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Transcrição:

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL ACÓRDÃO RECURSO ORDINÁRIO N 2.232 - CLASSE 37 a - MANACAPURU AMAZONAS. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Recorrente: Ministério Público Eleitoral. Recorridos: Sinésio da Silva Campos e outro. Advogado: Luciomar da Silva Almeida. RECURSO ORDINÁRIO. CONDUTA VEDADA A AGENTE PÚBLICO. ELEIÇÕES 2006. PROPAGANDA POLÍTICA EM IMÓVEL PÚBLICO. OCORRÊNCIA. POTENCIALIDADE. INEXIGIBILIDADE EM RAZÃO DE PRESUNÇÃO LEGAL. PROPORCIONALIDADE NA SANÇÃO. MULTA NO VALOR MÍNIMO. 1. Uso em benefício de candidato de imóvel pertencente à administração indireta da União. 2. Inexigível a demonstração de potencialidade lesiva da conduta vedada, em razão de presunção legal. 3. Juízo de proporcionalidade na aplicação da sanção. 4. Recurso ordinário a que se dá provimento para aplicar multa no mínimo legal. Acordam os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, em prover o recurscv-nos termos das notas taquigráficas. Brasília/2Bde outubjocie 2009. CARL-GS"ÃYRES BRITTO RICARDO LEWAMDOWSKI - PRESIDENTE - RELATOR

f\\j \r í...out\m. RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI: Senhor Presidente, trata-se de recurso ordinário interposto pelo Ministério Público Eleitoral contra acórdão do TRE-AM que afastou a alegada prática, pelos recorridos, da conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais prevista no art. 73,1, da Lei 9.504/1997. Eis a ementa do acórdão (fl. 152): "Ação de Investigação Judicial Eleitoral. Prática de conduta vedada pela lei eleitoral. Utilização de imóvel público pertencente à administração direta da União. Infringência do art. 73, I, da Lei n. 9.504/97". O recorrente alegou que (fl. 168) "o Vereador Wanderley Barroso, juntamente com o Deputado Sinésio Campos, ambos do Partido dos Trabalhadores, pediam voto e prometiam asfalto, luz e lote de terra do assentamento do INCRA àquela comunidade, dentro do prédio público federal (INCRA)". Afirmou que: voto é explícito" (fl. 169); a) "conforme degravação acostada às fls. 40/43, o pedido de b) depreende-se do Ofício INCRA/AM/SR(15)G/N. 376/2008, de 18 de abril de 2008, e do Ofício 316/2008, de 10 de abril de 2008 (fl. 106), que "à época dos fatos, o imóvel ainda pertencia ao património público federal" (fl. 170); c) "usando as dependências do INCRA para reunião de cunho político, patente está a conduta vedada no art. 73, inciso I da Lei n. 9.504/97"(fl. 170). Transcreveu ementa de acórdão do TSE no REspe 27.737/PI (Rei. Min. José Delgado), de cujo teor destacou: "1. A jurisprudência do TSE considera que a configuração da prática de conduta vedada independe de sua potencialidade lesiva para influenciar o resultado do pleito, bastando a mera ocorrência dos atos proibidos para atrair as sanções da lei. Precedentes" (fls. 171-172).

r\u ir...dut\m. Requereu, por fim, o provimento do recurso e a aplicação das penalidades previstas no art. 73, 4 o e 5, da Lei 9.504/1997. Nas contrarrazões de fls. 177-181 os recorridos reiteraram a impugnação à "degravação da fita micro cassete juntada aos autos" (fl. 181) e sustentaram, em síntese, que (fl. 180) "não deve prosperar a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, haja vista a imprecisão dos fatos e das provas carreadas aos autos, posto que apenas se fizeram presentes a uma comunidade de Manacapuru para atender a um convite do Presidente da Associação dos Produtores Rurais do Repartimento do Tuiué para prestar esclarecimentos sobre a atuação política dos mesmos, sem nenhuma intenção de fazer campanha política em prédio público". A Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo provimento do recurso, em parecer assim ementado (fls. 187-191): "AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. CONDUTA VEDADA. CARACTERIZAÇÃO. ARTIGO 7 (sic), INCISO I, DA LEI DAS ELEIÇÕES. POTENCIALIDADE. AUSÊNCIA DA NECESSIDADE DE AFERIÇÃO. PRECEDENTES DO TSE. RECURSO ORDINÁRIO. PELO PROVIMENTO". É o relatório. VOTO O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI (relator): Senhor Presidente, bem examinados os autos, entendo que a pretensão recursal merece prosperar. O recorrente pretende atribuir aos recorridos a prática da conduta vedada aos agentes públicos em campanha prevista no artigo 73,1, da Lei 9.504/1997, verbis: "Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:

