às 12h e trabalhava à tarde. Durley soube do PSG por meio da imprensa, mas só foi se inscrever no último dia do prazo, pois precisava resolver pendências de documentação. Ele é casado, tem uma filha de três anos, mora com sua mulher e mais dois enteados. Quanto à qualidade do PSG, a fala de Durley não deixa dúvidas: Acho que os professores tiveram um empenho até maior. Ninguém faltava a uma aula sequer e todas as aulas extras eram rapidamente preenchidas. Com isso, os instrutores foram ficando cada vez mais animados. Mas o esforço para aumentar os conhecimentos básicos do aluno do PSG não foi só em Brasília. No Maranhão, o Departamento Regional do Senac optou por realizar provas de Português e matemática como parte do processo seletivo. Vimos que o cenário em termos de conhecimentos fundamentais era difícil, explica Francilene Souza do Rosário, gerente da Divisão Técnica do Departamento Regional. E foi dessa constatação que surgiu a ideia de implantar a Jornada da Superação, um projeto que existia para os cursos do 15

15 Antonia Maria Ferreira da Conceição, curso de Garçom Restauranteescola do Senac em São Luís/MA Senac no Maranhão em geral, mas que foi readaptado para o PSG. O objetivo da Jornada da Superação é dar condições para que o aluno vença suas dificuldades em leitura, escrita, cálculos matemáticos e raciocínio lógico, competências consideradas essenciais para um bom desempenho profissional. Embora não seja obrigatória a participação, percebemos que a adesão é bastante significativa, complementa Francilene. Antonia Maria Ferreira da Conceição, de 18 anos, foi aluna do PSG no curso de Garçom, do Senac Maranhão. Ela já está formada e atualmente trabalha em uma empresa de bufê para festas e eventos em geral. Ela fez o curso de março a julho de 2009 e também participou da Jornada da Superação. Gostei muito. Agora quero fazer a faculdade de turismo. Espero que esse curso que fiz pelo PSG 16

16 me ajude a realizar esse sonho, diz a jovem, que é filha única e mora com a mãe e dois primos em Monte Castelo, bairro de São Luís. Tal como no Maranhão e em Brasília, no Amapá também foi percebida a necessidade de oferecer algo que ampliasse a base de conhecimentos dos alunos do PSG. Mas, nesse estado, a opção do Departamento Regional não foi pela aula presencial: Ofertamos cinco cursos extras gratuitamente por meio da educação a distância: Matemática Básica, Matemática Comercial, Etiqueta Social e Profissional, Português Básico e Redação Empresarial, informa Ana Valéria Pantoja, diretora de Educação Profissional do Senac Amapá. Mas o empenho pelo sucesso do PSG não parou por aí. Para motivar os alunos, fizemos uma aula inaugural em nosso auditório e destacamos a importância de participar desses cursos de EAD. Inicialmente, ofertamos 315 vagas, mas foram mais de 450 matrículas, revela Ana Valéria. O acerto dessa estratégia se mostra ainda mais nas palavras de Marly Ferreira Siqueira, aluna do curso de Manicure e Pedicure do PSG no Amapá: Quando me candidatei, não estava trabalhando. Gostei muito do curso, porque não aprendi só a técnica de fazer unha, mas, higiene, como se relacionar bem com as pessoas, sobre o atendimento correto e outras situações. Estou feliz porque tenho o apoio da família e também já formei minha clientela. Atendo tanto em minha casa quanto em domicílio, já nem sobra mais tempo. Sei que trabalho bem porque as clientes são fiéis. Estou garantindo uma boa renda e vou até fazer promoções. Agora, pretendo me preparar para outros serviços. Marly, que tem 28 anos e é mãe de dois filhos, foi aluna do PSG de maio a julho de 2009, em um curso de 160 horas. Em Sergipe, onde problemas com a educação básica dos alunos mais uma vez foram percebidos, a estratégia adotada pelo Senac foi sensibilizar o corpo docente para que ele também assumisse a responsabilidade nesse novo desafio, estimulando ainda mais a relação professor-aluno. Houve professor que acabou ensinando as quatro operações básicas, embora o curso fosse de Vendedor. Foi um esforço a mais para acolher esse aluno do PSG, acredita Ana Paula Tourinho, gerente do Núcleo de Produtos e Processos Educacionais do Senac Sergipe. Em São Paulo, a oferta de cursos de Português e Matemática também ocorre em algumas unidades. 17

