Renato Silveira de Assis Junior



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Transcrição:

UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA Renato Silveira de Assis Junior EQUILÍBRIO MUSCULAR EM ATLETAS ADOLESCENTES DE NATAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA DESPORTIVA COM ENFOQUE DA PREVENÇÃO DE LESÕES Belém Pa 2009

Renato Silveira de Assis Junior EQUILÍBRIO MUSCULAR EM ATLETAS ADOLESCENTES DE NATAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA DESPORTIVA COM ENFOQUE DA PREVENÇÃO DE LESÕES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UNAMA, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Fisioterapia. Orientador: Said Kalume Kalif. Co-orientador: Bruno Figueira Ferreira. Belém Pa 2008

ii Renato Silveira de Assis Junior EQUILÍBRIO MUSCULAR EM ATLETAS ADOLESCENTES DE NATAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA DESPORTIVA COM ENFOQUE DA PREVENÇÃO DE LESÕES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UNAMA, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Fisioterapia. Orientador: Said Kalume Kalif. Banca Examinadora: Avaliador (a) Avaliador (a) Data da defesa / / Conceito:

iii DEDICATÓRIA A minha mãe, Maria de Nazaré do Rego Barros Assis. Ao meu pai, Renato Silveira de Assis. A Minha namorada Laura Soares Tupinambá. Aos meus professores, amigos e ídolos.

iv AGRADECIMENTOS Ao grande arquiteto do universo, Deus. A nossa mãezinha, Nossa Senhora de Nazaré, padroeira dos paraenses. Aos meus criadores, minha mãe, Maria de Nazaré do Rêgo Barros Assis, e meu pai, Renato Silveira de Assis, pelo inestimável apoio paciência e compreensão nas horas mais difíceis da minha vida. Ao grande amor da minha vida, minha namorada e futura esposa, Laura Soares Tupinambá, pelo apoio, paciência e compreensão; razão da minha busca de novas realizações. Ao meu Orientador, Said Kalume Kalif, pela amizade semeada e concretizada no decorrer da minha vida acadêmica. Ao meu amigo e Co-orientador, Bruno Ferreira, pelo companheirismo e amizade, nesta reta final de curso. Aos professores, amigos e ídolos, Carmen Lúcia Bastos, Divaldo Martins de Souza, Julimar Pereira, Francisco Brotas, Carlos Dorneles, Evitom Corrêa de Sousa, Antônio Matos, Luiz Figueiredo, Joaquim Alessandro, Lícia Cerqueira, pela dedicação e interesse, os quais auxiliaram na potencialização de minha vida pessoal, profissional e intelectual. Ao meu avô, Francisco Xavier do Rego Barros (in memorian), pelo amor, afeto; eterna lembrança. Aos familiares do Rio Grande do Sul, Alda de Assis, Pedrolina de Assis, Eurico Silveira de Assis, Marcelo Espinosa, Leonel. Aos verdadeiros amigos sempre presentes na minha vida, Enio Félix, Bruno Ferreira. A todos que direta ou indiretamente, contribuíram para a viabilização dessa pesquisa, minha imensurável gratidão. MINHA MUITÍSSIMA GRATIDÃO!

v HOMENAGEM Em qualquer nível de ensino desde a Educação Infantil até a Pós- Graduação o principal papel do professor é o de servir de modelo e referência para a construção do projeto de vida dos alunos. Mostrar o valor do conhecimento, da necessidade da disciplina e respeito pelo trabalho do estudante que é, em última análise, o de responsabilizar-se pelo seu próprio percurso pessoal, acadêmico e profissional. Professor bonzinho nunca vai ser lembrado! Professor rígido pode ser até odiado, mais jamais será esquecido! Sempre será recordado como um Mestre competente e que marcou sua presença em cada um de seus alunos! Ser pontual, responsável, respeitador, respeitável, seguro de si, humilde pra reconhecer quando não sabe ou quando erra. Como ninguém, você exerce com maestria essa função. Talvez o segredo, seja ser professor, por dar aula, pelo prazer disso tudo! Ao longo de minha caminhada acadêmica, tu guiaste meu caminho... mostraste-me a cada momento compreensão, luta, paciência, inteligência e dedicação. E diante disso carrego na bagagem da vida o seu ensinamento eterno. Mais do que justa, esta homenagem é também necessária. Prof. Ms. Divaldo Martins de Souza, desejo sucesso e que a tua estrela continue sempre brilhando... MUITO GRATO POR TUDO!

vi SUMÁRIO RESUMO...vii 1 INTRODUÇÃO...08 2 REVISÃO DE LITERATURA...09 2.1 ESPORTE OU DESPORTO...09 2.2 NATAÇÃO...09 2.2.1 Histórico da Natação...10 2.2.2 Estilos de Nado...11 2.3 CINESIOLOGIA...13 2.3.1 Cinesiologia na Natação...14 2.3.2 Anatomocinesiologia da Flexo-Extensão do Joelho...14 2.4 MATURAÇÃO BIOLÓGICA...16 2.4.1 Crescimento na Adolescência...18 2.5 TREINAMENTO DESPORTIVO...20 2.5.1 Treinamento Desportivo na Natação...22 2.6 FORÇA MUSCULAR...23 2.6.1 Força Muscular na Adolescência...28 2.7 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO NADADOR ADOLESCENTE...29 2.8 DESEQUILÍBRIO ENTRE GRUPOS ANTAGONISTAS DA COXA...31 2.9 LESÕES DESPORTIVAS MÚSCULO-TENDÍNEAS...31 5 CONCLUSÃO...42 REFERÊNCIAS...43

