BOLETIM DO LEITE. Índice de disponibilidade Interna de leite

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Transcrição:

BOLETIM DO LEITE Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 12 - Nº144 - Junho de 2006 Índice de disponibilidade Interna de leite Estimativa é de que em maio estiveram disponíveis 6,47 litros de leite formal para cada brasileiro Mercado Externo Brasil ganha mercado, porém com preços bem mais baixos. PÁG. 02 Qualidade do Leite O estudo realizado pela Clínica do Leite, mostrou que a variação média para os teores de gordura é de 5%. PÁG. 03 Mercado de Insumos Preço do milho sobe e relação de troca volta para patamar de 2005 PÁG. 06 E 07 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP

2 CONJUNTURA MACROECONÔMICA Por Humberto F. Spolador, Equipe de Macroeconomia Cepea - Esalq/USP e-mail: macrocepea@esalq.usp.br e por Marianne Shiguematsu Equipe Leite Cepea - Esalq/USP e-mail: leitecepea@esalq.usp.br CRESCIMENTO DA ECONOMIA MUNDIAL FAVORECE O SETOR LÁCTEO Nos últimos cinco anos, a economia mundial tem vivido um ciclo de crescimento econômico e poucas turbulências nos mercados financeiros. Esse quadro tem permitido um crescimento médio da economia mundial, próximo a 4% ao ano. Os recentes aumentos da taxa básica de juros dos Estados Unidos no final de junho subiu para 5,25% ao ano contudo, podem reduzir o ritmo de crescimento da economia daquele país, com impactos sobre os mercados dos demais países. Isso significa que a economia mundial pode evoluir num ritmo mais lento, com efeitos diretos sobre o comércio internacional (importações/ exportações). E por que o crescimento da economia mundial é importante para o comércio externo do setor lácteo? Nós, enquanto consumidores, aumentamos o nosso consumo quando temos uma elevação de renda. Grosso modo, o mesmo acontece com a economia mundial, cujo aumento na renda faz com que as importações se elevem, ajudando portanto o Brasil e o agronegócio. Entre outros motivos, é o crescimento mundial que tem dado grande força para as exportações do agronegócio brasileiro. O leite, com a reestruturação do setor e com os ganhos de produtividade recentes, tem conseguido, além de abastecer o mercado doméstico, se aproveitar do aumento da demanda externa. A economia mundial, desde 2000, mantém um crescimento constante e positivo. As importações mundiais, por sua vez, deram um grande salto em 2003 e 2004 provavelmente impulsionadas pela intensificação do comércio internacional e, evidentemente, pelo aumento da renda mundial. É interessante observar que as importações mundiais de leite acompanham o padrão das importações mundiais totais, especialmente no biênio 2003-2004. Volume exportado excede as importações em 17,8 milhões de litros Por isso, é importante que a economia mundial mantenha seu ritmo de crescimento, permitindo a manutenção da demanda o que, por sua vez, gera oportunidades de comércio internacional para o agronegócio brasileiro em geral - e para o setor lácteo em particular. Apesar desses incentivos, a taxa de 5,50 5,00 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 Gráfico 1: Preços médios de exportação de produtos lácteos (IPE-L/Cepea) jan-03 fev-03 mar-03 abr-03 mai-03 jun-03 jul-03 ago-03 set-03 out-03 nov-03 dez-03 jan-04 fev-04 mar-04 abr-04 mai-04 jun-04 jul-04 ago-04 set-04 out-04 nov-04 dez-04 jan-05 fev-05 mar-05 abr-05 mai-05 jun-05 jul-05 ago-05 set-05 out-05 nov-05 dez-05 jan-06 fev-06 mar-06 abr-06 mai-06 jun-06 IPE-Lácteo US$/kg câmbio atual anda desmotivando as exportações lácteas brasileiras. No gráfico ao lado, que ilustra os Preços médios de exportação dos produtos lácteos brasileiros (IPE-L/Cepea), notase que os valores em dólar se mantêm em trajetória de alta, mas em moeda nacional, o comportamento é de queda. O valor em reais das exportações pode ser lido como a atratividade de exportar lácteos. Conforme visto no gráfico, os valores que são cada vez menores e mais inconstantes, afetando a atratividade. Vale destacar que o volume exportado pelo Brasil neste ano, até junho, foi 63% superior ao de janeiro a maio de 2005; quanto à receita total das exportações, o aumento foi de 61%, também no mesmo período. Isso demonstra que o Brasil vem ganhando mercado, porém com preços mais baixos mês a mês. IPE-Lácteo R$/kg R$ 3,95 R$ 3,70 US$ 1,75 US$ 1,64 Fonte: Cepea/Esalq-USP

3 QUALIDADE DO LEITE Laerte Dagher Cassoli Prof. Paulo F. Machado Ana Carolina Rodrigues Departamento de Zootecnia - Esalq/USP E-mail: cleite@esalq.usp.br IMPORTÂNCIA DO AGENTE DE COLETA NO PROGRAMA DE PAGAMENTO POR QUALIDADE Como discutimos em artigos anteriores, várias indústrias já estão remunerando o leite de seus fornecedores em função da qualidade. Geralmente adotam como indicadores a composição do leite (gordura e proteína), a contagem de células somáticas (CCS) e a contagem bacteriana total (CBT). A coleta de amostra é um dos pontos críticos dentro deste processo de classificação. Em países é comum a coleta de uma amostra a cada remessa de leite feita pelo produtor, sendo o transportador o agente de coleta. No Brasil o transportador é quem realiza a coleta, e geralmente adota-se de 1 a 4 amostras mensais de cada produtor. Estudo inédito realizado pelo setor de pesquisa da Clínica do Leite estimou qual deveria ser o número mínimo de amostras mensais para pagamento por qualidade. De acordo com o estudo, precisaria ser coletado um numero maior de amostras (4 a 8 amostras) para se ter certeza da qualidade produzida ao longo do mês. Os principais fatores que afetam o número de amostras são: a amplitude das classes (quanto menor a amplitude, maior deve ser o número de amostras) e a variação dos resultados (quanto maior a variação maior o número de amostras). Especificamente quanto a variação dos resultados existem dois grupos de fatores que afetam esta variação: a) Fatores ligados ao rebanho: número de vacas em lactação, manejo alimentar e manejo de ordenha. Quanto menor o rebanho e quanto menos estável for o manejo, mais alta deve ser a variação esperada. b) Fatores de amostragem/armazenamento e análise: uma má homogeneização do leite antes da coleta afetará o resultado obtido, bem como problemas de armazenamento e erros laboratoriais. Para ilustrar foram coletadas amostras diárias para análise de gordura em dois rebanhos diferentes como mostram os figuras 1 e 2: Observa-se que a Fazenda A apresentou uma variação bem menor do que a Fazenda B. No primeiro caso uma única amostra seria suficiente para classificar o produtor, considerando amplitude de 0,10 %, enquanto que na Fazenda B este número seria muito maior. A variação do teor de gordura é o melhor indicador da qualidade da amostragem, uma vez que é muito sensível a falta de Gordura (%) Gordura (%) 3,50 3,40 3,30 3,20 3,10 3,00 2,90 2,80 2,70 3,50 3,40 3,30 3,20 3,10 3,00 2,90 2,80 2,70 15/03/06 16/03/06 17/03/06 18/03/06 19/03/06 20/03/06 21/03/06 22/03/06 23/03/06 24/03/06 25/03/06 26/03/06 homogeneização do leite. É importante ressaltar que uma falha de homogeneização não afeta somente o teor de gordura, mas também a CCS e a CBT. A Clínica do Leite desenvolveu um programa de treinamento especifico para os agentes de coleta e nos últimos dois anos foram treinados mais de 1 mil ligados a mais de 60 industrias dos estados de SP, MG, PR, GO, MS e RJ. O agente de coleta é fundamental para se obter sucesso num programa de pagamento por qualidade. Algumas industrias já tem o agente como foco, e inclusive já adotaram programa de remuneração em função da qualidade da amostragem. Figura 1. Fazenda A, teores de gordura ficaram entre 3,0 e 3,10 % ao longo de todo o período. 