Kits de Socorrismo em combate



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Transcrição:

6 Kits de Socorrismo em combate Nº6 Setembro de 2014 Revista Trianual propriedade da ACADO Associação de Colecionadores e Atiradores do Oeste

socorro em combate O conceito de Socorro em Combate tem sofrido alterações ao longo dos séculos. Desde os dias do Legionário Romano, com o seu gládio, escudo e pilum, até à moderna infantaria de combate, que a capacidade organizada que o Homem tem de rasgar a carne e partir os ossos dos seus oponentes, tem vindo a aumentar em níveis de eficácia. Felizmente, para os desafortunados que num piscar de olhos se vêm transformados, de operacionais, em vítimas, também a assistência Médica tem vindo a melhorar substancialmente. Especialmente no campo de batalha moderno, em que os Exércitos Ocidentais fazem das tripas coração para salvar os seus Homens. Longe vão os dias em que havia cirurgiões de campo que tinham mais de alquimistas do que de Médicos, em que tratavam ferimentos de bala com gema de ovo, óleo de rosas, aguarrás, etc. Juntamente com os avanços na Medicina também vieram os avanços no acompanhamento tático aos operacionais no

terreno, deixaram de existir meros Hospitais de campanha e deu-se a introdução e denominação de Socorristas, Paramédicos e Médicos de combate. Foi no século XX que se deram os maiores avanços na Medicina Militar e principalmente no campo do Socorrismo de Combate. A invenção dos Antibióticos, após a descoberta da Penicilina em 1928, veio controlar grande parte das infeções. A introdução de Socorristas e equipamento de socorro na estrutura de combate veio permitir um auxílio imediato aos feridos. Foi da necessidade da presença de Socorristas no campo de batalha, que o conceito de Medicina/Socorrismo Tático

nasceu, também da necessidade que empresas de segurança privadas e até as forças de ordem pública têm de uma ajuda imediata na sua esfera de atuação. Nas últimas três décadas, estas forças têm sofrido uma maturação constante através da experiência e conhecimentos de operacionais civis e militares, especialmente, com um contributo inigualável das Forças de Operações Especiais em teatros de Guerra. O Socorrismo de Combate não foi desenvolvido para substituir o Oficial Médico, Enfermeiro, Bombeiro, INEM ou outros profissionais de Saúde, simplesmente, não é humanamente possível nem logísticamente viável ter presente uma equipa de profissionais de saúde em todos os locais e horas onde possa ocorrer uma situação Tática.

Conseguimos encontrar armas modernas nas regiões mais inóspitas do Mundo, no entanto, a Medicina Moderna continua a falhar na sua capacidade de seguir os operacionais no seu terreno de operações. Daí se concluí que, se cada operacional tiver treino, equipamento, conhecimentos e técnicas em Socorrismo Tático poderá fazer a diferença entre a vida ou morte de uma vítima com ferimentos graves (que pode ser ele próprio). Este poderá prestar socorro imediato a si ou a terceiros, e assim garantir a sobrevivência imediata da vítima, até à chegada de uma equipa de pessoal especializado ou à sua evacuação para local especializado. A introdução de Kits individuais de 1ºs Socorros em combate, que permitem ao Soldado começar a cuidar dos seus ferimentos, assim como a qualquer colega que o socorra, terá sido dos passos mais importantes no Socorrismo Tático.

[Ty pe a qu ote fro m the do cu me nt or the su m ma ry of an int ere sti ng poi nt. Yo u can po siti on the tex t bo x an yw her e in the do cu me nt. Us e the Tex Tudo o Que precisa Para o seu Kit de Socorrismo em Combate www.soldiers-almada.com Rua Capitão Leitão, nº66-i, 2800-133 Almada Telef. 218 822 846 / e-mail: regulforce@gmail.com

A diferença entre um kit de 1ºs socorros e um Kit de Socorro em Combate Devemos ter em atenção que um Kit de Primeiros Socorros nada tem que ver com um Kit de Socorro em Combate. Aquele vulgar nome que nós conhecemos por Kit de 1ºs Socorros, que todos temos na casa de banho ou no porta bagagens do carro, está equipado apenas com pequenas coisas que nos podem ajudar em ferimentos ligeiros, ou num mal-estar local ou geral. Normalmente, estão equipados com pensos rápidos, um pouco de gaze e algum produto desinfetante, mesmo no caso de um kit mais completo que também possua algum tipo de medicação, luvas de látex ou mesmo ligaduras, estamos a falar de um kit extremamente limitado no que toca a tratar ferimentos infligidos em combate. Os ferimentos de combate são de extrema contundência, podem provocar a morte de um indivíduo em menos de 3 minutos e não será com um kit que, por exemplo, comprámos no supermercado ou que nos foi fornecido nos escuteiros, que conseguiremos resolver situações destas, que podem pôr a nossa vida ou a dos nossos companheiros em risco.

