Universidade Pública na Formação de Professores: ensino, pesquisa e extensão. São Carlos, 23 e 24 de outubro de ISBN:

Documentos relacionados
A formação de enfermeiros licenciados para a docência em educação profissional: reflexões sobre utilização de metodologia problematizadora

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO Curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem

EXPLICAÇÕES SOBRE ESTRUTURA CURRICULAR E SEUS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS

V Jornada das Licenciaturas da USP/IX Semana da Licenciatura em Ciências Exatas - SeLic: A

Programa de Aperfeiçoamento de Ensino na formação docente: Relato de experiência

Promoção da Saúde na Educação Básica

Eixo: 3 - Ciências Agrárias RESUMO

PROJETO DE EXTENSÃO ALFABETIZAÇÃO EM FOCO NO PERCURSO FORMATIVO DE ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA

4 Ano Curso Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem

Uma Nova Descoberta: Estágio Supervisionado

PERFIL DA FORMAÇÃO DOCENTE NO CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA

A PROFISSIONALIDADE DO BACHAREL DOCENTE NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Diagnóstico eixo temático Gestão Educacional: CORPO DOCENTE DA EAD: DOCENTES E TUTORES DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

RESULTADO DA AVALIAÇÃO INTERNA Edital Capes, 6/2018 Programa Residência Pedagógica/UNEB

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE: FORMAÇÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR - UMA ANÁLISE DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO, BACHARELADO.

Palavras-Chave: Prática Formativa. Desenvolvimento Profissional. Pibid.

A DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL COMO FOCO DE EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS NA IMPLEMENTAÇÃO DO PIBID

Câmpus de Bauru. Plano de Ensino. Disciplina A - Estágio Supervisionado III: Projetos Interdisciplinares de Ensino de Ciências e Física

SELEÇÃO DE MONITORES 2010 LICENCIATURAS

Formulário de Aprovação de Curso e Autorização da Oferta

IDENTIFICANDO SABERES DA DOCÊNCIA NA FORMAÇÃO INICIAL DE LICENCIANDOS DO PIBID DE QUÍMICA

ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO DO LICENCIADO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS

Auxiliadora Cristina Corrêa Barata Lopes Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas Brasil

A CONCEPÇÃO DE ENSINO ELABORADA PELOS ESTUDANTES DAS LICENCIATURAS

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO. SEMESTRE ou ANO DA TURMA: 5º semestre

UMA REFLEXÃO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE ESTÁGIO CURRICULAR E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O FUTURO LICENCIADO EM CIÊNCIAS AGRÍCOLAS.

PLANO DE ATIVIDADES DE ESTÁGIO (PAE) ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

V Jornada das Licenciaturas da USP/IX Semana da Licenciatura em Ciências Exatas - SeLic: A

UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE ATITUDES FRENTE O APRENDER E A ESCOLA DE ESTUDANTES DO ENSINO BÁSICO FEIJÓ, T. V. ¹, BARLETTE, V. E.

CONSELHO DE GRADUAÇÃO. Resolução CoG nº. 181, de 18 de setembro de 2018

PLANO DE TRABALHO DO PROFESSOR

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO EIXO NORTEADOR NO ENSINO DE BIOLOGIA.

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CCT DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA DMAT

Pró-Reitoria de Graduação. Plano de Ensino XX Quadrimestre de 20XX. Caracterização da disciplina Código da NHI5002- Nome da disciplina: Didática

A relevância da monitoria voluntária para o desenvolvimento de aptidões à docência: RESUMO PALAVRAS-CHAVE: INTRODUÇÃO

Resumo expandido A IMPORTANCIA DO DOCENTE NO PROCESSO EVOLUTIVO DO ESTUDANTE, NO CONTEXTO DE SUA APRENDIZAGEM

A aula como forma de organização do ensino.