vii RESUMO EQUILÍBRIO MUSCULAR EM ATLETAS ADOLESCENTES DE NATAÇÃO: A Importância da Fisioterapia Desportiva com Enfoque da Prevenção de Lesões. As atuais tecnologias de treinamento de atletas buscam a todo custo aprimorar o rendimento dos mesmos, alcançando desta maneira um alto nível competitivo e, como em toda modalidade desportiva que se busca um alto nível competitivo, a sobrecarga através de volume e intensidade pode causar malefícios ao invés de benefícios, apresentando, assim, desequilíbrios no corpo, sendo que quanto maior seu nível técnico e especialização, maior poderá ser seu desequilíbrio. As lesões na natação foram descritas pela primeira vez em 1968, onde Councilman estudou a prevalência de lesões em nadadores de competição e identificou um maior acometimento do ombro, com 37% do total, seguidas do joelho, com 28%, e do pé e do tornozelo, ambos com 19%. Relata que as lesões musculoesqueléticas nos nadadores podem ser de origem traumática ou secundárias, por overuse. As lesões traumáticas agudas são raras e as lesões por overuse ocorrem predominantemente em atletas de competição. A prática esportiva eleva o risco da ocorrência de lesões. Os atletas estão sujeitos a sofrerem lesões, seja em fase de treinamento ou em competição. Essas lesões estão diretamente relacionadas a fatores predisponentes intrínsecos e extrínsecos, e à ausência de um programa preventivo. Nesse contexto, o equilíbrio muscular agonista/antagonista, a comparação entre os lados direito e esquerdo e a necessidade de níveis de condicionamento e aptidão física ideais para o fim competitivo, são objetivos do atleta e de sua equipe multidisciplinar para serem atingidos. Eventuais déficits musculares poderão ser avaliados e quantificados de forma objetiva, facilitando e orientando o valioso trabalho do reequilíbrio muscular. A Fisioterapia, a Preparação Física e a Medicina Esportiva devem trabalhar juntas, para que a prevenção das lesões esportivas seja uma realidade prática. A natação competitiva, tratando-se de uma atividade que exige um alto nível de performance dos atletas, e que, para isso, são submetidos a um ritmo excessivo de treinamentos e competições, o que, por sua vez, podem vir a gerar uma sobrecarga pode levar, conseqüentemente, a um desequilíbrio muscular em nadadores, estes comumente apresentam uma alta incidência de lesões músculo-tendíneas. Palavras-chave: Natação; Fisioterapia Desportiva; Desequilíbrio Muscular; Prevenção de Lesões.

1 INTRODUÇÃO A composição corporal e a força muscular podem tanto refletir o estado de saúde como predizer o desempenho em determinadas modalidades esportivas (ASSIS JUNIOR, 2008). O aumento dos níveis de força muscular é um tipo de adaptação funcional positiva constantemente observada em indivíduos treinados. Tal adaptação pode influenciar o desempenho atlético e, conseqüentemente, na realização da atividade desportiva, contribuindo, dessa maneira com o sucesso durante as competições (ASSIS JUNIOR, 2008). O estudo se justifica a partir do pressuposto de que as atuais tecnologias de treinamento de atletas buscam a todo custo aprimorar o rendimento dos mesmos, alcançando desta maneira um alto nível competitivo e, como em toda modalidade desportiva que se busca um alto nível competitivo, a sobrecarga através de volume e intensidade pode causar malefícios ao invés de benefícios, apresentando, assim, desequilíbrios no corpo, sendo que quanto maior seu nível técnico e especialização, maior poderá ser seu desequilíbrio. Com isso, vale salientar a importância de trabalhos científicos que possam abordar os possíveis desequilíbrios de força muscular entre os músculos anteriores e posteriores da coxa em atletas jovens de natação, a fim de provocar melhorias na performance atlética dos mesmos, além de minimizar os riscos de lesão.

9 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ESPORTE OU DESPORTO Muitas pessoas, sobretudo leigos, agregam o tema Esporte com a Saúde e/ou Qualidade de Vida, promovendo dessa maneira uma relação que aparenta ser uma verdade absoluta, quando não, obrigatoriamente, é. Entretanto, Esporte não é Saúde. Pode vir a ser um promotor de Saúde, mas nem sempre irá produzir Saúde, como uma regra. Inclusive, é possível afirmar que esporte e/ou desporto caminha no sentido contrário da Saúde, pois os atletas, devido ao nível de exigência no treinamento e nas competições, é exposto à lesões e agressões em gerai, o que podem afetar o estado de saúde dos mesmos (ASSIS JUNIOR, 2008). Saúde, numa perspectiva holística, pode ser definida como uma condição humana em suas dimensões física, social e psicológica, caracterizada num contínuo com pólos positivos e negativos. A Saúde positiva pode ser entendida como a capacidade de se ter uma vida dinâmica e produtiva, confirmada geralmente pela percepção de bem-estar geral; enquanto que a Saúde negativa está associada a riscos de doenças, morbidade e até mesmo à morte prematura (NAHAS et al, 2000). O Desporto por sua vez, é o esporte realizado de forma sistemática e com regras rigorosas previamente estabelecidas e realizado com fins competitivos (ASSIS JUNIOR, 2008). 2.2 NATAÇÃO Segundo Martins (2005), a natação é atualmente um dos esportes mais praticados no Brasil. "A natação é um esporte completo", é uma das frases mais conhecidas pela população em geral.

10 A natação é um dos esportes mais populares do mundo e os povos são atraídos para ela na busca por lazer, melhora da função cardiopulmonar ou por competição (MELLO, 2007). Trata-se de uma atividade esportiva não traumática, que se for bem orientada, tem valor profilático e terapêutico. Sabendo dos benefícios inerentes à natação, seja por lazer ou como terapia, não se pode deixar de falar que a prática competitiva, principalmente nas faixas etárias mais baixas, pode repercutir negativamente na integridade física do jovem, situação esta que deve ser evitada através da prevenção (GLASSER, 2003). 2.2.1 Histórico da Natação Segundo a CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS AQUÁTICOS - CBDA (2008), a natação teve papel fundamental na evolução da espécie humana. Observando outros animais ou devido às dificuldades impostas pela natureza, cedo o homem aprendeu a se sustentar e ter autopropulsão na água. Os Fenícios utilizaram a natação como estratégia de guerra para as conquistas territoriais, pois levavam enorme vantagem sobre os adversários. Na Grécia e Roma antigas a natação se popularizou e fazia parte do treinamento dos soldados do império (CBDA, 2008). O filósofo Platão (428 a 348 a.c.) afirmava que quem não sabia nadar não era educado, embora a natação tenha tido seu desenvolvimento prejudicado durante séculos devido à idéia de que ajudava a disseminar epidemias (CBDA, 2008). As primeiras provas somente aconteceram no início do século XIX. Nesta época, existiam apenas seis piscinas competitivas no mundo, todas em Londres. No início, o estilo utilizado era o de uma braçada de peito, executado de lado. Mais tarde, para diminuir a resistência da água, passou-se a levar um dos braços à frente, na superfície, num estilo que recebeu o nome de Single Overarm Stroke, que despertou a evolução das características de estilo (CBDA, 2008). Segundo a CBDA (2008), a natação esportiva foi iniciada no Brasil no século XIX, quando em 1895, a União de Regatas Fluminense do Rio de Janeiro (a mais