17 Uma profissão, uma nova história Cristiane de Castro Freitas, curso de Garçom Cristiane de Castro Freitas, de 32 anos, foi aluna da primeira turma de Garçom no Senac Amazonas, que aconteceu de abril a setembro de Exestudante da rede pública, ela soube do PSG por intermédio de sua sogra, justamente quando já passava por mais de um ano de desemprego. Eu tinha trabalhado com vendas e nunca havia pensado em ser garçonete, mas vi que era uma oportunidade e fiz a inscrição. Do desconhecimento sobre a profissão ao desejo de seguir carreira não demorou: Amei esse curso. Saí do Senac direto para trabalhar em um restaurante em Ponta Negra. Agora, quero aprender gastronomia e entender aquilo que estou servindo para o meu cliente, anima-se. Cada dia no Senac vale a pena. A gente sempre aprende. Vou voltar para fazer outros cursos, diz, revelando seu maior sonho: Quero ser maître. 18

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19 Se antes do curso no Senac, Cristiane estava desempregada e com poucos amigos, tudo mudou: Eu vivia com meu marido há quase dez anos, mas a gente não estava casada no papel e eu nunca tinha tido festa de casamento. Mas, depois que eu aprendi tanto sobre bufês e eventos, resolvi que queria uma festa. Nos casamos no dia 4 de dezembro de 2009 e o bolo de casamento foi feito pela professora do Senac. Meu amigo Henrique, aluno do curso PSG também, foi quem organizou o bufê. A lua de mel só não aconteceu por conta do recente contrato de trabalho com o restaurante de Ponta Negra: Já conversei com meu patrão e ele me liberou para fevereiro. Eu e meu marido vamos para Fortaleza, conhecer o mar e comemorar nosso casamento, fala, radiante. Amiga de Cristiane na turma de Garçom do PSG, Daiana Batista Dantas, de 22 anos, mãe de duas meninas de 4 e 7 anos, também estava desempregada quando soube, por intermédio de um primo, das inscrições para as vagas gratuitas. Eu era operadora de máquina na área de reciclagem na Zona Franca de Manaus, mas fui despedida, explica a jovem, que ficou quatro meses fora do mercado de trabalho. Hoje, a expectativa é bem diferente. Segundo seu relato, mesmo antes de terminar o curso de Garçom, os convites para empregos já eram muitos, todos por meio do Senac, que só não foram logo aceitos porque Daiana resolveu se dedicar integralmente aos estudos. E a mudança foi mesmo significativa: ela terminou o PSG e já ingressou na faculdade de Nutrição. Nem pensava em seguir carreira nessa área, mas vi o potencial e quero investir mais. Estudo à noite e trabalho nos finais de semana, revela. Além de suas filhas, Daiana mora com sua irmã e uma sobrinha. Ela trabalha desde os 12 anos de idade, tendo passado por fábricas e lanchonetes. Daiana fala abertamente que antes do curso no PSG ela própria não valorizava a profissão: Achava que não precisava de aula para segurar bandeja. Agora vejo que a profissionalização é tudo. Assim também pensava Joniel Rocha Pereira, 23 anos, morador do bairro Capuã, em Caucaia, Ceará, que já mudou seu modo de encarar essa profissão: Antes eu pensava que ser garçom era só anotar pedidos e carregar bandeja, mas descobri que a área exige muito mais. Nós aprendemos a ter uma postura que não estamos acostumados. O curso traz muitos exemplos para a vida da gente, o convívio em casa e com os amigos. Quando terminar, não vou ficar parado. Tenho em mente começar como garçom, depois ser maître e continuar me capacitando e crescendo. 20

