Introdução aos conceitos de marketing digital

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Transcrição:

Introdução aos conceitos de marketing digital O que é marketing digital? Talvez você não esteja familiarizado com o termo marketing digital, mas certamente já o tenha utilizado para comparar preços, buscar informações adicionais sobre o produto ou serviço desejado, localizar a loja mais próxima ou até mesmo comprar, seja em finais de semana ou de madrugada. Tudo muito rápido e com um simples clique. Quem pensou em computadores e internet acertou parcialmente. Acessar a web através da telefonia celular, modalidade ainda não tão comum, divulgada ou acessível como a primeira, apresenta um potencial de expansão imenso, através do aumento da banda larga e dos smartphones telefones que mais se parecem com pequenos computadores. Outra forma são os canais digitais alternativos. Os moradores da cidade de São Paulo foram os primeiros a conhecê-los, graças à implantação da Lei Cidade Limpa, limitando o tamanho dos letreiros e extinguindo outdoors de ruas e avenidas. Televisores em elevadores, aeroportos, farmácias e outros pontos de venda são hoje lugar- -comum. Empresas de todo o mundo, sejam elas grandes ou pequenas, vêm utilizando cada vez mais o marketing digital para se comunicar com seus clientes. Você que se prepara para entrar na área ou melhorar sua visibilidade, deve aprofundar-se no tema, o que vai muito além dos bate-papos on-line, trocas de mensagens instantâneas e participação em redes sociais Orkut, Facebook ou Linkedin. Há basicamente dois tipos de ações nessa modalidade de marketing, definidas pelos verbos em inglês: pull (puxar) e push (empurrar). Vamos defini-las a seguir, listando seus pontos positivos e negativos para a empresa e para o usuário. 13

Ações pull A primeira delas pull ou puxar é utilizada toda vez que o usuário busca alguma informação na internet. Quantas vezes nesta semana você acessou a rede mundial para auxiliá-lo em seu curso, em seu trabalho ou mesmo como instrumento de entretenimento? As ferramentas de busca facilitaram muito nossa vida. Basta digitar as palavras ou frases procuradas na caixa de entrada do Google, Bing, Yahoo! e pronto, como num passe de mágica, dezenas, centenas, milhares ou milhões de resultados podem ser encontrados sobre o assunto. Quer tentar? Tente fazer uma busca com as palavras: filé à parmegiana. Em 24 segundos foram encontrados 43 100 resultados, entre fotos, receitas, locais para degustá-los e, é claro, curiosidades como o maior filé do mundo e o melhor filé do mundo. As vantagens são claras e transparentes. Antes da internet, como seria obter a mesma receita de filé à parmegiana? Talvez levasse muito mais tempo até encontrá-la, o que poderia ser feito entrando em contato com parentes ou conhecidos que apreciem cozinhar. Mas o que é uma vantagem pode também virar desvantagem. O excesso de informações muitas vezes confunde as pessoas, as quais muitas vezes não vão além da primeira página de busca. Quem se animaria com 43 100 resultados quando a fome aperta? Os inúmeros sites e blogs especializados nos mais diversos assuntos e temas vêm cobrindo essa lacuna, fornecendo informações específicas e atualizadas aos internautas. Ações push 14 Já as ações push ou empurrar têm seu conteúdo desenvolvido pelos fabricantes ou varejistas, os quais utilizam o meio digital para atingir seus clientes. Basta abrir seu computador na segunda-feira pela manhã e constatar os inúmeros e-mails marketing em sua caixa de entrada. Aqueles que já não foram direto para as pastas lixeira e spams, detectados pelo próprio sistema, provavelmente terão o mesmo destino. Outra forma em expansão é o envio de SMS em nossos telefones celulares. Pode parecer um pouco invasivo, mas esse será o futuro. Vale salientar que, para esvaziar as caixas de correio do lixo orgânico, os anunciantes tinham que encontrar novos locais para enviarem lixo eletrônico. Ao menos a natureza agradece.