11 antiga entidade desportiva brasileira), composta pelos clubes praticantes de remo, organizava regatas e competições de natação no mar, na enseada de Botafogo. Acredita-se que a natação surgiu nesses clubes pela necessidade dos remadores terem que saber nadar para não se afogarem nas águas do mar. Alguns anos depois, a Federação Brasileira de Remo - que substituiu a União de Regatas - ampliou o número de competições no mar (CBDA, 2008). No início da década de 30, a natação desligou-se definitivamente do remo e os estados do Rio de Janeiro e São Paulo fundaram suas respectivas Ligas (hoje Federações), no ano de 1934. A CONSANAT, Confederação Sul-Americana de Natação, fundada em 1929, organizou os primeiros Campeonatos Sul-Americanos de Natação para homens na cidade de Santiago, em 1929, em Buenos Aires, em 34, e em 35, no Brasil, onde as mulheres participaram pela primeira vez, sendo Maria Lenk, a mais destacada - vencendo as provas de peito, borboleta e o revezamento (CBDA, 2008). 2.2.2 Estilos de Nado Existem quatro tipos de nado, que são: o nado Crawl, também chamado de Livre; o Costas; o Peito e o Borboleta, sendo o nado Crawl o mais rápido de todos e o mais fácil de nadar (ASSIS JUNIOR, 2008). O nado Crawl O nado de crawl é considerado o estilo mais rápido da natação competitiva. Na posição ideal para o nado crawl, o corpo do nadador deverá estar quase na horizontal, com a sua cabeça relativamente baixa, com a superfície da. água pouco acima dela, seus quadris deverão estar ligeiramente mais baixos que os ombros e os membros inferiores, para trás, com os joelhos estendidos, mantendo, contudo, o corpo em linha reta, com o objetivo de evitar o deslocamento lateral de partes do corpo (CARNAVAL, 2000). Segundo Carnaval (2000), na análise da pernada durante esse nado, devemos ter em mente que a cada ciclo de braçada, o nadador realizará seis batidas descendentes com os membros inferiores.

12 O nado Borboleta O estilo do nado borboleta, também chamado de golfinho, se desenvolveu em função de falhas no regulamento do nado de peito, que permitia a recuperação da braçada por fora da água. Esse desenvolvimento prosseguiu com a utilização da pernada de golfinho, onde as pernas se movem simultaneamente (CARNAVAL, 2000). Segundo Carnaval (2000), esse estilo é o segundo mais veloz da natação. Para tanto, se assemelha ao estilo crawl, tanto no movimento da braçada quanto no da pernada. Em relação à respiração, um bom nadador, normalmente, realiza uma inspiração, a cada uma, duas ou três braçadas, dependendo (lo tipo da prova, se ela é mais lenta ou mais rápida, e dependendo das necessidades do atleta (CARNAVAL, 2000). A posição do corpo do nadador de borboleta é semelhante à do nadador de crawl, mantendo sua cabeça relativamente baixa à superfície da água, e as pernas relativamente mais altas que a do nado crawl (CARNAVAL, 2000). O nado Costas Segundo Carnaval (2000), o nado de costas difere dos outros três estilos, pois é o único em que o nadador fica de costas para a superfície da água. O posicionamento do seu corpo é quase na horizontal, com o queixo, posicionado próximo ao tronco, de tal forma que o nadador (onsiga visualizar o movimento da água, por ocasião das pernadas. Os quadris ficam posicionados um pouco abaixo da superfície da água, para que a pernada seja realizada abaixo desta (CARNAVAL, 2000). Segundo Carnaval (2000), em relação às pernadas, estas serão desenvolvidas no mesmo ritmo em que foram executadas no nado crawl, ou seja, seis movimentos de perna para cada ciclo de braçada. No nado de costas, por permitir que a cabeça não fique imersa água, a respiração não traz grandes problemas. Entretanto, o ritmo respiratório utilizado normalmente pelos nadadores é de uma o piração por ciclo de braçada (CARNAVAL, 2000).

13 O nado Peito O nado de peito deve ter sido o primeiro estilo de natação empregado pelo ser humano para se deslocar na água. Nas competições, é considerado o estilo mais lento, devido às resistências que o corpo proporciona na execução da sua técnica. Entretanto, é considerado também o estilo mais seguro sendo, por isso, utilizado em salvamento e por grandes períodos, com o objetivo de sobrevivência (CARNAVAL, 2000). 2.3 CINESIOLOGIA Para Costa (2003), a cinesiologia pode ser conceituada como sendo a ciência que estuda o movimento humano. A palavra cinesiologia constitui-se da combinação de termos de dois verbos gregos, kinein, que significa mover, o logos, que significa estudar (PEREIRA, 2006). A cinesiologia é o estudo do movimento humano (KNUDSON, 2001), que vem fascinando através da história muitos pesquisadores e pensadores de diversas áreas do conhecimento (ASSIS JUNIOR, 2008). Um deles foi Aristóteles (384-322 a.c.), cujo fascínio resultou em tratados que descreviam as ações dos músculos e os submetiam a uma análise geométrica (KNUDSON, 2001). Devido a esses tratados pioneiros, Aristóteles pode ser considerado como o fundador da cinesiologia (ENOKA, 2000). Segundo Pereira (2006), Aristóteles foi o primeiro a analisar e descrever o complexo processo da deambulação, no qual o movimento de rotação se transforma no movimento de translação. Revelou notável compreensão do papel do centro da gravidade, das leis do movimento e da alavanca. Segundo Pinto Neto (2006), o trabalho de Aristóteles serviu de base para vários trabalhos subseqüentes, como os de Galeno (131-201), Galileu (1564-1643), Borelli (1608-1679) e em especial Newton (1642-1727). Sir Isaac Newton é o responsável pela formulação da mecânica clássica, também conhecida como mecânica newtoniana ou simplesmente mecânica.

