TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE PPL NO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE Laís Haase Lanziotti Letícia Possebon Müller Enfª da Vigilância Epidemiológica da Tuberculose Patrícia Zancan Lopes Simone Sá Britto Garcia Aux. de Enf. da Equipe da Vigilância Epidemiológica da Tuberculose Andiel Ramos Krüger Angélica Furquim dos Santos Caroline Scola da Silva Cynthia Antunes Moresco Elisandra da Silva Mendes Madine Viafore da Silva Tainã Flores Telles Estagiárias de Enf. da Equipe da Vigilância Epidemiológica Tuberculose Porto Alegre é a 4ª capital com maior taxa de incidência de tuberculose do Brasil (80,4 casos/100.000 habitantes), no ano de 2016, conforme dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2017). No distrito Partenon estão localizadas 2 instituições importantes: o Sanatório Partenon (referência estadual para o tratamento da tuberculose) e o Presídio Central Masculino. Os Presídios vêm mantendo os casos novos de tuberculose ao longo dos, principalmente na forma pulmonar com comprovação laboratorial (forma transmissível da doença) conforme o gráfico 1; o que caracteriza situação de epidemia (>1.000 casos/100.000 habitantes) (CLANCY, 1991 apud FIOCRUZ, 2008, p. 76). O gráfico 2 mostra o percentual de casos novos de tuberculose por forma clínica. Gráfico 1 Incidência de tuberculose por 100.000 habitantes em PPL de Porto Alegre, de 2011 a 2016
4000 3500 3000 3660 2980 3580 2860 3500 3140 3000 2500 2000 2420 2480 2300 2580 2640 INCIDÊNCIA GERAL PPL 1500 INCIDÊNCIA PULM BAC C/ CONF LAB PPL 1000 500 0 Gráfico 2 Percentual de forma clínica da tuberculose na PPL, residente em Porto Alegre, de 2011 a 2016 1 10 85,2 88,6 92,2 96,5 93,7 86,0 8 PULMONAR 6 EXTRAPULMONAR 4 PULMONAR + EXTRAPULMONAR 9,3 6,0 7,3 6,7 2,8 4,0 5,5 5,4 7,3 0,6 0,7 2,3
Quando se faz um recorte por sexo e raça, a maior incidência de tuberculose em Porto Alegre está entre homens pretos/pardos. O perfil da PPL com tuberculose, de Porto Alegre, ao longo do tempo, caracteriza-se por homens (gráfico 3), brancos (gráfico 4), com ensino fundamental incompleto (gráfico 5), na faixa etária economicamente ativa (gráfico 6), ou seja, de 20 a 39. Gráfico 3 Percentual de casos novos de tuberculose em PPL, por sexo, residentes em Porto Alegre, de 2011 a 2016 1 10 90,2 93,3 93,9 95,1 95,4 96,0 8 6 Masculino Feminino 4 9,8 6,7 6,1 4,9 4,6 4,0 Gráfico 4 Raça/cor de casos novos de tuberculose na PPL, em residentes em Porto Alegre, de 2011 a 2016
140 120 123 100 80 60 40 20 0 98 91 85 80 75 54 51 46 47 41 42 35 30 27 23 16 9 10 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 Ign/Branco Branca Preta Amarela Parda Indigena 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Gráfico 5 Escolaridade de casos novos de tuberculose na PPL, em residentes em Porto Alegre, de 2011 a 2016 6 5 4 3 1 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Gráfico 6 Faixa etária de casos novos de tuberculose na PPL, em residentes em Porto Alegre, de 2011 a 2016 120 100 80 60 40 20 2011 2012 2013 2014 2015 2016 0 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 Deve-se lembrar que Porto Alegre é a capital brasileira com maior incidência de AIDS. Sendo a taxa de coinfecção TB-HIV, no ano de 2016, em residentes de Porto Alegre de 24,6% (gráfico 7). O gráfico 8 mostra a taxa de coinfecção TB-HIV na PPL de Porto Alegre nos de 2010 a 2016. Gráfico 7 Percentual de coinfecção TB-HIV em casos novos de tuberculose, residentes em Porto Alegre, de 2011 a 2016 28,0 27,5 27,0 26,5 26,0 25,5 25,0 24,5 24,0 23,5 23,0 26,5 % de coinfecção TB-HIV em Porto Alegre 25,4 27,6 26,9 25,9 24,6 Percentual
Gráfico 8 Percentual de coinfecção TB-HIV nos casos novos de tuberculose em PPL, residentes em Porto Alegre, de 2011 a 2016 3 % de coinfecção TB-HIV na PPL 25,0 24,6 17,4 19,0 15,4 18,9 17,3 15,0 % de coinfecção na PPL 1 5,0 O gráfico 9 abaixo, mostra o percentual de PPL que faz uso de drogas ilícitas. Dado que ainda não pode ser mostrado numa série histórica, pois só foi introduzido na ficha de notificação em dezembro de 2014. Gráfico 9 Percentual de uso de drogas ilícitas nos casos novos de tuberculose em PPL, residentes em Porto Alegre, de 2015 a 2016