EXAME NACIONAL DE DESEMPENHO DE ESTUDANTES (ENADE)/2019

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

O ESTÁGIO DOCENTE COMO LUGAR DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

Concepção dos Alunos de Ciências Biológicas Sobre as Atividades de Monitoria

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI UFCA INSTITUTO DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES IFE / BREJO SANTO-CE

REGULAMENTO DE ESTÁGIOS PARA O CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA DO CENTRO DE BLUMENAU. I Da natureza e dos objetivos

EDITAL PARA PREENCHIMENTO DE VAGA DE PROFESSOR COORDENADOR. _01 (uma) vaga ao posto de trabalho de Professor Coordenador dos anos iniciais

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA COORDENAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS VIRTUAL

O PROGRAMA DE APERFEIÇOAMENTO DO ENSINO PAE E A FORMAÇÃO DOS FORMADORES DO ENSINO SUPERIOR

NORMAS. Etapa de Preparação Pedagógica (EPP) Etapa de Estágio Supervisionado em Docência (EESD)

OS DESAFIOS DA PESQUISA NA FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA OFERECIDO PELA PLATAFORMA FREIRE, NO MUNICÍPIO DE BOM JESUS DA LAPA BA

EDITAL PRG PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES NA ESCOLA SENADOR JOSÉ GAUDÊNCIO: UM OLHAR DOS ALUNOS DO PIBID SOBRE O PACTO PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO

ANEXO I FORMAÇÃO REQUERIDA

ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO DOCENTE EM MÚSICA

A DIDÁTICA DO ENSINO RELIGIOSO:

Relato de Monitoria: A monitoria como Espaço de Formação na Licenciatura em Enfermagem.

Chamada interna nº 001/2018 PROGRAD (republicada com prorrogação)

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES E O PERFIL DO ALUNO DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

O PIBID DE QUÍMICA E PESQUISA NO COTIDIANO ESCOLAR: DIÁLOGO ENTRE UNIVERSIDADE, O PROFESSOR E A ESCOLA

NOME DO CURSO: O Ensino da Língua Brasileira de Sinais na Perspectiva da Educação Bilíngue Nível: Aperfeiçoamento Modalidade: A distância

Atividades Formativas

Sugestões para a melhoria da formação pedagógica nos cursos de licenciatura da UFSCar, extraidas dos respectivos relatórios de auto-avaliação

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA DOCENTE: ALESSANDRA ASSIS DISCENTE: SILVIA ELAINE ALMEIDA LIMA DISCIPLINA: ESTÁGIO 2 QUARTO SEMESTRE PEDAGOGIA

Prof. Dr. Nonato Assis de Miranda Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS)

EDITAL PIBID 003/2018 COORDENAÇÃO DO CURSO DE MÚSICA. Área: Licenciatura em MÚSICA

O PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO DOCENTE NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA NO CAMPUS AMAJARI - IFRR: PERCEPÇÕES, DESAFIOS E PERSPECTIVAS

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO ENFERMAGEM GERAL E ESPECIALIZADA CRONOGRAMA DA DISCIPLINA

REFLEXÃO DA EDUCAÇÃO PERMANENTE NA SAÚDE. BERNARDES, Ana Paula Fugazza¹ GASDA, Vera Lúcia Podewils 1 PEZENTI, Daiana¹ PINHEIRO, Shirla Regina²

O PAPEL DO PEDAGOGO NO CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

O PRIMEIRO ESTÁGIO: CONHECENDO O AMBIENTE ESCOLAR

PLANO DE ATIVIDADES DE ESTÁGIO (PAE) ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

COORDENAÇÃO DO CURSO DE ARTES VISUAIS. Área: Licenciatura em Artes Visuais

Palavras-chave: Desenvolvimento profissional; Pesquisa em Educação; Formação Docente.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG

DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS PROFESSORES ORIENTADORES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

CURSOS DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA

EDITAL 01/2019 PIBID-LEDUCARR-CNM

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO UNIRIO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA ESCOLA DE MATEMÁTICA

A EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO DE SEUS INDICADORES ( ) NA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

. Palavras chave: formação docente, estágio supervisionado, disciplinas pedagógicas.

Música e Inclusão: ações pedagógicas para o trabalho com um aluno cego no ensino superior

Palavras-chave: Teoria das Organizações. Monitoria Acadêmica. Aprendizagem.

O ESTÁGIO DOCENTE NA POS-GRADUAÇÃO ESPAÇO OU LUGAR DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO?

Luiz Dourado CNE/UFG Recife,

Recôncavo da Bahia (UFRB).

