IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO PARA DAR SUPORTE ÀS ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS E DE ENSINO Ricardo Villarroel Dávalos Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL - GPSIG Grande Florianópolis - Pedra Branca 88130-000 Palhoça - SC, E-mail: rdavalos @unisul.br Ana Luísa Mülbert Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL - GPSIG Grande Florianópolis - Pedra Branca 88130-000 Palhoça - SC, E-mail: analum@unisul.br ABSTRACT: With the purpose of aid and provide resources and procedures to the users, for an information efficient management, the University of Santa Catarina's South - Unisul implanted an Enterprise Resources Planning - ERP, returned initially to the administrative activities, financial and materials control. This work presents some experiences of the implantation process of the SAP/R3 and the establishment of a research group to give support to this system and to support its use in the teaching and research. Considering that the restructuring of the university and the implantation of the ERP systems are tasks of long period, the aim of this paper is the use of integration concepts and technological changes in the learning processes. Key-words: Enterprise Resources Planning, Information Technology, Teaching/Learning Strategies 1.0 Introdução O rápido crescimento da Universidade do Sul de Santa Catarina - Unisul, nestes últimos anos, levou à procura de alternativas para agilizar os processos de planejamento, controle e tomada de decisões, além do cuidado em estabelecer uma base para futuros projetos de melhoria. A iniciativa de implantação de um Sistema Integrado de Gestão (Enterprise Resources Planning - ERP) surgiu como ferramenta para proporcionar soluções e também como uma oportunidade de mudança tecnológica. Pode-se definir um ERP de diversas maneiras, dependendo do ponto de vista do estudioso do assunto: como um sistema de informações para uma organização; como uma arquitetura de software, que facilita o fluxo de informações entre todas as áreas como, por exemplo, manufatura, logística, finanças, recursos humanos, etc.; como um banco de dados único, que interage com um conjunto integrado de aplicativos e que consolida todas as operações da organização em um único ambiente computacional. Os ERP estão ocupando um espaço amplo no mercado de software, sendo uma das razões, o fato da reorganização das instituições em torno de processos, sendo estes sistemas, por natureza, focados por processos. Como forma de contribuir para o desenvolvimento e implantação destes sistemas, surge a abordagem de gestão de processos através de uma Arquitetura de Sistemas de Informação (ASI), sendo que as perspectivas desta têm evoluído com a apresentação de modelos de ASI com enfoques diferenciados e ENEGEP 2002 ABEPRO 1
envolvem de modo geral: a integração entre organização, negócios, sistemas, tecnologia e usuários; a apresentação da ferramenta ASI; e a arquitetura tecnológica (TAIT, 99). As universidades, conscientizadas da importância do assunto, têm celebrado acordos com fornecedores de hardware e software, recebendo recursos geralmente a custos simbólicos. Professores são treinados, laboratórios equipados e o ERP passa a ser um tema de grande importância, a ponto de gerar alterações curriculares (Ex.: Louisiana University, California State University, Universidade de São Paulo, Universidade Newton Paiva, etc). A Unisul celebrou uma parceria acadêmica com a fornecedora de equipamentos IBM (Insternational Business Machines), com a fornecedora do Sistema Integrado de Gestão SAP (Systeme Anwendungen Produkte in der Datenverarbeitung ou Systems Aplication Products in Data Processing) e com a fornecedora do software para Gestão de Processos IDS Scheer (Integrierte Datenverarbeitunssysteme ou Integrated Information Systems), que objetiva equipar um laboratório onde serão desenvolvidas atividades acadêmicas que atendam aos cursos de graduação e pós-graduação, bem como a área de pesquisa. Além disso, a Unisul implantou o SAP/R3 com a expectativa de disponibilizar informações, fornecer meios para uma integração, diminuir o esforço gerencial e operacional, oferecer transparência e estruturação do planejamento operacional, e apoiar aos processos de gestão universitária. Dado que o compromisso de uma instituição com sua vocação universitária se revela através do dinamismo de suas atividades de pesquisa, a Unisul tem criado como fruto desta parceria, o Grupo de Pesquisa em Sistemas Integrados de Gestão GPSIG, que procura gerar conhecimentos e tecnologia em gestão universitária e em ERP, para a melhoria das práticas acadêmicas e administrativas. A integração do grupo com as atividades de ensino e pesquisa se encontram em fase de desenvolvimento e o objetivo principal deste trabalho é o uso de conceitos de integração e mudanças tecnológicas nos processos de aprendizagem. 