SISTEMA DE RASTREABILIDADE BOVINA Ricardo Toshio Yugue EAN BRASIL Grupo de Trabalho para Automação, Rastreabilidade e Padronização Comercial da Carne Bovina
24 SUMÁRIO presente projeto tem por objetivo colaborar para o desenvolvimento de um Sistema de Rastreabilidade para a Cadeia da Carne Bovina Brasileira. Este projeto foi elaborado em conjunto pelas mais importantes entidades do setor, através do Grupo de Trabalho para Automação, Rastreabilidade e Padronização Comercial da Carne Bovina coordenado pela EAN BRASIL, considerando-se: a Portaria 483 de 19/09/2001 que institui uma Comissão Técnica para a elaboração da proposta de projeto direcionada à criação, implantação e consolidação do Sistema Brasileiro de Rastreabilidade Bovina ; a Instrução Normativa nº 1/2002, de 09/01/2002, que institui o SISBOV - Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina; que é preciso consolidar e fomentar as exportações brasileiras, que atingiram a ordem de um bilhão de dólares no ano de 2001; a regulamentação da União Européia (EC 1760/2000), que entrou em vigor em janeiro de 2002; a necessidade de desenvolvimento de uma solução padronizada e integrada que garanta a completa rastreabilidade dos animais e produtos comercializados; a necessidade de indicadores de qualidade que garantam total confiabilidade aos sistemas adotados e, por conseqüência, aos produtos da cadeia bovina brasileira; que a proposta de agenda de atividades foi desenvolvida com a participação de representantes de empresas processadoras e varejistas da carne bovina, além da EAN BRASIL, membro da EAN International cujo sistema de identificação e codificação em barras foi recomendado pela United Nations Economic Commission for Europe (UN/ECE) para a aplicação dos Padrões de Codificação de Carcaças e Cortes Bovinos; os sistemas automatizados de captura de dados, a identificação padronizada de produtos e de unidades logística e a transferência eletrônica de dados são tecnologias, em especial o Sistema EAN.UCC, vem facilitando o estabelecimento de sistemas de gestão da cadeia de suprimentos em todo o mundo.
III Simpósio de Produção de Gado de Corte - 25 HISTÓRICO Após a crise da vaca louca foram realizados vários esforços internacionais para o controle da doença e restabelecer a confiança do consumidor. Um desses esforços foi desenvolvido pelos países da Comunidade Européia. Como fruto desse trabalho, foi publicada a regulamentação da Comissão Européia (EC) 820/97. A Iniciativa EAN International Para desenvolver ferramentas de automação que facilitassem a implementação dessa resolução, a EAN 1 International formou o Meat Supply Chain Task Force (MSCTF). A justificativa para tal iniciativa baseou-se no crescente movimento de globalização comercial e do grande número de regulamentações internacionais enfocando a saúde animal e a segurança alimentar. No entanto, a principal constatação foi a de que a cadeia produtiva da carne necessitava examinar de forma criteriosa os custos extras que soluções de rastreabilidade não padronizadas poderiam vir a impor a médio e longo prazo. O MSCTF foi formado por organizações membro da EAN International e entidades européias do setor. Como resultado do trabalho do MSCTF, foi lançado em fevereiro de 1999, a primeira edição do Guia Traceability of Beef - Application of EAN.UCC standards in implementing Council Regulation (EC)820/97 ou Guia EAN International para Rastreabilidade da Carne. A UN/ECE reconheceu no guia elaborado pelo MSCFT uma importante ferramenta para a implementação da regulamentação dos Padrões de Codificação de Carcaças e Cortes Bovinos, passando a recomendar a sua aplicação a partir de então. A segunda edição, base para este projeto, foi lançada em novembro de 2000, adaptada à nova regulamentação (EC)1760/2000. 1 - A EAN BRASIL - Associação Brasileira de Automação é uma entidade multisetorial sem fins lucrativos, que gerencia o licenciamento do Código Nacional de Produto, utilizado hoje pelo mercado brasileiro. O Sistema EAN.UCC é composto por padrões de numeração de identificação exclusiva, estruturas de código de barras e mensagens eletrônicas.