Palavras-chave:Formação de professores. Formação de formadores. PIBID.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO - PROGRAD DIRETORIA DE REGULAÇÃO ACADÊMICA PROGRAMA DE MONITORIA

REGULAMENTAÇÃO DAS PRÁTICAS DE DOCENCIA E DOS ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS OBRIGATÓRIOS DO SETOR DE EDUCAÇÃO CAPÍTULO I

PESQUISA COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO: UMA POSSIBILIDADE METODOLÓGICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE E O ENSINO AULA 2

EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS DAS LICENCIATURAS EM EDUCAÇÃO DO CAMPO NO MARANHÃO RESUMO

Aprovação do curso e Autorização da oferta. PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO FIC de GESTÃO E LIDERANÇA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Parte 1 (solicitante)

PERCEPÇÃO DO MONITOR FRENTE À SIMULAÇÃO CLÍNICA DO ATENDIMENTO AO NEONATO

ESTÁGIO DOCENTE: UMA ATIVIDADE DE FORMAÇÃO CONTINUADA E DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

GT1: Formação de professores que lecionam Matemática no primeiro segmento do ensino fundamental

PLANEJAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

DE PÓS-GRADUAÇÃO

FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA E PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: TENSÕES PRESENTES NA LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

CONTRIBUIÇÕES DO PIBID PARA O PROCESSO FORMATIVO DE ESTUDANTES DO CURSO DE LICECIATURA EM PEDAGOGIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

REGULAMENTO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO PEDAGOGIA // LICENCIATURA

Transcrição:

O QUE FAZ O ENFERMEIRO LICENCIADO? Nilton César Granvile (Nº USP 5652111) Gabriela Maria Prebill Ruana Franco Sorrini Adriana Katia Corrêa (Orientadora) Maria Conceição B. M. e Souza Ronildo Alves dos Santos Maria José Clapis Universidade de São Paulo/Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Financiamento/Apoio: CAPES - Programa Pró-Ensino na Saúde-Edital Nº 2037/2010. Pró-Reitoria de Graduação- Programa Ensinar Com Pesquisa Editais 2008/2009. Universidade de São Paulo Pró-Reitoria de Pesquisa (RUSP) Eixo 4: Ciências da Saúde. Apresentação de Pôster (AP) Nº USP 5652111 RESUMO Trata-se de um recorte do projeto de pesquisa Perfil dos estudantes de licenciatura em enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP), com objetivo de descrever o perfil dos ingressantes no curso Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem, nos anos de 2006 a 2013, quanto aos seus conhecimentos prévios em relação à atuação do Enfermeiro Licenciado. Estudo exploratório-descritivo que utiliza questionário como técnica de coleta de dados, aplicado no período de matrícula. Participaram 344 alunos ingressantes. Os resultados obtidos foram categorizados por temas convergentes. Para os alunos, o enfermeiro licenciado atua como professor na educação profissional de nível técnico em enfermagem; como profissional nos serviços de saúde; na educação sem especificar nível ou modalidade de ensino; como professor na educação básica. Ainda, no que se refere à atuação no serviço de saúde, alguns a compreendem como restrita ao campo hospitalar. Tais preconcepções são discutidas, sendo apontados desafios no processo formativo do enfermeiro licenciado. DESCRITORES: Licenciatura em Enfermagem, Estudantes de Enfermagem, Ensino.