2.0 Sistemas Integrados de Gestão Com o avanço da Tecnologia de Informação, as organizações passaram a utilizar sistemas de informações (SI) para apoiar suas atividades, sendo desenvolvidos vários sistemas para atender aos requisitos específicos das diversas unidades de negócio, plantas, departamentos e escritórios. Um SI poderia ser compreendido como um conjunto de componentes interrelacionados, desenvolvidos para coletar, processar, armazenar e distribuir informações, facilitando a coordenação, o controle, a análise, a visualização e o processo decisório nas organizações. Os ERP são SI que integram informações e processos entre as diversas áreas funcionais da organização, proporcionando recursos e procedimentos aos usuários, para um gerenciamento eficiente das informações. Os ERP representam o estágio mais avançado dos sistemas tradicionalmente chamados MRP II (Manufacturing Resource Planning MRP). É composto basicamente de módulos que atendem as necessidades de informação, ligados a todos os processos operacionais, produtivos, administrativos e comerciais. A Figura 2.1 ilustra a estrutura típica de funcionamento integrado de um ERP, a partir de uma base de dados única (DAVENPORT, 98). ENEGEP 2002 ABEPRO 2
Diretoria e Acionistas Relatórios C l i e n t e s Vendas e Distribuição Representantes de Vendas e Serviços Base de dados Finanças e Controladoria Pessoal Administrativo Manufatura Pessoal de chão de Fábrica F o r n e c d o r e s Apoio e Serviços Gerenciamento de Recursos Humanos Gerenciamento de materiais Funcionários Figura 2.1 Estrutura típica de funcionamento de um ERP Os ERP abrangem uma gama de funcionalidades e processos empresariais. Logicamente, de acordo com o fornecedor do sistema, existe variação em amplitude (número de atividades e processos contemplados pelo sistema) e em profundidade (grau de especificidade e flexibilidade com que trata um processo determinado). De forma geral, estes sistemas fornecem suporte às atividades administrativas (finanças, recursos humanos, contabilidade e tributário), comerciais (pedidos, faturamento, logística e distribuição) e produtivas (projeto, manufatura, controle de estoques e custos). Muitos ERP são comercializados em pacotes contendo módulos básicos para a gestão do negócio. Módulos adicionais podem ser adquiridos individualmente, em função do interesse e da estratégia da empresa. Todos esses aplicativos são completamente integrados, a fim de propiciar consistência e visibilidade a todas as atividades inerentes aos processos da organização. Nomes comerciais de ERP como SAP, BAAN, Oracle Aplications, BPCS, Peoplesoft, JDEdwards, MFG/Pro, Microsiga, Datasul, dentre outros, passaram a fazer parte das empresas de médio a grande porte no Brasil e no exterior. Atualmente, os ERP se encontram cada vez mais ofuscados por: portais de negócios; cadeias de suprimento sincronizadas; sofisticados sistemas de logística; comercio eletrônico (e-commerce); provedores de ASP (Active Server Pages) e, principalmente, pelas ferramentas ASI que irão possibilitar a integração de todos os processos de negócio. A ASI estabelece um conjunto de elementos, cuja finalidade é proporcionar um mapeamento da organização, no tocante aos elementos envolvidos com os procedimentos de desenvolvimento/implantação do sistema. Os principais modelos de ASI encontrados na ENEGEP 2002 ABEPRO 3