27/03/06 28/03/06 29/03/06 30/03/06 31/03/06 01/04/06 02/04/06 03/04/06 04/04/06 05/04/06 06/04/06 07/04/06 08/04/06 09/04/06 10/04/06 11/04/06 12/04/06 13/04/06 Figura 2. Fazenda B, teores de gordura variaram entre 3,10 e 3,50 % ao longo de todo o período. 15/3/2006 16/3/2006 17/3/2006 18/3/2006 19/3/2006 20/3/2006 21/3/2006 22/3/2006 23/3/2006 24/3/2006 25/3/2006 26/3/2006 27/3/2006 28/3/2006 29/3/2006 30/3/2006 31/3/2006 1/4/2006 2/4/2006 3/4/2006 4/4/2006 5/4/2006 6/4/2006 7/4/2006 8/4/2006 9/4/2006 10/4/2006 11/4/2006 12/4/2006 13/4/2006

4 MERCADO DE LEITE AO PRODUDOR JUNHO/06 Por Leandro A. Ponchio, Equipe Leite Cepea - Esalq/USP E-mail: leitecepea@esalq.usp.br AUMENTO DE PREÇOS COMEÇA A PERDER FORÇA CAPTAÇÃO: No final de junho, laticínios e cooperativas nos sete principais estados produtores de leite fecham o balanço do volume captado em maio. O resultado é a queda significativa de 4,88% em relação a abril, conforme o Índice de Captação de Leite (ICAP-L/Cepea). No ano passado, de abril para maio, a queda na captação foi de 3,05%. Contudo, nos 130 125 120 115 110 105 100 95 90 85 80 ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP primeiros cinco meses deste ano, o volume de leite captado é 3,64% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo o ICAP-L/Cepea. É importante notar que maio, tradicionalmente, é o mês de menor captação. O nível atual sugere que a produção neste ano pode ter uma taxa de crescimento maior que a vista na média de 1996 a 2005. Gráfico 1 - ICAP-L Índice de Captação de Leite (Junho de 2004 = 100) 109,31 108,10 102,82 jun-04 jul-04 ago-04 set-04 out-04 nov-04 dez-04 jan-05 fev-05 mar-05 abr-05 mai-05 jun-05 jul-05 ago-05 set-05 out-05 nov-05 dez-05 jan-06 fev-06 mar-06 abr-06 mai-06 Considerando o volume captado em um mês, somando a este as importações e debitando-se os volumes exportados de leite, tem-se uma estimativa da disponibilidade interna de leite formal para os brasileiros. Em maio, cálculos do Cepea apontam que esteve disponível o equivalente a 6,47 litros de leite por pessoa considerando a população em 186,15 litros/percapita por mês. DISPONIBILIDADE INTERNA: IBGE - PTL milhões de habitantes. Já em maio do ano passado, havia 7,17 litros por habitante, ou seja, 9,7% a mais que neste ano. A diminuição da disponibilidade interna é explicada pelo aumento das exportações em 40% (volume) e uma queda das importações na ordem de 60% nos últimos 12 meses. Gráfico 2 - Disponibilidade interna de leite formal (litros/per capita/mês) 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 jun-04 jul-04 ago-04 set-04 out-04 nov-04 dez-04 jan-05 fev-05 mar-05 abr-05 mai-05 jun-05 jul-05 ago-05 set-05 out-05 nov-05 dez-05 jan-06 fev-06 mar-06 abr-06 mai-06 Fonte: CEPEA - Esalq/USP Fonte: CEPEA - Esalq/USP Em junho, o preço pago aos produtores de leite, na média dos sete estados pesquisados pelo Cepea foi de R$ 0,4975/ litro referente ao leite entregue no correr de maio. Esse valor representa aumento mínimo de 0,75% frente ao mês anterior. Já se comparado à média de junho do ano passado, constata-se queda de 16,11%, em termos nominais. Ao se contabilizar a inflação do período medida pelo IPCA-, verifica-se recuo de 19,53% do preço do leite ao produtor. Essa queda mais acentuada é justificada pelo grande volume de leite produzido no