Vantagens do marketing digital Apesar do crescente número de e-mails indesejados em nossas caixas postais, o marketing digital em sua versão push possui inúmeras vantagens sobre sua forma convencional. Personalização: permite mensagens customizadas, o que é possível através da segmentação dos clientes. Sites ou blogs especializados em vinhos provavelmente terão mais retorno em suas comunicações do que lojas de varejo tradicionais, uma vez que é mais fácil conseguir e armazenar informações no mundo on-line. Métricas: com o advento da internet é possível obter inúmeras informações sobre o consumidor. Perfil sociodemográfico, histórico de compras e vendas cruzadas são algumas das opções. Retorno sobre o investimento: considerando-se as características anteriormente mencionadas, uma campanha digital pode trazer um bom retorno em vendas ou divulgação da marca. Mensurar uma campanha via web é também muito mais simples e viável que em sua forma tradicional. Mídias digitais São classificados como mídias digitais os equipamentos que permitem a produção, distribuição e visualização de conteúdos, sejam eles sonoros, visuais, escritos ou uma combinação entre as modalidades. Computadores, telefones celulares, CDs, DVDs, Blu-rays, TVs digitais, jogos eletrônicos, leitores de textos eletrônicos, são alguns exemplos. Voltemos ao tempo das vitrolas. Os modelos mais antigos eram acoplados a um móvel de madeira, enquanto os mais modernos eram chamados de 3 em 1 rádio, toca-fitas e toca-discos em um único aparelho. Tinha como função reproduzir LPs long- -plays, discos pretos com ranhuras que emitem sons em forma de música. Em 33 rotações, eram capazes de armazenar até sete faixas ou 25 a 30 minutos de cada lado. A intervenção humana era necessária para virar o disco. Muitas décadas se passaram até que surgiram os CDs compact discs pequenos discos prateados sem chiados e, acredite se quiser, com todas as músicas do mesmo lado. Havia até a oportunidade de ouvi-las aleatoriamente. A velha agulha tinha sido 15

aposentada pelo raio laser, inovação em sua forma mais pura que, em pouco mais de duas décadas, atingiu sua maturidade. Um interessante artigo publicado na revista Wired 1 menciona as vantagens do disco de vinil, cuja qualidade do som é superior à do CD ou à da música digital. O processo de conversão pode afetar algumas nuances, deixando o som artificial aos ouvidos mais bem treinados. As bandas Garbage e Smashing Pumpkins lançaram vinis, além de CDs, de seus trabalhos. Trilharam caminhos semelhantes os projetores de slides, fitas cassete, máquinas fotográficas com filme, fitas de vídeo, televisores de tubo, toca-fitas, celulares analógicos, videocassetes e disquetes. Relíquias de um passado não tão remoto. Jupiter Images/DPI Images. O que é tecnologia digital Máquina de escrever antiga. Note que a disposição das letras ainda é a mesma, apesar do avanço da tecnologia. De maneira resumida, a tecnologia analógica transforma o áudio ou vídeo em pulsos elétricos, enquanto a digital fraciona a imagem ou voz em códigos binários compostos por zeros e uns, transferindo-os para outro aparelho que o converte no sinal original. Esse processo corrige os erros oriundos na transmissão, o que significa sinais livres de ruídos. Conversas sem distorções e imagens sem chuviscos. 1 Wired: portal da revista Wired Magazine especializada em marketing digital. 16