14 A formulação das três leis do movimento mudou o mundo, gerou revoluções nas áreas exatas e biológicas, e possibilitou a ida do homem à Lua (PINTO NETO, 2006). 2.3.1 Cinesiologia na Natação A cinesiologia na natação nasceu, segundo Costa (2003), com o surgimento de Arquimedes (287-212 a.c) e os seus princípios hidrostáticos que explicam a maneira pelo qual os corpos flutuam e se deslocam no meio aquático; tais princípios são ainda hoje a fundamentação teórica na qual se baseiam os estudiosos da cinesiologia da natação. 2.3.2 Anatomocinesiologia da Flexo-Extensão do Joelho O joelho é a articulação intermediária do membro inferior. É, principalmente, uma articulação de um grau de liberdade (flexo-extensão) que lhe permite aproximar ou afastar, mais ou menos, a extremidade do membro de sua raiz, controlando a distância do corpo em relação ao solo. O joelho trabalha essencialmente em compressão, sob a ação da gravidade. Acessoriamente o joelho comporta um segundo grau de liberdade, a rotação, que surge apenas quando o joelho está fletido, (KAPANDJI apud VICELLI, 2002). O principal grupo muscular que contribui para a flexão da perna é o dos ísquiostibiais e sua ação pode ser bastante complexa, porque representam músculos biarticulares que trabalham para estender o quadril. São também rotadores da articulação do joelho, devido à suas inserções nos lados da articulação (HAMILL & KNUTZEN apud VICELLI, 2002). O bíceps femoral tem duas cabeças que conectam na parte lateral da articulação do joelho e oferecem suporte lateral à articulação. O bíceps femoral também produz flexão e rotação lateral da perna. Tanto o semitendinoso quanto o semimenbranoso produzem a flexão e a rotação medial da perna (SMITH et al.; HAMILL & KNUTZEN; KAPANDJI apud VICELLI, 2002).

15 Os ísquiostibiais operam mais efetivamente como flexores de joelho, a partir de uma posição de flexão do quadril que aumenta o comprimento e tensão do grupo muscular. Se os ísquiostibiais ficam retraídos, eles oferecem maior resistência à extensão da articulação do joelho pelo quadríceps femoral, impondo uma maior carga sobre esse grupo (HAMILL & KNUTZEN apud VICELLI, 2002). KAPANDJI apud (VICELLI, 2002) cita que os ísquiostibiais são extensores do quadril e flexores do joelho, e sua ação sobre o joelho é condicionada pela posição do quadril; já o reto anterior é flexor do quadril e extensor do joelho, e sua eficácia na qualidade de extensor do joelho depende da posição do quadril, e, inversamente, seu papel de flexor do quadril está subordinado à posição do joelho. SMITH et al. apud (VICELLI, 2002), citam que vários músculos passam posteriormente ao eixo de flexão e extensão do joelho, contribuindo para uma extensão variável de flexão do joelho. Estes músculos são: o bíceps da coxa, o semitendinoso, o semimembranoso (coletivamente chamados ísquiostibiais), o gastrocnêmio, o plantar, o poplíteo, o grácil e o sartório. O grupo de músculos quadríceps da coxa estende o joelho e consiste em quatro músculos: reto da coxa, vasto lateral, vasto medial e vasto intermediário. Estes quatro músculos formam uma única fixação distal forte da patela, cápsula do joelho e superfície proximal da tíbia (SMITH et al.; HAMILL & KNUTZEN apud VICELLI, 2002). A musculatura que produz o movimento de extensão é também usada freqüentemente no movimento humano para contrair e desacelerar excentricamente uma perna que se flexiona rapidamente. Felizmente, o grupo quadríceps femoral, o produtor de extensão no joelho, é um dos grupos musculares mais fortes do corpo (HAMILL & KNUTZEN apud VICELLI, 2002). 2.4 MATURAÇÃO BIOLÓGICA No período da adolescência ocorrem grandes modificações biológicas tanto em relação ao crescimento como à maturação, promovendo mudanças no aspecto físico, assim como no desempenho motor do jovem (JONES et al, 2000).

16 Segundo Martin et al (2001), nesta fase acontecem, entre outros, dois fenômenos biológicos relevantes: os estirões de crescimento em estatura e peso, e a maturação sexual do adolescente. A influência da maturação biológica pode ser observada em diversos aspectos, tais como: na composição corporal, no crescimento e no desempenho motor de cada indivíduo. Segundo Bojikian et al (2002), maturação biológica é definida como um conjunto de mudanças biológicas que ocorrem de forma seqüencial e ordenada, e que levam o indivíduo a atingir o estado adulto; seu ritmo e seu grau podem apresentar variações individuais, entretanto, sua ordem seqüencial é relativamente à mesma de pessoa para pessoa. Para Martin et al (2001), a maturação sexual é caracterizada por um processo evolutivo do indivíduo, devendo ser entendida como o conjunto de mudanças biológicas que ocorrem de forma seqüencial e ordenada, que levam o indivíduo a atingir o estado adulto e este processo pode variar no seu ritmo e grau entre os indivíduos, independente de sua raça, sexo ou meio em que vivem. Assim, Borges, Matsudo e Matsudo (2004), relatam em suas pesquisas que cada indivíduo tem seu relógio biológico que regula o ritmo de crescimento e desenvolvimento em direção ao estado de maturidade, porém, este crescimento biológico não necessariamente prossegue de acordo com a idade cronológica, e, isso geralmente acontece durante os estágios iniciais da adolescência. Por esta razão, embora dois sujeitos estejam na mesma idade cronológica, poderão variar no seu estado de maturidade e conseqüentemente no nível do desempenho. Segundo Malina e Bouchard, (2002) a mudança no desempenho motor tende a corresponder às mudanças em tamanho do corpo, força e funcionamento fisiológico na puberdade, porém, pode-se observar que enquanto o desempenho motor de meninos mostra um progresso contínuo, o desempenho motor de meninas é negligenciado ou em alguns casos declina após a menarca. A maturação sexual é um fenômeno que pode pregar verdadeiras surpresas como: início tardio, normal, precoce e até eventuais aprisionamentos (PAPADIMITRIOU et al, 2004). Para Alonso (2005), a maturação sexual acelerada possibilita vantagens fisiológicas aumento a estatura, massa corporal.

17 A grande dificuldade na avaliação e prescrição de exercícios é que este jovem de maturação acelerada com idade cronológica baixa, muitas vezes, pertence a um grupo de mesma idade cronológica cujo momento maturacional é tardio ou normal (ALONSO, 2005). Portanto, recomendo atenção na prescrição de exercícios que estimulem o desenvolvimento da coordenação motora, assim, quanto mais cedo o jovem entra na puberdade menos tempo ele tem para elaborar seu acervo motor concomitantemente com termino da formação do sistema nervoso central (ALONSO, 2005). Por outro lado jovens com maturação tardia tem normalmente mais dificuldade no processo seletivo dos clubes, vide os grandes equívocos históricos, muito em função da necessidade de resultado imediato que sobrepuja o desenvolvimento dos jovens (ALONSO, 2005). Para Alonso (2005), normalmente estes jovens recebem uma responsabilidade menor no que diz respeito ao resultado de sua equipe-fato que considero positivo, porém, poucos apostam em seu desenvolvimento, em função ainda do imediatismo, ou seja, da direta relação com os resultados em competições. Segundo Alonso (2005), jovens neste momento maturacional, têm mais tempo para desenvolver seu acervo motor justificando a prescrição de tarefas que desenvolvam a coordenação motora, mas em contrapartida tem resposta fisiológica limitada no desenvolvimento da resistência aeróbica, anaeróbica e força. 2.4.1 Crescimento na Adolescência Para Pozzobon (2003), a adolescência é um dos períodos em que ocorrem as maiores mudanças corporais em um indivíduo, caracterizando-se como uma das principais fases do desenvolvimento do ser humano. Este período é marcado por transformações biológicas, psicológicas, sociais. Trata-se de uma fase de transição em que se sucedem modificações físicas, mentais e emocionais, tornando-se importante, principalmente, por tratar-se da transição entre a infância e a fase adulta (POZZOBON, 2003).

