EFEITO DO BIOFERTILIZANTE NO CRESCIMENTO E NA PRODUÇÃO DE ALFACE

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1 VERONKA DA; FORTUNATO CB; COLA Efeito CH; do RODRIGUES biofertilizante APDAC; no crescimento LAURA VA; e PEDRINHO na produção DR. de alfaceefeito do biofertilizante no crescimento e na produção de alface. Horticultura Brasileira 26: S1161-S1165. EFEITO DO BIOFERTILIZANTE NO CRESCIMENTO E NA PRODUÇÃO DE ALFACE Darlan Alba Veronka¹; Cláudia Borges Fortunato¹; Carlos Helyn Cola¹; Adriana Paula D Agostini Contreiras Rodrigues¹; Valdemir Antônio Laura¹; Denise Renata Pedrinho¹ ¹UNIDERP, Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, Curso de Agronomia, C.P. 2153, , Campo Grande-MS; darlan.veronka@hotmail.com RESUMO Com o objetivo de avaliar o efeito da aplicação de um biofertilizante no crescimento, no desenvolvimento e na produção da alface cultivar Vera, foi conduzido esse experimento, com quatro tratamentos. Utilizou-se o delineamento de blocos ao acaso com cinco repetições. Os tratamentos foram: testemunha, irrigação com biofertilizante, pulverização com biofertilizante e, aplicação do biofertilizante por ambas as formas (irrigação e pulverização). O biofertilizante usado foi preparado a partir da formulação do kit Supermagro. Uma semana após a emergência das plântulas realizou-se a primeira aplicação do biofertilizante diluído em água (0,3%), que foram repetidas semanalmente, inclusive após o transplante das mudas, até a colheita. Avaliou-se o número de folhas, a biomassa fresca da parte aérea (g), o diâmetro da cabeça (cm) e o diâmetro do caule (mm). Os dados obtidos foram submetidos à Análise de Variância (teste F). Não houve efeito significativo dos tratamentos nas variáveis mensuradas, entretanto, independente da variável, as médias da testemunha foram inferiores, numericamente, aos tratamentos com biofertilizante, o que sugere um discreto efeito dos biofertilizantes, não detectados na análise estatística. Considerando os resultados do experimento, principalmente a biomassa fresca da parte aérea da testemunha (72,36 g.planta -1 ), comparada com as mudas irrigadas com o biofertilizante (97,88 g.planta - 1 ); registra-se uma diferença de 35,2% a favor da plantas irrigadas com o biofertilizante. Portanto, sugere-se avaliar os efeitos de concentrações crescentes do biofertilizante na produção de alface, uma vez que a concentração empregada (0,3%) pode ser considerada baixa. PALAVRAS-CHAVES: Lactuca sativa, adubação foliar, irrigação, biofertilizante. ABSTRACT Effect of biofertilizer on growth and production of lettuce To evaluate the effect of applying a biofertilizer in growth, development and production of lettuce cultivar Vera, was carried out this work, with four treatments. It was used the randomized complete blocks with five repetitions. The treatments were: control, irrigation with biofertilizer, spraying with biofertilizer and application of biofertilizer by both ways (spraying and irrigation). The biofertilizer used was prepared from the formulation of the kit Supermagro. A week after the emergence of seedlings received the first application of biofertilizer diluted with water (0.3%), which was repeated weekly, even after the transplant seedlings, until the harvest. It was evaluated, the number of leaves, the biomass S1161