26 No início deste ano, a EAN International está finalizou a terceira edição do guia. Em razão do desenvolvimento do Guia EAN International para Rastreabilidade da Carne, as organizações membro da EAN International em todo o mundo foram requisitadas a participar dos programas locais voltados ao desenvolvimento dos sistemas nacionais de rastreabilidade na cadeia da carne. Os principais exemplos vêm dos países membro da Comunidade Econômica Européia e da Austrália. O Grupo de Trabalho Brasileiro para Rastreabilidade Já no ano 2000, por intermédio do Prof. Pedro Eduardo de Felício, a EAN BRASIL sediou no Brasil a 9ª Reunião do Comitê de Padronização da Carne das Nações Unidas: "United Nations Meat Standardisation Committee. A EAN BRASIL estruturou no ano de 2001 o Grupo de Trabalho para Automação, Rastreabilidade e Padronização Comercial da Carne Bovina" que conta com a participação da ABRAS - Associação Brasileira de Supermercados, FUNDEPEC - Fundo de Desenvolvimento da Pecuária, ABCC - Associação Brasileira de Ciências de Carne, ANCP - Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores, frigoríficos e varejistas da cadeia da carne. Outros representantes da Cadeia da Carne Bovina Brasileira acompanham o projeto através do Grupo de Discussão estruturado para a comunicação entre os participantes. O grupo de discussão conta atualmente com a participação de aproximadamente 50 profissionais e utiliza a internet como meio através do endereço abaixo: rastreabilidade_carne@yahoogroups
III Simpósio de Produção de Gado de Corte - 27 OBJETIVO Assegurar a competitividade, a qualidade, a confiabilidade e a rastreabilidade da Cadeia de Suprimentos da Carne Bovina Brasileira. O Projeto do Sistema de Rastreabilidade Bovina visa cooperar com a implementação dos padrões de identificação para a rastreabilidade das informações ao longo de toda a cadeia produtiva da carne: desde o animal de origem, passando por todas as etapas de processamento feito pela indústria até chegar ao consumidor final. O estabelecimento de um modelo único e padronizado para o Sistema Brasileiro de Rastreabilidade Bovina, incluindo o Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (SISBOV), visa possibilitar a regulamentação dos procedimentos, documentos e estrutura de gestão permitindo o desenvolvimento de metodologias para a implementação da rastreabilidade, dentro desses padrões, de forma integrada e compatível, garantindo a integridade das informações em toda a cadeia produtiva da carne. PRODUTOS DO PROJETO A estruturação do Sistema de Rastreabilidade Bovina é necessária para a padronização do seguinte: sistemas de identificação e captura eletrônica de dados na cadeia produtiva da carne com base no Sistema EAN.UCC, incluindo as especificações e as condições necessárias à identificação de animais ou grupos de animais integrantes do SISBOV; bases de dados com estrutura para registro e armazenagem da origem das transações e movimentações de animais, cargas e produtos; recursos e procedimentos baseados em padrões do Sistema EAN.UCC, para possibilitar a integração e compatibilidade entre os vários operadores durante todo o ciclo operacional, sem perda de informação, em sistemas de controle e rastreabilidade de animais, cargas e produtos da cadeia produtiva da carne.
28 BENEFÍCIOS ESPERADOS Consolidação e ampliação de participação de mercado dos produtos da cadeia bovina brasileira ; Alinhamento dos procedimentos adotados pelo setor no Brasil com as práticas, legislação e normas internacionais; Redução de custo que resulta do alinhamento logístico; Mais qualidade no registro dos dados nas movimentações dos produtos; Desenvolvimento de indicadores de qualidade; Compartilhamento de informações, permitindo um planejamento colaborativo das atividades ao longo da cadeia de suprimentos; Rastreabilidade de produtos em conformidade com os Sistemas da Qualidade (ISO, GMP e HACCP), com base nos padrões globais, abertos e multisetorias suportados pelo Sistema EAN.UCC, que facilitarão as operações de recolhimento dos produtos, reduzindo os riscos nos casos de crise e seus desdobramentos. METODOLOGIA O desenvolvimento das atividades é realizado através de reuniões de trabalho, workshops, desenvolvimento de projeto-piloto e construção de parcerias. Reuniões de Trabalho - o objetivo das reuniões de trabalho é a discussão dos modelos de negócio e alternativas específicas de padrões de identificação, preparação de material técnico e a organização dos workshops. As reuniões terão freqüência a ser definida. Workshops - o objetivo dos workshops é a apresentação do status do Comitê em eventos formais a todas as organizações envolvidas e interessadas em implantar os modelos desenvolvidos. Os workshops serão realizados com a finalidade específica de divulgação dos resultados e promoção das atividades da Comissão. Projetos piloto - os projetos piloto terão lugar sempre que uma empresa participante do projeto e/ou fornecedor formalizarem a intenção de investir na implantação dos modelos desenvolvidos. Os participantes da Comissão, nesse caso, terão a oportunidade de acompanhar todo o processo de implantação e deverão, em