18 A aptidão relacionada à saúde e ao desempenho do adolescente passa por grandes alterações desde o início do período adolescente até o final da adolescência (de 11 até 21 anos) (GALLAHUE; OZMUN, 2001). Segundo Schneider (2007), a puberdade é uma fase onde há grande desenvolvimento e mudanças sexuais secundárias, onde ocorre o pico de velocidade de crescimento (em estatura) e um rápido desenvolvimento de todo o organismo. Segundo Viebig (2006), pesquisadores têm investigado se algumas práticas esportivas, como ginástica, corridas de longa duração e o ballet, poderiam comprometer o crescimento longitudinal e/ou a densidade mineral óssea, em função do grande volume de treinamento das exigências de baixo peso corporal e do controle alimentar rigoroso. Borges, Matsudo e Matsudo (2004) e Malina e Bouchard (2002) conceituam crescimento como as alterações biológicas que implicam em aumento corporal da criança, considerando principalmente a evolução do peso, da altura e do perímetro cefálico. O aumento físico do corpo pode ser considerado como um todo ou em suas partes, e, é medido em termos de cm ou de kg traduz, portanto, o aumento do tamanho das células ou de seu número. O crescimento tem sua base em 3 fenômenos fundamentais: Acúmulo de aposição de material extracelular; Aumento do tamanho das células; Multiplicação celular. Ainda convém lembrar que Malina e Bouchard (2002) observam que em condições normais, cada célula, cada tecido e cada órgão crescem segundo o grau, padrão e velocidade próprios. O crescimento não tem suas fontes uniformemente distribuídas por toda célula, mas sim concentrações no território nuclear e provavelmente dependendo da atividade de genes. Segundo The Human Body apud (Alonso, 2005), há estirão em todos os segmentos do corpo, porém, não concomitantemente. Assim sendo, o crescimento inicial ocorre nas extremidades: os pés são os primeiros a crescerem e também os

19 primeiros a cessar o crescimento. Toda massa esquelética e muscular aumenta no estirão do crescimento em graus diferentes. Para Bompa (2002), os indivíduos evoluem de forma diversa. A proporção de crescimento de ossos, músculos, órgãos e sistema nervoso são diferentes em cada estágio maturacional, e esses desenvolvimentos determinam a capacidade fisiológica e de desempenho. Para Menezes (2004), a idade cronológica é importante referencial na infância, porém, na adolescência deixa de ser um parâmetro seguro. Adolescentes de mesma idade freqüentemente estão em fases distintas da puberdade, pois esta tem início e ritmo de progressão muito variável entre eles. Isto quer dizer que adolescentes do mesmo peso, idade e altura podem se encontrar em momentos diferentes do seu crescimento e do desenvolvimento de seus caracteres sexuais. Existem variações normais em relação à idade do início e a velocidade de progressão da maturação sexual, tanto no sexo masculino quanto no feminino (MENEZES, 2004). Fica evidente a maior relação da massa corporal e estatura com a maturação sexual do que com a idade cronológica indo ao encontro do que afirmam (MALINA; BOUCHARD, 2002; ALONSO et al, 2005). 2.5 TREINAMENTO DESPORTIVO O Treinamento Esportivo (T.E.) tem obtido importantes evoluções nos últimos anos, principalmente devido ao avanço das pesquisas em fisiologia do exercício, biomecânica, psicologia do esporte, bioquímica do esporte, nutrição do esporte, dentre outros (AZEVEDO, 2007). O treinamento físico é definido por BARBANTI (2003) como o tipo de treinamento cujo objetivo principal é desenvolver as capacidades motoras (condicionais e coordenativas) dos executantes, necessárias para obter rendimentos elevados, e que se faz através dos exercícios corporais. Segundo Azevedo (2007), como conseqüência do treinamento físico sistematizado, ocorrem adaptações tanto fisiológicas como bioquímicas, levando à

20 melhora no desempenho de tarefas específicas, sendo que, a natureza e magnitude destas adaptações são dependentes do tipo de atividade realizada, da interação entre o binômio - volume vs. intensidade, da individualidade genética e nível de aptidão inicial de cada indivíduo. Ainda para Azevedo (2007), o treinamento resistido também tem sido utilizado com sucesso no aumento do desempenho de atletas de alto nível, através dos seus benefícios associados à melhora da potência e capacidade aeróbica, flexibilidade, resistência muscular, e principalmente força e potência muscular. De acordo com Bompa (2002) as cargas de treinamento devem aumentar gradativamente com a idade e com a progressão dos treinamentos. Relatos de um estudo russo concluíram que a especialização esportiva não deve começar antes da idade de 15 ou 16 anos na maioria dos esportes (BOMPA, 2002). O autor afirma ainda que após um desenvolvimento multilateral no início da vida atlética, os jovens atingem o período de treinamento especializado entre 15 e 18 anos, podendo assim atingir o ápice esportivo futuramente. Mesmo durante a etapa de especialização do desenvolvimento, os atletas devem dedicar apenas de 60 a 80% do tempo de treinamento a atividades específicas da modalidade. No estágio da especialização (15-18 anos), deve-se monitorar o volume e a intensidade do treinamento, para que os jovens evoluam com pequeno risco de lesões. Alguns aspectos são importantes nesta fase (BOMPA, 2002): Na maioria dos esportes de potência e velocidade, a especialização deve ocorrer no final do período de estirão de crescimento na adolescência (BOMPA, 2002). Devido ao grande número de exercícios e ao excessivo número de repetições, a introdução de uma variabilidade de atividades e habilidades no processo de aprendizagem e treinamento não só contribuirá para a prevenção de lesões, como para evitar o tédio e o desgaste psicológico dos jovens (BOMPA, 2002). Segundo Assis Junior (2008), a especificidade excessiva no treinamento pode resultar em lesões por overuse.