2 of fresh leaves (g), the diameter of the head (cm) and the diameter of the stem (mm). The data were submitted for analysis of variance (F test). There was no significant effect of the treatments in the variables measured, however, despite of variable, the averages of the control were lower than the treatments with biofertilizer, numerically, suggesting a slight effect of biofertilizers, not found on statistical analysis. Considering the results of the experiment, mainly biomass of fresh leaves of control (72.36 g.planta-1), compared with the seedlings irrigated with the biofertilizer (97.88 g.planta-1); there is a difference from 35.2% to plants irrigated with the biofertilizer. So it is suggested to evaluate the effects of various concentrations of biofertilizer in the production of lettuce, as the concentration employed (0.3%) can be considered low. KEYWORDS: Lactuca sativa, leaf nutrition, irrigation, biofertilizer. INTRODUÇÃO A alface (Lactuca sativa L.) é uma das hortaliças mais cultivadas em todo o país, é uma espécie herbácea, muito delicada e folhosa de grande expressão na economia, sendo uma das hortaliças de maior consumo e tendo uma rentabilidade rápida ao produtor, pois tem uma ampla adaptabilidade às condições climáticas diversas. Sendo produzida em diferentes ambientes, protegidos ou abertos, as principais finalidades, quando sob estrutura de proteção, são: anular os efeitos negativos das baixas temperaturas, geada, vento, granizo, excesso de chuva e encurtar o ciclo de produção, além de aumentar a produtividade e se obter produtos de melhor qualidade (Sganzerla, 1995). Com isso possibilita a comercialização segura, pois é uma cultura de ciclo curto, assim favorecendo o plantio e a colheita da alface de boa qualidade o ano todo. O mercado de produtos orgânicos vem crescendo no Brasil e no mundo. O cultivo de hortaliças com adubos orgânicos tem aumentado nos últimos anos, devido aos elevados custos dos adubos minerais e aos efeitos benéficos que a matéria orgânica proporciona aos solos e ao ambiente, intensamente cultivados com métodos convencionais (Asano, 1984; Rodrigues, 1990). As altas produtividades obtidas com o uso intensivo de capital, de fertilizantes inorgânicos e de agrotóxicos têm sido questionadas não só por suas contradições econômicas e ecológicas, mas também por desprezar aspectos qualitativos importantes da produção vegetal (Santos, 1993; Santos et al. 1994). O fornecimento adequado de nutrientes está diretamente relacionado com a fertilização, onde deve ser de especial importância a disponibilidade de nutrientes para a planta, principalmente em relação ao fósforo e potássio, em plantas de ciclo curto como a alface (Malavolta et al. 2002). A importância da adubação foliar está na suplementação da adubação no solo e na correção mais rápida de deficiências eventuais ou sistemáticas (Malavolta & Romero, 1975). O uso de fertilizantes foliares é uma prática que esta sendo cada vez mais utilizada pelos produtores, tendo como alternativas aplicações de efluente, estercos de animais, materiais vegetais e sais minerais; pela transformação aeróbica ou anaeróbica, esse produto final é conhecido como organomineral ou biofertilizante (Kiehl, 1993). O emprego de biofertilizantes vêm crescendo em todo o Brasil, os custos o tornam economicamente viável, já que o mesmo pode ser preparado pelo próprio agricultor, gerando economia de insumos importados e, ainda, promovendo melhorias no saneamento ambiental. Na busca por insumos menos agressivos ao ambiente e que possibilitem o desenvolvimento de uma agricultura menos dependente de produtos industrializados, vários produtos têm sido lançados no mercado (Deleito et al. 2000). S1162

3 Os biofertilizantes são preparados a partir da digestão anaeróbica ou aeróbica de material orgânico e mineral, visando o fornecimento de nutrientes para a planta. O objetivo no presente trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de um biofertilizante no crescimento, no desenvolvimento e na produção da alface cultivar Vera. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na horta do Campus III da UNIDERP (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal), em Campo Grande-MS, de março a maio de 2008, em um Neosolo Quartzareno Órtico com 11% de argila e baixíssimo teor de fósforo. A semeadura da alface (cultivar Vera) foi realizada em bandejas de poliestireno expandido (128 células, duas sementes por célula), preenchidas com substrato comercial Plantmax. Uma semana após a emergência das plântulas foi realizado o desbaste, deixando apenas uma plântula por célula e, imediatamente realizou-se a primeira aplicação do biofertilizante diluído em água (0,3%). As aplicações do biofertilizante, nas bandejas, foram realizadas semanalmente até o transplante para os canteiros, realizado aos 27 dias de emergência. Os canteiros foram preparados da seguinte forma: calagem com 50 g.m -2 de calcário dolomítico, e posteriormente incorporação da matéria orgânica (5 kg.m -2 de esterco bovino curtido), deixando em repouso por 15 dias para a aplicação de superfosfato simples (190 g.m -2 ). Após o transplante para os canteiros, as aplicações dos biofertilizantes continuaram semanalmente nas mesmas concentrações e formas aplicadas durante o crescimento das mudas. O biofertilizante usado foi preparado a partir da formulação do kit Supermagro. O delineamento experimental adotado foi de blocos casualizados, com cinco repetições e quatro tratamentos: testemunha, irrigação com biofertilizante, pulverização com biofertilizante e, aplicação do biofertilizante por ambas as formas (irrigação e pulverização), tanto nas bandejas quanto após o transplante, nos canteiros. As irrigações foram realizadas com uma seringa, aplicando-se 3,0 ml do biofertilizante por célula (na bandeja) e 6,0 ml por planta (no canteiro) e as pulverizações foram realizadas com um pulverizador manual de pequena capacidade (2 L) até o completo molhamento das plantas. Na colheita avaliou-se: o número de folhas, a biomassa fresca da parte aérea (g), o diâmetro da cabeça (cm) e o diâmetro do caule (mm). Os dados obtidos foram submetidos à Análise de Variância (teste F). RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve efeito significativo dos tratamentos nas variáveis mensuradas (Tabela 1), entretanto, independente da variável, as médias da testemunha foram inferiores (Tabela 2), numericamente, aos tratamentos com biofertilizante, o que sugere um discreto efeito do biofertilizante, não detectado na análise estatística. Souza et al. (2002) na produção de mudas de tomateiros, também não observaram efeitos de biofertilizantes, da interação entre tipos de substratos e as das concentrações de biofertilizantes nas mudas produzidas. Medeiros et al. (2007), testando entre outros tratamentos, três biofertilizantes encontraram efeito significativo (médias inferiores à testemunha) apenas para o biofertilizante 3 (que recebeu apenas cinzas), somente na matéria seca da raiz, matéria seca da parte aérea e no número de folhas de alface, sendo que os outros biofertilizantes testados (1 e 2) não diferiram da testemunha. S1163

