Documento Síntese. do Seminário Nacional de Regularização Fundiária
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- Gabriel Vilalobos das Neves
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1 Documento Síntese do Seminário Nacional de Regularização Fundiária (SALVADOR-BA, 03 A 06 DE DEZEMBRO DE 2013) O Seminário Nacional de Regularização Fundiária ocorrido nos período de 03 a 06 de dezembro de 2013, em Salvador/BA, coordenado pela SRA, INCRA, SERFAL E ANOTER contou com a presença da embaixadora do México e a participação mais 03 órgãos do governo federal, 02 órgãos do governo estadual, 18 órgãos de terras estaduais, 06 entidades sindicais representativa dos trabalhadores e agricultura familiar e 04 organizações sociais, assim como de 03 organismos internacionais, devidamente relacionados ao final deste documento, que possuem o tema da governança fundiária como responsabilidade institucional, ou como parte da de suas estratégias de atuação e pauta de discussões. O principal objetivo deste Seminário foi promover um balanço das ações de Regularização Fundiária no âmbito Federal e estadual, além de propiciar maior articulação/interação entre os diversos atores públicos e da sociedade civil organizada que tratam da temática da regularização fundiária, bem como apresentar às inovações relacionadas ao Sistema Nacional de Cadastro Rural SNCR, Sistema Integrado de Gestão Fundiária SIGEF, Cadastro Ambiental Rural CAR, Cadastros Estaduais e as interfaces desses sistemas com o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais CNIR. O debate sobre as Diretrizes Voluntárias da FAO se mostram como uma linha estratégica de ação para os mecanismos de ordenamento e regularização fundiária. Para tanto, existe a necessidade de aprofundamento do debate sobre a governança fundiária no âmbito interno das organizações e instituições brasileiras, assim como continuar avançando no contexto internacional por meio de intercâmbios e oficinas internacionais com parceiros estratégicos. Dessa forma, a Governança Fundiária configurasse como importante na administração dos recursos sociais e econômicos do território, assim como a capacidade dos governos de planejar, formular e programar políticas. Os intercâmbios e a oficina realizados dentro do contexto da parceria entre a SRA e a UFSC mostra o acerto da abordagem dessa temática envolvendo a academia, o Estado e as organizações da sociedade civil na necessidade de ampliar o conhecimento da gestão e governança fundiária no contexto internacional. No âmbito dos intercâmbios identificou-se que: Nenhum dos governos dos países visitados está satisfeito com o quadro da 1
2 sua agricultura familiar Diversas iniciativas incitam de ações de ordenamento fundiário e de controle do mercado de terras A necessidade de unificação das diferentes formas de intervenção das distintas esferas de governo Assim, foram elaborados para os debates, painéis contemplando os temas: Diretrizes Voluntárias para a Governança Fundiária e as Ações Desenvolvidas no âmbito do MDA/INCRA; Balanço das Ações Federais de Cadastro e Regularização Fundiária e de Modernização do Sistema Nacional de Cadastro Rural; Interface entre Cadastro Nacional de Imóvel Rural - CNIR e o Cadastro Ambiental Rural CAR; O processo de Cadastro e Regularização Fundiária no Estado do Ceará e Espírito Santo; Apresentação das Experiências de Governança Fundiária e Intercâmbio de Reordenamento e Regularização Fundiária no âmbito da parceria da Universidade Federal de Santa Catarina. O Seminário contou também com a realização do Fórum dos Órgãos Estaduais de Terras (OET), aonde foram debatidos pelos Órgãos de Terra a Regularização Fundiária, seus avanços, limitações e encaminhamentos. Durante o processo de debate, foram apresentadas as seguintes proposições: Proposições apresentadas Discussão de uma política pública unificada de regularização fundiária envolvendo as instâncias federal, estadual e municipal com foco na segurança jurídica dos imóveis, definindo e implementando critérios e condicionantes de interesse público para que seja assegurado o cumprimento da função social das propriedades e garantida a soberania territorial e alimentar do país; Aprofundar o debate sobre a intervenção de empresas, principalmente do setor energético e de produção