21 Para ALMEIDA (2002), as lesões por overuse são características de esportes anaeróbios que requerem períodos de atividade de potência máxima ou quase máxima. Outro risco que pode ocorrer na especificidade excessiva, segundo BOMPA (2002), é o desequilíbrio entre os músculos agonistas e antagonistas do movimento específico. A utilização de novos exercícios desenvolverá também a agilidade e a coordenação, auxiliando no processo de aquisição de novas habilidades e evitando lesões por esforços repetitivos. 2.5.1 Treinamento Desportivo na Natação Os Jogos Olímpicos são o alvo principal de todo nadador de alto nível, e é com esse almejo que se treina ininterruptamente durante anos das vidas de muitos nadadores. Para se concretizar este sonho de participar dos Jogos Olímpicos, também é necessário que os atletas passem por fortes seletivas com o intuito de superarem os índices pré-estabelecidos pela Federación Intercionale de Natación Amateur (FINA). Essas seletivas geralmente são disputadas separadamente por continentes. Para o Brasil, a principal seletiva para os Jogos Olímpicos são os Jogos Pan-Americanos. E que, por sua vez, para se nadar nos Jogos Pan-Americanos, é necessário passar pelas seletivas nacionais coordenadas pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, que estabelece os índices a serem superados. Para se conseguir nadar em algumas dessas competições, além de ser preciso realizar treinos exaustivos, o atleta tem que ter aptidão específica para o esporte e um ótimo potencial genético, para se destacar dentre os outros nadadores. Segundo Assis junior (2008), tendo a natação essas características e por ser uma atividade cujo início de pratica é bastante precoce, teoricamente podem surgir problemas funcionais derivados de adaptações fisiológicas à técnica de braçada ou à falha no treinamento. Como em toda modalidade desportiva que se busca o alto nível competitivo, a sobrecarga através de volume e intensidade pode causar ao invés de benefícios, malefícios. Podendo apresentar deformação do corpo, sendo que quanto maior o

22 seu nível técnico e especialização, maior será sua deformidade, neste caso, desequilíbrios musculares (ASSIS JUNIOR, 2008) De acordo com Schwingel et al. (2003), é importante o equilíbrio muscular para manutenção da funcionalidade das articulações. Segundo Delgado et al. (2004), a hipotrofia e o desequilíbrio da força entre a musculatura agonista e antagonista são fatores que podem interferir nas disfunções musculares e alterar a estabilidade articular, acarretando possíveis lesões. Segundo Fernandes et al. (2005), os fatores cineantropométricos e/ou morfológicos podem exercer importante papel no rendimento esportivo. No estudo realizado por Prestes et al. (2006), que verificou o perfil e as diferenças nas características antropométricas de jovens nadadores brasileiros, de distintas categorias, em ambos os gêneros, constatou que, no gênero masculino, a categoria junior (16-18 anos) apresentou valores superiores na maioria das variáveis antropométricas (massa corporal, estatura, IMC, envergadura, massa magra e percentual de gordura) em relação à categoria infantil (12-13 anos), sendo menos evidentes as diferenças antropométricas da categoria juvenil 14-15 anos) para a junior, quando foram verificadas alterações significativas apenas na massa corporal, estatura, envergadura e massa magra. Segundo Prestes et al (2006), estas discrepâncias podem estar relacionadas ao pico de crescimento corporal que ocorre por volta dos 14-16 anos em meninos. O crescimento e desenvolvimento são aspectos que podem ser utilizados para descrever as alterações que ocorrem no corpo, que tem início na concepção e continuam até a idade adulta (VELDHUIS apud PRESTES et al, 2006). Durante esses processos são geradas mudanças orgânicas, principalmente no período da adolescência, sendo caracterizado pelas alterações no aspecto corporal, fisiológico e maturacional. 2.6 FORÇA MUSCULAR A força muscular, entendida como a capacidade do músculo em gerar tensão de forma ativa, é um conceito que ocupa um importante lugar no conhecimento

23 cinesiológico, tanto no campo avaliativo como terapêutico, conforme Sapega (apud SANDOVAL, 2004). Para Hamill apud Sandoval (2004), este conceito do sistema músculo esquelético se expressa através do momento de força ou torque, que pode ser definido como uma força sobre uma alavanca que se movimenta em torno de um eixo e que pode ser calculado: T = F x D, onde T = torque, F = força e D = distância. Smith et al.; McArdle et al.; Pedrinelli apud Sandoval (2004), Hall (2000) e Medina (2000) são unânimes em afirmar que força muscular é a habilidade que um músculo ou grupo muscular possui de exercer tensão através de um esforço voluntário e de que esta tensão é constante ao longo do comprimento do músculo e nos sítios de inserção musculotendinoso no osso. Dvir (2002), Clarkson (2002) e Morrow et al. (2003), afirmam que a força muscular nos seres vivos deve ser entendida como o estudo do torque, que é o efeito rotacional da força gerada por um músculo ou grupo muscular aplicado a uma articulação e também definido como momento máximo da força. Para Grandjean; Pedrinelli apud Sandoval (2004) e Paulo e Forjaz (2001), a força muscular é proporcional ao número de fibras musculares recrutadas durante a contração e de que este recrutamento é proporcional ao número de unidades motoras presentes no músculo. Dantas (2003) categoriza a força, como, a qualidade que permite a um músculo, ou grupo muscular opor-se a uma resistência. Platonov (2004) conceitua a qualidade física força como a capacidade de superar ou opor-se a uma resistência por meio da atividade muscular. Metodologicamente, divide-se a força em três tipos: força máxima, força velocidade e força resistente. Força máxima abrange a capacidade máxima de produção de força do desportista, durante uma contração muscular voluntária. Força velocidade também denominada de força rápida é a capacidade de o sistema neuro-muscular mobilizar o potencial funcional com a finalidade de alcançar altos níveis de força no menor tempo possível.