t\u n- Z.^ÚZ/MIVI. *t / - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de Convenção partidária". É exatamente o caso dos autos. Os recorridos admitem na defesa de fls. 51-58 que participaram de reunião política no prédio retratado na cópia de fotografia de fl. 12. Este fato foi confirmado pelas cinco testemunhas ouvidas (fls. 81-82, 83-84, 85-86, 87-88 e 89-90). A divergência entre o recorrente e os recorridos refere-se à propriedade do prédio que aparece na fotografia. O primeiro afirma que o prédio no qual se deu a reunião é propriedade do INCRA, já os recorridos asseguram que "a reunião foi realizada num prédio anteriormente cedido pelo INCRA (motivo dos dizeres), em processo de assentamento já consolidado, à Comunidade Rural de Boa Vista de Santa Luzia, no Repartimento de Tuiué, nos arredores do Município de Manacapuru, conforme se depreende da declaração do Presidente da Associação" (fls. 52-53). Nesse ponto, deve prevalecer a informação oficial da Superintendência do INCRA por meio dos ofícios acostados às fls. 106 e 123, nos quais consta: u OFICIO/INCRA/SR(15)/AM/G/N. 316/08 Manaus-Am, 10 de Abril de 2008 (...) Em resposta ao OFICIO N. 037/2008/PRE/AM, datado de 24/03/2008, informamos à Vossa Excelência, que não consta em nossos arquivos, processo de Doação ou Cessão de Prédio do INCRA à Comunidade Rural de Boa Vista de Santa Luzia, no PA/Aquidaban" (grifei). "OFICIO/1 NCRA/AM/SR(15)G/N 376/2008 2008 (...) Manaus, 18 de abril de Em atenção ao OFÍCIO N 015/08-SEIC/CRE-TRE/AM de 03 de abril de 2008, solicitando contrato de doação da área relativa ao Projeto de Assentamento Aquidaban, informamos que embora o INCRA ainda não disponha documentalmente de tal contrato, o processo de doação à comunidade de Boa Vista de Santa Luzia, dos bens

rcu n~ ^.ZO^/MIVI. o móveis e imóveis já estão sendo (sic) efetivado, razão pela qual está em fase final o processo de emancipação e consolidação do projeto, momento em que a doação será efetuada e documentada plenamente" (grifei). Os ofícios trazem informações diferentes, mas é certo que não houve doação do imóvel em tela, ou seja, que ele pertencia ao INCRA - autarquia federal criada pelo Decreto 1.110, de 9 de julho de 1970 - à época dos fatos. O conteúdo de propaganda política dos discursos proferidos na reunião foi confirmado pela gravação (fita "microcassete" e CD-ROM à fl. 47), cujo teor foi transcrito no laudo pericial apresentado pela Polícia Federal (fls. 40-43). Muito embora a gravação tenha sido impugnada pelos recorridos (fls. 101-103), os quais alegaram que seu conteúdo seria duvidoso, tenho que é plenamente válida. Isso porque, em resposta ao quesito sobre a autenticidade dos registros, os peritos criminais federais atestaram no laudo técnico que "os registros analisados não apresentam elementos materiais que indiquem terem sido os mesmos (sic) objeto de edições fraudulentas" (fl. 44). Ademais, no convite feito pelo Presidente da Associação dos Produtores Rurais do Repartimento de Tuiué (fl. 59) ao recorrido Sinésio Campos, consta a finalidade da reunião: "para que o senhor possa nos repassar pessoalmente o seu plano de trabalho para o seu próximo mandato se assim for reeleito". Lê-se na transcrição dos discursos: "Wanderley: A todos, boa tarde. (...) E o deputado Sinésio tem procurado ser sensato, tem procurado ser responsável, trabalhador. Representa os trabalhadores do estado do Amazonas naquela assembleia. Por tudo que já aconteceu em Manacapuru. Por tudo que está previsto acontecer em Manacapuru e por tudo que nós vamos continuar [?] pra acontecer em Manacapuru eu tenho essa gratidão de chegar prós meus irmãos, de eu chegar prós meus amigos e meus companheiros e pedir voto para reeleição do deputado estadual Sinésio Campos. (...) Tem nos ajudado na questão da regularização do bolsa família. Na regularização do setor madeireiro. Manacapuru hoje está sendo contemplada com [obras?] do gasoduto aonde o deputado Sinésio vem prestigiando o município de Manacapuru. Enfim, todos os programas, todos os programas,