de commodities agrícolas, sobre grandes extensões de terras e áreas da agricultura familiar por meio de arrendamento e aquisição. Criar mecanismos que assegurem que imóveis rurais oriundos da reforma agrária e da regularização fundiária mantenham-se no âmbito da agricultura familiar, evitando a venda para terceiros e conseqüente reconcentração de terras. Transformar as experiências de cruzamento do cadastro do INCRA com os registros de empresas na Comissão de Valores Mobiliários CVM como rotina buscando controlar a estrangeirização das terras brasileiras. Aprofundar a discussão do papel do Estado no processo da estrangeirização das terras brasileiras por meio da ampliação da discussão do direito de propriedade e o direito de superfície, levando em consideração tambem as questões de mineração, direito a agua e etc. Realizar uma ação massiva de instrumentalização dos cartórios com tecnologias que aperfeiçoem e acelerem o processo de registro da malha fundiária com vista à governança fundiária. Apoiar o projeto em discussão no Congresso Nacional do mecanismo de usucapião pela via administrativa. 2
3 Incentivar o fortalecimento do componente rural nos Planos Diretores municipais observado o Zoneamento Ecológico Econômico ZEE discutindo a limitação por parte das câmaras municipais de destinar áreas rurais para transformação em áreas urbanas; Criar estratégias de regularização fundiária de áreas de comunidades quilombolas em terras devolutas estaduais; Fortalecer o uso do ITR como um dos elementos de desconcentração da terra. Assegurar que o CAR busque as suas informações de cadastro diretamente no SNCR e/ou SIGEF visando facilitar o acesso dos agricultores familiares; Garantir que o SNCR recepcione o conjunto de bases cadastrais dos orgãos de terras estaduais; Criar estratégias para que as discussões do tema da Governança Fundiária passem pelos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural e os Colegiados Territoriais; Estabelecer uma ampla política de transparência de acesso as informações e dados cadastrais dos imóveis rurais; Rever as legislações afetas à regularização fundiária e agrária nos âmbitos federal e estadual; Qualificar as instituições e fortalecer os instrumentos para solução dos conflitos fundiários; Introduzir o debate da governança fundiária no âmbito da Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul REAF, por intermédio da recomendação do Grupo de Trabalho de Terras e Reforma Agrária; Condicionar o uso da terra ao Zoneamento Ecológico Econômico ZEE proporcionando um adequado ordenamento da produção; É necessário realizar o cruzamento do cadastro rural e do cadastro tributário visando coibir a sonegação fiscal, a divergência de informações e a grilagem de terra; Criar mecanismos de acompanhamento do mercado de terras, visando garantir a soberania territorial e alimentar. Participantes do Seminário Nacional de Regularização Fundiária: Secretaria de Reordenamento Agrário SRA/MDA; Secretaria Especial de Regularização da Amazônia Legal SERFAL/MDA; Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrário INCRA; Embaixada do México no Brasil; Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura IICA; Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura FAO; Banco Mundial World Bank; Secretaria da Receita Federal do Brasil Receita Federal; Secretaria de Patrimônio da União SPU/PR; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente IBAMA; Associação do Notários e Registradores do Brasil ANOREG/BR; Associação Nacional do Órgãos Estaduais de Terras ANOTER; Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia SEMA/BA; 3
4 Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia SEAGRI/BA; Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Distrito Federal SEAGRI/DF; Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do Estado do Rio Grande do Sul SDR/RS; Secretaria de Estado e Agricultura e Desenvolvimento Rural do Estado de Santa Catarina SEAGRI/SC; Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas ITERAL; Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Agrário do Estado Amapá IMAP; Instituto de Terras do Acre ITERACRE; Coordenação de Desenvolvimento Agrário do Estado do Bahia CDA; Instituto de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará IDACE; Instituto de