24 Força resistente, também denominada força resistência ou resistência muscular localizada, é a capacidade de manter elevados níveis de força durante o maior tempo possível. O nível de força resistente se traduz na capacidade do desportista de vencer a fadiga, realizar um grande número de repetições dos movimentos ou a uma aplicação prolongada da força contra uma resistência externa. Para Dias et al. (2005), a força muscular é um importante componente da aptidão física relacionada à saúde, além de exercer papel relevante para o desempenho físico em inúmeras modalidades esportivas. Silva (2003) segue afirmando que força é uma qualidade física fundamental na promoção da saúde, sua relação com a diminuição de lesões, aumento da autonomia de movimento, sendo também relatadas algumas melhoras anatômicas e psicológicas. Além disso, Platonov (2004) considera que todos os tipos de força mencionados não se manifestam no desporto de forma isolada, mas sim em completa interação, que é determinada pelo caráter específico da modalidade desportiva, pela disciplina, pelo conjunto técnico e tático do desportista e pelo nível de desenvolvimento das demais qualidades motoras. Para Azevedo et al (2007), o treinamento resistido tem sido utilizado com sucesso no aumento do desempenho de atletas de alto nível, através dos seus benefícios associados à melhora da potência e capacidade aeróbica, flexibilidade, resistência muscular, e principalmente força e potência muscular. Estudos indicam que a participação regular de um programa de treinamento de força muscular, melhora a densidade mineral óssea, melhorar a composição corporal e reduzir o risco de lesões no esporte e em atividades recreativas (FAIGENBAUM et al., 2003). Na natação, o desempenho é influenciado pela capacidade de gerar força propulsora e minimizar a resistência ao avanço no meio líquido. Isto acontece com a melhora da técnica, do padrão biomecânico e da condição física do nadador, incluindo a composição corporal e a força.

25 Para Schneider (2005), os trabalhos de treinamento de força para nadadores não eram bem aceitos por atletas e técnicos. Para o autor, acreditava-se que estes exercícios provocariam aumento da massa muscular, hipertrofia e diminuição da flexibilidade, reduzindo, dessa forma, a agilidade do nadador. Porém, hoje, sabe-se que a força muscular é um importante aliado em busca de um melhor desempenho esportivo. Conhecendo a força muscular de jovens atletas de natação, pode-se avaliar a necessidade de aperfeiçoar o seu desempenho através do treinamento. Existem vários estudos sobre a treinabilidade de jovens atletas, o que demonstra a importância desse componente. Segundo Schneider (2005), é possível que crianças nadadoras apresentem uma maior força muscular devido ao treino de natação do que em decorrência de treinamento específico de força muscular. Segundo o autor, durante a puberdade, a força muscular é afetada pela maturação. Para o autor, o incremento na produção de hormônios anabólicos que ocorre durante a puberdade afeta a hipertrofia muscular. Dentre as competições oficiais de natação, há provas com predomínio aeróbio (1500 m) e outras com predomínio do metabolismo anaeróbio (50 m) (PERANDINI et al, 2006). Utilizando a potência, como principal qualidade física nas provas de predominância do metabolismo anaeróbio. A produção de potência é o produto da força e da velocidade, desta maneira, a habilidade para gerar tensão (força) é uma parte integral da produção de potência e, portanto pode ser um componente chave na determinação do êxito esportivo (CARLOCK et al., 2005). Segundo Barbosa e Andries Júnior (2006), a potência muscular é considerada como um fator determinante no desempenho de nadadores. Muitos estudos expõem a alta correlação existente entre potência e velocidade (MARINHO, 2002 e MARINHO; GOMES apud BARBOSA; ANDRIES JUNIOR, 2006), inferindo que altos níveis de potência se transferem positivamente para a velocidade de deslocamento.

26 Segundo Barbosa e Andries Júnior (2006), dentre as formas de desenvolvimento das condições ótimas de potência encontra-se o treinamento de força. A utilização do treinamento de força objetiva dar uma sobrecarga complementar aos músculos usados no nado visando aumentar a potência. Nesse intuito muitos treinadores utilizam amplamente o treinamento de força fora da água, entendendo que, desta forma, haverá a transferência para o nado. Segundo Tanaka et al. apud Barbosa( 2007), na natação, o treinamento de força (TF) é amplamente utilizado como forma sobrecarregar os músculos recrutados no nado, visando o aumento da potência. Assim, segundo Barbosa et al. (2007), o TF pode ser realizado de duas formas: dentro (específico) e fora da água (não-específico). Os estudos que testaram os efeitos do treinamento não-específico indicam que sua transferência para o desempenho dentro da água é controversa. Estudos realizados por Barbosa e Andries Júnior (2006) verificaram, após 12 semanas, que o TF fora da água não gerou alterações no desempenho em 25 e 50m. Tanaka et al. apud Barbosa et al. (2007) também não apresentaram alterações no desempenho após oito semanas de TF realizado em três treinos semanais. Com os resultados obtidos em sua pesquisa, Barbosa et al. (2007), concluíram que o aumento da força fora da água não teve relação com o desempenho aeróbio dentro da água. Para os mesmos autores, essa conclusão, em conjunto com resultados anteriores, questiona a utilização do treinamento fora da água como principal meio de ganho de força no treinamento de nadadores competitivos, uma vez que esse ganho não contribui nem para a melhora do desempenho em 50m, no qual a potência ocupa um papel mais determinante (25 e 50m), e nem para o desempenho aeróbio, considerado qualidade básica nas modalidades cíclicas. No entanto, os mesmos reconhecem que outros estudos devem ser conduzidos com o objetivo de verificar a relação entre aumento da força específica com aumento do desempenho aeróbio.

27 2.6.1 Força Muscular na Adolescência Crianças púberes geralmente participam de atividades esportivas. Várias capacidades motoras são utilizadas nos esportes, entre elas, a força muscular (ALMEIDA e SOARES, 2003). Para Schneider (2007), a força muscular é um componente usado em todas as modalidades esportivas e aumenta bastante nesse período da vida. Segundo Valente (2003), alcançando a adolescência, o jovem tem um aumento de força e uma melhoria nas ações coordenativas, bem como do aparelho locomotor. Mallina e Bouchard (2002) afirmam que na infância, crianças de mesma idade e mesmas condições nutricionais independentes do sexo, possuem a mesma força muscular, pois elas possuem a mesma proporção de massa muscular e na adolescência começa haver diferenciação de massa muscular entre moças e rapazes. A velocidade máxima do crescimento muscular ocorre no pico do estirão no sexo masculino, e, no sexo feminino, após o estirão, juntamente com a menarca. A massa muscular magra é quantitativamente maior no sexo masculino que no feminino, o que explica a maior força e resistência no homem, que se diferencia nessa fase. Malina et al. (2005), Andrade (2001) e Malina et al (2004) observam que diferenças individuais nos estágios de maturação são associados com variação das capacidades funcionais na adolescência. Meninos que estão com a maturação avançada tendem a ter melhor performance nos testes de força, potência e velocidade, comparados com os que estão com a maturação normal ou na maturação atrasada na mesma idade. Segundo Weineck apud Valente (2003), a pubersência é considerada, a fase da desproporcionalidade, que é gerado pelo aumento de testosterona (nos meninos) e de outros hormônios, causando um aumento de massa muscular. Para Weineck apud Valente (2003), a faixa etária estudada é propícia ao treinamento de força, já que nesta fase existe um aumento de força natural.