Outra grande limitação da tecnologia analógica está na quantidade limitada de informações que podem ser transmitidas. Antes do advento da TV a cabo, tínhamos poucas opções na TV aberta. Canais 2, 4, 5, 7, 11 e 13. Cultura, SBT, Globo, Record, Gazeta e Bandeirantes. A transmissão em broadcast 2 ocupava todo o espectro de frequência. Nem por isso a qualidade de imagem era satisfatória. Hoje temos muitas opções. Fruto da digitalização. Importante também mencionar a quantidade de recursos que a tecnologia digital traz consigo. Os antigos celulares, grandes, pesados e com baixa autonomia, pouco faziam além de possibilitar a conversação. Clonados com facilidade, foram substituídos pelos modelos digitais. Convenientes e práticos, servem para quase tudo: fotos, e-mails, acesso à internet e até para falar. 34 A digitalização trouxe inúmeras vantagens e opções, inimagináveis para quem já passou dos 40 anos. Carregar toda a coleção de CDs em um aparelho do tamanho de um cartão, ou que tal a enciclopédia Britânica em alguns DVDs? Chamar, atender, ver fotos, filmes e acessar a internet com um simples toque no teclado? Coisas de filme de ficção. Quem assistiu Minority Report 3 com Tom Cruise deve se lembrar do teclado touch screen. Terá Steve Jobs 4 se baseado nessa cena para desenhar o iphone? Divulgação. iphone, celular revolucionário produzido pela Apple, um dos primeiros modelos multimídia internet, fotos, música e e-mails no mesmo aparelho. A tela sensível ao toque foi também uma grande inovação, permitindo que o usuário aumentasse, diminuísse ou visualizasse a foto como paisagem ou retrato. A infinidade de aplicativos disponíveis é também um dos grandes diferenciais. 2 Broadcast: distribuição de sinais de TV ou rádio em larga escala, comuns em rádios e TVs abertas. 3 Minority Report: filme de ficção científica dirigido por Steven Spielberg, lançado em 2002. 4 Steve Jobs: cofundador e atual CEO da Apple Inc. 17

Impactos das mídias digitais O jornalista Chris Anderson, do Portal Wired, comenta de maneira bastante interessante o impacto das mídias digitais como geradoras das três forças que estão modificando a indústria fonográfica e a TV aberta. Vejamos o quadro a seguir. Os comentários seguem logo abaixo, identificados pelos números na coluna da esquerda. Quadro 1 As três forças da Cauda Longa 1 2 3 Força Negócio Exemplo Democratização da produção Democratização da distribuição Ligação da oferta e demanda Produtores e fabricantes de ferramentas Agregadores Filtros Câmeras de vídeo digitais, software para edição de músicas e vídeo, ferramentas de blogging Submarino, Buscapé, Mercado Livre Recomendações do Google, dos blogs e da Sonora, e listas de Best-sellers (ANDERSON, 2006. Adaptado.) 1. Os computadores pessoais como ferramentas de produção possibilitaram a indivíduos comuns produzirem filmes e músicas, tarefas antes exclusivas de estúdios e profissionais. 2. A internet possibilitou que o conteúdo gerado por amadores pudesse ser distribuído a baixo custo, uma vez que não há gastos com caminhões ou aluguel de prateleiras. Os agregadores nesse caso desempenham papel fundamental. 3. Os filtros e recomendações de outros usuários auxiliam os internautas a encontrar exatamente o que procuram, nesse infinito de informações. Visto o impacto causado pelas mídias digitais, vamos entender um pouco mais a fundo o fenômeno da cauda longa 5. 18 O que é a Cauda Longa Leitura obrigatória para os que desejam conhecer as mudanças que a nova economia vem causando aos consumidores, assim como aos interessados em marketing digital. Publicada com o título original The Long Tail, é na verdade a tradução de um conceito estatístico de distribuição de dados, classificados em forma decrescente. Veja a curva ilustrada na figura a seguir. Vamos aplicá-la ao mercado de bens de consumo. Há em geral uma procura muito alta para poucos produtos área em preto, em contraste com uma baixa procura para uma variedade grande de produtos área 5 Cauda Longa: conceito explorado pelo editor-chefe da revista Wired, Chris Anderson, o qual apregoa que a digitalização acabou com a era da escassez, criando um mercado de bits e bytes, no qual o infinito é o limite.

