AÇÃO CAUTELAR PREPARATÓRIA - PEDIDO DE LIMINAR - EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL



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Transcrição:

PROCESSO Nº 35-57.2014.6.11.0000 AÇÃO CAUTELAR PREPARATÓRIA - PEDIDO DE LIMINAR - EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL REQUERENTES: VALDEMIR JOSÉ DOS SANTOS e ADEMAR VANI REQUERIDA: COLIGAÇÃO NOVA UBIRATÃ É MAIS Trata-se de medida cautelar preparatória de recurso especial eleitoral com pedido de liminar inaudita altera pars ajuizada por Valdemir José dos Santos e Ademar Vani, com fins de atribuir efeito suspensivo ao Recurso Especial interposto contra o acórdão 23549 deste Tribunal Regional Eleitoral, o qual deu provimento ao recurso aviado pela requerida, cassando por conseqüência os diplomas dos requerentes e declarando-os inelegíveis pelo prazo de 08 anos. Enfatiza o requerente, que a presente medida cautelar se faz necessária, para "evitar a sempre odiosa alternância no comando do Poder Executivo Municipal." Nesse contexto, destaco que os requerentes foram demandados pela Coligação Nova Ubiratã é Mais, para apuração da prática de abuso de poder econômico e utilização indevida de veículos de comunicação social, tendo sido a referida representação julgada improcedente em primeira instância. Por sua vez, o plenário deste Tribunal deu provimento ao recurso eleitoral interposto pela Coligação requerida, estando o acórdão 23549 assim redigido: "RECURSO ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012. AIJE. ABUSO PODER ECONÔMICO. MEIO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. USO INDEVIDO. PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. REJEITADA. PROVA ROBUSTA. MÍDIA DIGITAL E IMPRESSA. CASSAÇÃO. APLICABILIDADE. NOVAS ELEIÇÕES. RECURSO PROVIDO. 1. Rejeita-se preliminar de cerceamento de defesa cujo prejuízo à parte não restou demonstrado. A alegação genérica de quebra de isonomia no trâmite processual não é capaz de, por si só, dar ensejo à anulação da sentença prolatada. 2. Revela-se demonstrado o abuso de poder econômico por meio do uso indevido dos veículos de comunicação para privilegiar amplamente um dos candidatos ao pleito, por mídia digital e escrita, ainda que este não seja proprietário do veículo de comunicação utilizado como meio de manobra política. Além disso, a participação ou não do candidato nos atos que lhe trouxeram benefício tem pouco relevo para o deslinde da causa, pois pode ele figurar apenas na condição de beneficiário. Basta que tenha restado evidente a gravidade das circunstâncias dos fatos. 3. A mídia eletrônica nos tempos atuais tornou-se um poderoso instrumento de convencimento e formação de opinião, hábil a desequilibrar a disputa eleitoral e, com isto, comprometer a lisura e a normalidade do pleito. 4. Repudia-se matéria jornalística que se reveste de propaganda política com reportagens claramente favoráveis a um dos candidatos, na tentativa de denegrir e criar uma imagem negativa de adversário. Além disso, as tiragens em número muito maior que o normal, aliada à distribuição gratuita, revelam a intenção do periódico nesse sentido, caracterizando o uso indevido dos meios de comunicação. 5. A cassação de registro ou diploma prescinde da demonstração da responsabilidade subjetiva do candidato cuja candidatura foi beneficiada pela interferência do abuso do poder político, econômico ou do uso indevido dos meios de comunicação social. Basta a prova da condição de beneficiário do ato de abuso para que haja a sanção de cassação de registro. 6. Impõe-se a realização de novo pleito no caso de cassação dos eleitos cuja votação excedeu aos 50%