20 Turma de Informática no Distrito Federal Renato Araújo Nogueira, curso de Garçom A história de Kátia Fernanda de Góes Scapim, do curso Técnico em Podologia, do Senac São Paulo, tomou um novo rumo: da recepção em uma clínica de estética à prestação de atendimento. Além da ascensão profissional, Kátia conta que com isso sua renda também aumentou e consequentemente melhorou a sua qualidade de vida. Cristina Penalva de Souza, aluna do curso de Camareira da Unidade Aquidabã, na Bahia, também não demorou nada para entrar no mercado de trabalho formal. Ela foi contratada por um hotel em Salvador em novembro de 2009: As coisas pareciam difíceis na minha vida, mas depois dessa oportunidade tudo mudou. Tenho novas amizades. Abri portas para novos conhecimentos. Encontramos educadores especiais que, além de ensinar suas respectivas matérias, nos deram experiências de vida. Sobre a escolha do curso, Cristina afirma: A profissão de camareira me fez ver o quanto é importante a pessoas terem responsabilidade no que fazem. Os critérios de ingresso no PSG que fizeram com que Cristiane, Daiana e Cristina pudessem mudar tão radicalmente de vida estão nas chamadas Diretrizes, elaboradas pelo Senac Nacional, em parceria com seus Departamentos Regionais, ao longo do ano de O documento teve como objetivo nortear a implantação do programa por todo o Brasil, de maneira uniforme e transparente, definindo o conceito de gratuidade. Além da renda familiar bruta, que não poderá ultrapassar 1,5 salário mínimo per capita, e da condição de aluno ou trabalhador, a seleção para o PSG leva em conta se o candidato possui algum tipo de deficiência, se é dependente 21

21 Ellen de Freitas, curso de Informática Avançada ou arrimo de família, se já foi aluno do Programa Aprendizagem ou de outro programa gratuito do Senac e quantos membros a sua família tem. Após ter participado do curso gratuito de Técnico em Informática Avançada no Senac Amazonas, realizado em parceria com o Sine 1, Ellem Regina Silva de Freitas conseguiu a tão sonhada vaga no PSG. Aos 26 anos e mãe do pequeno Gabriel, de 3, ela está cursando o Técnico em Contabilidade desde abril de O curso, que tem a duração de um ano e mais de 800 horas de aula, foi inicialmente oferecido durante o dia, mas os alunos pediram que passasse para o turno da noite e o Senac atendeu. Ellem aproveita o tempo disponível para gerar renda: Acabei de deixar meu companheiro. Para sustentar minha casa, tenho feito cosméticos artesanais, como perfumes e sabonete de açaí. Ellem não se furta a elogiar o curso: Tem sido realmente maravilhoso. E não é só contabilidade! Aprendi até educação ambiental. Por estar em um curso de longa duração, Ellem tem direito a desconto nas passagens: O Senac agilizou tudo. Só fui retirar a carteirinha. Não tem nenhuma diferença no trato com alunos do PSG. Aliás, quando tem é para nos tratar ainda melhor que os outros alunos. Às vezes, sinto que nos dão uma atenção especial mesmo, um incentivo. Outra que já tinha feito curso no Senac foi a piauiense Maria Roselda Leite Garcia, de 24 anos. Em 2008, Roselda havia feito o curso de Contabilidade 1 O curso citado faz parte do Plano Territorial de Qualificação Profissional (Planteq), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em uma articulação com o Sine (Sistema Nacional de Emprego) e Senac/AM. 22