em branco. Chris Anderson (2006) utiliza em seu livro o mercado de músicas para ilustrá-la. (WIKIPÉDIA, 2010) Figura 1 Ilustração de uma Cauda Longa. Uma loja do Walmart tem em suas prateleiras algo em torno de 60 000 faixas ou 4 500 títulos disponíveis. É provável que ocorra uma concentração maior nos itens de maior sucesso ou hits. Músicas e artistas com maior expressão corresponderão à maior parte das vendas, representando a cabeça da curva. O curioso é que há vendas também na área amarela, chamada de Cauda Longa. Ao descermos na curva verificamos que esta se aproxima do zero, porém não chega a tocar o eixo horizontal. Para a Raphsody 6, significam vendas incrementais, mesmo que esporádicas. Ao somar a área amarela, obtém-se um volume interessante no faturamento. Então porque o Walmart não aproveita as vendas decorrentes da Cauda Longa? A resposta está no tamanho das prateleiras disponíveis. É impossível disponibilizar tantos títulos num espaço tão reduzido. Há um custo fixo que deve ser diluído, correspondente ao aluguel da loja, energia e custos de pessoal. Já numa loja virtual o espaço é praticamente ilimitado, considerando os custos decrescentes de armazenagem nos grandes servidores. Isso faz possível manter a quantidade quase infinita de faixas, mesmo que as vendas sejam tão pequenas. Conforme Anderson (2006), bits e bytes custam bem menos que átomos. Uma das consequências produzidas pelo excesso de oferta é a criação de novos nichos, pequenos grupos que compartilham os mesmos gostos e interesses. Num mundo sem limitações, é praticamente irresistível mergulhar pelos diversos gêneros 6 Raphsody: site de músicas que permite escutá-las on-line ou baixá-las por um pequeno valor, ainda não disponível para o Brasil. Em 2006 tinha aproximadamente um milhão de músicas, quase 17 vezes mais que o disponível numa loja do Walmart. Há no Brasil um site similar, pertencente ao portal Terra, denominado Sonora, o qual também divulga possuir mais de um milhão de músicas em seu acervo digital. 19

musicais, álbuns e cantores que você nem mais lembrava ou conhecia. Ao final da viagem musical é muito provável que se esqueça dos hits mais tocados nas rádios. E o comportamento do brasileiro frente às mídias digitais? Vejamos através de alguns indicadores relativos ao crescimento da banda larga, redes de alta velocidade 3G e números de internautas, a importância e o potencial do país nesse mercado. Marketing digital no Brasil A quantidade de acessos banda larga, comuns em escritórios e empresas, avança a passos largos também no mercado residencial. A previsão do IAB 7 é que 87% dos internautas residenciais estejam conectados via banda larga ao final de 2009, conforme figura abaixo. Em 2008 havia 20,4 milhões de usuários utilizando-se dessa tecnologia. 61% Avanço da banda larga 83% 79% 74% 87% (IAB, 2010. Adaptado.) 2005 2006 2007 2008 2009 Figura 2 Avanço da banda larga Brasil. Banda acima de 128K. Dados Ibope Nielsen on-line. Incluem somente usuários residenciais. 2009 estimativa IAB. 7 Intenational Advertising Bureau: instituto cuja missão é desenvolver o mercado de mídia interativa no Brasil. Desde 2005 faz parte da IAB mundial. 20