Kits de Socorro em Combate Os primeiros kits da idade moderna limitavam-se a uma simples bolsa transportada no cinto de cada soldado, esta continha ligaduras com uma compressa de gaze para tentar controlar hemorragias e saquetas com um pó de sulfanilamida (sulfa powder) para combater infeções. Só este pequeno passo conseguiu diminuir substancialmente a taxa de mortalidade em toda a segunda guerra mundial. Já os socorristas de combate, para além destes dois itens, adicionaram aos seus inventários ferramentas preciosas, tais como penicilina, morfina e plasma. Após a segunda guerra mundial, os kits individuais foram sendo sempre melhorados e alguns tornaram-se obsoletos, enquanto, que outros, indispensáveis. Hoje em dia sabe-se que as principais causas de morte por traumatismos são: 60% Por hemorragias nas extremidades 33% Pneumotorax hipertensivo 6% Obstrução das vias aérea

Os Kits atuais são desenhados para serem transportados por cada individuo, e principalmente, de modo, a que seja outra pessoa a usa-lo na vítima. No entanto, também deverá estar prontamente disponível para que o mesmo individuo consiga usa-lo nele mesmo. Estes podem ter os mais diversos utensílios, no entanto, têm evoluído no sentido de estarem preparados para lidar principalmente com essas 3 principais situações, pois o que realmente é importante termos no imediato após um ferimento, são aqueles itens que nos podem salvar a vida. Ou seja: Aquilo que possa impedir que um ferimento grave nos faça perder sangue. Pois uma hemorragia grave leva a que a corrente sanguínea não forneça os elementos necessários para que as nossas células funcionem; Aquilo que possa impedir/reparar um ferimento que não nos deixe respirar convenientemente e assim as nossas células não recebam o Oxigénio necessário.

Elementos essenciais de um Kit individual de Socorros em Combate 1. Torniquete (pelo menos um, mas o ideal será ter quatro) para interrupção do fluxo sanguínea às extremidades; 2. Compressa ou selo oclusivo (mínimo de dois) para selamento de orifícios provocados por traumatismos perfurantes ao tórax e assim tentar impedir um pneumotórax; 3. Angiocateter de 14G e com um mínimo de 8cm de comprimento (o ideal será ter dois) para descompressão torácica em caso de Pneumotórax; 4. Tubo nasofaríngeo de modo a manter as vias aéreas superiores desobstruídas.

Outros Elementos Que podem ser úteis para um Kit Individual 1. Gaze, de preferência com um agente hemostático - para controle de hemorragias profundas, em zonas onde os Torniquetes convencionais não funcionam (ex: virilha, axila, etc.); 2. Pinças Mosquito/Hemostáticas Para clampeamento de artérias ou veias profundas, em que os Torniquetes convencionais não funcionam (ex: abdómen, pescoço, etc.); 3. Fita adesiva de qualidade (combat tape) para sustentação adicional dos meios usados no controle de ferimentos; 4. Kit de traqueostomia de modo a permitir que um socorrista consiga lidar com qualquer tipo de obstrução das vias aéreas superiores;

5. Medicação imediata - conjunto de 3 comprimidos que permitem controlar a infeção, a inflamação e a dor. 6. Compressa (em H, Israelita, etc.) para controle de hemorragias menos perigosas ou em zonas onde os Torniquetes não funcionam (ex: abdómen, cabeça, etc.); 7. Utensílio de corte (tesoura, safety cutter ou outro) de modo a que o próprio ou outros possam inspecionar e tratar os ferimentos sem obstáculos; 8. Alfinetes-de-ama (safety pin) - para sustentação adicional dos meios usados no controle de ferimentos; 9. Luvas para que a pessoa que cuide do ferido não tenha riscos de contaminação Devemos ter em conta, que um kit individual deverá ter um tamanho reduzido e não deve acrescentar demasiado peso ao já pesado kit de combate. De modo algum, cada operacional deverá transportar toda uma ambulância com ele, é simplesmente impraticável.

www.originalsoegear.com Algumas Conclusões: Cada operacional deve ser portador de um kit individual de 1ºs socorros em combate; O kit de primeiros socorros está pensado, especialmente, para outra pessoa usar na pessoa ferida. Portanto, mesmo que um individuo não tenha quaisquer conhecimentos de socorro em combate, deverá ser portador de um kit básico; Cada operacional deve ter alguns conhecimentos básicos de socorro em combate, de modo, a que possa se socorrer a si próprio ou a outros, até à chegada de ajuda especializada; O uso de proteção balística é importantíssimo, pois protegem os órgãos vitais, que em caso de ferimentos, os kits individuais e os socorristas de combate provavelmente não terão a capacidade de socorrer no terreno; O Planeamento operacional de qualquer missão deverá ter em conta as capacidades de socorro de cada unidade e principalmente a capacidade de evacuação para essa missão, pois os kits de primeiro socorro só permitem estabilizar as vítimas por algum tempo (a chamada Golden hour) até à evacuação para Hospital mais próximo. por: bryan ferreira Fotografias cedidas gentilmente por: Bryan Ferreira, Tactical Response Inc., USSOCOM, ACADO.

Ficha Técnica: The way of the Warrior(s) Nº6 Setembro de 2014 Propriedade de ACADO - Associação de Colecionadores e Atiradores do Oeste NIPC - 509017240 Diretor: Bryan Henriques Ferreira Diretora Adjunta: Leonor Santos Editor: ACADO Edição e Redação: Rua 16 de Março, nº8. 2500-115 Caldas da Rainha. Portugal Registo ERC nº 126370 Colaboradores: Leonor Santos João Cortesão Paulo Verdade Aviso Legal: A Associação de Colecionadores e Atiradores do Oeste não poderá ser responsabilizada pelas opiniões expostas pelos seus redatores e colaboradores. A reprodução total ou parcial desta revista está proibida por qualquer meio, incluindo formato informático, sem a autorização expressa da direção.