4 Todavia, aqueles autores utilizaram biofertilizantes na concentração de 2,5%, muito superior à concentração empregada neste experimento. Considerando os resultados do experimento, principalmente a biomassa fresca da parte aérea da testemunha (72,36 g.planta - 1 ), comparada com as mudas irrigadas com o biofertilizante (97,88 g.planta -1 ); registra-se uma diferença de 35,2% a favor da plantas irrigadas com o biofertilizante (Tabela 2). Portanto, sugerese avaliar os efeitos de concentrações crescentes do biofertilizante na produção de alface, uma vez que a concentração empregada (0,3%) pode ser considerada baixa. LITERATURA CITADA ASANO J Effect of organic manures on quality of vegetables. Japan Agricultural Research Quarterly 18: DELEITO CSR; CARMO MGF do; ABBOUD AC de S; FERNANDES M do C de A Sucessão microbiana durante o processo de fabricação do biofertilizante Agrobio. In: FERTBIO Santa Maria, RS: Sociedade Brasileira de Ciências do Solo e da Sociedade Brasileira de Microbiologia, CD-ROM. KIEHL EJ Fertilizantes organominerais. Piracicaba: Agronômica Ceres, 189p. MALAVOLTA E; PIMENTEL-GOMES F; ALCARDE JC Adubos e adubação. São Paulo: Agronômica Ceres. MALAVOLTA E; ROMERO JP Manual de adubação. 2 ed. São Paulo-SP: ANDA, p MEDEIROS DC; LIMA BAB; BARBOSA MR; ANJOS RSB; BORGES RD; CAVALCANTE NETO JG; MARQUES LF Produção de mudas de alface com biofertilizantes e substratos. Horticultura Brasileira 25: RODRIGUES ET. Efeitos das adubações orgânica e mineral sobre o acúmulo de nutrientes e sobre o crescimento da alface (Lactuca sativa L.). Viçosa, MG: UFV, 60p. Dissertação de Mestrado. SANTOS RHS Crescimento, produção e qualidade de alface (Lactuva sativa) cultivada com composto orgânico. Viçosa, MG: UFV,.114p. Dissertação de Mestrado. SANTOS RHS; CASALI VWD; CONDÉ AR; MIRANDA LCG de Qualidade de alface cultivada com composto orgânico. Horticultura Brasileira 12: SGANZERLA E Nova Agricultura: A fascinante arte de cultivar com os plásticos. 5.ed. Guaíba: Agropecuária, 342p. S1164

5 Tabela 1. Quadrados Médios para número de folhas (NF), biomassa fresca da parte aérea (BFPA), diâmetro da cabeça (DCAB) e diâmetro do caule (DCAU) de mudas de alface Vera produzidas com diferentes fertilizações com biofertilizante. UNIDERP, Campo Grande, Quadrados Médios (características avaliadas) Fontes de Variação G.L NF BFPA DCAB DCAU Blocos 4 24,93 NS 2.257,41 NS 14,14 NS 22,25 NS Tratamentos 3 4,64 NS 689,93 NS 3,14 NS 4,20 NS Resíduo 12 12,24 981,87 4,55 11,15 Total C.V. (%) 19,01 36,64 9,74 20,26 NS Não significativo a 5% de probabilidade (Teste F). Tabela 2. Número de folhas (NF), biomassa fresca da parte aérea (BFPA), diâmetro da cabeça (DCAB) e diâmetro do caule (DCAU) de mudas de alface Vera produzidas com diferentes fertilizações com biofertilizante. UNIDERP, Campo Grande, Tratamento NF BFPA (g) DCAB (cm) DCAU (mm) Irrigação 19,18 97,88 22,40 17,52 Irrigação e Pulverização 18,82 92,56 22,20 16,96 Pulverização 18,60 79,32 21,20 15,88 Testemunha 17,00 72,36 20,40 15,56 DMS 6,57 58,86 4,01 6,27 S1165