KU n" Z.ZÔZ/PM. b todos os projetos do governo federal está acontecendo em Manacapuru [7]... que ele representa. Ele é líder do presidente Lula no estado do Amazonas. Então, nós estamos hoje aqui nesta arrancada, né? Estou pedindo aqui a união de vocês" (fl. 40). "Sinésio Campos: (...) O seguinte, [?]... estar de volta aqui na comunidade e dizer que o Lula tem representante aqui em Manacapuru. Chama-se Wanderley Barroso. (...) E nós temos um papel [?]... Lula no Amazonas. E por isso essa parceria vem dando certo, né? Quanto mais tiver prefeito, vereadores comprometidos, as coisas começam a melhorar. A vida começa a melhorar. Então dessa forma que eu fui vereador em Manaus, em 96, fui eleito deputado estadual em 98. Fui eleito deputado em 2002. Estou lutando pra reeleição agora em 2006" (fl. 42). É indiscutível a ocorrência da conduta vedada prevista no inciso I do art. 73 da Lei 9.504/1997, já que comprovado o uso, em benefício de candidato, de imóvel pertencente à administração indireta da União. Não desconheço a existência de precedentes deste Tribunal no sentido de que a potencialidade do ato para influenciar o pleito é requisito para a caracterização das condutas vedadas previstas no art. 73 da Lei 9.504/1997. Menciono precedentes nesse sentido: REspe 28.339/SP, Rei. Min. Marcelo Ribeiro, DJE de 22/6/2009; RO 1.479/MT, Rei. Min. Joaquim Barbosa, DJE de 15/6/2009; REspe 28.190/SP, Rei. Min. Félix Fischer, DJE de 5/2/2009; REspe 28.206-SP, Rei. Min. Arnaldo Versiani, DJE 12/2/2009; AgR-REspe 25.754/SP, Rei. Min. Caputo Bastos, DJ de 27/10/2006. Contudo, a meu ver, o melhor entendimento foi adotado por esta Corte no julgamento do Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral 27.896/SP, relator designado para o acórdão o Ministro Félix Fischer. Isso porque o caput do referido art. 73 deve ser interpretado no sentido de que as condutas elencadas nos incisos são sempre "tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais". Trata-se de presunção legal de potencialidade. Esta era, aliás, a posição do TSE até meados de 2007, como se pode perceber nas seguintes decisões: "A jurisprudência do TSE considera que a configuração da prática de conduta vedada independe de sua potencialidade lesiva para influenciar o resultado do pleito, bastando a mera ocorrência dos

KU n" Z.Zv5Z/MIVI. / atos proibidos para atrair as sanções da lei. Precedentes: REspe n 21.151/PR, Rei. Min. Fernando Neves, DJ de 27.6.2003; REspe n 24.739/SP, Rei. Min. Peçanha Martins, DJ de 28.10.2004; REspe n 21.536/ES, Rei. Min. Fernando Neves, DJ de 13.8.2004; REspe n 26.908, desta relatoria, DJ de 12.2.2007" (REspe 27.737/PI, Rei. Min. José Delgado, DJ de 1 /2/2008). "A/o entanto, a jurisprudência desta Corte, não obstante entender pela não-exigência da aferição de potencialidade na configuração das condutas vedadas descritas no art. 73 da Lei n 9.504/97, firmou-se no sentido da adoção do princípio da proporcionalidade na aplicação da pena" (REspe 27.705/MG, Rei. Min. Gerardo Grossi, DJ de 13/8/2007). Acrescento que o Ministro Marcelo Ribeiro manifestou-se nesse sentido em duas oportunidades, de modo elucidativo, embora tenha optado, naquelas ocasiões, por manter o entendimento da Corte: "Senhor Presidente, apenas para registrar, sem divergência, que não participei dos primeiros julgados em que o Tribunal assentou que se exigiria potencialidade no art. 73. Eu faria uma pequena distinção, porque, a meu ver, não se trata exatamente de potencialidade. No caso do art. 73, são condutas objetivas que a lei expõe e em razão das quais se pode não chegar à pena de cassação do registro, caso seja desproporcional essa pena em relação à conduta que ensejou o processo. Ou seja, na potencialidade há de se mostrar que a conduta influiria, em tese, no resultado da eleição. Na proporcionalidade, é um pouco menos, ou seja, não se chega a exigir, na aplicação da norma, que se demonstre haver potencialidade, mas se pode deixar de aplicar a pena mais grave, porque também há previsão de multa, quando se verificar que a multa é suficiente para reprimir ou para punir aquela conduta vedada" (Esclarecimento no julgamento do AgR-REspe 27.197/CE, Rei. Min. Joaquim Barbosa). "(...) Em relação à potencialidade, que creio ter sido bem examinada, faço distinção quando se trata de conduta vedada. Não creio que seja preciso demonstrar a potencialidade de que aquela conduta exerça influência no pleito, mas, sim, que seja aplicado o princípio da proporcionalidade, no caso concreto" (RO 1.497/PB, Rei. Min. Eros Grau). Destaco que a aplicação desse entendimento às eleições de 2006 não acarreta violação ao princípio da segurança jurídica, uma vez que naquela época não havia se firmado jurisprudência dominante a respeito do tema, como se pôde ver nos precedentes anteriormente citados. Mencionei decisões de 2006 e 2007 em ambos os sentidos.

