Boletim epidemiológico HIV/AIDS /11/2015
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- Ângelo Estrela Sintra
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1 HIV/AIDS /11/215 Página 1 de 6 1. Descrição da doença A AIDS é uma doença causada pelo vírus do HIV, que é um retrovírus adquirido principalmente por via sexual (sexo desprotegido) e sanguínea, por meio de objetos perfuro cortantes contaminados. O vírus do HIV se reproduz no corpo humano nos linfócitos TCD4+, tornando o corpo vulnerável à infecção por doenças oportunistas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 26). 2. Situação epidemiológica no Brasil De acordo com a UNAIDS, até o ano de 212, havia cerca de 34 milhões de pessoas vivendo com HIV/aids em todo mundo, com uma média de 2,5 milhões de novas infecções ao ano. Ao final do ano de 213 estimava-se que 1.6 milhões de indivíduos viviam com HIV na América Latina, sendo que a maior parte dos casos estão distribuídos entre 4 países: Brasil, Colômbia, México e Venezuela. O Ministério da Saúde estimou, em 214, que existem aproximadamente 734 mil pessoas vivendo com HIV/aids no Brasil, entretanto apenas 589 mil (8%) destas pessoas tinham conhecimento de ter um teste positivo para HIV. 3. Situação epidemiológica no Ceará 3.1. Detecção de casos de AIDS No Ceará casos de aids foram notificados à SESA entre o período de 1983 a 214 (SINAN). Apenas no ano de 215, já foram notificados de 629 novos casos de aids. Embora a epidemia de aids esteja presente há mais de 3 anos no estado, quase 5% dos casos foram notificados nos últimos 8 anos, entre 27 e 214. A epidemia de aids apresentou uma tendência de crescimento nas taxas de detecção até 212, e queda após este período, com estabilização nos anos seguintes (Gráfico 1). 215*. Gráfico 1- Número de casos e taxa de detecção de AIDS em adultos (por 1 mil hab), Ceará, 27 a Número de casos * Casos Taxa de detecção 8,6 8,5 9,3 1,3 11,5 13,6 11,9 11,3 7, 8 4 Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde / Núcleo de Vigilância Epidemiológica / SESA/Ce Av. Almirante Barroso, 6 Praia de
2 HIV/AIDS /11/215 Página 2 de 6 atualizados em 27 de novembro de 215, sujeitos à alteração. A 1ª, 2ª, 3ª e 11ª coordenadorias regionais de saúde apresentaram as maiores taxas de detecção de aids no Ceará. Nessas regiões, os municípios de Fortaleza, Caucaia, Maracanaú e Sobral concentram mais da metade (65%) do total dos casos registrados no período. (Fortaleza: 4686; Caucaia: 326; Maracanaú: 373; Sobral: 227 casos) (Gráfico 2). Gráfico 2- Taxa de detecção de aids em adulto (por 1 mil hab)segundo de residência, Ceará, , 2, 15, 1, 5,, Número de casos Taxa de detecção Fonte: SESA/NUVEP/SINAN. Dados atualizados em 27 de novembro de 215, sujeitos à alteração. Um total de 93% dos municípios do estado já notificou pelo menos 1 caso da doença. Conforme ilustrado no mapa abaixo. Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde / Núcleo de Vigilância Epidemiológica / SESA/Ce Av. Almirante Barroso, 6 Praia de
3 HIV/AIDS /11/215 Página 3 de 6 Figura 1: Distribuição espacial dos casos de AIDS no Ceará, 1983 a 215*. Observação: *Dados podem sofrer alterações, considerando que a aids não é de notificação imediata.fonte: SESA/NUVEP/SINAN. Dados atualizados em 27 de novembro de 215, sujeitos à alteração. Atualmente ainda se mantêm alto o percentual de indivíduos que apresentam um CD4+ menor que 2 cel/mm 3 ao início do tratamento, o que caracteriza diagnóstico tardio. Estratégias para ampliação do acesso ao teste para populações chaves e de maior vulnerabilidade, bem como o acesso ao tratamento deve ser pactuadas em todos os municípios cearenses, independentes do número de casos de aids já registrados localmente. Gráfico 8 - Distribuição dos indivíduos HIV+, segundo o valor do exame de CD4 realizado antes do início do tratamento, por ano de início. Ceará, *. 1% 9% 8% 7% 6% 5% 4% 3% 2% 1% % * Menor que 2 cel/mm3 2 a 349 cel/mm3 35 a 499 cel/mm3 5 cel/mm3 e mais atualizados em 27 de novembro de 215, sujeitos à alteração. O HIV em gestantes O Ceará tem registrado em média 2 casos novos de HIV em gestantes anualmente desde 27. Observa-se, entretanto um crescimento das taxa de detecção de HIV nesta população a partir do ano de 212, o que pode ser atribuído à ampliação do acesso ao teste de HIV no pré-natal. É importante ressaltar que, apesar da ampliação da taxa, o número de gestantes identificadas com HIV está abaixo do estimado no Ceará, situação esta observada também na maioria dos estados brasileiros. Espera-se que a universalização do teste rápido de HIV nas unidades de atenção básica, com a oferta do exame no pré- natal possa contribuir para mudar esta realidade. (Gráfico 3). Gráfico 3- Taxa de detecção de HIV em gestantes (por mil nascidos vivos), Ceará 27 a 215*. Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde / Núcleo de Vigilância Epidemiológica / SESA/Ce Av. Almirante Barroso, 6 Praia de