literatura são a estrutura proposta por Zachman, a arquitetura ARIS (Architeture of Integrated Information System) da IDS - Scheer, a arquitetura CIM-OSA (Computer Integrated Manufacturing Open System Architecture), a arquitetura SA2001 (System Architect 2001), dentre outros (KETTINGER et alli, 1997). Enfim, a ASI possibilita, para os ERP, as contribuições básicas: aprimorar as atividades do planejamento estratégico, melhorar o desenvolvimento e implantação, racionalizar a execução das atividades, economizar tempo, estabelecer ordem e controle no investimento de recursos, definir e inter-relacionar dados, fornecer comunicação clara entre os membros da organização, permitir melhorar e integrar ferramentas e metodologias de desenvolvimento de software, estabelecer credibilidade e confiança no investimento de recursos do sistema, fornecer condições para aumentar a vantagem competitiva (TAIT, 99). Considerando as dificuldades que apresentam os ERP, os principais fornecedores já começaram a providenciar mudanças em seus produtos, tendo em vista a integração sintonizada de todos os processos internos e a conectividade da cadeia de suprimentos. Estes novos produtos estão sendo chamados de ERP II e sua evolução tecnológica vem sendo considerada como um fato natural, em decorrência das necessidades geradas pelos clientes. Assim, as principais características destes novos sistemas são a incorporação de módulos adicionais dentro dos módulos básicos ou também definidos como componentização, a facilidade de troca de informações comerciais com outros sistemas concorrentes, a utilização de aplicações SCM (gestão da cadeia de suprimentos) e CRM (gestão de relacionamento com os clientes) de um outro fabricante e a orientação total para a internet (AUGUSTO, 2001). 3.0 Implantação do Sistema Integrado de Gestão na Unisul Na busca de um gerenciamento eficiente das informações, a Unisul implantou o SAP/R3 mediante o Projeto Visão. O objetivo deste projeto foi de reestruturar a universidade para promover uma melhor integração dos alunos, docentes e colaboradores aos processos de gestão universitária. Inicialmente foram estudadas duas alternativas: comprar uma solução padrão e adequar a organização a este sistema ou reestruturar e normalizar processos antes de implantá-lo. Como a segunda alternativa demandaria grandes esforços (tempo, recursos humanos e financeiros, etc.), que culminariam, provavelmente, numa sistemática única de gerenciamento, levando à necessidade de uma grande parametrização do software, optouse pela primeira alternativa, principalmente em função de que apenas alguns módulos relacionados a atividades administrativas, financeiras e de controle de materiais seriam contemplados. A primeira etapa do projeto contemplava a integração dos processos administrativos e financeiros, com a implantação dos módulos: financeiro (contabilidade geral, contas a pagar e receber, e tesouraria); administração (administração de ativo fixo); controladoria (contabilidade por centro de custo e por centro de lucro); suprimentos, logística e materiais (compras, controle de inventário, gerenciamento de estoques, verificação de faturas e planejamento de materiais baseado no consumo). Esta primeira etapa foi definida por quatro fases: preparação do projeto; planejamento da implantação; implantação do sistema; início produtivo e suporte. Nas primeiras duas fases foram realizadas cuidadosamente as análises de adequação para comprovar que, de fato, a solução atende minimamente às necessidades específicas da universidade. Nas últimas fases do processo de implantação, estão inseridas as atividades de: treinamento conceitual na lógica do SAP/R3, treinamento operacional, redesenho de processos, gestão da mudança organizacional, garantia das informações envolvidas, eventuais customizações e parametrização do sistema, entre outras. ENEGEP 2002 ABEPRO 4
A implantação do SAP/R3 contou com o comprometimento da direção e foi realizada por professores e funcionários da universidade, com a participação de consultores designados pelas empresas envolvidas na parceria. A importância da implantação deste sistema se justifica pela capacidade de apoio aos procedimentos de gestão e à tomada de decisões. Como a universidade apresenta uma grande quantidade de dados e processos, existe a necessidade de contar com procedimentos de tratamento da informação, mais precisos e rápidos. A análise de adequação, da implantação, da manutenção e do uso do SAP/R3, demonstrou ser este, um processo de mudança organizacional, bastante abrangente e multifuncional, que está alterando toda a rotina com que a universidade desenvolve suas atividades. As principais vantagens apresentadas pelo SAP/R3 são: a unificação da base de dados, eliminando-se o re-trabalho e a redundância de dados, trazendo maior confiabilidade às informações e o acesso em