A grande aposta dos fabricantes de celular e das operadoras está na tecnologia 3G, cuja base instalada dobrou no último ano, conforme previsões da Anatel 8 e do site Teleco 9. Apesar do crescimento acelerado a participação desses aparelhos é de apenas 4%, considerando-se o total de 173 959 368 10 celulares ativos nas operadoras. Se considerarmos que o Brasil é um país que segue as tendências dos países desenvolvidos em termos de adoção das tecnologias, há um grande potencial a ser explorado. Os japoneses lideram o acesso à internet via celular, com uma adoção de espetaculares 87%. Espanha, Alemanha, França, Itália e Reino Unido têm em média 28,3 celulares para cada 100 aparelhos (COMSCORE apud TELECO, 2010) 11. Evolução celulares tecnologia 3G 4 850 6 134 6 490 (IAB, 2010. Adaptado.) 4 466 3 022 3 331 3 589 4 000 4 213 Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Figura 3 Evolução do número de celulares com a tecnologia 3G. Anatel: período de março a setembro. Teleco: meses de outubro e novembro. Valores em milhares de unidades. 8 Anatel: Agência Nacional de Telecomunicações órgão do governo responsável por regulamentar e coordenar as operadoras de telefonia fixa, celular, TV por assinatura e outros. 9 Teleco: conhecido site na área de telecomunicações, com várias informações relevantes sobre o mercado: <www.teleco.com.br>. 10 Densidade calculada com a projeção de população do IBGE para o mês respectivo. 11 ComScore: líder global em pesquisas para o mundo digital: <www.comscore.com>. 21

Enfim chegamos ao número de internautas no país. Conforme o gráfico a seguir, o número de brasileiros conectados à rede teve um crescimento bastante expressivo nos últimos sete anos, passando de pouco menos de 20 milhões para quase 70 milhões, conforme previsão do IAB Brasil. Considerando-se a população brasileira, obtida no site do IBGE (2010), em 192 570 000 pessoas, teríamos uma densidade de 35,5 usuários para cada 100 habitantes, o que nos coloca abaixo da Europa, com 52, e América do Norte, com 74,2. Já Oriente Médio, Ásia e África têm densidades abaixo da brasileira, respectivamente 28,3, 19,4 e 6,8 (INTERNET WORLD STATS, 2009). 19 400 31 900 Número de internautas no Brasil 62 300 43 200 39 900 32 900 64 800 68 500 (IAB, 2010 Adaptado.) 2002 2004 2006 2007 2008 2008/2 jul/2009 2009 22 Figura 4 Número de internautas no Brasil. 2002/2008 Histórico Ibope/Gnett amostra com linha telefônica, com acesso de qualquer lugar. 2008 e jul/2009 estimativa Ibope Nielsen on-line para 2008 amostra independente de linha telefônica, com acesso de qualquer lugar. 2008/2 refere-se ao segundo semestre de 2008. 2009: estimativa IAB para final de 2009 com base em 10% de crescimento sobre 2008. Valores em milhares de usuários. Conclusões Após a leitura deste capítulo fica evidente a importância de estudar e se aprofundar no fascinante mundo do marketing digital, tão presente em nossas vidas e ao mesmo tempo tão desconhecido. Desvendá-lo é essencial para o nosso dia a dia pessoal e profissional.