(cinquenta pontos percentuais) dos votos válidos, nos termos do artigo 224 do Código Eleitoral." Ao decisum acima, os requerente interpuserem embargos declaratórios, rejeitados por esta Corte Eleitoral, em acórdão assim ementado: "EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AIJE. ABUSO PODER ECONÔMICO. USO INDEVIDO. MEIO COMUNICAÇÃO SOCIAL. PREFEITO. CASSAÇÃO. RENOVAÇÃO ELEITORAL. VÍCIOS. NÃO APONTADOS. PREQUESTIONAMENTO. PRINCÍPIOS JUIZ NATURAL. IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. QUESTÃO DE ORDEM. AFASTADA. PROTELATÓRIOS. MULTA. NÃO CABIMENTO. EFEITOS INFRINGENTES. INEXISTENTES. EMBARGOS REJEITADOS. 1. Rejeita-se questão de ordem levantada com fundamento no princípio da identidade física do juiz, haja vista que este tem assento infra-constituicional, que vem sendo mitigado por não poder contrariar princípio do juiz natural e outros princípios constitucionais, especialmente por se tratar de renovação eleitoral. 2. Opõem-se os Embargos de Declaração perante o órgão julgador e no caso de a decisão ter sido proferida por meio de acórdão, esse órgão não se restringe à figura do Relator, mas ao colegiado. 3. Rejeitam-se os embargos que não apresentam vícios, admitindo-se o recurso tão somente para fins de prequestionamento. 4. Rejeita-se questão de ordem arguiída, mas anteriormente julgada e afastada pela Corte." Os requerentes embasam a pretensão, ressaltando a evidente plausibilidade jurídica consubstanciada em: nulidade do julgamento, pelo não acolhimento da questão de ordem formulada em sustentação oral, tocante ao defeito da representação da Coligação requerida; absoluta afronta à orientação jurisprudencial do TSE, tocante à cassação de seus diplomas por uso indevido dos meios de comunicação; desrespeito à orientação jurisprudencial do TSE, no sentido de que só cabe declaração de inelegibilidade se o candidato, também representado, contribuiu para as ilicitudes. Sustentam ainda, a existência do periculum in mora, haja vista que "a publicação do acórdão proferido no julgamento dos aclaratórios implicará no imediato afastamento dos Requerentes dos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito de Nova Ubiratã." Por fim, requerem que seja deferida a liminar ora postulada, para atribuir efeito suspensivo ao recurso especial eleitoral a ser interposto, a fim de que sejam mantidos no cargo de Prefeito e Vice-Prefeito do Município de Nova Ubiratã até o julgamento do seu mérito pelo Tribunal Superior Eleitoral. Alternativamente, postulam a atribuição de efeito suspensivo parcial ao recurso especial, de modo a permitir que participem das novas eleições a serem marcadas por esta Corte, haja vista a sanção de inelegibilidade de 08 anos a que foram condenados. Com objetivo de subsidiar esta decisão, a Secretaria Judiciária certificou que os requerentes interpuseram tempestivamente recurso especial no dia 21/03/2014 (fls. 195). Por fim, sobreveio petição firmada pela Coligação requerida, arguindo a intempestividade dos recursos excepcionais aviado pelos autores desta ação cautelar, em razão da ciência inequívoca do acórdão objurgado antes de sua publicação. É o relatório. Decido. Inicialmente, ressalto que a competência para apreciação da medida cautelar proposta decorre do enunciado pelas Súmulas 634 e 635 do Supremo Tribunal Federal: Súmula 634. Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito

suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem. Súmula 635. Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade. Nesse passo, destaco que os requerentes interpuseram recurso especial no dia 21/03/2014 (certidão de fls. 195), pendente do juízo de admissibilidade. De outra banda, a jurisprudência tem admitido, em circunstâncias específicas e excepcionais, a concessão de efeito suspensivo a recurso especial desde que utilizada, pelo autor, a competente ação cautelar inominada. Para tanto, essa outorga por intermédio de cautelar incidental, depende da satisfação cumulativa dos requisitos do fumus boni juris (viabilidade processual do recurso e plausibilidade jurídica da pretensão de direito material deduzida pela parte) e do periculum in mora. Pois bem! O perigo da demora é evidente na presente cautelar, uma