r\w ir /L. ot.ih\\v\. o Ad argumentandum tantum, acrescento que o caso em análise distingue-se daquele analisado pelo TSE no julgamento do REspe 24.865/SP, Rei. Min. Caputo Bastos, em que o uso do bem público era facultado a toda a comunidade. No caso em análise, embora algumas testemunhas tenham afirmado que o prédio onde ocorreu a reunião política era usado pela comunidade para diversas finalidades, não se demonstrou que o imóvel era aberto a todos que desejassem usá-lo. Ao contrário, ficou evidente que a presença do candidato no local ocorreu após convite do presidente da associação de produtores rurais, que detinha a posse do imóvel. Não se demonstrou que o convite tenha sido feito, também, aos outros candidatos ao cargo de Deputado Estadual. Assim, demonstrada a prática da conduta vedada e admitida a presunção de potencialidade lesiva, cumpre decidir a sanção que se aplica ao caso. Alinhado à jurisprudência desta Corte, entendo que é cabível juízo de proporcionalidade na aplicação da sanção, tanto para optar entre a cassação do registro ou diploma e/ou a multa, quanto para decidir o valor da multa. Nesse sentido, menciono o REspe 24.883/PR, Rei. Min. Humberto Gomes de Barros; o REspe 27.705/MG, Rei. Min. Gerardo Grossi; e o REspe 25.358/CE, Rei. Min. José Delgado. Considero suficiente a aplicação de multa no valor mínimo, uma vez que se tratou da realização de um único evento em bem público, ao qual compareceu reduzido número de pessoas, o que não implicou grande impacto na candidatura ao cargo de Deputado Estadual. Isso posto, dou provimento ao recurso para impor a cada um dos recorridos, Sinésio da Silva Campos e Wanderley Barroso, multa no valor de R$ 5.320,50 (art. 73, 4 o, da Lei 9.504/1997, combinado com art. 42, 4 o, da Resolução-TSE 22.718/08). \

I \V^ I I fc..^vs _f / \l VI. EXTRATO DA ATA RO n 2.232/AM. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Recorrente: Ministério Público Eleitoral. Recorridos: Sinésio da Silva Campos e outro (Advogado: Luciomar da Silva Almeida). Decisão: O Tribunal, por unanimidade, proveu o recurso, nos termos do voto do relator. Presidência do Sr. Ministro Carlos Ayres Britto. Presentes a Sra. Ministra Cármen Lúcia, os Srs. Ministros Ricardo Lewandowski, Félix Fischer, Fernando Gonçalves, Marcelo Ribeiro, Henrique Neves e o Dr. Haroldo Ferraz da Nóbrega, Vice-Procurador-Geral Eleitoral em exercício. SESSÃO DE 28.10.2009. CERTIDÃO DE PUBLICAÇÃO Certifico a publicação deste Acórdão no Diário da Justiça eletrônico de ILl lalâqcp). Páq. S> Eu, z^jflm/vq ÍJú^úíaÚ. lavrei a presente certidão. /MROSA Técnico Judiciário