Memorias Convención Internacional de Salud Pública. Cuba Salud La Habana 3-7 de diciembre de 2012 ISBN
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1 CO-INFECÇÃO TUBERCULOSE-HIV: ANÁLISE DAS NOTIFICAÇÕES DO MUNICÍPIO DE SALVADOR-BAHIA, ENTRE E Karina Araújo Pinto 1, Haína de Jesus Araújo 2, Sheila Queiroz Rios de Azevedo 3 A tuberculose (TB) é uma doença curável e antiga no mundo, que ainda consiste em um importante problema de saúde pública afetando, em especial, países de média e baixa renda 1. Suas raízes estão estreitamente ligadas à pobreza e má distribuição de renda, o que demanda que as estratégias para o seu controle considerem os aspectos humanitários, econômicos e de saúde pública 2,3. A Organização Mundial de Saúde (OMS) 4 estima que em houve cerca de 8,8 milhões de casos de TB no mundo, o equivalente a 128 casos por 1. habitantes. A maioria desses casos estaria concentrada nas regiões da Ásia (59%) e da África (26%). O Brasil é o 22º país em taxas de incidência, prevalência e mortalidade, dentre os 22 países apontados pela OMS como aqueles que concentram 8% da carga mundial de TB. Das capitais com maior mortalidade por TB em, o Rio de Janeiro ocupava o primeiro lugar, enquanto que Salvador ocupava a décima posição 3. Em 28, a TB foi a 4 a causa de morte por doença infecciosa e a 1 a causa de morte dos pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) no Brasil 4. A TB é uma das doenças mais associadas à infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), pois este último é considerado um dos principais fatores de risco para a progressão da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis para a doença ativa 5. A co-infecção TB/HIV traz um forte impacto no comportamento dessas epidemias, pois aumentam as dificuldades quanto ao diagnóstico e tratamento da TB, ocorre sobreposição de efeitos colaterais da terapia antirretroviral (TARV) com os tuberculostáticos e, consequentemente, são maiores as taxas de mortalidade nesse grupo 5, 6, 7. A relevância do tema e a escassez de uma análise sobre os registros da co-infecção TB/HIV nos bancos de dados de sistemas de notificação no país, motivaram o presente estudo. Objetivo: Descrever o perfil da co-infecção por TB-HIV em Salvador-Ba, entre e, através do banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). 1 Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, Salvador-BA, Brasil. karinapinto@ufba.br. tel: 55 (71) Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, Salvador-BA, Brasil. hinaaraujo@yahoo.com.br 3 Faculdade de Enfermagem da Universidade Salvador (UNIFACS), Salvador-BA, Brasil. sheileka@hotmail.com
2 Metodologia Estudo retrospectivo, de natureza quantitativa, realizado com dados secundários, disponíveis no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), referentes ao município de Salvador, Bahia. O SINAN consiste na base de dados nacional, onde são registradas doenças de notificação compulsória no Brasil, alimentada por estados e municípios do país através de uma rede informatizada, que subsidia processos de investigação e permitem a análise dinâmica de um evento na população 8. Para este estudo foram acessadas as informações do SINAN net, disponíveis on line, selecionando-se, inicialmente, a tabulação dos dados referentes aos casos confirmados do agravo tuberculose, tendo como informação fixa na posição da linha, o agravo HIV. A partir de então, foram selecionados as variáveis a partir dos filtros disponíveis para a geração das tabelas, tais como: ano de diagnóstico, sexo, faixa etária, forma, tipo de entrada, tratamento supervisionado indicado, tratamento supervisionado realizado e situação de encerramentos dos casos. Selecionou-se para a análise os dados sobre os anos, e. As tabelas geradas pelo SINAN foram inseridas no software Excell, e os resultados estão apresentados em gráficos, a partir das frequências simples das variáveis selecionados no estudo. Resultados: No período selecionado neste estudo, foram notificados no SINAN o total de 8999 casos de Tuberculose no município de Salvador-Bahia. Destes, 3236 foram notificados em, 2981 em e 2782 em. Observa-se que houve redução de apenas 14,3% no número de casos notificados neste município entre estes três anos. Quanto à realização dos testes diagnósticos para HIV nos casos confirmados de TB, foi identificado que apenas 52,13% dos pacientes realizaram este exame em, 54,31% em, e 55,2% em (gráfico 1). Dos exames realizados, o percentual de positividade para o teste anti- HIV foi de 6,8% em, 8,62% em e 7,25% em. Gráfico1.Distribuição dos casos confirmados de TB notificados em Salvador-Ba, segundo realização dos testes anti-hiv. SINAN,, e.