III Simpósio de Produção de Gado de Corte - 29 contrapartida, contribuir para o desenvolvimento do piloto através da participação na estruturação e análise do projeto. Construção de parcerias -desenvolvimento de fornecedores de equipamentos, prestadores de serviços e provedores de soluções de tecnologia da informação. Também fazem parte da construção de parcerias as atividades relacionadas à obtenção de apoio de entidades de classe, assim como a garantia de espaço na mídia para a divulgação do Projeto de Codificação. ESTRUTURA OPERACIONAL DO PROJETO Recursos Humanos - farão parte do projeto, representantes das entidades dos diversos segmentos da cadeia produtiva da carne, inicialmente formado pelos componentes do Grupo de Trabalho para Automação, Rastreabilidade e Padronização Comercial. O projeto tem a seguinte estrutura organizacional: Sistema de Rastreabilidade Bovina REPRESENTANTES DOS CRIADORES REPRESENTANTES DOS FRIGORÍFICOS REPRESENTANTES DA INDÚSTRIA PROCESSADORA REPRESENTANTES DO VAREJO EAN BRASIL INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS REPRESENTANTES PRESTADORES DE SERVIÇO INSTITUIÇÕES DE PESQUISA
30 Dentro do grupo de trabalho, a EAN BRASIL é responsável por prestar apoio no que se refere a: suporte técnico na aplicação dos padrões do Sistema EAN.UCC às organizações associadas; treinamentos e cursos sobre temas relacionados à aplicação conceitual e técnica do Sistema EAN.UCC; acompanhamento dos projetos-piloto; apoio às demais atividades do projeto. Recursos físicos e materiais - os recursos físicos para a realização das reuniões são disponibilizados da seguinte forma: Reuniões de trabalho e workshops - são realizados em auditório disponibilizado pelas organizações participantes do Projeto; Os recursos materiais serão desenvolvidos especificamente para os workshops e envolverão: Material técnico, folhetos e convites. Outros materiais a serem elaborados são os destinados à divulgação dos padrões desenvolvidos. Recursos financeiros - A participação dos profissionais do setor é custeada pelas respectivas empresas e entidades por eles representadas, ou por outro critério a ser adotado por decisão do próprio Projeto. Comunicação: Como recurso de comunicação, o projeto utiliza o Grupo de Discussão rasteabilidade_carne já estabelecido na Internet no seguinte endereço: rastreabilidade_carne@yahoogroups.com
III Simpósio de Produção de Gado de Corte - 31 ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO Para o desenvolvimento das atividades do grupo de trabalho foram estruturadas as etapas abaixo representadas: GRUPO DE TRABALHO Coordenação EAN BRASIL CODIFICAÇÃO ABATE PROCESSAMENTO IDENTIFICAÇÃO COMERCIAL (VAREJO) IDENTIFICAÇÃO ANIMAL GUIA DE RASTREABILIDADE PROCESSO GUIA DE RASTREABILIDADE VAREJO GUIA DE CODIFICAÇÃO DE CORTES GUIA DE IDENTIFICAÇÃO ANIMAL ESTRUTURA IDENTIFICAÇÃO ESTRUTURA IDENTIFICAÇÃO ESTRUTURA IDENTIFICAÇÃO SUPORTE DE DADOS ETIQUETA LOGÍSTICA SUPORTE DE DADOS AUTOMAÇÃO DO RECEBIMENTO ETIQUETA ITEM COMERCIAL GERENCIAMENTO DA NUMERAÇÃO AUTOMAÇÃO DO PROCESSO AUTOMAÇÃO DO RECEBIMENTO AUTOMAÇÃO DO EMBARQUE AUTOMAÇÃO DO EMBARQUE AUTOMAÇÃO DO PROCESSO COMÉRCIO ELETRÔNICO COMÉRCIO ELETRÔNICO AUTOMAÇÃO DO CHECKOUT COMÉRCIO ELETRÔNICO
32 REFERÊNCIAS TÉCNICAS O modelo de rastreabilidade desenvolvido, envolvendo padrões de identificação de itens comerciais, unidades logísticas e mensagens para troca eletrônica de dados, é baseado no emprego do padrão UCC/EAN-128, de acordo com modelo já adotado por outros países, como exemplifica o esquema a seguir: O padrão UCC/EAN-128, por sua capacidade de carregar dados alfanuméricos e alocá-los sequencialmente em uma mesma barra, permite a codificação de dados complementares e necessários à rastreabilidade de produtos e unidades logísticas como o número de lote, número de série e data de validade através de uma estrutura formada por indicadores de aplicação padronizados (AI s), que dão significado aos dados codificados. Esse padrão é utilizado em vários
III Simpósio de Produção de Gado de Corte - 33 países do mundo para garantir a segurança dos consumidores e melhorar a eficiência da distribuição e rastreabilidade dos produtos. A escolha desse padrão leva em consideração os seguintes aspectos: Número exclusivo para cada nível de identificação formado pelo Número Global de Item Comercial EAN/UCC (GTIN); Estrutura de código de barras padronizada internacionalmente (padrão UCC/EAN-128); Atendimento às necessidades de codificação dos dados necessários à implantação e sistemas de rastreabilidade; Recomendação da UN/ECE para as suas aplicações na cadeia produtiva da carne bovina. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EAN INTERNATIONAL. TRACEABILITY OF BEEF - Application of EAN UCC Standards in implementing Regulation (EC) 1760/2000. EAN International, Buxelas, 2002. http://www.ean-int.org/data/ean%20traceability%20of%20beef.pdf EAN AUTRALIA. Australian Meat Industry Guidelines for Numbering and Barcoding of Non-Retail Items. EAN AUSTRALIA,, 2000. http://www.ean.com.au/upload_files/attachment/amiguide3.pdf EAN BRASIL. Manual do Usuário EAN.UCC. EAN BRASIL, São Paulo, 2002. http://www.eanbrasil.org.br/servlet/servletcontent?requestid=25
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