Há um risco alto aos que decidirem se aventurar pelo mundo da tecnologia: o vício. É praticamente impossível ficar alheio às novidades que surgem a cada dia. Celulares com mais funções, televisores cada vez maiores e mais finos, leitores de livros digitais. Um passeio ao shopping necessariamente inclui uma visita à loja de eletroeletrônicos para conferir as novidades. Mas não se preocupe em parecer um nerd ou geek, denominações utilizadas para os amantes em tecnologia. Mark Penn, autor do livro Microtendências 12, comenta que essas pessoas, antes vistas como antissociais e tímidas, hoje fazem parte de um grupo denominado geeks sociais, os quais utilizam a tecnologia para fazer amigos e relacionamentos. Qual será a tendência para o futuro? As mídias digitais substituirão por completo as mídias tradicionais? O jornal de domingo, as visitas à banca de revistas tornar-se-ão coisas do passado? Para discutir esse assunto, veja abaixo um artigo da blogueira Arianna Huffington 13, autora do livro The Huffington Post Complete Guide to Blogging. Para a especialista, as mídias tradicionais e novas se complementam. Texto complementar Mídias novas e antigas fazem bem umas às outras As novas mídias não podem substituir as velhas por inteiro, nem dar os mesmos resultados, diz a autora (REUTERS, 2008) As novas e velhas mídias podem entrar em choque e excluir-se mutuamente, mas, em um livro novo, a blogueira famosa Arianna Huffington argumenta que os dois mundos estão se aproximando rapidamente para reforçar o que cada um tem de melhor. Jornalistas tradicionais vêm escrevendo blogs, enquanto blogueiros estão ganhando credibilidade e status na mídia tradicional, disse Huffington, em entrevista à Reuters, antes do lançamento de The Huffington Post Complete Guide to Blogging. Publicado pela editora Simon & Schuster, o guia para blogueiros oferece dicas sobre como começar e como ser notado, além de opiniões da própria Ariana Huffington, criadora de um dos sites mais influentes da internet que ganhou destaque ainda maior durante a corrida à Casa Branca deste ano. 12 Mark Penn: um dos maiores especialistas em opinião pública dos Estados Unidos. Em seu livro Microtendências, analisa as pequenas forças por trás das grandes mudanças de amanhã, analisando 75 pequenas mudanças de comportamento da sociedade americana. 13 Arianna Huffington: fundadora do site The Huffington Post. Considerada pela revista Forbes como a 12.ª mulher mais influente da mídia. 23

Existe uma convergência real, disse ela. Basicamente, descobrimos que os materiais melhores e mais exatos sobem para o topo, quer se originem da revista Time ou do 538.com de Nate Silver, que não existia antes da eleição. O site 538.com colheu e analisou dados políticos e relativos às pesquisas de intenção de voto. A convergência vai continuar a crescer como vimos neste período eleitoral dentro de dois ou quatro anos, estou certa, acrescentou. Os dois tipos de mídia têm que dividir o poder. Milhares de amadores O blog Huffington Post, ou HuffPo, como é conhecido, fez experimentos com jornalismo cidadão em seu setor Off the bus, em que milhares de amadores escreveram relatos da campanha eleitoral. Um dos maiores momentos do HuffPo aconteceu quando um colaborador voluntário gravou o então candidato Barack Obama num evento de levantamento de fundos fechado à imprensa, dizendo que os moradores de cidades pequenas ficam amargos e se agarram às armas ou à religião. Na introdução do livro, Huffington escreveu: O blogging vem sendo o maior avanço no jornalismo popular desde Tom Paine. O panfleto Bom Senso, escrito por Paine em 1776, ajudou dramaticamente a promover a causa da independência americana. O livro também tem seus momentos mais leves. Uma seção intitulada Por que você escreve um blog? traz as respostas para não parar no hospício e como substituto de uma terapia. 24 Embora Arianna Huffington defenda a boa vontade em relação à velha mídia, ela toma partido em favor dos blogs. A imensa maioria dos jornalistas da imprensa convencional segue na direção apontada pelos editores, diz ela na introdução do livro. Já os blogueiros saem armados com uma garantia de acesso muito mais eficaz do que uma credencial de imprensa da Casa Branca: a paixão. Instantaneidade e transparência O livro alardeia a instantaneidade e a transparência dos blogs, quando comparado à mídia tradicional. Menciona alguns dos problemas que os blogs têm com

padrões de reportagem e fraqueza de suas fontes, mas apenas por alto, concentrando-se, em vez disso, nos benefícios pessoais e políticos garantidos pela presença de uma multidão de vozes on-line. As novas mídias não podem substituir as velhas por inteiro, nem dar os mesmos resultados que o jornalismo investigativo de valor comprovado ao longo do tempo, diz a autora. A escritora e roteirista Nora Ephron, uma de várias colaboradoras do HuffPo, descreve no guia como descobriu a diferença entre escrever num blog e escrever para revistas ou livros. Uma das razões de se escrever num blog é iniciar a conversa e criar a comunidade que se reúne para falar brevemente sobre coisas que talvez não falasse se você não escrevesse seu blog, escreveu Ephron. Mas o mais importante, segundo ela, é que fazer um blog permite que qualquer pessoa tenha voz, mesmo sem ter acesso à Reuters ou à revista Time, e é isso que é realmente significativo. As novas mídias vão continuar a dar voz às pessoas que de outro modo não teriam voz, e isso é algo que não vai desaparecer, disse ela. Atividades 1. Em linhas gerais, o que são mídias digitais? 25