tempo real; melhor controle dos lançamentos do sistema; maior interação entre as áreas; diminuição da carga de atividades; redução do tempo total de andamento dos processos. Em entrevistas realizadas com os usuários, além de constatadas as vantagens anteriormente descritas, os funcionários do setor administrativo, financeiro e de materiais demonstraram maior confiança e interesse em utilizar outros recursos que o SAP/R3 dispõe. As principais dificuldades encontradas na implantação deste sistema foram: resistência à mudança por parte de alguns usuários quanto aos processos; morosidade na realização das atividades em função da insegurança dos usuários; ausência de informação normativa sobre os novos procedimentos de gestão; adequação ao novo ambiente de trabalho; administração das constantes exceções existentes nos processos. Estas dificuldades foram contornadas mediante explanações e discussões sobre o andamento do processo de implantação, reconhecimento e remoção de resistências, e mediante a participação dos integrantes do projeto. A segunda etapa do projeto, a ser iniciada em breve, contempla a implantação dos módulos relacionados com: recursos humanos, projetos, gestão acadêmica e relacionamento com o acadêmico e parceiros. 4.0 Estabelecimento do Grupo de Pesquisa Um grupo de pesquisa é composto por indivíduos organizados hierarquicamente, onde o fundamento organizador da hierarquia é a experiência, o destaque e a liderança no terreno científico e/ou tecnológico, apresentando envolvimento profissional e permanente com atividades de pesquisa, trabalho organizado em torno de umas poucas linhas comuns de investigação e compartilhando de algum modo instalações e equipamentos. O GPSIG foi criado como um grupo estratégico de pesquisa para dar suporte às ações acadêmicas e administrativas na Unisul, integrado por professores e funcionários e liderados pelo Diretor de Pesquisa. Os membros do Grupo possuem grande experiência, liderança e destaque no campo científico e apresentam envolvimento profissional e permanente com atividades de pesquisa. As suas histórias acadêmicas mostram que possuem formações diferentes e algumas convergências na especialização, nas pesquisas realizadas e nas disciplinas ministradas. Considerando a abrangência e a complexidade dos assuntos abordados, o Grupo iniciou suas atividades com o nivelamento dos principais temas: planejamento estratégico e o programa de qualidade da Unisul; características das organizações universitárias; os processos nas organizações; sistemas de informação; implantação e usos do ERP na Unisul; prêmio Malcolm Balgrige de qualidade na educação; proposta de modelos de ENEGEP 2002 ABEPRO 5
avaliação institucional para as universidades brasileiras; gestão da mudança através do balanced scorecard. Os temas foram apresentados pelos integrantes do Grupo e outros por funcionários da Unisul, em forma de seminário. Adicionou-se a isto, os cursos e palestras dados pelos consultores da SAP e IDS-Scheer, assim como as discussões de artigos e as pesquisas realizadas na internet. Uma vez estudados os assuntos, foram definidas duas áreas de atuação: Sistemas de Gestão Integrados por Processos e Gestão Universitária, sendo efetuado para cada uma um planejamento estratégico, conduzido pelos objetivos e pelas necessidades do Grupo. A seguir é apresentada a missão de cada área, respectivamente: gerar conhecimentos e tecnologia em sistemas integrados de gestão por processos, para a melhoria da prática acadêmica e administrativa; gerar conhecimentos em gestão universitária, para criar diferenciais competitivos para a Unisul. Cada área tem por fim: ser referência como grupo de pesquisa aplicada em sistemas integrados de gestão por processos; ser um grupo de pesquisa de referência em gestão, gerando conhecimento para o alto desempenho de uma instituição de ensino superior. Os participantes de cada área vêm realizando pesquisas e, em reuniões freqüentes, os resultados são avaliados, de acordo com os objetivos inicialmente propostos no planejamento estratégico e, além disso, dedicam-se à organização e a manutenção do laboratório. 