estado neste ano. Nota-se também que a diferença entre os preços máximos e os mínimos em Goiás está menor neste ano que em 2005 e em 2004. Isso está ocorrendo devido a um certo aumento dos mínimos, mas principalmente por queda dos valores máximos. Neste período do ano (entressafra), as tomadas de decisões de cooperativas e de laticínios são cruciais para garantir a regularidade na captação de leite. Por esse motivo, os picos de preços tradicionalmente ocorrem em julho. Entretanto, em 2005, particularmente, este pico de preços ocorreu mês de junho. PROCESSAMENTO INDUSTRIAL: Com o recuo de 4,88% na captação, a utilização média das indústrias de laticínios esteve em 62,7% da sua capacidade máxima no mês de maio. Esse percentual é semelhante ao observado em maio de 2005, cuja utilização era de 63,3%. Utilização da capacidade de processamento das indústrias lácteas 2006 MAIO % utilizado da capacidade máxima diária

5 Preços pagos em Junho/06 ao produtor referentes ao leite entregue em Maio/06 - R$/litro tipo C 1 Valor Bruto; Inclusos frete e INSS 2 Valor Líquido; Livre de frete e INSS Mesorregiões do RIO GRANDE DO SUL Mesorregiões do PARANÁ 0,565 0,500 Méd. 2 0,427 0,370 0,530 0,460 0,420 0,390 0,517 0,478 0,455 0,418 0,553 0,489 0,426 0,376 0,547 0,494 Méd. 2 0,466 0,446 0,517 0,513 0,448 0,455 0,423 0,418 0,387 0,388 0,534 0,473 0,439 0,406 Noroeste Nordeste Metropolitana Porto Alegre Média Estadual RS Centro Oriental Paranaense Oeste Paranaense Norte Central Paranaense Média Estadual PR Mesorregiões de SÃO PAULO Mesorregiões de MINAS GERAIS 0,601 0,588 Méd. 2 0,561 0,501 0,557 0,519 0,441 0,440 0,532 0,493 0,452 0,411 0,574 0,526 0,487 0,442 0,569 0,550 0,524 0,506 Méd. 2 0,482 0,489 0,466 0,456 0,521 0,482 0,448 0,430 0,547 0,502 0,478 0,453 São José do Rio Preto Macro Metropolitana Paulista Vale do Paraíba Paulista Média Estadual SP Triângulo Mineiro/ Alto Paranaíba Sul/Sudoeste de Minas Vale do Rio Doce Média Estadual MG Mesorregiões de GOIÁS Mesorregiões da BAHIA Méd. 2 0,550 0,517 0,489 0,461 0,528 0,484 0,439 0,435 0,537 0,497 0,459 0,445 0,444 0,425 Méd. 2 0,405 0,360 0,408 0,361 0,574 0,457 0,423 0,375 0,357 Centro Goiano Sul Goiano Média Estadual GO 0,315 Centro Sul Baiano Sul Baiano Média Estadual BA Mesorregiões de SANTA CATARINA 0,484 0,485 0,487 0,442 0,440 0,445 Méd. 2 0,404 0,430 0,412 0,378 0,360 0,384 Oeste Catarinense Vale do Itajaí Média Estadual SC 1 Valor Bruto; Inclusos frete e INSS 2 Valor Líquido; Livre de frete e INSS Editor Científico: Geraldo Sant Ana de Camargo Barros e Sergio De Zen Editor Executivo: Eng. Ag. Leandro Augusto Ponchio Jornalista Responsável: Ana Paula da Silva - MTb: 27368 Diagramação Eletrônica/Arte: Thiago Luiz Dias Siqueira Barros EXPEDIENTE Equipe Leite: Leandro Augusto Ponchio - Pesquisador do projeto leite; Erica R. da Paz, Marianne Shiguematsu, Pedro Sarmento e Raquel M. Gimenes, Aline Angelica Vitti, Jéssica Chaves Rivas, Marcelo Bahia Gama e Viviane P. Paulenas. Equipe Macroeconômica: Humberto Francisco Silva Spolador e Fabiana C. Fontana - Pesquisadores do projeto Macroeconomia. Equipe Grãos: Mauro Osaki - Pesquisador do Projeto Grãos; Luciano Van Den Broek, Ana Amélia Zinsly, Flavia Gutierrez, Maria Isabel B. de Lima, Milene Ramos. Contato: C.P 132-13400-970 Piracicaba, SP Tel: 19 3429-8831 19 3429-8859 leitecepea@esalq.usp.br http://www.cepea.esalq.usp.br O Boletim do Leite pertence ao Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - USP/ Esalq. A reprodução de conteúdos publicados por este imformativo é permitida desde que citados os nomes dos autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea e a devida data de publicação.