INTRODUÇÃO O Curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo (EERP-USP) foi iniciado em 2006, com a proposta de formar enfermeiros licenciados que atuem nos cenários dos serviços de saúde, nos distintos níveis de atenção, bem como na docência em educação profissional e em atividades educativas de promoção da saúde na educação básica, articulando a formação generalista em enfermagem e o campo de saber da educação (USP, 2002). Este trabalho é parte de um projeto que acompanha o perfil do aluno ingressante desde 2006 e, especificamente, fundamenta-se nas seguintes questões: como os ingressantes compreendem a atuação do enfermeiro licenciado? As suas compreensões são adequadas? Apresentam equívocos? Quais as demandas que tais pré-compreensões trazem para o desenvolvimento deste curso, tendo em vista o perfil de formação proposto? Compreendemos que as respostas a esses questionamentos poderão ser valiosas, considerando que a proposta pedagógica do curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem/EERP-USP reconhece o importante papel do estudante como sujeito ativo do processo ensino-aprendizagem, cujas experiências e saberes prévios precisam ser considerados e ressignificados, na construção de saberes teórico-práticos dos campos da saúde e educação que ao conformarem-se permitem a leitura crítica e a ação efetiva na realidade. O objetivo deste estudo é descrever o perfil dos ingressantes no curso Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem, nos anos de 2006 a 2013, quanto aos seus conhecimentos prévios em relação à atuação do Enfermeiro Licenciado. DESENVOLVIMENTO Trata-se de um estudo exploratório descritivo que utiliza questionário como técnica de coleta de dados, composto por perguntas fechadas e abertas, contendo dados de identificação pessoal, profissional, escolar e cultural (Gil, 2002). Para a elaboração deste trabalho, somente foram utilizadas as respostas obtidas com a questão referente aos conhecimentos e informações que os alunos ingressantes possuem sobre a atuação profissional do enfermeiro licenciado. Os questionários foram aplicados durante o período de matrícula de cada turma ingressante, com o objetivo de obter os conhecimentos que os alunos trazem antes de terem contato com as disciplinas introdutórias do curso, evitando assim que as respostas possam ser formuladas por conhecimentos adquiridos durante as aulas e atividades ministradas no curso de licenciatura. A participação foi voluntária e sigilosa, evitando possível constrangimento. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da EERP/USP - Protocolo n. 0730/2006. Os resultados obtidos foram categorizados por temas convergentes a seguir descritos. RESULTADOS E DISCUSSÕES Durante a realização deste estudo, foram ofertadas 400 vagas para ingresso no curso de Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem na EERP/USP, sendo que 344 ingressantes aceitaram participar, a saber: em 2006 foram 43 estudantes; em 2007 participaram 47 ingressantes; em 2008, foram 44; em 2009, 41 estudantes; em 2010, 43 participantes; em 2011, foram 40; em 2012, 42 participantes e, em 2013, aceitam participar deste estudo 44 ingressantes. Em relação à vida escolar prévia, muitos estudantes que participaram do estudo realizaram seus estudos no ensino médio em escola pública: 26 em 2006; 29 em 2007; 30 em 2008; 21 em 2009; 25 em 2010; 17 em 2011; 17 em 2012 e 20 em 2013. Ao longo desses anos, entraram 78 estudantes trabalhadores, sendo que desses, 51 atuavam na área da saúde. Em relação aos conhecimentos prévios sobre o que faz o enfermeiro licenciado, foco deste estudo, alguns dos estudantes referem que o licenciado atuará como enfermeiro no campo da saúde e professor na educação profissional, o que mostra conhecimento adequado sobre a profissão, já que no campo da educação, as escolas técnicas de enfermagem são mesmo o cenário de atuação dos licenciados em enfermagem. O enfermeiro licenciado poderá trabalhar também como educador, na perspectiva de promover saúde, nas escolas de ensino fundamental e médio, campo esse ainda a ser efetivamente conquistado pelo enfermeiro, dependendo das políticas públicas de educação. A possibilidade de atuação do enfermeiro como educador nas escolas de ensino fundamental e médio poderá ser facilitada pelos próprios Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997) que, dentre outras questões, aponta para a inserção de temas transversais, muitos dos quais relacionados ao campo da saúde. Há ingressantes que apontam a atuação do enfermeiro licenciado nos serviços de saúde e atuação na área da educação sem indicar especificidades, ou seja, não é indicada a docência na educação profissional em enfermagem nem a atuação na promoção da saúde na educação básica. Essa visão pode estar relacionada à compreensão geral que os estudantes possam ter acerca de cursos de licenciaturas no Brasil como voltados apenas à formação de professores para a educação básica (infantil; ensino fundamental; médio), considerando as suas próprias vivências como alunos nesses níveis de ensino. Além disso, a licenciatura em enfermagem, apesar de legalizada desde o início da década de 70 (Bagnato, 1994) ainda não é plenamente conhecida, já que se trata de curso de licenciatura na área da saúde.