5.0 Iniciativas de uso do ERP no ensino e pesquisa As alianças da SAP nasceram na Alemanha, na década do 80. Lá, mais do que aqui, o intercâmbio de conhecimento entre a iniciativa privada e o setor acadêmico é uma cultura fortemente arraigada. No Brasil, esta história começou há pouco tempo, nos primeiros meses de 1997, sendo que as primeiras instituições decidiram empregar este sistema no ensino de graduação, especialização e pós-graduação. As pesquisas que se vem desenvolvendo vão, desde a criação de templetes mais adequados à realidade de uma empresa brasileira do mercado agrícola nacional, até a produção integrada e gestão da cadeia de suprimentos. A versão acadêmica do SAP/R3 está constituída por uma base de dados de uma companhia hipotética e seu uso está voltado para executar transações (centro de custo, ordens de compra, faturas, requisições, etc.), analisar desempenhos (rentabilidade, análise de vendas, planejamento da produção e compras, análise financeira, etc.) e avaliar a estrutura global da companhia. Os exemplos desta versão incluem Contabilidade Financeira (definição de dados para a estrutura organizacional da companhia), Tesouraria (disponibilidade de caixa e dados da administração), Controladoria (controle e definição áreas operacionais), Logística (estoques, linhas de produto, instalações, etc), Vendas e Distribuição (organização de vendas, registros de cliente, distribuição de produtos, etc.). Mediante as atividades de ensino e pesquisa comentadas a seguir, o GPSIG pretende introduzir, através da versão acadêmica SAP/R3, o entendimento amplo da forma como a empresa opera, a integração de conceitos estudados nos diferentes cursos, desafios envolvidos em sua implantação e desenvolvimento destes sistemas. Além disso, sabe-se que os processos de negócio nas organizações mudam, implicando também mudanças no sistema e modelo que os suporta. Pretende-se, para isto proporcionar uma cobertura ENEGEP 2002 ABEPRO 6
significante de conceitos ERP, através de um aprendizado experimental e estudos comparativos de impactos produzidos destes sistemas nas organizações. Considerando o recente início de atividades de pesquisa do GPSIG e a pouca literatura voltada para o ensino, as principais iniciativas de uso do ERP no ensino e pesquisa são: elaboração de uma apostila com descrição das principais pesquisas; organização de eventos; publicação de artigos; apoio às atividades administrativas; visitas a empresas e instituições que trabalhem com ERP; estudos de aplicação do sistema em sala de aula. As iniciativas no ensino estão vinculadas a quais cursos serão envolvidos, quais disciplinas afetadas, eventuais inclusões de novas disciplinas, etc. Desta forma, nos cursos ligados às áreas de negócios (Administração, Contabilidade, Economia, Marketing), seriam utilizados estes sistemas para o entendimento amplo da forma como a empresa opera e a integração de conceitos dos diferentes cursos. Também, nos cursos ligados às áreas de tecnologia (Computação, Sistemas de Informação e Engenharias), além da utilização anteriormente comentada, se mostraria aos alunos o papel dos SI na empresa e os desafios envolvidos em sua implantação e gerenciamento, podendo-se chegar até mesmo ao desenvolvimento de projetos integrados, envolvendo alunos de diversos cursos e de outros grupos de pesquisa. O Grupo de Sistemas Computacionais Inteligentes da Unisul, por exemplo, vem construindo um SI para as micro e pequenas empresas. Para poder atender primeiramente as iniciativas no ensino estão sendo preparadas disciplinas de capacitação, orientadas para a analise de processos envolvidos nas organizações, através do uso de recursos computacionais (fluxogramas, simuladores, workflow, etc). Espera-se desta forma mostrar as ligações entre a cadeia de suprimentos e o gerenciamento econômico/financeiro, entre os processos de fabricação e comercialização, etc. A experiência adquirida na implantação do ERP e as abordagens teóricas dos módulos Financeiro; Administrativo; Controladoria e Suprimentos, Logística e Materiais, vêm contribuindo com estas iniciativas. Além disso, professores em formação vêm desenvolvendo teses de doutorado relacionadas a metodologias de ensino de ERP. Contatos com professores e grupos de pesquisadores de outras instituições vêm sendo aprimorados, para intercâmbio de informações sobre trabalhos em andamento. Para contribuir com o perfil criativo e empreendedor dos cursos, encontra-se em fase de desenvolvimento, cursos de capacitação em Sistemas de Gestão Integrados e Reengenharia de Processos de Negócios, voltada para alunos, professores e funcionários. 