Desenvolvimetno Agropecuário e Florestal do Estado do Espírito Santo IDAF; Instituto de Terras do Estado do Maranhão ITERMA; Instituto de Terras do Estado do Pará ITERPA; Instituto de Terras e Planejamento Agrícola do Estado da Paraíba INTERPA; Instituto de Terras e Cartografia e Geociência do Estado do Paraná ITCG; Instituto de Terras do Estado de Pernambuco INTERPE; Instituto de Terras do Estado do Piauí INTERPI; Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro ITERJ; Instituto de Terras do Estado de São Paulo ITESP; Empresa de Desenvolvimento Agropecuário do Estado de Sergipe EMDAGRO; Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará FETRACE; Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Norte FETARN; Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Bahia FETAG-BA; Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Maranhão FETAEMA; Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura CONTAG; Federação Trabalhadores na Agricultura Familiar FETRAF; Movimento dos Pequenos Agricultores MPA; Pastoral da Juventude Rural PJR; Instituto e Centro de Formação e Assessoria Técnica na Agricultura Familiar do Estado de Sergipe ICEFASE; Associação Humana Povo para Povo Brasil HUMANA BRASIL 4
5 SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTOS APRESENTADAS PELAS ENTIDADES SINDICAIS REPRESENTATIVA DOS TRABALHADORES E AGRICULTURA FAMILIAR E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS PRESENTES: Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura CONTAG e Federações, Federação Trabalhadores na Agricultura Familiar FETRAF e Federações, Movimento dos Pequenos Agricultores MPA, Pastoral da Juventude Rural PJR, Instituto e Centro de Formação e Assessoria Técnica na Agricultura Familiar do Estado de Sergipe ICEFASE e Associação Humana Povo para Povo Brasil HUMANA BRASIL. 1- Ampliar e fortalecer as ações de reforma agrária para garantir o assentamento de todas as famílias sem terra e com pouca terra e promover o desenvolvimento sustentável das áreas reformadas. 2- No processo de regularização fundiária e titulação dos imóveis rurais, definir e implementar critérios e condicionantes de interesse público para que seja assegurado o cumprimento da função social das propriedades e garantida a soberania territorial e alimentar do país. Tais critérios e condicionantes devem ser incorporados também para a revisão de títulos que tenham sido concedidos pelos Estados ou governo Federal de forma irregular. 3- Construir um processo de articulação política com os cartórios visando a unificação de procedimentos para o registro dos imóveis das propriedades familiares e camponesas. 4- Definir procedimentos para que os sistemas de registro de informações adotem apenas uma porta de entrada onde o agricultor e agricultora registre suas informações e proceda à regularização fundiária, ambiental, tributária, etc. de seus imóveis rurais. 5- Assegurar as condições para que os movimentos sociais participem, efetivamente, dos processos de cadastramento e regularização ambiental das propriedades. 6- Garantir transparência nas informações e o acesso dos movimentos sociais e Sociedade Civil Organizada aos dados cadastrais dos imóveis rurais registrados nos órgãos públicas federais, estaduais e municipais. 7- Aprofundar estudos e elaborações visando a construção e implementação de políticas públicas para a regularização fundiária das propriedades familiares e camponesas, não localizadas em áreas públicas e devolutas. 5
6 8- Assegurar a participação dos movimentos sociais do campo na composição do GT interministerial sobre Governança Fundiária, criando GT s nos estados que não o possuem 9- Realizar uma reunião envolvendo os Ministros do MDA e do Meio Ambiente, o INCRA, SRA e demais secretarias do MDA e do MMA para apresentar e encaminhar as definições deste Seminário. 10- Realizar novos Encontros envolvendo os vários setores dos governos Federal e Estaduais vinculados aos temas fundiário e ambiental, e os movimentos sociais do campo, das águas e das florestas, para aprofundar os debates e encaminhamentos deste Seminário. Especificamente, realizar um encontro para discutir os processos de regularização, reconhecimento e desintrusão das terras dos povos e comunidades tradicionais. 6
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