28 Malina e Bouchard (2002); Silva (2003), afirmam que há aumento de força com aumento da estatura em ambos os sexos durante a infância, sendo que após a puberdade ela tende a ser mais rápida nos meninos devido à ação hormonal; e que o treinamento tradicional de peso pode, desde que seja desenvolvido com suficiente intensidade, volume e duração, propiciar melhoras substanciais na força da criança pré-adolescente. 2.7 CARACTERISTICAS MORFOLOGICAS DO NADADOR ADOLESCENTE A avaliação antropométrica bem conduzida contribui de forma importante para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, especialmente se estes forem atletas. A influência da maturação biológica pode ser observada em diversos aspectos, tais como: na composição corporal, no crescimento e no desempenho motor de cada indivíduo (MARTIN et al, 2001; MALINA et al, 2004). Segundo Fernandes et al. (2005), os fatores cineantropométricos e/ou morfológicos podem exercer importante papel no rendimento esportivo. Para avaliar se o crescimento está adequado, o peso e a estatura devem ser medidos regularmente e avaliados quanto à relação peso e estatura para idade, de acordo com os padrões de referência (JUZWIAK et al, 2000). No estudo realizado por Prestes et al. (2006), que verificou o perfil e as diferenças nas características antropométricas de jovens nadadores brasileiros, de distintas categorias, em ambos os gêneros, constatou que, no gênero masculino, a categoria junior (16-18 anos) apresentou valores superiores na maioria das variáveis antropométricas (massa corporal, estatura, IMC, envergadura, massa magra e percentual de gordura) em relação à categoria infantil (12-13 anos), sendo menos evidentes as diferenças antropométricas da categoria juvenil 14-15 anos) para a junior, quando foram verificadas alterações significativas apenas na massa corporal, estatura, envergadura e massa magra. Segundo Prestes et al (2006), estas discrepâncias podem estar relacionadas ao pico de crescimento corporal que ocorre por volta dos 14-16 anos em meninos.

29 O crescimento e desenvolvimento são aspectos que podem ser utilizados para descrever as alterações que ocorrem no corpo, que tem início na concepção e continuam até a idade adulta Veldhuis (apud PRESTES et al, 2006). Durante esses processos são geradas mudanças orgânicas, principalmente no período da adolescência, sendo caracterizado pelas alterações no aspecto corporal, fisiológico e maturacional. Segundo Conde e Monteiro (2006), o processo de maturação sexual, o qual cursa com modificações na composição corporal do indivíduo, pode tornar-se fator complicador para a avaliação nutricional baseada no IMC para idade. Para os autores, dessa maneira, a análise das variabilidades entre e em cada geração tornase questão-chave para a resposta à necessidade de controlar externamente ou não a fase de maturação sexual do indivíduo. Os resultados do estudo realizado por Prestes et al. (2006), mostraram haver uma contínua evolução das variáveis antropométricas das categorias mais jovens para as mais velhas, principalmente nas variáveis: massa corporal e estatura. A massa corporal tende a apresentar correlação negativa com desempenho em saltos e corridas e correlação positiva com desempenho em arremessos. Correlações entre estatura e massa com a força são melhores que aquelas para desempenho motor, assim o jovem maior tende a ser mais forte (MALINA; BOUCHARD, 2002; MALINA et al., 2004). Fernandes et al. (2005), relatam que a massa corporal e a estatura dos nadadores aumentam com a idade, ao passo que, nadadores mais velhos se mostram mais pesados e mais altos do que os nadadores mais jovens, estando estes aumentos relacionados com o desenvolvimento biológico associado à idade. Para Prestes et al. (2006), o IMC foi significativamente maior nas categorias junior e juvenil quando comparado à categoria infantil, sendo 11,71% e 7,61%, respectivamente. Prestes et al. (2006), percebeu a maior massa magra nos meninos a partir da categoria juvenil (14-15 anos) até a categoria junior (16-18 anos), os aumentos nos hormônios sexuais masculinos (testosterona entre outros), evidenciados nesta fase do desenvolvimento, podem influenciar significativamente para o maior aumento na massa muscular dos meninos, (Veldhuis apud PRESTES et al, 2006).

30 Segundo Schneider (2005), em outros estudos há falta de apresentação de dados como peso corporal, estatura e IMC, tornando difícil traçar um quadro com dados antropométricos e de força muscular em grupos de nadadores jovens. 2.8 DESEQUILÍBRIO ENTRE GRUPOS ANTAGONISTAS DA COXA Do ponto de vista muscular, o esporte treina, em função da disciplina, um certo número de adaptações de natureza metabólica e mecânica. Às vezes, o desenvolvimento dessas capacidades musculares podem se dar de forma desarmoniosa entre os lados dominante e contralateral, grupos agonistas e antagonistas, favorecendo assim o surgimento de traumatismos (BERNARD & PROUD apud VICELLI,2002). Bernard & Codine apud Vicelli (2002) citam que os desequilíbrios musculares aparecem freqüentemente nos esportistas. A análise do gesto explica a prevalência de um grupo muscular na assimetria existente entre todo o lado dominante e o lado oposto. O esporte de alto nível faz com que a repetição de um gesto estereotipado e a especificidade do treinamento ocasionem modificações freqüentes da forças muscular. Croisier apud Vicelli (2002) explica ainda que as adaptações concernem regularmente aos músculos agonistas, pela atividade ao nível da performance, tanto que seus antagonistas, não citados, tinham pouco desenvolvimento. 2.9 LESÕES DESPORTIVAS MÚSCULO-TENDÍNEAS Atletas de elite são um caso à parte em relação a seus equivalentes esportistas recreacionais, pois atuam dentro do esporte, no limite fisiológico entre o máximo da performance atlética e a lesão, e esta barreira pode ser ultrapassada por inúmeras circunstâncias advindas dos esportes de alta competitividade (SILVA, 2002). A necessidade da evidência e do sucesso impõe aos atletas uma necessária e inevitável condição, em que são submetidos a esforços físicos e psíquicos muito