6 MERCADO DE MILHO E SOJA JUNHO/06 Por Mauro Osaki, Equipe Grãos Cepea - Esalq/USP E-mail: graoscepea@esalq.usp.br e por Pedro Sarmento Equipe Leite Cepea e-mail: leitecepea@esalq.usp.br SOJA e FARELO de soja EM JUNHO, PRODUTOR PRECISA DE MAIS LEITE QUE NOS MESES ANTERIORES Em junho, o mercado de farelo refletiu as incertezas dos EUA. No cenário macroeconômico, a elevação da taxa de juros norte-americana gerou efeito na valorização da taxa de câmbio dos países emergentes, entre os quais se inclui o Brasil. No cenário agrícola, foi a estiagem registrada no meio-oeste americano que motivou a valorização da cotação futura do grão de soja e de seus derivados, na bolsa de mercadorias de Chicago (CBOT). O primeiro vencimento futuro na CBOT (julho) ficou 1,68% superior ao de maio na média de junho, e o dólar desvalorizou 2,87% em frente ao Real, motivando alta do preço do derivado no mercado doméstico. Em Campinas (SP), o preço médio do farelo de soja foi de R$ 465,12/tonelada, reação de 7,2% em relação a maio, mas queda de 11,5% sobre o mesmo período do ano passado sem acrescentar a inflação do período. Para o setor lácteo, o andamento da safra americana e a expectativa de plantio do Brasil e da Argentina são fundamentos básicos para o planejamento da produção dos próximos semestres. Uma eventual seca nos Estado Unidos e/ou redução drástica do plantio de soja no Brasil motivariam altas de preços que dificultariam a situação de produtores que utilizam esse insumo na ração de seus rebanhos. IMPACTOS NO LEITE Os aumentos nos preços do milho como também do farelo de soja no mês de junho trazem alguns transtornos os produtores de leite. Na média de cinco tipos de die- tas, destinadas para vacas de 15 litros/dia, há um aumento de 4,67% nos custos do concentrado, que no custo final da dieta o impacto médio é de 1,77%. Para vacas com produção diária de 30 litros o impacto no custo final da dieta é de 4,27%. Valores bem superiores aos índices de inflação da economia brasileira. RELAÇÃO DE TROCA A queda de 36% do preço do farelo de soja nos últimos dois anos favoreceu o poder de compra de produtores de leite. Na média de junho dos últimos quatro anos, eram necessários 1.153 litros de leite para comprar uma tonelada de farelo de soja em Campinas (SP). Já em junho de 2006, foram necessários apenas 885 litros para a compra do mesmo insumo, volume 23% inferior ao de junho de 2002, de 2003 e de 2004. Frente a maio deste ano, contudo, com a valorização cambial, o preço da tonelada do farelo de soja subiu 7,14%, reduzindo em 6,2% o poder de compra do pecuarista de um mês para outro. Quantos litros de leite são necessários para adquirir uma tonelada de farelo de soja? 1167 l/t 1165 l/t 1438 l/t 844 l/t 839 l/t 833 l/t Leite: estado de SP; farelo: região de Campinas-SP Jun/02 Jun/03 Jun/04 Jun/05 Abr/06 Mai/06 Jun/06 885 l/t Fonte: CEPEA - Esalq/USP

7 MILHO PREÇO DO MILHO SOBE E RELAÇÃO DE TROCA VOLTA PARA PATAMAR DO ANO PASSADO Mantendo o ritmo de alta, o preço médio do milho em junho, na região de Campinas (SP), foi 7,7% maior que o de maio, com a saca sendo comercializada na média de R$ 16,25/sc. Apesar da recuperação vista desde meados de abril, as cotações de junho ainda ficaram 15,8% menores que as do mesmo período de 2005, sem considerar a inflação do período. As altas de junho foram motivadas pela subvenção do governo com o leilão de PEP, pela renegociação das dívidas e pelas exportações. Com a intervenção do governo, produtores adiaram as vendas naquele mês, tendo em vista a renegociação das dívidas com os bancos. Quanto às exportações, mesmo com a taxa de câmbio desfavorável, o volume embarcado foi de 346,2 mil toneladas, 16,7% superior ao do mês anterior, segundo a Secex. O volume foi também maior que os de junho de 2002, 2003 e 2005, quando o País praticamente não exportou milho. De janeiro a junho, os embarques totalizaram 1,2 milhão, cerca de 13,6% a mais que no mesmo período do ano passado. Para os próximos meses, o setor lácteo estará de olho no ritmo de colheita da safrinha, pois o Paraná, principal estado produtor, já iniciou as atividades. A estimativa de produção do Deral/Seab (governo do estado do PR) está entre 2,9 e 3,1 milhões de toneladas para a safrinha. A mesma instituição relata que 83% das lavouras encontravam-se em condições médias e boas no final de junho. Uma maior oferta de milho safrinha poderá pressionar as cotações no mercado doméstico, favorecendo a relação de troca dos produtores de leite. IMPACTOS NO LEITE Os aumentos nos preços do milho no mês de junho impactam negativamente para os produtores de leite. Na média de cinco tipos de dietas, destinadas