vez que o acórdão nº 23549 supramencionado determinou-se a imediata comunicação da decisão ao juízo eleitoral, em que (...) Impõe-se a realização de novo pleito no caso de cassação dos eleitos cuja votação excedeu aos 50% (cinquenta pontos percentuais) dos votos válidos, nos termos do artigo 224 do Código Eleitoral." Do mesmo modo, verifico neste exame perfunctório, específico das tutelas de urgência, presente o requisito da plausibilidade do direito. Com efeito, considero relevante a arguição dos requerentes no sentido de que "a conclusão do Tribunal não encontra-se harmônica com a orientação jurisprudencial do C. TSE, a qual só admite a cassação do candidatos por uso indevido dos meios de comunicação social quando houver comprovada quebra do princípio da igualdade." (fls. 18) A esse respeito, observa-se do voto proferido pelo Douto Relator do Acórdão 23549 (fls. 864 - RE n. 983-35.2012), que (...) ambos os candidatos abusaram dos meios de comunicação social para buscarem se eleger ao cargo de prefeito do Município de Nova Ubiratã. A contestação dos recorridos também foi carreada de documentos que comprovam o direcionamento de notícias pelos veículos de imprensa, em especial por websites e, vezes ou outra, também pela imprensa escrita. (...)" Ainda, "(...) O que se viu em Nova Ubiratã foi uma verdadeira "guerra" jornalística, em especial na internet, com troca constante de acusações entre candidatos, o que levou a propositura de inúmeras ações de pedido de direito de resposta.(...)" Desse modo, o fato de ambos os candidatos terem utilizado indevidamente de veículos de comunicação social, revela-se dúvida substancial acerca da potencialidade das condutas praticadas mutuamente pelos requerentes, em influenciar o resultado das eleições. Vale destacar que, o Tribunal Superior Eleitoral consagra o entendimento que para que haja a caracterização do uso indevido dos meios de comunicação, faz-se necessária a comprovação da potencialidade da conduta em alterar o resultado das eleições. Assim vejamos: "RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÕES 2006. PRELIMINAR. AUSÊNCIA. CAPACIDADE POSTULATÓRIA. REJEIÇÃO. USO INDEVIDO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. ENTREVISTA. PREFEITO MUNICIPAL. RÁDIO LOCAL. POSSIBILIDADE. BENEFÍCIO. CANDIDATA. POTENCIALIDADE. CONDUTA. AUSÊNCIA. NÃO PROVIMENTO. I - A não apresentação pelo advogado de inscrição suplementar na OAB do estado, no momento da propositura da ação, caracteriza vício de natureza sanável. II - Para a cassação do diploma é necessário que o abuso de poder por utilização indevida dos meios de comunicação social tenha potencialidade para interferir no resultado das eleições. Precedentes. III - Recurso a que se nega provimento.

(Recurso Ordinário nº 1476, Acórdão de 30/06/2009, Relator(a) Min. ENRIQUE RICARDO LEWANDOWSKI, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Tomo 166, Data 01/09/2009, Página 41/42) RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2008. PREFEITO. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE). ART. 22 DA LC 64/90. ABUSO DO PODER ECONÔMICO E USO INDEVIDO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. POTENCIALIDADE LESIVA. AUSÊNCIA. PROVIMENTO. 1. Consoante o art. 22 da LC 64/90, a propositura de AIJE objetiva a apuração de abuso do poder econômico ou político e de uso indevido dos meios de comunicação social, em benefício de candidato ou partido político. 2. Na espécie, o recorrente - deputado federal - concedeu entrevista à TV Descalvados em 11.9.2008, às 12h30, com duração de 26 minutos e 9 segundos, cujo conteúdo transmite, de forma subliminar, a mensagem de que o seu irmão - o candidato Ricardo Luiz Henry - seria o mais habilitado ao cargo de prefeito do Município de Cáceres/MT. 3. A conduta, apesar de irregular, não possui potencialidade lesiva para comprometer a normalidade e a legitimidade do pleito, visto que: a) a entrevista também exalta o próprio recorrente, que na época exercia o mandato de deputado federal e não era candidato a cargo eletivo; b) o candidato não participou do evento; c) a propaganda ocorreu de modo subliminar; d) não há dados concretos quanto ao alcance do sinal da TV Descalvados na área do Município; e) a entrevista foi transmitida em uma única oportunidade. 