Além disso, muitos alunos ingressantes não conhecem com clareza as categorias profissionais que compõem a equipe de enfermagem, cabendo ressaltar a divisão social e técnica do trabalho de enfermagem inserido no contexto capitalista (Almeida e Rocha, 1986), e a responsabilidade do enfermeiro na formação dos demais trabalhadores. Outra categoria refere-se à atuação do enfermeiro licenciado como professor da educação básica ensino fundamental e médio. A visão de que o enfermeiro atuará como professor na educação básica apresenta-se equivocada devendo ser ressignificada pelo estudante ao longo de sua formação. Como já comentado, o licenciado atua como professor nas escolas técnicas, mas na educação básica, ele não é responsável por ministrar disciplina específica, mas sim por desenvolver junto aos alunos, docentes e comunidade ações educativas de promoção de saúde. Para alguns alunos, a concepção de docência é limitada a dar aula. Em se tratando de um curso de licenciatura, esta ideia apresenta-se como uma demanda a ser também trabalhada ao longo do curso. Nos níveis de ensino anteriores, os estudantes, quase sempre, vivenciaram experiências calcadas em métodos de ensino tradicionais nos quais o papel do professor é principalmente o de transmissor do conhecimento. Referindo-se à metodologia do ensino tradicional, Mizukami, (2006) comenta que o professor traz o conteúdo pronto, cabendo ao aluno escutá-lo e reproduzi-lo de modo automático, o que quase sempre é considerado como indicador de aprendizagem. Ainda pontua que a didática tradicional resume-se à idéia de dar e tomar a lição, desconsiderando elementos da vida afetiva, bem como possibilidades de transformações da realidade. A Atuação do enfermeiro nos serviços de saúde restrita ao campo hospitalar é outra compreensão significativamente enfocada ao longo dos anos pelos ingressantes. Restringir a atuação do enfermeiro licenciado, no campo da saúde, ao hospital pode ser relacionado à imagem que a população tem acerca do enfermeiro, muitas vezes, visto como um dos profissionais da saúde que atua apenas na área hospitalar, Tal idéia pode ter suas origens na construção histórica da profissão que se institucionalizou, no Século XVIII, na Inglaterra, voltada para a organização de hospitais. No Brasil, na década de 40, houve um incremento do número de enfermeiros e, principalmente de auxiliares de enfermagem, com aumento das escolas de formação, com ênfase no trabalho hospitalar, em um momento cujo contexto político-econômico volta-se para o fortalecimento das indústrias, requerendo o atendimento individual para manutenção da força de trabalho (Almeida e Rocha, 1986). Todavia, desde a década de 80, houve mudanças importantes nas políticas e organização do Sistema de Saúde no Brasil, ampliando a concepção de saúde e o lócus da atenção, diversificando, pois, a atuação do enfermeiro para outros cenários.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A percepção dos alunos ingressantes no curso de licenciatura em enfermagem, na EERP/USP, acerca da prática profissional de enfermeiro licenciado, traz demandas para o processo de formação, envolvendo a prática pedagógica do professor. Será fundamental apoiar os estudantes na construção de novos significados acerca da atuação do enfermeiro no cuidado em saúde compreendido de modo ampliado, para além do campo hospitalar; até porque os licenciados terão papel significativo na docência na educação profissional em enfermagem. Além disso, será relevante a sua inserção crítico-reflexiva, contribuindo na formação de trabalhadores de enfermagem. Nas disciplinas curriculares que trabalham com problematização será desafiante aos professores o acompanhamento dos alunos, enfrentando provavelmente algumas resistências no processo participativo e de desenvolvimento de autonomia. Ao longo do processo formativo, há de se construir espaços de aprendizagem que possibilitem a expressão das preconcepções sobre a atuação do enfermeiro docente pelos estudantes. REFERÊNCIAS Almeida M.C.P, Rocha J.S.Y. O saber de enfermagem e sua dimensão prática. São Paulo: Cortez; 1986. BAGNATO, M.H.S. Licenciatura em enfermagem: para que? Campinas, 1994. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação, UNICAMP, Campinas, 1994. 226 p. Brasil. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEf/SEESP, 1997. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Projeto Político Pedagógico da Licenciatura. Ribeirão Preto, 2002. GIL, A. C. Como elaborar projeto de pesquisa. 4ª edição São Paulo. Atlas 2002. MIZUKAMI, M.G.N. Aprendizagem da Docência: professores formadores. Rev. E- Curriculum, São Paulo, v. 1, n. 1, dez. jul. 2005-2006.