para vacas de 15 litros/dia, há um aumento de 2,78% nos custos do concentrado, que no custo final da dieta o impacto médio é de 1,09%. Para vacas com produção diária de 30 litros o impacto no custo final da dieta é de 2,92%. RELAÇÃO DE TROCA No mês de junho, foram necessários 30,91 litros de leite para a compra de uma saca de milho, praticamente a mesma relação verificada em junho de 2005, mas 15,2% melhor (para o produtor de leite) que a média dos últimos quatro anos. De maio para junho deste ano, o poder de compra do pecuarista de leite para este insumo diminuiu 6,8%, devido principalmente ao aumento de preços do milho em São Paulo. Apesar disso, o pecuarista vem obtendo uma boa relação de troca se comparado a junho de 2004, quando eram necessários 39,58 litros de leite para adquirir uma saca de milho. Quantos litros de leite são necessários para adquirir uma saca de milho? 38 l/sc 38 l/sc 40 l/sc 31 l/sc 29 l/sc 29 l/sc Leite: estado de SP; farelo: região de Campinas-SP 31 l/sc Jun/02 Jun/03 Jun/04 Jun/05 Abr/06 Mai/06 Jun/06 Fonte: CEPEA - Esalq/USP

8 FIQUE ATENTO Por Érica R. da Paz, Equipe Leite Cepea - Esalq/USP E-mail: leitecepea@esalq.usp.br No fim de junho, o secretário da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Valter Bianchini, e o delegado do MDA no Paraná, Reni Antônio Denardi, anunciaram o repasse de R$ 800 mil do governo federal para as obras de construção da plataforma de recebimento de leite e da fábrica de queijo no município de Itapejara do Oeste no estado do Paraná. Esta agroindústira terá capacidade de processar 20 mil litros de leite/dia. O secretário municipal de Agricultura de Itapejara do Oeste informa que cerca de 3,5 mil famílias de agricultores familiares serão beneficiadas direta ou indiretamente pela plataforma de recebimento de leite. 70% dos 1,2 mil pequenos produtores de Itapejara do Oeste se dedicam à atividade leiteira. (Ministério do Desenvolvimento Agrário) produtores chegam a receber R$ 0,55 pelo litro, enquanto outros recebem R$ 0,33, exemplifica o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS, Fetag, Elton Weber. Segundo ele, as empresas estariam valorizando mais o item quantidade do que qualidade do produto na hora da compra. (Correio do Povo/RS) A caixa econômica federal do Rio Grande do Sul criou linha de crédito para a bacia leiteira gaúcha, em função da vinda de empresas de processamento de leite. O projeto irá acontecer, principalmente, nas regiões onde serão instaladas a Nestlé, Embaré e CCGL. A idéia é buscar a consolidação das bacias e expandir a produção, diz o vice-presidente de Caixa/RS, Rogério Walau. (Revista Leite & Derivados) IMPRESSO A produção de leite no estado de Goiás cresceu e quase dobrou nos últimos dez anos em função dos investimentos feitos pelos produtores no campo tecnológico e melhor manejo. Apesar do avanço na produção e melhoria da qualidade do produto, a renda do produtor rural ficou aquém da esperada. Edson Alves Novaes, economista da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás, Faeg, diz que em 1994, o estado produzia 1,4 bilhões de litros de leite/ano, muito pouco para sua real potencialidade. A produção média por animal passou de de 541 litros de leite por vaca ao ano em 1995 para 1.124 litros de leite por vaca ao ano em 2004. (Diário da Manhã/GO) Produtores de leite querem diminuir a diferença entre os preços pagos pela indústria em diferentes regiões do Rio Grande do Sul. A disparidade entre os valores chega a até R$ 0,20 nas Missões e em Ijuí. Ao mesmo tempo, em outros pontos do estado, a diferença cai para apenas R$ 0,08. Alguns O governo vai repassar até o final do ano R$ 172 milhões para a compra da produção de leite de pequenos agricultores do Nordeste. A iniciantiva faz parte do Pograma de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar-Leite (PAA- Leite), do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que compra a produção dos agricultores e depois distribui de graça o leite em creches, escolas e para famílias de baixa renda. Desde que foi criado, em 2003, o programa entrega, diariamente, um litro de leite por família para um total de 700 mil famílias nordestinas. Até o momento, R$ 80 milhões já foram repassados. Segundo o secretário nacional de segurança alimentar e nutricionista do MDS, Onaur Ruano, o leite é produzido na própria região onde moram os agricultores. Eles recebem R$ 0,70 por litro de leite produzido. Em torno de R$ 0,30 é repassado para as usinas para cobrir despesas como a de pasteurização, ensacamento e a distribuição do leite. (Revista Leite & Derivados) Uso dos Correios C.Postal 132-13400-970 Piracicaba, SP