3 25,0 % DE DROGADIÇÃO NA PPL 24,7 16,6 15,0 % DE DROGADIÇÃO NA PPL 1 5,0 2015 2016 Conforme o gráfico 10 abaixo, a maioria dos pacientes são diagnosticados como casos novos, ou seja, nunca haviam tido o diagnóstico de tuberculose anteriormente, tornando o presídio uma boa fonte de triagem para tuberculose em sintomáticos respiratórios, visto que desde 2010 existe duas equipes de saúde prisional contratadas pelo Vila Nova e uma equipe de saúde da SUSEPE que data do início do presídio 1959. O manual de recomendações para o controle da tuberculose de 2011 preconiza rastreamento por meio de baciloscopia e exame radiológico; rotina já implantada no PCPA no momento da admissão do presidiário. Gráfico 10 Percentual do tipo de entrada na PPL com tuberculose, em residentes em Porto Alegre, de 2011 a 2016
8 7 6 5 4 3 1 69,6 66,5 64,1 60,3 58,4 56,6 17,1 15,4 16,2 22,7 20,8 16,5 11,8 11,3 15,810,3 12,4 8,9 9,0 9,4 9,8 6,1 7,1 4 CASO NOVO RECIDIVA REINGRESSO APÓS ABANDONO TRANSFERÊNCIA Quanto ao desfecho da PPL com tuberculose, o quadro 1 abaixo, mostra que a maioria deles teve cura, sendo essa cura realizada dentro do presídio ou fora dele após liberdade. O que garante uma boa vinculação do sistema prisional com as unidades de saúde de referência bem como um serviço de vigilância em saúde atuante. Entretanto, ainda muitos acabaram abandonando o tratamento, evidenciando a necessidade de um maior investimento nessa população, pois múltiplos abandonos podem causar droga-resistência, deixando a saúde coletiva vulnerável. Salienta-se que 32% da PPL que teve diagnóstico no ano de 2016 está em tratamento, tendo em vista que o tratamento é por 6 meses podendo ser prolongado conforme cada caso. Quadro 1 Percentual do tipo de saída de casos novos de tuberculose, na PPL residente de Porto Alegre, de 2011 a 2016 Em TB- Ano Diagnóstico tratamento Cura Abandono Óbito Transferência DR Mudança de Esquema 2011 0 57,9 21,3 3,8 15,8 1,1 0 2012 0 57,7 21,5 2,0 18,8 0 2013 0 47,5 27,4 3,4 20,7 0,6 0,6 2014 0 33,6 32,9 0,7 29,4 3,5 0 2015 0,6 46,9 26,9 3,4 19,4 2,9 0 2016 32 25,3 13,3 4,0 22,0 3,3 0
O quadro 2 mostra o número absoluto da PPL conforme cada variável. Quadro 2 Número absoluto dos casos ANO Subclassificação Casos 275 214 297 245 309 234 Casos novos 183 149 179 143 175 150 Casos novos por forma clínica Pulmonar 156 132 165 138 164 129 Extrapulmonar 17 9 13 4 7 10 Pulmonar e extrapulmonar 10 8 1 1 4 11 Casos novos com confirmação laboratorial 121 124 115 129 157 132 Casos novos por sexo masculino 165 139 168 136 167 144 feminino 18 10 11 7 8 6 Casos novos por raça cor Ignorado 1 0 0 1 0 1 Branca 91 85 123 75 98 80 Preta 54 41 46 51 47 42 Amarela 1 0 0 0 0 0 Parda 35 23 9 16 30 27 Indígena 1 0 1 0 0 0 Casos novos por escolaridade Ignorado 6 13 9 14 14 9 Analfabeto 9 6 2 3 3 3 1ª a 4ª série incompleta do EF 23 22 20 13 12 8 1ª a 4ª série completa do EF 7 8 10 4 6 3 5ª a 8ª série incompleta do EF 93 71 87 69 85 82 Ensino fundamental completo 19 12 20 14 17 18 Ensino médio incompleto 13 10 22 19 24 15 Ensino médio completo 11 5 8 7 11 11 Educação superior incompleta 2 0 0 0 2 1 Educação superior completa 0 0 1 0 1 0 Casos novos por faixa etária 15 a 19 8 5 2 12 12 9 20 a 29 98 75 100 69 85 63 30 a 39 50 40 44 33 53 59 40 a 49 13 18 21 18 18 17 50 a 59 11 10 9 10 5 2 60 a 69 1 1 0 1 1 0 70 a 79 2 0 3 0 1 0
80 e mais 0 0 0 0 0 0 Casos novos por testagem para HIV Positivo 45 26 34 22 33 26 Casos por tipo de entrada Caso Novo 183 149 179 143 175 150 Recidiva 47 33 48 29 35 24 Reingresso após abandono 34 19 49 51 70 37 Transferência 11 13 21 22 29 23 Casos novos por tipo de saída Em tratamento 0 0 0 0 1 48 Cura 106 86 85 48 82 38 Abandono 39 32 49 47 47 20 Óbito 7 3 6 1 6 6 Transferência 29 28 37 42 34 33 Mudança de diagnóstico 0 0 0 0 0 0 TB-DR 2 0 1 5 5 5 Mudança de esquema 0 0 1 0 0 0 Falência 0 0 0 0 0 0 Casos novos por uso de drogas ilícitas Sim - - - - 29 37 *Pacientes idosos cujas informações podem ter vindo equivocadas **Banco de dados de 2016 ainda não fechado ***PPL considerada 5000 pessoas
REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico, Brasília, v. 48, n. 8, p. 1-11, mar. 2016, c1969. Disponível em:<http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/marco/23/2017-v-48- N-8-Indicadores-priorit--rios-para-o-monitoramento-do-Plano-Nacional-pelo- Fim-da-Tuberculose-como-Problema-de-Sa--de-P--blica-no-Brasil.pdf>. Acesso em: 7 abr. 2017. FIOCRUZ. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca Educação à Distância. Controle da tuberculose: uma proposta de integração ensino serviço. Rio de Janeiro, 2008. 348p.