6.0 Conclusões Este trabalho apresentou um conjunto de experiências do processo de implantação do SAP/R3 e o estabelecimento de formação de um grupo de pesquisa para dar suporte a este sistema e propor conceitos de integração e mudanças tecnológicas no ensino e pesquisa. A abordagem conceitual da iniciativa do uso do ERP no ensino, apresentada neste trabalho, pode ser aplicada em universidades que buscam soluções deste tipo. Estudos de caso e experiências de uso deste sistema, fortalecem esta abordagem, desde que a funcionalidade seja transmitida de maneira clara e objetiva. Desta forma, a visão geral de uso contribui para o aprendizado e esta prática pode ser melhorada ainda mais, com o desenvolvimento de aplicações mais completas e detalhadas, em cursos de pós-graduação. Para introduzir o uso do ERP no ensino, é importante que a visão para a sua utilização esteja focalizada nos processos de aprendizagem e não como treinamento para profissionais. Algumas universidades vêm oferecendo cursos totalmente voltados para sistemas específicos. Evidentemente, esta proposta poderia funcionar como uma estrutura ENEGEP 2002 ABEPRO 7
de treinamento para técnicos que iriam auxiliar na implantação e/ou utilização daquele sistema, mas foge dos objetivos da universidade. Por isso, recomenda-se cuidado especial ao introduzir estas iniciativas. A experiência adquirida na implantação do SAP/R3, vem sendo utilizada para modelar e simular processos de situações reais das organizações. Desta forma, pretende-se pesquisar metodologias que venham a contribuir com o ensino do ERP na Unisul. O GPSIG é consciente de que o trabalho não está concluído com a implantação do SAP/R3, apenas inicia, pois estes sempre terão novas versões e ajustes para que correspondam as mudanças organizacionais que vem sofrendo a Unisul. Além disso, a carência de pessoal treinado e os problemas decorrentes, fortalecem ainda mais as iniciativas de uso do ERP no ensino e na pesquisa. Considerando a abrangência dos assuntos relativos ao ERP, a reestruturação organizacional que ocorre na universidade e o início de atividades do GPSIG, espera-se contar, em curto prazo, com resultados mais consistentes e com a possibilidade de dar suporte mais eficiente às ações acadêmicas e administrativas. O GPSIG entende que a automação dos processos de negócios existentes nas organizações, por si só, apenas em raras ocasiões, conduz a ganhos de produtividade superiores. A chave para o sucesso quase sempre recai na modificação substancial e na melhoria dos processos de negócio, a qual é apoiada por um ERP muito bem afinado. 7.0 Referências ALSÈNE, É. The computer integration of the enterprise. IEEE Transactions on Engineering Management, vol. 46, nº 1, 1999, p.26-35. AUGUSTO, A. Um novo ERP em voga?, COMPUTERWORLD Tecnologia e negócios no mundo corporativo. Ano IX, n. 335, 2001. p. 14-21. BECERRA-FERNANDEZ, I.; MURPHY, K. E.; SIMON, S. T. Integrating ERP in the business school curriculum. Communications of the ACM. v. 43, n. 4, 2000. DAVENPORT, T. H. Putting the enterprise into the enterprise system. Harvard Business Review. Julho-Agosto, 1998, p.121-131. GERHARD, K.; TEUFEL, T. SAP R/3 Process Oriented Implementation: Iterative Process Prototyping, Addison-Wesley Pub Co., October 1998, 844 p. GROTEVANT, S. Business Engineering and Process Redesign in Higher Education: Art or Science?. URL: http://www.educause.edu/copyright.html, CAUSE 98 Seatlo Washington, December 2001, 16 p. KETTINGER, W. J.; TENG, T. C.; GUHA, S. Business process change: a study of methodologies, techniques, and tools. URL: http://theweb.badm.sc.edu/bpr/, MIS Quarterly, March 1997, 35 p. KURIHARA, T.; BRETERNITZ, V. J. As ferramentas Enterprise Resource Planning (ERP) e seu impacto nos currículos universitários. Mackenzie de Engenharia e Computação. São Paulo, Ano 1, n. 1, 2001, p. 21 29. MOOIJ, T.; SMEETS, E. Modelling and supporting ICT implementation in secondary schools. Pergamon Computers & Education. n. 36, 2001, p. 265 281. SCHEER, A. W. ARIS toolset: a software product is born. Information System. V. 19, n. 8, 1994. p. 607-624. TAIT, T. F. C.; et al. Arquitetura de sistemas de informação evolução e análise comparativa de modelos. ABEPRO, V. 9, n.1, 1999. p. 55-64. WATSON, E. E.; SCHNEIDER, H. Using ERP System in Education Communications of the ACM. v. 1, n. 9, 1999, p. 1 48. ENEGEP 2002 ABEPRO 8