2. Defina, em linhas gerais, o que é a Cauda Longa. 3. Qual a influência do aumento da banda larga no número de internautas no Brasil? 26

4. Você crê que a internet pelo celular é um mercado potencial? Explique. 5. Qual a importância para um estudante ou um profissional de marketing entender marketing digital? 27

Gabarito 1. Mídias digitais são as ferramentas utilizadas para a produção, distribuição e visualização de conteúdos em forma de imagem, texto, voz ou uma combinação entre estas. 2. O conceito de Cauda Longa está ligado ao fato da redução dos custos de armazenamento e distribuição dos arquivos digitais, possibilitando uma oferta praticamente infinita. Nesse novo cenário, as empresas não precisam contar apenas com grandes sucessos, uma vez que o faturamento tende a descer até o final da Cauda Longa. 3. São temas fortemente correlacionados, uma vez que com o aumento e a popularização da banda larga, mais pessoas poderão ter acesso à internet. 4. A densidade de celulares com tecnologia 3G ainda é muito pequena, comparando-se com outros países, o que leva a crer que haverá um boom nesse tipo de tecnologia. 5. Com o aumento no número de internautas, acessos banda larga, redes 3G, multiplicação das opções e aumento dos nichos, cada vez mais as empresas investirão em estratégias de marketing digital. Entendê-las, então, é obrigação para os profissionais de marketing. 28 Referências ANDERSON, Chris. A Cauda Longa. A nova dinâmica de marketing e vendas: como lucrar com a fragmentação dos mercados. Rio de Janeiro: Elsevier Campus, 2006. BUSKIRK, Eliot Van. Vinyl may be final nail in CDs coffin. Wired Magazine (on-line). 29 out. 2007. Disponível em: <www.wired.com/entertainment/music/commentary/ listeningpost/2007/10/listeningpost_1029>. Acesso em: 12 mar. 2010. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <www.ibge.gov.br/ home/>. Acesso em: 20 mar. 2010.

IAB Brasil Interactive Advertising Bureau. Palestra de Ari Meneghini. II Digitalks São Paulo. Disponível em: <www.slideshare.net/digitalks/palestra-ari-meneghini-no-iidigitalks-so-paulo>. Acesso em: 20 mar. 2010.. Disponível em: <http://iabbrasil.ning.com/>. Acesso em: 20 mar. 2010. INTERNET WORLD STATS. Usage and Population Statistics. Disponível em: <www.internetworldstats.com/stats.htm>. Acesso em: 20 mar. 2010. PENN, Mark. Microtendências as pequenas forças por trás das grandes mudanças de amanhã. Rio de Janeiro: Best Seller, 2008. REUTERS. Mídias novas e antigas fazem bem umas às outras. HSM Online. Disponível em: <http://br.hsmglobal.com/notas/41534-midias-novas-e-antigas-fazem-bemumas-%c3%a0s-outras-diz-huffington>. Acesso em: 20 mar. 2010. TELECO 3G. Operadoras de 3G no Mundo. Disponível em: <www.teleco.com.br/ pais/3g.asp>. Acesso em: 20 mar. 2010.. 3.ª Geração de Celular no Brasil. 19 mar. Disponível em: <www.teleco.com. br/3g_brasil.asp>. Acesso em: 20 mar. 2010. WIKIPÉDIA. A Cauda Longa. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/a_cauda_ Longa>. Acesso em: 25 mar. 2010. 29