4 HIV/AIDS /11/215 Página 4 de 6 Número de gestantes HIV Nº de gestantes notificadas Coeficiente de detecção 1,8 1,5 1,5 1,3 1,7 1,9 1 2, 1,8 1,6 1,4 1,2 1,,8,6,4,2, atualizados em 27 de novembro de 215, sujeitos à alteração. As regionais 1ª, 2ª, 3ª, 9ª, 17ª, e 22ª apresentaram taxas de detecção de HIV em gestantes. Estas regiões, com exceção da 9ª e 17ª coordenadorias regionais de saúde também apresentam um expressivo número de pacientes notificados com aids no Estado, sendo provavelmente este um fator que explica em parte, estas serem as que apresentam também as mais altas taxas de detecção de HIV entre as gestantes (Gráfico 4). Gráfico 4- Taxa de detecção de HIV em gestante (por 1. nascidos vivos) segundo regional de saúde de residência, Ceará, 214. Coeficiente de detecção de HIV em gestante 3, 2,5 2, 1,5 1,,5, 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 1ª 11ª 12ª 13ª Fonte: SESA/NUVEP/SINAN. Dados atualizados em 27 de novembro de 215, sujeitos à alteração. 14ª 15ª 16ª 17ª 18ª 19ª 2ª 21ª 22ª Ceará Coeficiente de detecção 2,8 2,7 2,6 1,6 1,2 1,1,7 1,7 2,1,7 1,5,9 1,2,,3 1,8 2,4,6 1,6,8,6 2,3 1,9 Observando-se a série histórica, percebe-se que quase a metade das gestantes em todos os anos, teve um diagnóstico da infecção pelo HIV realizado apenas no terceiro ou quarto período da gestação. Esta situação é preocupante porque o atraso no início da terapia antirretroviral (TARV) pode ter como consequência a transmissão da infecção do HIV da mãe para o bebê. (Gráfico 5). Gráfico 5- Casos de HIV em gestante segundo o período do diagnóstico da infecção pelo HIV no período gestacional, Ceará, 29 a 215*. Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde / Núcleo de Vigilância Epidemiológica / SESA/Ce Av. Almirante Barroso, 6 Praia de
5 HIV/AIDS /11/215 Página 5 de 6 1% 9% 8% 7% 6% 5% 4% 3% 2% 1% % Trimestre 2 Trimestre 3 Trimestre 4 Trimestre atualizados em 27 de novembro de 215, sujeitos à alteração. AIDS em crianças A transmissão vertical é a principal via de infecção do HIV em crianças no Brasil. No ano de 26 a transmissão vertical foi responsável por 85,2% dos casos de aids em menores de 13 anos de idade, e em 27 por 91,4%. No Ceará, em média, foram notificados 1 casos de aids em menores de 5 anos a partir de 27. No ano de 215 ainda não houve registro de casos de transmissão vertical. A eliminação da transmissão vertical do HIV é uma meta assumida pelo Brasil. Gráfico 6- Taxa de detecção de aids em menores de 5 anos por 1 mil habitantes, Ceará, 27 a 215*. 12 2, número de casos ,6 1,2,8, Nº de casos Tx de detecção 1, 1,2 1,7 1,5 1,2 1,1 1,1 1,5, atualizados em 27 de novembro de 215, sujeitos à alteração. 3.2 Mortalidade por AIDS No ano de 214, as mais altas taxas de mortalidade por aids foram registradas na 1ª, 3ª e 22ª coordenadorias regionais de saúde no Estado (Gráfico 7). O diagnóstico tardio ainda é um importante fator de manutenção das altas taxas de mortalidade. Considerando que a aids é uma doença crônica e que as PVHA Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde / Núcleo de Vigilância Epidemiológica / SESA/Ce Av. Almirante Barroso, 6 Praia de
6 HIV/AIDS /11/215 Página 6 de 6 (pessoas vivendo com HIV/AIDS) têm o direito ao tratamento garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), este indicador de redução da mortalidade por aids deve ser uma meta a ser priorizada por todas as regiões do nosso estado. Gráfico 7- Taxa de mortalidade (por 1 mil habitantes) segundo de residência, Ceará, , 3 6, 25 5, 2 4, 15 3, 1 2, 5 1,, Número de óbitos Taxa de mortalidade Fonte Observação: *Dados podem sofrer alterações, considerando que a aids não é de notificação imediata.fonte: SESA/NUVEP/SINAN. Dados atualizados em 27 de novembro de 215, sujeitos à alteração. 4. Considerações finais Há alguns anos, receber o diagnóstico de aids era uma sentença de morte. Mas, hoje em dia, é possível ser soropositivo e viver com qualidade de vida. Basta tomar os medicamentos indicados e seguir corretamente as recomendações médicas. Saber precocemente da doença é fundamental para aumentar ainda mais a sobrevida da pessoa. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda fazer o teste sempre que passar por alguma situação de risco e usar sempre o preservativo. A portaria nº do Ministério da Saúde publicada em 6 de junho de 214 inclui a infecção pelo HIV à Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória e deverá ser notificado pelo profissional de saúde sempre que houver resultado reagente nos testes rápidos (conforme protocolos) e sorologia. O Protocolo Clínico para o manejo da infecção pelo HIV em adulto atualmente adotado no país indica o início da terapia antirretroviral logo após o diagnóstico da infecção pelo HIV, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos paciente e consequente aumento da sobrevida. Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde / Núcleo de Vigilância Epidemiológica / SESA/Ce Av. Almirante Barroso, 6 Praia de
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