3 TOTAL DE CASOS DE TB NOTIFICADOS TESTE PARA HIV REALIZADO TESTE PARA HIV NÃO REALIZADO TESTES COM RESULTADO POSITIVO PARA HIV Dos casos confirmados de co-infecção por TB/HIV, a distribuição por sexo e faixa etária observada nos anos estudados mostrou a maior prevalência para o sexo masculino e para a faixa etária entre 25 a 54 anos (gráficos 2 e 3). Tais resultados corroboram com dados recentes de estudo com pacientes co-infectados na região sudeste do país 9. Gráficos 2 e 3. Distribuição dos casos confirmados de co-infecção TB/HIV em Salvador-Ba, segundo faixa etária e sexo. SINAN,, e Masculino Feminino % 5% 1% Quanto à forma de apresentação da TB, pode-se observar no gráfico 4 que os dados encontrados estão de acordo com a literatura 9, onde a maioria dos casos notificados, nos três anos, foi de TB pulmonar, seguidos da forma extra-pulmonar e depois da forma combinada da doença (pulmonar + extra-pulmonar). Gráfico 4. Distribuição dos casos confirmados de co-infecção TB/HIV em Salvador-Ba, segundo formas de apresentação da TB. SINAN,, e. Pulmonar + extrapulmonar Extra pulmonar Pulmonar Quanto ao tipo de entrada dos casos, verificou-se que os maiores percentuais foram para casos novos em (63,19%), (65,76%) e (58,8%), seguidos dos percentuais de
4 reingresso pós abandono (14,9%, 14,1% e 15,28%, respectivamente). Destaca-se o percentual crescente dos casos de co-infecção TB/HIV registrados como recidiva, nestes três anos, sendo 6,82% em, 7,78% em e 9,72% em. Foram selecionadas para análise as variáveis tratamento supervisionado indicado e tratamento supervisionado realizado, no entanto, nas tabelas geradas pelo SINAN para os anos escolhidos neste estudo 1% dos dados foram encontrados na categoria ignorado/em branco. A falta desta informação impossibilitou a avaliação dos percentuais da implementação da estratégia da supervisão do tratamento para estes pacientes, de acordo com o que é preconizado no Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) 2,3. A variável situação de encerramento dos casos confirmados da co-infecção TB/HIV notificados em Salvador no período estudado, apresenta uma significativa perda de informação no SINAN, tendo os percentuais faltantes variado de 27,73% em, para 56,2% em, dos registros nos quais esta informação foi ignorada ou estava em branco (gráfico 5). Gráfico5. Distribuição dos casos confirmados de co-infecção TB/HIV notificados em Salvador-Ba, segundo situação de encerramento dos casos. SINAN,, e TOTAL Ign/Branco Cura Abandono Óbito por tuberculose Óbito por outras causas TB Multirresistente Conclusões: Os registros dos casos de co-infecção TB-HIV em Salvador-Ba, notificados no banco de dados do SINAN, entre e, apresentam distribuição em conformidade com a literatura, quanto à maioria das variáveis estudadas 1,9. Os dados mostraram que os registros de casos de co-infecção TB/HIV neste período apresentou discreta diminuição. Contudo, a realização dos testes diagnósticos para HIV nos casos confirmados de TB foram menos frequentes do que o recomendado nos protocolos do Ministério da Saúde (MS), que prevê a realização do teste anti-hiv em todos os pacientes com tuberculose confirmada 2,3. O diagnóstico precoce do HIV em pacientes com tuberculose aumenta a chance de encerramento favorável para esses casos.
5 Constatou-se nesse estudo a inexistência de dados disponíveis sobre o município estudado, quanto à indicação e realização do tratamento diretamente observado de curta duração, conforme preconizado para o controle da TB 2,3. Considera-se esta uma perda importante de informações para este e outros estudos. Ressalta-se que a disponibilização dos dados sobre a co-infecção TB/HIV através do SINAN pode permitir melhorar o conhecimento do perfil destes pacientes, a fim de subsidiar estratégias de assistência e prevenção neste grupo. A adoção de medidas padronizadas pelo PCNT, como diagnóstico precoce, implementação e acompanhamento do esquema terapêutico e investigação dos contatos, favorecem a cura e interrupção da cadeia de transmissão da TB. Referências 1. REIDER, H. Bases Epidemiológicas do Controle da Tuberculose. Disponível em: Acessado em 23 de outubro de 2. BRASIL. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose. Programa Nacional de Controle da Tuberculose. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Secretária de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde.. Disponível em: < Acessado em 16 de out. de 3. BRAZIL. Brazilian Ministry of Health. Boletim Epidemiologico AIDS-DST. Acessado em pdf_14544.pdf. 23 de outubro de. 4. OMS. Cuesteiones prioritárias em matéria de investigación sobre la tuberculosis y la infección por VIH em entornos de recursos limitados donde lá infección por el VIH es prevalente. Stop TB partnership.. Disponível em: < Acessado em 16 de out. de. 5. NEVES, Lis Aparecida de Souza; REIS, Renata Karina; GIR, Elucir. Adesão ao tratamento por indivíduos com a coinfecção HIV/tuberculose: revisão integrativa da literatura. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 44, n. 4, Dec.. Available from < access on 23 Sept.. 6. SANTOS, José da Silva; BECK, Sandra Trevisan. A coinfecção tuberculose e HIV: um importante desafio- Artigo de Revisão. RBAC, Rio Grande do Sul. vol 41(3): ,. 7. OMS. Global tuberculosis control. Who report. Disponível em: < Acessado em 17 de out. de. 8. BRASIL. Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Departamento de Vigilância Epidemiológica; Secretária de Vigilância em Saúde; Ministério da Saúde. 27. Vol (2); Disponível em Acessado em 27 de set. de BRUNELLO, Maria Eugênia Firmino et al. Áreas de vulnerabilidade para co-infecção HIV-aids/TB em Ribeirão Preto, SP. Rev. Saúde Pública [online]., vol.45, n.3 [cited ], pp Available from: < Epub Apr 8,. ISSN
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