22 Para garantir a permanência Apesar de todo o interesse demonstrado pelo público do PSG, alguns Departamentos Regionais do Senac logo identificaram o custo da passagem como um entrave à frequência das aulas. Na Bahia, por exemplo, apesar da enorme procura por vagas, logo nas primeiras semanas de aulas a evasão foi significativa: O principal motivo apurado foi a falta de recursos para a locomoção, sendo necessários uma média de 20 reais por semana para cobrir tais despesas, explica Liana Brandão, superintendente de Educação profissional. E foi a partir dessa constatação que veio a decisão de oferecer o vale-transporte aos alunos do PSG, o que fez com que 70% dos alunos voltassem a frequentar as aulas regularmente. Para Jéssica Oliveira dos Santos, que foi da primeira turma do curso de Vendedor no PSG na Bahia, a iniciativa veio na hora certa: Queria trabalhar, mas precisava de treinamento e capacitação. Hoje, trabalho como vendedora em Santo Antonio de Jesus. Colega de Jéssica no curso de Vendedor, Patricia de Jesus Santos enfatiza: O curso pelo Senac é mudança de vida em todas as áreas. Fiz outros na área de empreendedorismo, mas minha opinião é que o do Senac é o melhor. Costumo dizer que esse curso de Vendedor deveria se chamar Portas Abertas para o Sucesso. Em Brasília, o Departamento Regional também ficou atento à questão. A experiência acumulada com alunos de baixa renda apontava que o gasto com transporte também seria um obstáculo a ser transposto para vencer o fantasma da evasão. Foi pensando nisso que o Senac/DF tomou a decisão política de fornecer o vale-estudantil para alunos do PSG, custeando totalmente esse gasto, revela a professora Tomasina Canabrava. Durley Soares da Silva, de 29 anos, da primeira turma do PSG no curso de Garçom no DF, foi um dos beneficiados por essa política: Eu estava desempregado e não tinha como pagar o curso de jeito nenhum, muito menos pagar passagem de ônibus. Durley também recebeu todo o uniforme e o instrumental necessário para as aulas práticas. Ana Paula Cardoso de Jesus, 34 anos, aluna de Técnico de Contabilidade, também do Senac/DF, é outro exemplo do acerto dessa política: O vale estudantil foi fundamental para que eu pudesse ir às aulas. Tânia Maria Alves da Silva, que fez o curso de Camareira, em Londrina, no Paraná, também teve uma ajuda especial para concluir sua formação, feita de julho a outubro de Por meio de uma parceria entre o Sindicato dos Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Londrina e o Senac, Tânia Maria, que residia no abrigo Pão da Vida, teve suas despesas com passagens de ônibus totalmente cobertas. 23

23 24 Básica e aproveitou o PSG para fazer o curso de Montagem e Manutenção de Computadores. Sempre tive vontade de fazer esse curso, mas fiquei desempregada. Tenho certeza que agora tenho mais chances de voltar a trabalhar, essa é a área que gosto e me identifico. Estou esperançosa, já fiz meu cadastro no Banco de Oportunidades do Departamento Regional do Piauí, declarou Roselda. A divulgação de cursos, quantidade de vagas e turnos cabe aos Regionais do Senac, que são responsáveis ainda pela inscrição, seleção e matrícula dos interessados. Para propiciar ainda mais acessibilidade à população de baixa renda, o Senac Piauí, por exemplo, optou por realizar alguns cursos do PSG fora da capital Teresina, como explica Dayson Torres de Amorim, diretor de Educação Profissional: No Piauí, a busca tem sido por parcerias com as prefeituras locais. Com isso, conseguimos com que algumas secretarias de ação social se responsabilizassem pela divulgação e inscrição e até mesmo pela cessão do local para os cursos, já que estamos apenas na capital. O que temos percebido também é que a prefeitura, depois de ver a seriedade do PSG, acaba contratando outros cursos para a população local. O bom disso é que não há custo para a população, que continua tendo acesso aos cursos da Instituição, mesmo que não seja do PSG. E o depoimento da aluna Roselda só confirma o acerto do Senac/PI: Gostei muito de ter sido na Associação Madre Cabrini. Os equipamentos, o professor, o material, tudo é de excelente qualidade. Em São Paulo, Claudio José dos Santos, 32 anos, é um dos que fazem coro quando o assunto é a qualidade dos cursos do PSG. Claudio, que trabalha há dois anos e oito meses na Ervas Farmácias, uma rede com cinco filiais em Santo André, região do ABC paulista, conseguiu vaga gratuita em um dos cursos mais procurados: o de Montagem de Redes de Computadores. A turma que Claudio frequentou não era exclusiva para alunos de PSG: Éramos 25 no total. Não sabíamos oficialmente quem era ou não do programa. Com a nova especialização, Claudio, que atualmente atua na área de cadastro da empresa, tem a certeza de que está mais valorizado no mercado de trabalho: Aos poucos, estou tendo acesso ao setor de informática e já assumo pequenas tarefas. A satisfação de conseguir ingressar no PSG é algo presente, mesmo entre os alunos que ainda não estão no mercado de trabalho. Em Alagoas, uma das selecionadas para o PSG foi Alane Maria