Financiamento da Educação Plano Nacional de Educação PL 8035/2010



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Transcrição:

Financiamento da Educação Plano Nacional de Educação PL 8035/2010 Profª Cleuza Rodrigues Repulho Dirigente Municipal de Educação de São Bernardo do Campo/ SP Presidenta da Undime

Projeto de Lei 8035/ 2010 A Undime no debate do PL 8035/ 2010 vem seguindo os seguintes princípios: análise das metas e estratégias com base nas deliberações da Conae (março/ 2010); construção coletiva das emendas no âmbito da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a qual a Undime integra há dez anos.

Projeto de Lei 8035/ 2010 Objetivos de nossa mobilização: Fortalecer o PL. Corrigir eventuais limitações do PL. Criar ferramentas efetivas para a viabilização de novos recursos financeiros, necessários para a implementação do PNE. Tornar as políticas educacionais mais participativas.

Projeto de Lei 8035/ 2010 Críticas: limitações de financiamento que inviabilizam o cumprimento das metas; ausência de metas intermediárias que permitiriam um monitoramento mais eficaz do plano; necessidade de pactuar as responsabilidades entre os entes federados; ausência de diagnóstico e projeções. Diante disso, tomamos as pesquisas do IBGE, os censos oficiais, os estudos do Inep e do Ipea, e as deliberações da Conae, como base para nossas emendas.

Financiamento da educação A Undime realizou, em parceria com a Fundação Itaú Social e Unicef, pesquisa, de agosto de 2010 a fevereiro de 2011, com o objetivo geral de sistematizar o perfil dos gastos educacionais nos municípios brasileiros. Para isso foram estabelecidos quatro objetivos específicos: 1. Verificar o montante investido em manutenção e desenvolvimento do ensino em municípios. 2. Verificar o valor investido por aluno, na rede municipal, discriminado em creche, pré-escola, séries iniciais e séries finais do ensino fundamental e educação de jovens e adultos. 3. Verificar as diferenças regionais existentes entre os municípios. 4. Comparar o gasto real municipal com os projetados pelo Custo Aluno-Qualidade Inicial - CAQi. Após três meses de coleta, no dia 9 de novembro foi encerrada a coleta on line dos formulários, tendo sido contabilizados 321 respondentes, distribuídos por 24 estados. Com a prorrogação do prazo foram totalizados 337 formulários respondidos. Após o trabalho de análise de consistência foram validados 224 formulários.

Financiamento da educação Os dados do Siope, pelo menos da forma como estão organizados, não podem ser utilizados como parâmetro para comparar o custo-aluno médio, pois há evidentes distorções. Siope Pesquisa Undime Creche 5.144,09 Pré-escola 2.647,10 Educação infantil 2.195,40 3.122,36 Séries iniciais 2.815,46 Séries finais 3.134,38 Ensino fundamental 3.047,00 2.937,65 EJA 140,10 1.881,95 A utilização dos valores do Siope para a expansão das matrículas da educação infantil representa 8,6 bilhões a menos no cálculo dos gastos necessários para cumprir a Meta 1. Isso representa 0,28% do PIB a mais.

Financiamento da Educação 20.7) Destinar cinquenta por cento (50%) dos créditos advindos do pagamento de royalties decorrentes de atividades de produção energética (extração, tratamento, armazenagem e refinamento de hidrocarbonetos) à manutenção e desenvolvimento do ensino (MDE). O sucesso do PNE depende de medidas que viabilizem uma diversificação de recursos vinculados à educação, em uma escala que permita alcançar a meta de investimentos públicos em educação pública. Vale reforçar que esta foi a deliberação da Conae, processo de participação social que deve servir de subsídio para a elaboração da proposta de PNE.

Financiamento da Educação - CAQ Meta 21) O financiamento à educação deve tomar como referência o mecanismo do custo aluno-qualidade (CAQ), que deve ser definido a partir do custo anual por aluno/estudante dos insumos educacionais necessários para que a educação básica pública adquira e se realize com base em um padrão mínimo de qualidade, sendo o prazo para a sua implementação o de dois anos após a aprovação desta Lei. 21.1) A definição do CAQ deve ser realizada no prazo máximo de um ano após a aprovação desta Lei, na forma de uma legislação específica que determine prazos e responsabilidades administrativas, entre os entes federados, para sua implementação. 21.2.) A definição do CAQ deve ser empreendida na forma de lei por meio de articulação e negociação entre os entes federados, em interlocução com o Congresso Nacional, com o Conselho Nacional de Educação e com as organizações da sociedade civil presentes no Fórum Nacional de Educação. 21.3) O CAQ deve ser tratado como a principal referência de financiamento da educação e como eixo fundamental do regime de colaboração da educação.

Financiamento da Educação - CAQ 21.4) O estabelecimento do CAQ deve ser subsidiado pela institucionalização e manutenção, em regime de colaboração, de um programa nacional de reestruturação e aquisição de equipamentos para escolas públicas, tendo em vista a equalização regional das oportunidades educacionais. 21.5) O CAQ deve assegurar a todas as escolas públicas de educação básica insumos como água tratada e saneamento básico; energia elétrica; acesso à rede mundial de computadores em banda larga de alta velocidade; acessibilidade à pessoa com deficiência; acesso a bibliotecas; acesso a espaços adequados para prática de esportes; acesso a bens culturais e à arte; e equipamentos e laboratórios de ciências. 21.6) No ensino superior o CAQ deve definir parâmetros que expressem a qualidade da instituição de educação superior e estabelecer que o volume mínimo de recursos financeiros seja alocado para que as atividades de ensino (graduação e pósgraduação), pesquisa e extensão reflitam a qualidade estabelecida. 21.7) Caberá à União a complementação de recursos financeiros a todos os estados, DF e aos municípios que não conseguirem atingir o valor do CAQ.

Financiamento da Educação - CAQ O CAQ foi amplamente debatido e aprovado na Conae, sendo referendado em todas as etapas do processo. Proposto e criado pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o CAQ é apoiado por diversas instituições e foi matéria do Parecer 8/ 2010 da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação. O CAQ é tratado como um dos principais instrumentos para estabelecer o padrão mínimo de qualidade de que trata a Constituição Federal de 1988, a LDB e o último PNE. O CAQ é também um instrumento central para o estabelecimento de uma política de dignidade, equidade e de distribuição de recursos de forma transparente e justa nas políticas educacionais. Deve, portanto, ser implementado, não apenas definido. Por todas essas razões, o CAQ é reconhecido hoje como o principal mecanismo capaz de aliar a garantia de um financiamento educacional adequado com as exigências de qualidade e eqüidade do ensino.