4. Ademais, o TSE entende que, em regra, a concessão de uma única entrevista não caracteriza uso indevido dos meios de comunicação social, por não comprometer efetivamente a igualdade de oportunidades entre os candidatos na eleição. 5. Recurso especial eleitoral provido. (Recurso Especial Eleitoral nº 433079, Acórdão de 02/08/2011, Relator(a) Min. FÁTIMA NANCY ANDRIGHI, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 30/08/2011, Página 88 ) Ressalta-se, ainda, que o exame do fumus boni juris, consubstanciado na plausibilidade do direito alegado, compreende um juízo superficial de valor, o que não se confunde com o julgamento do recurso a ser interposto. Ademais, a decisão se pauta pelo entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, bem como de outros Tribunais Eleitorais quanto a inconveniência na alternância de cargo, que geram insegurança jurídica e descontinuidade administrativa conforme se observa adiante: AGRAVOS REGIMENTAIS. AÇÃO CAUTELAR. LIMINAR. ELEIÇÕES 2008. PREFEITO. PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS PREENCHIDOS. CHEFIA DO PODER EXECUTIVO. ALTERNÂNCIA. NÃO PROVIMENTO. 1. O deferimento de pedido liminar em ação cautelar para atribuir efeito suspensivo a recurso não dotado desse efeito exige a presença conjugada da fumaça do bom direito - consubstanciada na plausibilidade do direito invocado - e do perigo da demora - que se traduz na ineficácia da decisão se concedida somente no julgamento definitivo da ação. 2. Na espécie, o fumus boni juris está presente, porquanto discute-se a ilicitude de prova considerada essencial para o deslinde da controvérsia e, ainda, porque a distribuição de combustível a eleitores para participação de carreata não configura, a princípio, ilícito eleitoral. 3. O perigo da demora também está caracterizado, pois o afastamento do prefeito e do vice-prefeito - eleitos conforme a vontade popular e no curso do terceiro ano do mandato - acarretará prejuízo irreparável ou de difícil reparação ante a interrupção do exercício do cargo. 4. Sucessivas alternâncias na chefia do Poder Executivo geram insegurança jurídica e descontinuidade administrativa e, por esse motivo, devem ser evitadas. Precedente.

5. Agravos regimentais não providos. (Agravo Regimental em Ação Cautelar nº 130275, Acórdão de 30/08/2011, Relator(a) Min. FÁTIMA NANCY ANDRIGHI, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 22/09/2011, Página 54 ) Dessa forma, pelas razões acima expostas, defiro a liminar pleiteada a fim de atribuir, de forma excepcional, efeito suspensivo aos recursos especiais interpostos por Valdemir José dos Santos e Ademar Vani nos autos de Recurso Eleitoral nº 983-35.2012.6.11.0043, sustando os efeitos dos acórdãos nº 23549 e nº 23900 proferidos por este Tribunal Regional, ressaltando que a eficácia desta decisão vigorará até feito o juízo de admissibilidade dos recursos especiais nesta Corte, oportunidade em que poderá ser ou não ratificada a liminar. No que tange a petição de fls. 200/201, onde se suscita a intempestividade dos recursos excepcionais aviados pelos requerentes, vejo que tal pressuposto recursal será melhor apreciado por ocasião do juízo de admissibilidade a ser proferido nos autos de Recurso Eleitoral supramencionado. Publique-se. Intime-se Cite-se a requerida, para, no prazo legal, contestar o pedido. Após, vistas à Douta Procuradoria Regional Eleitoral. Proceda-se o desapensamento certificado às fls. 202 e junte-se cópia desta decisão naqueles autos. Cuiabá, 28 de março de 2014. Desembargador JUVENAL PEREIRA DA SILVA Presidente do TRE-MT